Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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orgânico como o pertencente ou cooptado pela classe hegemônica em seu processo de
formação e desenvolvimento, como auxiliar em sua consolidação.
Os textos críticos de José de Alencar transparecem o apoio ao projeto de
independência, percebido como um longo processo, ainda em seu princípio. A literatura é
por ele apontada como importante ferramenta simbólica para a consolidação deste processo.
É importante sublinhar a inserção de Alencar em uma geração de intelectuais – no
sentido gramsciano, formados academicamente no Brasil, em Direito ou Medicina (como
Bernardo Guimarães e Joaquim Manuel de Macedo). Alencar seguiu a trajetória comum a
muitos outros membros da aristocracia rural e política: 73 formar-se em Direito e ingressar
na política, no jornalismo e na literatura.
Perceber Alencar como intelectual orgânico na sociedade oitocentista não significa
afirmá-lo fora da consciência dos limites que se impunham a ele na condição de escritor em
um país recém-independente politicamente, mas dependente econômica e culturalmente.
A representação do pensador, do artista, na narrativa de Alencar é vária; as
personagens mais complexas deste núcleo são pessimistas, solitárias e desiludidas. Escritor
a anunciar e enfrentar limites, Alencar teceu reflexões críticas coadunadas à sua prática
literária. Entre os impasses experimentados a imagem desse intelectual no porto – tal qual
Carlos de Enéia em Guerra dos Mascates - emerge em sua força ao nos fazer lembrar que a
ruptura só existe em sua dialética com a tradição, e que a pergunta ainda ecoa: o que é o
Brasil? “Como e porquê” literatura brasileira?
73 Embora o pai de Alencar fosse clérigo, era senador, inserido na elite política brasileira e participando de
eventos importantes para a consolidação do Estado- nação brasileiro.