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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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relações entre natureza e civilização, dissolvendo a oposição totalizadora e instaurando a<br />

dúvida e a ambigüida<strong>de</strong>.<br />

A dúvida e a ambigüida<strong>de</strong> tecidas em torno das relações entre o pictórico e o<br />

poético na obra alencarina abre uma senda para a reflexão sobre as possibilida<strong>de</strong>s e os<br />

limites da sobrevivência do épico frente ao contexto brasileiro, questão, aliás, pensada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, já nas “Cartas sobre A Confe<strong>de</strong>ração dos Tamoios”, texto semeador <strong>de</strong><br />

um projeto concretizado em O Guarani e maturado ao longo <strong>de</strong> sua obra.<br />

A dúvida e a incompletu<strong>de</strong> como traços do projeto alencarino nos remeteram para a<br />

representação do espaço na narrativa alencarina e a sua transformação através dos signos do<br />

passeio, do mar, do porto e do sertão, instrumentos para a reengenharia <strong>de</strong>stes espaços que<br />

se figuram e se configuram como limites entre o projeto <strong>de</strong> autonomia pátria e os interditos<br />

impostos pela condição pós-colonial. Tais signos são pistas a orientar a construção<br />

permanente da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pátria, não <strong>de</strong> forma unívoca, mas flutuando nos limites entre<br />

civilização e barbárie.<br />

Nas narrativas urbanas po<strong>de</strong>mos também apontar estes limites, na representação dos<br />

novos códigos sociais organizados no texto, na figuração do intelectual, no cruzamento<br />

entre a memória subjetiva e a memória coletiva, pensadas no eixo ficcional. A memória<br />

literária articula-se com espaços e tempos distantes, com o potencial simbólico da cida<strong>de</strong> e<br />

do interior, do sertão e do mar.<br />

As ruínas e pistas <strong>de</strong>ixadas pelo passado colonial são alegorizadas nesses signos, por<br />

nós percebidos como moduladores <strong>de</strong> imagens, capazes <strong>de</strong> arrancar o passado <strong>de</strong> um tempo<br />

proibitivo e o revelar no cruzamento temporal que inva<strong>de</strong> nossas vidas e memórias.<br />

Tais leituras são possíveis se consi<strong>de</strong>rarmos o passado cultural um palimpsesto,<br />

on<strong>de</strong> tempos e visões diversas encontram-se sobrepostos, fusos e confusos. A memória

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