Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
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<strong>de</strong> riso, cujo burburinho cobriu o barulho das ondas a rolar<br />
na praia. Rompeu a revolução da gargalhada, a mais<br />
assoladora, e às vezes a mais cruel <strong>de</strong> todas as revoluções.<br />
(ALENCAR, 1966, p. 1364).<br />
A história da arte nos conta que a pintura colonial no Brasil caracterizava-se,<br />
sobretudo, por sua condição eclética. Havia uma permanente influência <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
importados, aos quais os artistas – nativos ou portugueses, condicionavam-se, copiando-os,<br />
até porque estes iam ao encontro do gosto das autorida<strong>de</strong>s que faziam as encomendas –<br />
geralmente pinturas religiosas, sendo que ao final do período colonial já há uma <strong>de</strong>manda<br />
por retratos. Ou seja, o tom das artes plásticas do período colonial é o da reprodução do<br />
mo<strong>de</strong>lo europeu. Era muito comum a repetição vulgar da arte européia, muitas vezes<br />
realizada por artistas, a partir <strong>de</strong> técnicas incipientes 46 , como faz a personagem Belmiro.<br />
É interessante notar que a técnica da reprodução manual da arte européia esbarrava<br />
em uma questão: a coloração. Ao ter que colorir, o artista po<strong>de</strong>ria conferir, mesmo a esta<br />
cópia, uma marca pessoal (ou mesmo local) ao trabalho.<br />
Esta edição do trabalho artístico pelos pintores coloniais nos permite inclusive fazer<br />
um paralelo com a questão romântica da busca da cor local, tão postulada pelos românticos,<br />
como o diferencial que sublinharia as especificida<strong>de</strong>s da nação. A coloração era algo<br />
sempre ausente da gravura tomada como mo<strong>de</strong>lo, pelas precárias condições gráficas da<br />
época. É a cor empregada pelo artista que conferirá a expressão da sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />
um:<br />
Isto abria um ângulo inventivo para o nosso pintor, já que lhe<br />
era facultada a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginação para as soluções do<br />
46 Evi<strong>de</strong>ntemente há artistas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> neste período, ainda que poucos, como por exemp lo, Aleijadinho. O<br />
próprio Mestre Valentim é atualmente objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> uma tese em arquitetura, que tem como hipótese<br />
que as suas obras são meras reproduções européias, conforme anunciado na coluna <strong>de</strong> Ancelmo Góis, no<br />
jornal O Globo, em 14/12/2003.