Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
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passa a ser ponto <strong>de</strong> referência para a construção <strong>de</strong> uma nova significação sobre o<br />
nacional.<br />
A leitura interessada do texto alencarino revela-nos uma dupla senda para a<br />
passagem à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: a solidão e o enfrentamento da “musa industrial”.<br />
Em “Benção Paterna”, prefácio a Sonhos d’Ouro, Alencar reclama da crítica<br />
brasileira, do papel do escritor frente à <strong>de</strong>manda das editoras e ao enfrentamento <strong>de</strong> um<br />
novo e quase mecânico modo <strong>de</strong> trabalho:<br />
Os livros <strong>de</strong> agora nascem como flores <strong>de</strong> estufa, ou alface <strong>de</strong><br />
canteiro; guarda-se a inspiração <strong>de</strong> molho, como se usa com<br />
a semente; em precisando é plantá-la, e sai a coisa, romance<br />
ou drama. (ALENCAR, s.d., p.7).<br />
Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se da acusação <strong>de</strong> ter-se vendido a “musa industrial”,<br />
aludindo às dificulda<strong>de</strong>s da profissão <strong>de</strong> escritor no Brasil:<br />
Não faltará quem te acuse [ao livro] <strong>de</strong> filho <strong>de</strong> certa musa<br />
industrial, que nesse dizer tão novo, por aí anda a fabricar<br />
romances e dramas aos feixes.<br />
Musa industrial no Brasil!<br />
(...)Não consta que alguém já vivesse nesta abençoada terra<br />
do produto <strong>de</strong> obras<br />
Musa industrial no Brasil!<br />
[...]<br />
És o livro <strong>de</strong> teu tempo, o próprio filho <strong>de</strong>ste século enxacoco<br />
e mazorral, que tudo aferventa a vapor, seja poesia, arte, ou<br />
ciência. (ALENCAR, 1966, p. 691 e 694).<br />
A condição do intelectual face às transformações e as exigências do mercado, em<br />
um país majoritariamente ágrafo, aliadas a uma “estética da solidão”, traduzem o<br />
enfrentamento <strong>de</strong> códigos emergentes na segunda meta<strong>de</strong> do oitocentos no Brasil, e que<br />
dizem respeito também ao papel do escritor em meio a esta nova engrenagem, substituta do