Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
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surge <strong>de</strong>ste turbilhão como um labirinto, a equacionar-se <strong>de</strong> forma vária frente às suas<br />
interfaces.<br />
A memória literária conduz, portanto, imagens pelas vias tortuosas da construção do<br />
passado nacional só cogitado por estar imbricado no próprio presente. Presente que não é<br />
unívoco, mas constituído na sobreposição <strong>de</strong> múltiplas visões que se arvoram na tentativa<br />
<strong>de</strong> explicar, <strong>de</strong> formar e <strong>de</strong>formar aspectos <strong>de</strong> uma memória fragmentada.<br />
Assim, como lia romances para as mulheres nos serões <strong>de</strong> sua infância, Alencar<br />
torna-se o leitor <strong>de</strong> uma nova concepção mental <strong>de</strong> tempo histórico, que sugere e semeia<br />
sonhos em uma socieda<strong>de</strong> em busca <strong>de</strong> seu próprio espelho que, como tudo relacionado à<br />
busca da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, é distorcido e inacabado, como o próprio passado, a renovar-se<br />
materialmente na novida<strong>de</strong> dos achamentos arqueológicos e arquivísticos e<br />
i<strong>de</strong>ologicamente nas novas leituras <strong>de</strong> mundo a surgir, em uma mirada transformadora<br />
daquilo que o historicismo, em sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, tentou cristalizar.<br />
A liberda<strong>de</strong> ficcional do romance <strong>de</strong> Alencar resgata memórias esquecidas<br />
reelaborando-as e fecunda no imaginário a reelaboração <strong>de</strong> visões do passado,<br />
<strong>de</strong>sestabilizando-as e pintando-as <strong>de</strong> novas cores.<br />
Po<strong>de</strong>mos concluir, então, que a memória é uma instância simbólica produzida e<br />
reiterada através dos tempos e visa à construção e <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res. Foi em torno<br />
<strong>de</strong>sta visão que propomos a narrativa alencarina como capaz <strong>de</strong> fundar aspectos da<br />
memória nacional, através da tessitura <strong>de</strong> mitos <strong>de</strong> fundação e do resgate do relato do outro,<br />
reiterando a da idéia <strong>de</strong> nação brasileira.<br />
Como intelectual orgânico <strong>de</strong> um país em formação, Alencar po<strong>de</strong>ria optar por<br />
diversos caminhos para levar a cabo o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contribuir para a releitura do<br />
imaginário brasileiro. Foi um entusiasmado estudioso dos cronistas e da etnografia