Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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Em Alencar, a literatura revelou-se um instrumento poderoso de construção de imagens
relacionadas à memória coletiva brasileira. Fio a unir na mesma trama representação,
identidade e imaginação, o jogo ficcional é latente de dimensões que podem ser
acrescentadas aos textos que o leitor filtra da realidade, já que é um campo no qual a
palavra construída artisticamente cria situações simbólicas.
Interessa-nos analisar a emergência, via literatura, de um novo olhar em direção ao
passado colonial, fundado pela prosa romântica de Alencar; focalização que se constrói
também no diálogo com os textos dos cronistas e viajantes coloniais. Assim, investigamos a
emergência do que percebemos como a fundação do olhar do colono que se assume
cidadão: o mar à vista. Dentro desta perspectiva, também analisaremos o signo do mar em
sua polissemia, bem como os espaços do porto e do sertão.
O trabalho organiza-se em duas partes: “A arte de tecer enganos” e “Quadros em
movimento, esquadros da memória”.
A primeira parte desdobra-se em dois capítulos: “Memória e Literatura” e “A
poética da restauração”.
No primeiro capítulo, “Memória e Literatura ”, discutiremos o caráter plural da
memória e os entrecruzamentos e limites de seu desdobramento nos suportes histórico,
coletivo, literário e subjetivo. A partir do mapeamento de conceituações em torno das
instâncias produtoras de memória, nos propomos a abordar a construção de reflexões sobre
a memória no século dezenove, em sua relação com o campo literário.
No segundo capítulo, “A poética da restauração”, indicaremos a presença na escrita
alencarina de uma poética refletida em seus textos críticos e transformada em práxis em
seus textos ficcionais, remissiva à construção de imagens reveladoras da identidade
nacional e que contribuem para a renovação do imaginário brasileiro.