Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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1 14 PARTE I: A ARTE DE TECER ENGANOS
1 15 CAPÍTULO 1: MEMÓRIA E LITERATURA Ao elegermos como chave de leitura para nossa tese as relações entre a literatura, a imagem e a memória no oitocentos, assumimos a percepção da memória como elemento fundamental na articulação identitária e cultural de um país. Postulamos assim a percepção das transformações culturais como canais dinâmicos, construídos em torno da dialética entre tradição e ruptura. A partir deste posicionamento seria legítimo derivar a impossibilidade da memória cristalizar-se em um passado estático, paralisante: antes a acreditemos vária e labiríntica, a cruzar espaços e temporalidades. Olhar o passado é construir o presente: leitura sempre em atraso – na expressão barthesiana - contaminada e oblíqua. Reside, porém, nestas lacunas a rica criação de novos sentidos e imagens, a remeterem duplamente para o hoje e o ontem: a única leitura possível da tradição é a que desvela o presente. A pesquisa sobre a tradição romântica, orientada pela crítica à poética alencarina, traduz-se na busca de caminhos para pensar questões cruciais e ainda atuais: o delineamento da identidade nacional, os limites e possibilidades do intelectual brasileiro, a sobrevivência de uma memória coletiva no contexto pós-moderno. Reza o texto bíblico sobre a desobediência de Lot; invertamos o mito: a paralisação não advém de olhar para trás, mas do abandono de elementos importantes para pensarmos o presente. Negar a releitura da tradição (em nome de uma concepção que incensa a ruptura e a novidade perpétua) é não compreender a relação atávica a enlaçar cultura e memória, erigida no choque de tempos e espaços diversos.
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VALENTE, Luiz Fernando. “Alencar
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