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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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CAPÍTULO 1: MEMÓRIA E LITERATURA<br />

Ao elegermos como chave <strong>de</strong> leitura para nossa tese as relações entre a literatura, a<br />

imagem e a memória no oitocentos, assumimos a percepção da memória como elemento<br />

fundamental na articulação i<strong>de</strong>ntitária e cultural <strong>de</strong> um país. Postulamos assim a percepção<br />

das transformações culturais como canais dinâmicos, construídos em torno da dialética<br />

entre tradição e ruptura.<br />

A partir <strong>de</strong>ste posicionamento seria legítimo <strong>de</strong>rivar a impossibilida<strong>de</strong> da memória<br />

cristalizar-se em um passado estático, paralisante: antes a acreditemos vária e labiríntica, a<br />

cruzar espaços e temporalida<strong>de</strong>s.<br />

Olhar o passado é construir o presente: leitura sempre em atraso – na expressão<br />

barthesiana - contaminada e oblíqua. Resi<strong>de</strong>, porém, nestas lacunas a rica criação <strong>de</strong> novos<br />

sentidos e imagens, a remeterem duplamente para o hoje e o ontem: a única leitura possível<br />

da tradição é a que <strong>de</strong>svela o presente.<br />

A pesquisa sobre a tradição romântica, orientada pela crítica à poética alencarina,<br />

traduz-se na busca <strong>de</strong> caminhos para pensar questões cruciais e ainda atuais: o<br />

<strong>de</strong>lineamento da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, os limites e possibilida<strong>de</strong>s do intelectual brasileiro, a<br />

sobrevivência <strong>de</strong> uma memória coletiva no contexto pós-mo<strong>de</strong>rno.<br />

Reza o texto bíblico sobre a <strong>de</strong>sobediência <strong>de</strong> Lot; invertamos o mito: a paralisação<br />

não advém <strong>de</strong> olhar para trás, mas do abandono <strong>de</strong> elementos importantes para pensarmos o<br />

presente. Negar a releitura da tradição (em nome <strong>de</strong> uma concepção que incensa a ruptura e<br />

a novida<strong>de</strong> perpétua) é não compreen<strong>de</strong>r a relação atávica a enlaçar cultura e memória,<br />

erigida no choque <strong>de</strong> tempos e espaços diversos.

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