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A História Natural dos sertões do Ceará em "Notas de ... - anpuh

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científicos, era necessário catalogar o material recolhi<strong>do</strong>, estudá-los minuciosamente e<br />

principalmente, apresentar resulta<strong><strong>do</strong>s</strong> concretos que justificass<strong>em</strong> a existência da Comissão<br />

e mostrass<strong>em</strong> a utilida<strong>de</strong>, já tão contestada por políticos e intelectuais <strong>do</strong> Império, <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

trabalhos feitos no <strong>Ceará</strong>. No IHGB os relatórios <strong>de</strong> Capan<strong>em</strong>a, Freire Al<strong>em</strong>ão e Lagos<br />

foram li<strong><strong>do</strong>s</strong> nas sessões <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> outubro, 22 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro e 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro,<br />

respectivamente. Gonçalves Dias e Gabaglia não apresentaram relatórios. O <strong>de</strong> Gabaglia,<br />

segun<strong>do</strong> Capan<strong>em</strong>a nos seus “Apontamentos sobre as secas <strong>do</strong> <strong>Ceará</strong>” (CAPANEMA e<br />

GABAGLIA, 2006:167), foi escrito e estaria nas mãos <strong>de</strong> particulares, no entanto nada<br />

sab<strong>em</strong>os sobre o relatório da Seção Astronômica e Geográfica. O relatório da Secção<br />

Etnográfica não foi escrito. Enfermo, Gonçalves Dias concluiu apenas a Parte Histórica e<br />

os Proêmios <strong><strong>do</strong>s</strong> Trabalhos da Comissão Cientifica <strong>de</strong> Exploração – I – Introdução,<br />

publica<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>em</strong> 1862.<br />

A existência da Comissão ren<strong>de</strong>u para o Museu <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro mais <strong>de</strong> 14.000<br />

amostras <strong>de</strong> plantas. A coleção Zoológica, também cedida para o Museu, era estimada <strong>em</strong><br />

17.000 ex<strong>em</strong>plares, entre insetos, répteis, peixes e aves, a maior parte não figurava nos<br />

seus armários. Para o Museu foram encaminha<strong><strong>do</strong>s</strong> os instrumentos e materiais para uso na<br />

preparação <strong>de</strong> produtos, assim como os livros, mais <strong>de</strong> 2000 títulos que iriam constituir<br />

uma parte da Biblioteca <strong>do</strong> Museu, lá também foi <strong>de</strong>positada uma série <strong>de</strong> estampas <strong>de</strong><br />

zoologia, etnologia e mineralogia.<br />

Além <strong>do</strong> Museu Nacional, o IHGB recebeu muito <strong>do</strong> material consegui<strong>do</strong> pelos<br />

naturalistas no <strong>Ceará</strong>. Gonçalves Dias vasculhou boa parte <strong><strong>do</strong>s</strong> arquivos municipais por<br />

on<strong>de</strong> passou e obteve <strong>do</strong>cumentos e extratos <strong>de</strong> notícias acerca da <strong>História</strong> e Geografia <strong>do</strong><br />

<strong>Ceará</strong>. O mesmo fizeram Lagos e Freire Al<strong>em</strong>ão. Essa <strong>do</strong>cumentação foi entregue ao<br />

Instituto, assim como o material indígena, também coleta<strong>do</strong> por Gonçalves Dias, e as<br />

estampas etnográficas, representan<strong>do</strong> utensílios, ornatos, armas e outros artefatos<br />

indígenas.<br />

Dentre os cientistas que participaram da Comissão Cientifica <strong>de</strong> Exploração um, <strong>em</strong><br />

particular, <strong>de</strong>stacava-se pela experiência e pelo largo respeito adquiri<strong>do</strong> perante a<br />

comunida<strong>de</strong> cientifica nacional. Tratava-se <strong>do</strong> Botânico e Médico Francisco Freire Al<strong>em</strong>ão<br />

<strong>de</strong> Cysneiros 3 , que veio a ser chefe da Seção Botânica e Presi<strong>de</strong>nte da Comissão. A<br />

3 Francisco Freire Al<strong>em</strong>ão <strong>de</strong> Cysneiros nasceu <strong>em</strong> 17941 na Freguesia <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong>. Filho <strong>de</strong> João<br />

Freire Al<strong>em</strong>ão e Feliciana Angélica <strong>do</strong> Espírito Santo, apren<strong>de</strong>u latim ainda no início da sua instrução,<br />

quan<strong>do</strong> tornou-se sacristão. Doutorou-se <strong>em</strong> medicina pela faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, tornan<strong>do</strong>-se posteriormente<br />

professor <strong>de</strong> Botânica e Zoologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Após ser jubila<strong>do</strong> neste cargo, lecionou na<br />

Escola Central, a pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> próprio Impera<strong>do</strong>r, ocupação que exercia na ocasião <strong>de</strong> seu nomeio para<br />

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