15.04.2013 Views

Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1 192<br />

(Fala <strong>de</strong> Ourém) – Já vejo que o Dourado é um herói, um<br />

touro <strong>de</strong> Maraton, que ainda não encontrou o seu <strong>Tese</strong>u. (...)<br />

-Já vejo que este foi uma espécie <strong>de</strong> Minoutauro, pois tinha<br />

<strong>de</strong> homem a fala, observou o Ourém que ria-se (sic) daqueles<br />

entusiasmos sertanejos.<br />

(ALENCAR, 1966, p. 1139 e p. 1140)<br />

Como Ourém, poeta incapaz <strong>de</strong> cria r fora da imitação é Fernando Seixas. Ser<br />

“escrevinhador <strong>de</strong> folhetins” (ALENCAR, 1966, p. 1017), não lhe dava status, adquirido na<br />

roupas caras e ares <strong>de</strong> dândi. A discussão sobre esta condição é abafada na narrativa <strong>de</strong><br />

Senhora.<br />

Homem urbano que a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua “índole poética e fidalga” (ALENCAR, 1966,<br />

p. 1079) imprime à natureza o seu olhar artificial gerado na memória literária:<br />

Seixas, como homem <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> que era, conhecia a<br />

natureza <strong>de</strong> tradição apenas, ou quando muito <strong>de</strong> vista. As<br />

árvores, as flores, as perspectivas, eram para ele ornatos, que<br />

se confundiam com os tapetes, cortinas, trastes, dourados e<br />

toda a casta <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços inventados pelo luxo.<br />

À força <strong>de</strong> viverem em um mundo <strong>de</strong> convenção, esses<br />

homens <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> tornam-se artificiais. (...)<br />

Freqüentemente em seus versos, Seixas falava <strong>de</strong> estrelas,<br />

flores e brisas, <strong>de</strong> que tirava imagens para exprimir a graça<br />

da mulher e as expressões do amor. Pura imitação: como em<br />

geral os poetas da civilização, ele não recebia da realida<strong>de</strong><br />

essas impressões, e sim <strong>de</strong> uma variadas leitura. Originais<br />

somente são aqueles engenhos que se inun<strong>de</strong>m na natureza.<br />

Para isso é preciso, ou nascer na ida<strong>de</strong>s primitivas, ou<br />

<strong>de</strong>sprezar a socieda<strong>de</strong> e refugiar-se na solidão.<br />

(ALENCAR, 1966, p. 1083, grifo nosso).<br />

A questão da memória produzida via literatura é importante dilema na formação do<br />

escritor, já percebido por Álvares <strong>de</strong> Azevedo, na reivindicação por Macário da poesia<br />

intimista, fora da poética ufanista <strong>de</strong>fendida por Penseroso:<br />

Falam dos gemidos da noite do sertão, nas tradições das<br />

raças perdidas das florestas, nas torrentes das serranias,<br />

como se lá tivessem dormido ao menos uma noite, como se<br />

acordassem procurando túmulos, e perguntando como

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!