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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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Na carta, Alencar revela o seu caráter experimental face à busca <strong>de</strong> uma nova forma<br />

<strong>de</strong> (re) escrever a literatura nacional. Neste pós-escrito, Alencar confessa o seu fracasso em<br />

escrever uma epopéia capaz <strong>de</strong> traduzir a pátria – fracasso que po<strong>de</strong> ser tomado como o da<br />

própria forma épica.<br />

O escritor busca ter êxito nessa tarefa, como já havia tentado em O Guarani, ao<br />

mo<strong>de</strong>rnizar a prosa clássica. Esta tentativa é indicada no pós-escrito a Iracema, em uma<br />

interessante experiência estética: a reescritura em mol<strong>de</strong>s clássicos <strong>de</strong> um trecho <strong>de</strong> O<br />

Guarani, escrito, nas palavras do autor, <strong>de</strong> forma mo<strong>de</strong>rna (ALENCAR, 1966, p. 319). A<br />

presença <strong>de</strong>sta discussão em Iracema revela a percepção do escritor <strong>de</strong> sua busca como um<br />

processo.<br />

Em Iracema a experimentação realiza-se através da construção <strong>de</strong> um poema em<br />

prosa, trabalhada em diálogo com a língua tupi, o que indicaria a originalida<strong>de</strong> reivindicada<br />

por Alencar. Uma experiência construída em caráter aberto:<br />

Lembrou-me <strong>de</strong> fazer uma experiência em prosa. O verso pela<br />

sua dignida<strong>de</strong> e nobreza não comportam certa flexibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expressão, que entretanto não vai mal à prosa a mais<br />

elevada. A elasticida<strong>de</strong> da frase permitiria então que se<br />

empregassem com mais clareza as imagens indígenas, <strong>de</strong><br />

modo a não passarem <strong>de</strong>sapercebidas.<br />

Este livro é, pois, um ensaio, ou antes mostra. Verá<br />

realizadas nele minhas idéias a respeito da literatura<br />

nacional; e achará aí poesia inteiramente brasileira, haurida<br />

na língua dos selvagens. A etimologia dos nomes das diversas<br />

localida<strong>de</strong>s e certos modos <strong>de</strong> dizer, tirado da composição<br />

das palavras, são <strong>de</strong> cunho original. (ALENCAR, 1966, p.<br />

319).<br />

A consciência da impossibilida<strong>de</strong> da permanência <strong>de</strong> uma dicção totalmente épica<br />

na literatura brasileira busca novas formas <strong>de</strong> representar o nacional; frente a ela <strong>de</strong>staca-se<br />

o espaço da natureza como cenário épico, majestoso e sublime.

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