A Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM) e as Semanas ... - anpuh

moralistas e seus anseios civilizatórios. Vale ressaltar que a realização do evento se
tratava de uma recomendação e não de uma obrigatoriedade. A estratégia para a
realização da “Semana Anti-Alcoolica” na capital cearense consistiu na tentativa de
instruir um público específico através de conferências sobre os malefícios causados
pelas bebidas alcoólicas:
O programma que adoptamos foi dos mais simples, sem prejuízo da sua
efficiencia. Fizemos realizar todos os dias uma conferencia ou palestra de
porpaganda anti-alcoolica, procurando para ellas auditórios numerosos de
operários, de estudantes, de pequenos negociantes, de soldados, em cujo seio
as ideas anti-ethilicas pudessem ser propagados com real proveito. 20
De modo geral, o chefe do Serviço de Saneamento Rural era o principal
articulador das prelações contra o alcoolismo em Fortaleza. Boa parte dos
conferencistas eram membros desse órgão e/ou associados do CMC como revela o
convite de Demosthenes Carvalho aos membros dessa instituição: “... Alarga-se depois
sobre o appello da Liga Brasileira de Hygiene Mental, ás sociedades médicas, sobre o
combate ao alcoolismo. Diz ter organizado a semana anti-alcoolica a cargo de
intellectuaes de renome e convida o Centro Medico ...” 21
Da mesma forma, a participação da imprensa local fora ativa e decisiva para a
realização e divulgação da “Semana Anti-alcoolica”. O jornal católico O Nordeste,
periódico da Arquidiocese de Fortaleza fundado em 1922, realizou uma ampla
divulgação da “Semana” destacando os conferencistas e os locais de realização da
campanha, além de publicar uma série de artigos de orientação católica contra o
alcoolismo. Sobre a primeira campanha ocorrida em outubro de 1927 o jornal comenta:
Ainda bem que a Liga Brasileira de Higiene Mental, deante da necessidade
cada vez mais urgente de se levantar um obstáculo a tão corrosivo elementos
de destruição dos valores da raça, tomou a elevada e nobre iniciativa de
promover, em toda a extensão do nosso país, a realização da Semana Antialcoolica[...].
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A postura explicitamente antialcoólica do jornal fazia do mesmo um
instrumento privilegiado da campanha contra o alcoolismo. A realização da “Semana
Anti-alcoolica” em Fortaleza representava para esses setores uma oportunidade de
igualar-se aos centros civilizados do país: “...além de ser um facto inédito entre nós,
muito nos elevará perante os demais Estados da União, todos empenhados em
melhoramente commemorar a semana anti-alcoolica”. 23
Em Fortaleza, essas campanhas eram destinadas a um público específico e
realizadas em locais estratégicos. Os trabalhadores do Círculo de Operários Católicos
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