Alceu Bocchino – Sonatina para piano: uma abordagem ... - Embap

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cíclica 7 de composição. Como o primeiro movimento apresenta característica predominantemente rítmica e o segundo movimento contrasta com o anterior por evidenciar a melodia, não existe, para toda a Cadenza, um aspecto predominante entre os quatro elementos analisados: ritmo, melodia, harmonia e sonoridade. Contudo, ao se tomar cada seção individualmente, é fácil perceber sua qualidade prioritária e os contrastes entre as seções inferidos pelas mudanças dessa característica principal. Já na Introdução, a célula inicial provém do primeiro movimento (Figura 5), porém apresenta o Motivo 3 ritmicamente modificado e o Motivo 2b com variação intervalar. Em toque legato, esses Motivos assumem caráter melodioso, expressivo. Figura 5 Bocchino, Sonatina para Piano, Mov. III Cadenza Célula inicial. Entre os motivos envolvidos, os de número 3, 4 e 7 são os que aparecem com maior número de variações. O Motivo 3 compõe a célula inicial e final do movimento. Aparece no início em andamento lento, com caráter tranquillo e expressivo, destacando o elemento melódico. Ao final, em andamento rápido, reforça o elemento rítmico, em toque staccato seco e com intensidade fff. O Motivo 4 possui originalmente forte qualidade rítmica, uma vez que é composto por conjuntos de quatro pulsos iguais para a unidade de tempo, os quais estabelecem um ritmo motor na maior parte do primeiro movimento. Na Cadenza, esse motivo é bastante explorado, sofrendo ampliações rítmicas por toda a sua 7 Forma Cíclica é a expressão aplicada ao procedimento de composição musical que, a partir de um tema dito gerador ou tema cíclico, consiste em repetir periodicamente um ou vários elementos desse tema nos diferentes movimentos da obra, a fim de reforçar a unidade estrutural da mesma. Deve­se a expressão Forma Cíclica a Vincent d’Indy, que apontou Beethoven como o inventor do procedimento e considerava César Franck como seu primeiro utilizador consciente. SOLEIL, Jean­Jacques; LELONG, Guy. As Obras­Primas da Música. Trad.: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 245. 203

extensão ou parte da mesma. Assim, em oposição ao seu caráter rítmico original, faz com que a melodia ressalte, contribuindo para o contraste ritmo­melodia entre as seções do movimento. O Motivo 7, original do segundo movimento Invenção , é o que apresenta maior número de variações na Cadenza. Na Invenção é utilizado como célula principal para a construção da polifonia a duas vozes. Na Cadenza, especialmente nas seções Exposição da Parte A (cc. 25­43), Reexposição da Parte A (cc. 63­81) e Coda (cc. 82­91), comporta­se de maneira contrária ao Motivo 4, pois em andamento rápido e com toque staccato, destaca o caráter rítmico e galhofeiro dessas seções. A Figura 6 a seguir ilustra uma variação do Motivo 7 durante a Cadenza, que transforma sua característica original melodiosa e expressiva, com toque legato, para uma qualidade rítmica, com toque staccato saltitante. Figura 6 Bocchino, Sonatina para Piano, Mov. III ­ Cadenza: Utilização dos Motivos 2 (a e b), 3 e 7 durante a Exposição da Parte A. CONCLUSÃO O estudo analítico da Sonatina para Piano de Alceo Bocchino permite um conhecimento mais aprofundado da obra, de forma a demonstrar a coerência estrutural da composição. Mediante a sua análise, percebe­se a utilização de motivos básicos determinados e variações em torno deles. Este procedimento caracteriza um método construtivo bastante praticado, encontrado em uma grande variedade de estilos musicais e, igualmente, nos materiais da música contemporânea. Da análise motívica da obra conclui­se que existem oito motivos básicos e que todos eles são apresentados nos primeiros dois movimentos Com Humor e 204

cíclica 7 de composição. Como o primeiro movimento apresenta característica<br />

predominantemente rítmica e o segundo movimento contrasta com o anterior por<br />

evidenciar a melodia, não existe, <strong>para</strong> toda a Cadenza, um aspecto predominante<br />

entre os quatro elementos analisados: ritmo, melodia, harmonia e sonoridade.<br />

Contudo, ao se tomar cada seção individualmente, é fácil perceber sua qualidade<br />

prioritária e os contrastes entre as seções inferidos pelas mudanças dessa<br />

característica principal.<br />

Já na Introdução, a célula inicial provém do primeiro movimento (Figura 5),<br />

porém apresenta o Motivo 3 ritmicamente modificado e o Motivo 2b com variação<br />

intervalar. Em toque legato, esses Motivos assumem caráter melodioso, expressivo.<br />

Figura 5 <strong>–</strong> <strong>Bocchino</strong>, <strong>Sonatina</strong> <strong>para</strong> Piano, Mov. III <strong>–</strong> Cadenza <strong>–</strong> Célula inicial.<br />

Entre os motivos envolvidos, os de número 3, 4 e 7 são os que aparecem com<br />

maior número de variações. O Motivo 3 compõe a célula inicial e final do movimento.<br />

Aparece no início em andamento lento, com caráter tranquillo e expressivo,<br />

destacando o elemento melódico. Ao final, em andamento rápido, reforça o elemento<br />

rítmico, em toque staccato seco e com intensidade fff.<br />

O Motivo 4 possui originalmente forte qualidade rítmica, <strong>uma</strong> vez que é<br />

composto por conjuntos de quatro pulsos iguais <strong>para</strong> a unidade de tempo, os quais<br />

estabelecem um ritmo motor na maior parte do primeiro movimento. Na Cadenza,<br />

esse motivo é bastante explorado, sofrendo ampliações rítmicas por toda a sua<br />

7 Forma Cíclica é a expressão aplicada ao procedimento de composição musical que, a partir de um<br />

tema dito gerador ou tema cíclico, consiste em repetir periodicamente um ou vários elementos desse<br />

tema nos diferentes movimentos da obra, a fim de reforçar a unidade estrutural da mesma. Deve­se a<br />

expressão Forma Cíclica a Vincent d’Indy, que apontou Beethoven como o inventor do procedimento<br />

e considerava César Franck como seu primeiro utilizador consciente. SOLEIL, Jean­Jacques;<br />

LELONG, Guy. As Obras­Primas da Música. Trad.: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes,<br />

1989. p. 245.<br />

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