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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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problematização da relação Natureza/Civilização, presente na <strong>de</strong>scrição pelo narrador da<br />

aparição <strong>de</strong> Guida. Po<strong>de</strong>mos percebê-la tanto pela analogia entre a figura da moça e o<br />

espaço natural (“Como na constante ondulação do mar percebe-se por inflexão mais forte, a<br />

vaga nascente que se empola, assim no meio das largas pregas do vestido...”, por exemplo),<br />

como pela relação <strong>de</strong> “senhora” estabelecida por Guida com o seu animal; e, sobretudo, na<br />

transformação – pelo olhar <strong>de</strong> Ricardo, do espaço ocupado por Guida na paisagem, tornada<br />

<strong>de</strong>spojada da condição <strong>de</strong> pura natureza pela imaginação que filtra a cena como um<br />

“diorama”, a vislumbrar a paisagem natural convertida em paisagem artística, em imagem.<br />

Imagem esta potencializada pela organização textual em torno do campo semântico<br />

pictórico: poses, linhas, cores e volumes são alinhavados em um jogo <strong>de</strong> luz e sombras<br />

organizado no espaço da linguagem verbal.<br />

Um caminho tranqüilo para a nossa análise seria a indicação das relações entre a<br />

<strong>de</strong>scrição da aparição <strong>de</strong> Guida (insisto no termo aparição, pensando no efeito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slumbramento que a organização textual dá à cena) e a narrativa visual <strong>de</strong> Delacroix, <strong>de</strong><br />

um modo geral, na articulação das cores e formas, na pose “acadêmica” do cavalo<br />

(pensando na presença obsessiva <strong>de</strong>ste elemento na pintura do francês) e <strong>de</strong> um modo<br />

específico no quadro “Grécia nas ruínas <strong>de</strong> Missolonghi” (ver anexo 01), que alegoriza a<br />

Grécia na figura <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sesperada moça com longos cabelos negros em cascata, vestindo<br />

uma espécie <strong>de</strong> roupão, na verda<strong>de</strong>, um traje típico grego. O roupão por sua vez po<strong>de</strong> ser<br />

pensado como signo que aludiria à intimida<strong>de</strong> e à sensualida<strong>de</strong>, como em Senhora e<br />

Lucíola.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos ainda indicar como Alencar segue o léxico pictórico ao temporalizar na<br />

escritura o que se po<strong>de</strong> representar no espaço verbal, ao construir o quadro/aparição<br />

indicando semelhanças formais em relação à linguagem visual que “unificariam” a

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