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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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Hamleto no cemitério a cada caveira do <strong>de</strong>serto o seu<br />

passado.<br />

Mentidos! Tudo isso lhes veio à mente lendo as páginas <strong>de</strong><br />

algum viajante que esqueceu-se (sic) talvez <strong>de</strong> contar que<br />

nos mangues nas águas do Amazonas e do Orenoco há mais<br />

mosquitos e sezões do que inspiração. (AZEVEDO, 2001, p.<br />

86 e 87).<br />

A cesura do olhar romântico para a paisagem proposta por Macário po<strong>de</strong> ser<br />

confrontada à sua construção em O sertanejo; ao dissolvê-la, o texto revela a condição<br />

imaginária da viagem, mitificada inclusive pela crítica alencarina. As imagens da paisagem<br />

são constituídas pela memória literária e reconstituídas em outros textos e suportes. A<br />

nostalgia romântica articula-se em torno do que foi lido e vivido simbolicamente, muitas<br />

vezes fora da empiria: “Apenas concluí o primeiro canto, veio me uma vaga reminiscência<br />

<strong>de</strong> uns quadros da vida selvagem, <strong>de</strong>ssa vida poética dos índios, que em outros tempos<br />

tanto me impressionaram. Era uma sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma coisa que havia pensado, ou que<br />

tinha lido outrora”. (ALENCAR, 1966, p. 869) 76<br />

A relação entre a natureza e a arte estabelecida pela narrativa mostra-se em íntima<br />

articulação à imagem do artista solitário, formado além do <strong>de</strong>calque e conhecedor da<br />

natureza pela vivência, o que se articula às reflexões <strong>de</strong> Como e por que sou romancista.<br />

Essa tensão entre o original e a cópia na produção artística apresenta-se, ainda que<br />

como elemento secundário, na tradução feita por Seixas <strong>de</strong> “Corsário”; a emoção o tornaria<br />

capaz <strong>de</strong> criar um texto melhor do que o original, <strong>de</strong>slocando, ainda que timidamente, a<br />

superiorida<strong>de</strong> da literatura central sobre a periférica:<br />

76 Esta citação foi recortada por Carmem Lucia Negreiros <strong>de</strong> Figueiredo em seu artigo “Crítica à invenção<br />

Brasil: palavra, país, paisagem” (In: HELENA, 2004, p. 134) no qual reflete sobre a memória literária como<br />

elemento <strong>de</strong> compreensão da cultura brasileira, discussão aprofundada em seu livro Trincheiras <strong>de</strong> sonhos<br />

(1997).

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