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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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CAPÍTULO 3: SER INTELECTUAL NO OITOCENTOS: REFLEXÕES EM<br />

CLARO-ESCURO<br />

Nos capítulos anteriores, vimos como a escritura <strong>de</strong> Alencar dialoga com o que<br />

percebemos como uma poética da restauração: em torno <strong>de</strong>la são tecidos signos<br />

moduladores <strong>de</strong> imagens ligadas ao nacional: a paisagem, o mar e o porto ligam-se no<br />

ambicioso projeto alencarino <strong>de</strong> representar literariamente a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira, em uma<br />

história alternativa. Este projeto une a reflexão sobre os caminhos possíveis para a criação<br />

<strong>de</strong> uma literatura brasileira à prática literária, em uma práxis <strong>de</strong>senvolvida lenta e<br />

gradualmente, e muitas vezes <strong>de</strong> forma contraditória.<br />

Via vária que conduz à mesma encruzilhada, as imagens moduladas por Alencar são<br />

as linhas <strong>de</strong>lineadoras do esboço do rosto brasileiro, a se <strong>de</strong>senhar em claro-escuro, em<br />

tantos tons e nuances quanto às dúvidas que a permeiam.<br />

Ser intelectual no Brasil oitocentista era conviver frente à fratura imposta pela<br />

condição periférica e pós-colonial; pelo liberalismo tupiniquim, a reivindicar o escravismo<br />

como espinha dorsal do projeto Brasil; pela incipiência do diálogo crítico, abafado pela<br />

prática da patronagem e centrado antes nas relações privadas do que na consciência<br />

artística. A solidão é um topos recorrente no Romantismo, mas no contexto brasileiro a sua<br />

marca nos revela a condição do intelectual frente às especificida<strong>de</strong>s do país.<br />

A recorrência <strong>de</strong>sse topos em Alencar não po<strong>de</strong> ser pensado fora dos “impulsos <strong>de</strong><br />

mudança trazerem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantar a idéia do marco-zero, na formulação <strong>de</strong> um<br />

reinício sob a égi<strong>de</strong> da alegorização da origem <strong>de</strong> uma coisa e <strong>de</strong> uma causa novas”<br />

(HELENA, 2000, p. 20), a traçar “o contraponto entre a sociabilida<strong>de</strong> e a solidão, que se<br />

inscreverá no rosto mutante do Romantismo” (HELENA, 2000, p. 21):

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