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r CHEGOU A HORA DO NOSSO ESTADO DO SÃO FRANCISCO!

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To<br />

/»<br />

Jornal Autogestionái*io<br />

PV<br />

05 OUT1994<br />

Ano XIV- N 0 . 83- Santa Maria da Vitória (Bã.) - Setembro/1992 - Cr$ 1.000<br />

r<br />

<strong>CHEGOU</strong> A <strong>HORA</strong> <strong>DO</strong> <strong>NOSSO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>SÃO</strong> <strong>FRANCISCO</strong>!<br />

Chegou a hora de criarmos o<br />

Estado do Sao Francisco. Que se<br />

levante esta bandeira em todos<br />

os municípios, associações de<br />

moradores, escolas, etc. Ja es-<br />

tamos fartos de exploração!<br />

(leia na pagina 5)<br />

Mí^Ai<br />

CLEMENTE DE ARAÚJO CASTRO<br />

A FIGURA <strong>DO</strong> SÉCULO<br />

Por CLOOOMIR MORAIS<br />

(pagina 7)<br />

500 ANOS DE MASSACRE<br />

(^DESCOBRIMENTOADA AMÉRICA<br />

SUJEIRA TOTAL NO PLANALTO<br />

Collor consegu iiu fazer com iJk<br />

que o Planalto Cei<br />

cesse de cabo a ral<br />

pra felicidade da nação, ele<br />

vai dançar Junto com sua quadrilha.<br />

r ~Z><br />

sntral apodre iKj<br />

'abo. Mas, \ {<br />

(lei a na pagina 4)<br />

PORTO CALENDÁRIO<br />

, 0 centenário TAMARINDEIR0<br />

e brindado com esquema de<br />

proteção.<br />

(pagina 2)<br />

VITÓRIA OO SOCIALISMO NAS<br />

OLIMPÍADAS DE BARCELONA<br />

Quem disse que o Socialismo<br />

morreu deu com os burros n'agua.<br />

Cuba e outros países socialistas<br />

deram prova disso nas 01impfadas.<br />

(leia na pagina 8)<br />

0 POSSEIRO" recomenda


o possem<br />

Associação de Desenvolvimento<br />

$ÉÊÉ<br />

Rural Integrado<br />

11<br />

OàDERI C.G.C. (M.F.) 13.243.977/000-81<br />

Ano XIV-Ne 83 - SETEMBRO/1992<br />

COORDENA<strong>DO</strong>R:«<br />

Joaquim Lisboa Neto<br />

FINANÇAS:<br />

Washington Antônio Souza Simões<br />

ARTE E DIAGRAMAÇÂO:<br />

Jurimar Silva de Almeida<br />

REDAÇÃO<br />

Rua Antônio Barbosa, 53 — Fone: (073) 483-1130<br />

CEP 47.640 — Santa Maria da Vitória — Bahia<br />

PORTO CALENDÁRIO<br />

Em campanha detohada na Xlt SEMANA<br />

DE ARTE E CULTURA o TAMARINDEfRO,<br />

marco histocico e cultural de Santa<br />

Maria da Vitoria, recebeu o presente<br />

que de ha muito devia ter recebido:<br />

um esquema de proteção, na forma de<br />

um barco de pedra.<br />

A CASA DA CULTURA "ANTÔNIO LISBOA<br />

DE MORAIS" disparou na frente dando<br />

duas caçambas de pedra* A comunidade<br />

colaborou ativamente e a prefeitura,<br />

rebocada, redimiu-se de sua omissão<br />

e prontificou-se a concluir os tra-<br />

baIhos e constru i r, também, o ca i s<br />

nas imediações, Iigando-m ao "Bar de<br />

Ra i mundo".<br />

0 barco recebeu o significativo<br />

nome de "PORTO CALENDJfclO", numa<br />

alusão ao romance de Osório Alves de<br />

Castro, onde o TAMARINDEIR0 e<br />

cenário de inúmeras passagens.<br />

Viaje bem...<br />

viaje EMTRAM<br />

ÔNIBUS PARA OS SEGUÍWTES ESTA<strong>DO</strong>S:<br />

<strong>SÃO</strong> PAULO. MINAS GERAIS, RIO DE JANEIRO, GOIÁS E BAHIA;<br />

prestando serviços da BAHIA ao RIO GRANDE 00 SUL, nas localidades de<br />

BARREIRAS a PASSO FUN<strong>DO</strong>, CARAZINH0, SANTA ROSA e SANTO ÂNGELO<br />

'#*<br />

BARCO DE PEDRA<br />

A luta não foi vã. Está lá para todo mun<br />

do ver... para "inglês ver", nosso secu-<br />

lar Tamarindeiro dentro de um barco de<br />

pedra. Justamente (e a propósito) um bar<br />

co, embarcação tantas vezes construído. '<br />

sob sua sombra, quando servia de estalei<br />

ro para homens simples, de mãos hábeis e<br />

calejadas, manejarem seus instrumentos 1<br />

de trabalho na construção de barcos, car<br />

ros-de-bois, além das famosas carrancas'<br />

feitas pelo mestre Guarany.<br />

Não foi fácil atingir o objetivo. Tive -<br />

mos que mendigar recursos junto aos co -<br />

merciantes e políticos de Santa Maria da<br />

Vitória e São Felix do Coribe para con -<br />

cretizar a obra. Assim, não fossem os es<br />

forços de Luís Cayres, Jairo Rodrigues ,<br />

Ghico Maleiro e Irineu Teles, somados '<br />

aos tantos reclamos feitos durante inúme<br />

r^s Semanas de Arte e Cultura, certamen-<br />

te, o velho sonho daqueles que se preocu<br />

pam em preservar a memória santa-marien-<br />

se não se tomaria realidade.<br />

No dia 26.06.92, quando nossa cidade com<br />

pletava seu octo^esimo terceiro ano de<br />

emancipação política, ela recebeu um '<br />

grande presente dos seus filhos naturais<br />

e adotivos: a proteçãp à testemunha da<br />

sua história, o Tamarindeiro.<br />

Não entendemos porque isso não havia si-<br />

do feito; não havia sensibilizado nossas<br />

autoridades. Foi necessário que a comuni<br />

dade arcasse com mais esse ônus, apesar'<br />

de sofrida pelos "planos collorído8»t<br />

Infelizmente, tudo isso nos obriga a pen<br />

sar que obras desse gênero não rendem djl<br />

videndoe aos políticos. Por esta razão,<br />

o patrimônio e história do povo desapa -<br />

recew<br />

Redimindo-se do erro cometido, a Prefeitu<br />

ra, em boa hora, prontificou-se a conclu<br />

ir os trabalhos e construir, ainda, no<br />

espaço entre a antiga ALMASA e o Tamarin<br />

deiro, uma área de lazer, tão rara, se -<br />

não inexistente em nossa cidade.<br />

Para finalizar, cabe aos santa-marienses<br />

agradecerem, de forma especial, à Casa<br />

da Cultura "Antônio Lisboa de Morais" '<br />

que, através de Washington Simões (presi<br />

dente da ADERI), desempenhou um papel im-<br />

portantíssimo na concretização dessa ide<br />

ia de "salvação do Tamarindeiro".<br />

N0VAIS NETO<br />

poeta<br />

SETEMBRO/92


CONTINUA LINDA A SEMANA<br />

DE ARTE E CULTURA<br />

Santa Maria da Vitoria deu mais ume vez a<br />

prova de que ocupe a vanguarda do saber, de arte<br />

e cultura no Oeste Baiano ao ser palco de XII SE<br />

MANA CE ARTE E CULTURA no finei de maio, de 24 a<br />

30, como sempre promovida pele ADERI/Casa de Cul<br />

ture "Antônio Lisboa de Hbrels"/METRU.<br />

A coletividade santa warienae, que já tem*<br />

o avento como um patrimônio seu, prestigiou meei<br />

comente a SEMANA. Foram eo redor de cinco mil os<br />

assistentes que, sem duvide, saírem intelectual-<br />

mante enriquecidos, dadas a diversidade e profun<br />

didada doa tomas explorados.<br />

A abertura aconteceu com ume honesta e o-<br />

portune palestra proferida pelo nosso contaria ~<br />

neo Rogério Atefde sobre es eleições municipais'<br />

que vão acontecer neste ano. é de as esperar que<br />

e contribuição de Rogério sirva pare que o povo'<br />

-jiu, pelo menos, um setor significativo dele -<br />

não ceie nas velhas e, infelizmente, eficazes ar<br />

medilhes das raposas políticas, antigas ou recen<br />

tea.<br />

Dando seqüência & SEMANA, no dia 25 foi a<br />

vez do Cônsul de Espanha na Bahia, Plácido Serre<br />

de, dissertsr sobre os SOO anos do Descobrimento<br />

(leia-se pilhegem, destruição e humilhação) de<br />

Amsrice. Ao que se sabe, foi e primeira vez que*<br />

um cônsul visitou Santa Maria, o que fez com que<br />

o local do evento se superlotasse nesse die.<br />

A seguir, na 3i feire, 25, e SEMANA se a-<br />

brilhentou com a presença de um dos dirigentes •<br />

do Movimento Camponês cearense, o companheiro Ma<br />

mel A. Peixoto, diretor de ACOOD (Associação ~<br />

de Cooperação e Desenvolvimento, combativa enti-<br />

dade de Massapê (CE). Ele destrinohou, com sabe-<br />

doria o conhecimento de causa, e realidade campo<br />

nese atual do Nordeste brasileiro.<br />

Ume das propostas de Cosa da Cultura "ALM",<br />

desde sue fundação, reside na lute pelo resgate'<br />

de verdadeira Historie Brasileira e no repúdio &<br />

história oficial, escrita pelos vencedores. Por'<br />

isso, fizemos com que Olderico Campos Barreto, '<br />

perticipesss, no die 27, 4« feira, de SEMANA pa<br />

ra nos falar de sue experiência na luta guerri 1<br />

lheire eo lado do Capitão Carlos Lemarce, herói<br />

de classe operária e camponesa latino americana,<br />

assassinado pelas forças de repressão de ditadu-<br />

SETEMBRO/92 QdfSS^ftfeg<br />

ra militar em Oliveira dos Brejlnhos (BA), no inf<br />

cio dos anos 70. Com certeza, es constituiu num<br />

fato altamente honroso para a Casa da Cultura *<br />

"ALM" receber nas sues instalações um compenheiro<br />

que empunhou o fuzil para lutar contra oe "ferorl -<br />

Ias" que tonarem conta do Brasil em 64,<br />

Na Si, 28, a lute continuou... Desta feita*<br />

com Jaime Sautchuk, um dos expoentes de nossa im-<br />

prensa alternativa, que viveu seus períodos de e-<br />

fervescência nos anos 70. Sautchuk foi colabora -<br />

dor e fundador doa jornais "Movimento" e "Opint -<br />

ao" (ambos extintos), dois dos melhoras semana -<br />

rios brasileiros. Além disso, escreveu oe livros'<br />

"0 Socialismo na Albânia" e, em co-autoria, "Pro-<br />

jeto JarL, e invasão americana" e "A Guerrilhe do<br />

Araguaia". Em agosto ele lança a novela "Mltaí" e<br />

para dezembro está previsto o lançamento do "A Ex<br />

perlêncie Arnode no Brasil", Com toda esse isegm I<br />

gem, ninguém melhor que Jaime Sautchuk para abor-<br />

dar com segurança o tema de "Experiência fvmmim e<br />

e Revolução Brasüeire".<br />

Encerrando o ciclo de palestras, duas bri -<br />

lhantes figures encantaram principalmente oafas )<br />

estudantes na noite do dia 291 Qláucie MBlasso *<br />

Garcia, Mestre em Educação, e Paulo Afonso Quer -<br />

mas, filósofo e teólogo, educadoras comprometidos<br />

com os Movimentos Populares e assessores do MEB<br />

(Movimento de Educação da Base), que os enviou a<br />

Sente Maria da Vitória. "A Cultura, a WÊmʧm e<br />

a ttodemidade" foram debatidas profundamente com<br />

ume platéia de quase SOO pessoas até altas horas'<br />

da noite.<br />

E no die 30 o conjunto musical Raça Humane'<br />

deu um memorável show, fechando com chave de ouro<br />

o XII SEMANA OE ARTE E CULTlflA, ume doida experi-<br />

ência que deu certo. Paralelamente a todas esses<br />

atividedes, aconteceu, como de costume, a Exposi-<br />

ção permanente de Arte.<br />

Em melo e toda esse festa, ume nota de In -<br />

descritível tristeza r a euaênde do nosso grande<br />

companheiro Manoel Massias de Mendonça ("Manoel *<br />

do Cal"), presidente de Associação dos Amigos a *<br />

Moradores do Bairro do Malvão, que a morte levou*<br />

no 28 de abril ultimo. A SEMANA foi dedicada a *<br />

ele. Sem nenhum favor.<br />

DIVULGUE O POSSEIRO"


SUJEIRA TOTAL<br />

A população brasileira assiste<br />

indignada a um dos episódios mais<br />

vergonhosos da historia do nosso<br />

Pais, desde a sua descoberta.<br />

A CPI-PC/Collor está fazendo emer-<br />

gir toda a sujeira, roubalheira,<br />

corrupção e malversação do dinhej^<br />

ro publico que o governo Collor<br />

nestes dois anos e meio praticou.<br />

São mais de 100 milhões de<br />

dólares manipulados por Collor e<br />

seus asseclas e que estão causan-<br />

do ao povo brasileiro a angustia<br />

de passar por uma cr i se sem pre-<br />

cedentes e que tende cada vez<br />

mais a se agravar.<br />

E, para vergonha dos baianos,<br />

vemos o governador da Bahia, o<br />

supercorrupto Antônio Carlos Ma-<br />

galhães, dono do PFL, defendendo<br />

com unhas e dentes o presidente<br />

Fernando Collor de Mello.<br />

Parece que ACM quer que nosso<br />

Estado sirva de papel higiênico<br />

para o planalto central. No en-<br />

tanto, a sociedade civil e os<br />

politiceique ainda tenham um<br />

mínimo de dignidade haverão de<br />

impedir que a Bahia se preste<br />

a desempenhar essa vergonhosa<br />

missão de encobrir as falca-<br />

truas de Collor, PC Farias e<br />

outros dessa poderosa mafia.<br />

ELEIÇÕES EM SANTA MARIA<br />

Ja estão definidos os candidatos a<br />

prefeito de Santa Maria da Vitoria<br />

e São Felix do Coribe. Em Santa<br />

Maria vao brigar pela conquista da<br />

"viúva": Pedro Novaes (PDS), candj,<br />

dato situacionista; Or. Bartoiomeu<br />

(pela frente de "esquerda* PDT /<br />

PCdoB / PT)j e Joaquim^Ferreira<br />

Campos (PSC). Em Sao Felix,<br />

também três sao as aves de rapina:<br />

o Padre José Oamingos (PT), Edson<br />

José da Silva (PMDB) e Paulo<br />

Sérgio W. Lisboa (PFL), um dos<br />

representantes da decadente UDR na<br />

Bacia do Rio Corrente. 0 povo se<br />

agita e se prepara para, mais uma<br />

vez, colocar um tirano no poder.<br />

NO PLANALTO<br />

Vamos salvar a<br />

vida de Admardo S.<br />

de Oliveira<br />

Um dos maiores filósofos e edu-<br />

cadores brasileiros esta^gravemente<br />

doente e, gor causafdo péssimo sis-<br />

tema de saúde de pais, precisa par-<br />

ti i; para a Pensylvannia (EUA), ^nde<br />

irá se submeter 3 um imprescindível<br />

transplante,de fígado (do qual ele<br />

necessita ha alguns anos),^© Hosp^<br />

t^l Metodista. Essa operação custa-<br />

ra mais de i bilhão de cruzeiros.<br />

Estamos falando de ADMAROO SERA-<br />

FIM DE OLIVEIRA, colaborador do<br />

•POSSEIRO" e da Casa da Cultura<br />

"Antônio Lisboa de Morai s^desde<br />

meados dos anos 80. Por inúmeras ra<br />

zoes, precisamos envidar esforços<br />

no sentido de apoiar ADMAR<strong>DO</strong> para<br />

que ele se salve. Para atingir este<br />

objetivo, solicitamos aos leitores<br />

e colaboradores do "POSSEIRO" e da<br />

Casa da Cultura "ALM" gue enviem<br />

apoiç financeiro através de remessa<br />

bancaria. 0 dinheiro devera ser en-<br />

caminhado para EDNA CASTRO DE OLIVEi<br />

RA e/ou ADMAR<strong>DO</strong> SERAFIM DE OLIVEIRA -<br />

CAIXA ECONÍMICA FEDERAL^- Agência<br />

0662 - Código de Operarão 013 -<br />

Conta n» 16400-5 - Vitoria (ES).<br />

MORRE UM BOM CRONISTA<br />

(Adenor Batista Marjano _ 19 0 9-1992]<br />

0 primeiro Técnico de estatística do mu<br />

nicípio de Santa Maria da Vitória fale-<br />

ceu nesta cidade no dia 27 / 07 / às 4:<br />

30 horas, vítima de trombose cardíaca.<br />

Trata-se de Adenor Mariano, que produ -<br />

ziu inúmeras crônicas para "0 POSSEIRO",<br />

além de ser sócio da Casa da Cultura ■<br />

Antônio Lisboa de Morais".<br />

Com o desaparecimento de Adenor Mariano<br />

vai-se mais um pouco da memória de nos-<br />

sa terra. Ele acompanhou de perto inúme<br />

ros fatos históricos ocorridos em Santa<br />

Maria, tendo o cuidado de registrá-los<br />

para que as gerações posteriores não<br />

perdesseade vista a importância da pre-<br />

servação da identidade do povo deste lu<br />

gar.<br />

"0 POSSEIRO" lamenta proflindamente a<br />

perda desse valioso colaborador. A D.<br />

Jalmira Santana Mariano (viuva), Adenor<br />

Mariano Jr. , Miria Santana Mariano Ro-<br />

cha, e Vânia Santana Mariano, nossas '<br />

condolências.<br />

4 o^mim- SETEMBRO/92


<strong>CHEGOU</strong> A <strong>HORA</strong> <strong>DO</strong> <strong>NOSSO</strong><br />

ESTA<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> <strong>SÃO</strong> <strong>FRANCISCO</strong>!<br />

Anuncia-se no Diário do Congresso a existência de projetos para a criação<br />

de 8 novos Estados brasileiros. Agora que o movimento de autonomia se espraia<br />

pela Europa do Leste, se pode ver claramente que as anexaçoes, do ponto de<br />

vista histórico, nao tem vida longa. E e esta a razão da Eslováquia se sepa-<br />

rar da Boêmia, a Croácia e Eslovenia se separarem da Yugoslavia e Quebec, ha<br />

tempos, querer se separar do Canada.<br />

No século passado, vasto território do Oeste Sanfranciscâno Pedro I arran-<br />

cou de Pernambuco e anexou a Bahia como punição aos ideais libertários da<br />

nossa primeira e única revolução de independência, a Revolução de 1817, no<br />

Nordeste Oriental. Era a antiga Comarca do Sao Francisco que se estende de<br />

Casa Nova ate Carinhanha, entre o Rio Sao Francisco e Goiás. Pernambuco nunca<br />

aceitou esse vergonhoso despojo que correspondia a uma área mais de 2 vezes<br />

superior a sua atual superfície. Tanto e assim que a Constituição daquele Es-<br />

tado trata desse litígio territorial e, dos eméritos causídicos nomeados para<br />

defender os direitos de Pernambuco, esta o Dr. Barbosa Lima Sobrinho, hoje<br />

presidente da ABI. No decorrer de quase dois séculos, os habitantes da antiga<br />

Comarca do Sao Francisco viram definida a sua identidade como uma região de<br />

cultura autentica, diferente do resto da Bahia e de Pernambuco, com o seu pro<br />

prio dialeto flagrado pelo romancista santamariense Osório Alves de Castro em<br />

"Porto Calendário" e difundido por seu velho amigo Guimarães Rosa, sobretudo<br />

em "Grande Sertão: Veredas",<br />

Na segunda metade do século passado a Comarca do Sao Francisco chegou a<br />

separar-se da Bahia, tendo por capital a Cidade da Barra, em cujo município ha<br />

via nascido o Chefe do Gabinete o Barão de Cotegipe. Ao que consta, chegou-se<br />

a realizar eleições para o orgao legislativo da nova Província do São Francis,<br />

co.<br />

Entre as mais recentes tentativas de autonomia da vasta Região do Alem Sao<br />

Francisco consta aquela proposta pelo deputado santa-mariense Adão Fe Souza<br />

na Assembléia Legislativa da Bahia, com enorme repercussão nao somente na<br />

região como também no resto do pais.<br />

Hoje, as condições de miséria, de atraso e de esquecimento a que ficou re-<br />

legado o Alem Sao Francisco Justificam a concretização daqueles ideais liber-<br />

tários. Nao temos universidades para a nossa Juventude. As estradas sao<br />

aquela porcaria de sempre, pois Salvador so se lembra de nos na hora de bus-<br />

car votos para eleger so governadores baiapos e raramente algum sanfranciscano<br />

que se vendeu ao Recôncavo, como foi o caso de Antônio BaIbino, que construiu<br />

2 luxuosos Teatros "Castro Alves" enquanto a Região expulsava dezenas de milha<br />

res de sanfranciscanos para Estados do Sul e do Centro-Oeste movidos pelo<br />

desemprego. 0 que Ba I bino fez de grande na nossa Região foi a aquisição de de-<br />

zenas de milhares de hectares de terra para cercar de arame farpado e so.<br />

Plantar que e bom, cadê? A coisa foi tao escandalosa que o INCRA teve que ex-<br />

propriar uma de suas fazendas no Município de Angical.<br />

Chegou a hora de nos, os do Rio Sao Francisco, levantarmos a bandeira de<br />

sua autonomia. Os do Rio Tocantins o fizeram com êxito ao ponto de construir<br />

uma capital nova e moderna. É inútil a Bahia insistir em continuar subjugando<br />

as gentes do Alem Sao Francisco. Agora, ou algum dia, mais cedo ou mais tarde<br />

o despotismo do Recôncavo será derrotado. Que se levante essa bandeira em<br />

todos os municípios, associações de massas, estabelecimentos de ensino, etc.<br />

Basta! Ja estamos fartos de exploração. Os do Alem Sao Francisco criamos o<br />

grande celeiro da Bahia e um dos maiores do Brasil e e bem por isso que nao<br />

necessitamos da Bahia nem de Pernambuco. Que se abram concursos para concepção<br />

e eleição da nossa bandeira - a bandeira do Alem Sao Francisco, e seu<br />

correspondente escudo e outros símbolos. Que se criem comitês da luta pela au-<br />

tonomia do Alem São Francisco. A Bahia so enxerga o mar, o estrangeiro. Nao<br />

enxerga o sertão sanfranciscano. Ela vive de costa para nos, apesar de que es-<br />

tejamos quase fronteira com a capital brasileira. Chegou a hora de virarmos<br />

nos as costas a Salvador e marcharmos com nossos pes. E o que esperam de nos<br />

os nossos posteros e a memória dos nossos antepassados que nos forjaram na<br />

dureza das condições de vida do Alem São Francisco.<br />

SETEMBRC/92 jfegjgjggjfe:


UM RARO EXEMPLO DE HERÓI POPULAR<br />

(MANOEL <strong>DO</strong> CAL - 1917 -199^<br />

A tarde do último 28 de abril não poderia •<br />

nos trazer pior notícia. Acabav/anos de perder CM<br />

doa Maiores lutadores dos itovinentos Populares *<br />

santa larlenses; MANDEL MESSIAS OE iCN<strong>DO</strong>NÇA(" MA-<br />

NOEL 00 CH."), quando ee dirigia, por volta das<br />

16 horas, à Casa da Cultura "Antônio Lisboa de Mo<br />

reis", foi colhido por una C-10 que tinha ao vo -<br />

lante méis um neurótico predestinedo a tirar a vi<br />

da de um trabalhador. Três horas após sofrer o a»<br />

cideate "Manoel do Cal" veio a falecer, com os<br />

tíapanos estourados.<br />

Tendo chegado à nossa cidade em 1999, vindo<br />

da cidade baiana de Aporá, onde nasceu aos *<br />

29,11,17, "Msnoel do Cal" fbi irdcialmsnt» lavra-<br />

dor, tendo posteriormente se dedicado ecánomloa -<br />

mente & atividade do comercio de cal, que ele «es<br />

mo produzia. Deixou, como viuve, D, Flortnda Dan-<br />

tas de Itendonça a 5 filhos.<br />

Em 83 participou ativamente da luta pela •<br />

construção da Aaaociaçio dos Moradores de Santa •<br />

Maria da Vitória a são Felix, da qual saiu algum'<br />

teapo depoie por discordar da forma como alguns •<br />

assessores da entidade (ligados & Igreja, CPTe PT}<br />

vinhM conduzindo o movimento,<br />

Como sua sede de lutar pelos pobres era i-<br />

neagobSvel, •Mwioel do Cal" não aadiu esforços no<br />

sentido de criar (ao lado do seu velho oompartwi-<br />

ro Undolfo Leal, entre outros) a Associação dos"<br />

Amigos a Moradoras do Bairro do Mal vão, em abril'<br />

da 87, cuja presidência ale ocupou por alguns a-<br />

nos, estando, inclusive no exercício do mandato •<br />

quando sofreu o fatal acidenta.<br />

Pouquíssimas pessoas podam ser comparadas a<br />

"Manoel do Cal" em temos de Jovialidada, pique e<br />

disposição de luta, Era um Hsatre na acepção^da •<br />

palavra. Encantava a juventude com suas históriae<br />

cheias da bom humor, Com mtdta garra, participou»<br />

da inúmeros multirSas na Escola Polivalante, de *<br />

87 a 89,<br />

Freqüentador asafduo da Casa da Cultura "An<br />

torüo Lisboa da Morais", onde também buscava as -<br />

sesaorla para a Associação que dirigia, tinha um<br />

carlriho especial pelas crianças, prlnclpalwnte •<br />

as pobres. Por issa^ criou na Associação do Ifcl -<br />

vão uaa aacolinha, a "Donos do Futuro", qte hoje'<br />

atenda a uma centena da crianças, as quais «itri-<br />

affl por "Manoel do Cal" uma profunda afeição.<br />

AÍ temos, portanto, um exemplo de herói das'<br />

classes trabalhadoras, um homem imprescindível '<br />

porque lutou até o último dia de sua vida.<br />

A saudade que temos de "Manoel do Cal" e *<br />

grande demais, fica difícil traduzi-la em pala -<br />

vros, E ele este e estará sempre conosco, nos im-<br />

pulsionando para a luta em favor dos despossuídoa<br />

Ssmpre,<br />

o&p$mm<br />

MEB APOIA ESCOLA<br />

"<strong>DO</strong>NOS <strong>DO</strong> FUTURO"<br />

A Escola "Donos do Futuro", da<br />

Associação dos Amigos e Moradores<br />

do Bairro do Mal vão (Santa Maria<br />

da Vitória), está recebendo<br />

valioso apoio do MEB(Movimento de<br />

Educação de Base), através do<br />

Projeto "Alfabetização e<br />

Conscientização de Jovens e<br />

Adultos; aprovado no inicio do<br />

mês de agosto deste ano,<br />

0<br />

Com essa força que o MEB esta<br />

dando, agora a Escola "Donos do<br />

Futuro" poderá se consolidar,<br />

crescer e, para 1993, atender a<br />

uma maior quantidade de crianças<br />

e adultos pobres do Bairro do<br />

Mal vão.<br />

PODER JUDICIÁRIO<br />

COMARCA Pg SANTA MARIA DA VITÓRIA<br />

EDITAL<br />

RITA DE CÁSSIA DE ARAÚJO CASTRO, Oficial<br />

designada do REGISTRO DE IMÓVEIS E HIPOTÉ-<br />

CAS desta Comarca de Santa Maria da Vitória,<br />

Estado da Bahia, etc.<br />

FAZER SABER a todos quantos o presente edital<br />

virem ou dele conhecimento tiverem que, nos termos do<br />

art. 18 e seus parágrafos da Lei n°. 6.766 de 19 de dezem-<br />

bro de 1979, ROOSELVET DUARTE MOURA e sua mulher<br />

REQÜERERAM O REGISTRO <strong>DO</strong> LOTEAMENTO denomina-<br />

do CLÔVIS ARAÚJO, de sua propriedade e que se acha<br />

localizado no perímetro urbano da cidade de Sao Félix do Co-<br />

ribe-Ba. conforme plano, planta- e memoriais descritivos<br />

devidamente aprovados pela Prefeitura do Município de Sfio<br />

Félix do Coribe - Ba. O projeto compreende uma área total<br />

de 19 87 ha. de terreno levemente ondulado da transcrição<br />

número 01 referente a Matrícula n». 5.390 fls. 264. do livro<br />

2-Q registro Geral, deste Cartório está dentro do roteiro<br />

fornecido pelo Engenheiro Civil Roosevelt Duarte Moura<br />

CREA 10604-D-Ba.<br />

E para que ninguém alegue ignorância, expediu-se<br />

o presente que será publicado em JORNAL.<br />

Decorrido o prazo de lõlquinze) dias contados da<br />

data da publicação, e não havendo impugnaçâo de terceiro.<br />

SERÁ FEITO O REGISTRO. SANTA MARIA DA VITÓRIA.<br />

27 de julho de 1992. Eu, RITA DE CÁSSIA DE ARAÚJO<br />

CASTRO Oficial designada do Registro de Imóveis, datilo-<br />

grafei, conferi, e subscrevi.<br />

SETEMBRO/92


A VERDADE QUE SE IMPÕE!<br />

Coronel Clemente de Araújo Castro: A Figura do Século no Rio Corrente<br />

A última vez que visitei Agnelo Braga, compartilhamos da<br />

mesma opinião de que, no presente sécuio, Clemente de Araújo<br />

Castro foi a mais importante figura da Bacia do Rio Corrente, da<br />

mesma maneira que Severiano Magalhães, no século passado, foi<br />

a personalidade mais marcante da Região. Este o foi por haver<br />

consolidado na Bacia do Rio Corrente um ponto econômico, de<br />

trocas e consignações, intermediário entre Goiás e a Bahia - Cor-<br />

rentina, com os portos de São José e de Santa Maria da Vitória.<br />

Aquele - o Cel. Clemente - por ter sido o graúde pioneiro da<br />

introdução do capitalismo na Bacia do Rio Corrente. O papel<br />

econômico que teve Correntina de intermediação entre regiões<br />

remotas e o mercado nacional, (mediante transporte fluvialj foi<br />

o mesmo que justificou a importância e o enriquecimento de Re-<br />

manso. Barra, Santa Rita do Rio Preto e Casa Nova com relação<br />

ao Piauí; e Formosa, Barreiras, Januária e Paracatú com relação<br />

a Goiás.<br />

Os dados estatísticos não são abundantes, porém são sufi-<br />

cientes para exigir dos sociólogos, economistas, historiadores e<br />

intelectuais outros da Bacia do Rio Corrente estudos e pesquisas<br />

sérias a fim de resgatar o extraordinário espírito empresarial e<br />

político de Clemente de Araújo Castro do ultrapassado antro das<br />

paixões políticas para dar-lhe o tratamento da análise científica,<br />

que se faz necessária. Contudo, há que fazê-lo de imediato, en-<br />

quanto ainda vivem os seus parentes mais próximos, sobretudo<br />

os sobrinhos João, Clemente, Clóvis, Clorivaldo, Regina e Valdir,<br />

aos quais, e a outros mais, ele deu formação superior.<br />

Estima-se que nos anos 1925/26 deu-se o apogeu do flores-<br />

cimento econômico e cultural do Rio Corrente, antes da desas-<br />

trosa Recessão de 1929, que virou a canoa de toda a economia<br />

dos países capitalistas. Esse apogeu se manifestava na agricul-<br />

tura, na indústria, no comércio, nos transportes e na Cultura.<br />

Foi a época de consolidação do complexo agroindústria! "Araújo<br />

Castro & Cia.'', composto de áreas agrícolas e de pecuária, na<br />

Lagoa da Tabúa e Mozondó e na secção de transformação indus-<br />

trial, em São Félix.<br />

Lá naquelas fazendas se produziam gado, algodão e cereais<br />

com uma razoável massa de assalariados agrícolas denominados<br />

"camaradas''. Eram tão consideráveis as necessidades de força de<br />

trabalho na agricultura, sobretudo nas quadras de colheitas, que<br />

se tornaram famosos os editais de intendentes proibindo a emi-<br />

gração de braços rurais rumo ao sul do pais e punindo a vadi-<br />

agem na cidade mediante a incorporação compulsória de vadios<br />

à faina remunerada das colheitas.<br />

Não se conhece exatamente o nível das forças produtivas<br />

utilizadas nas fazendas de "seu" Clemente. Contudo, se sabe que<br />

nelas se usavam adubos para correção de solos e fumigação<br />

para combate a pragas. Não se tem notícias do uso de tratores<br />

e sim de arados e rastras de tração animal, no que contrasta<br />

com o nível técnico organizativo da grande empresa agrícola que<br />

exigia um caminhão, dois automóveis, além de uma linha tele-<br />

fônica que interligava a residência do proprietário com a fazen-<br />

da e ambos com o São Félix, onde uma usina movida a energia<br />

elétrica (de origem termo-dinâmica), processava a transforma-<br />

ção dos produtos agropecuários. Nela se descaroçava, prensava<br />

e "enfardava'' o algodão; se debulhavam milho e feijão; se des-<br />

cascava arroz; se transformava a grande produção de leite na<br />

famosa manteiga "Zuzü'', enlatada a vácuo mediante um primi-<br />

tivo método de pasteurização pelo choque brusco de contrastes<br />

térmicos. Para tanto, a usina de "Araújo Castro & Cia." era tam-<br />

bém uma fábrica de gelo industrial e era tão suficiente a po-<br />

tência de energia termo-dinâmica que pode mover mais um dí-<br />

namo destinado a iluminar (em 1934) a Santa Maria da Vitória de<br />

3.500 habitantes.<br />

Houve época em que produzia "jabá" para não perder car-<br />

nes de bovinos em idade de decapitação. A atividade industrial<br />

que mais tempo durou foi a da serraria. Clemente Araújo foi mais<br />

longe.- mandou construir um navio de porte médio (50 toneladas<br />

de convés e 200 de car|a arrastada em lancha ou chata). Isso<br />

correspondia à carga de 80 caminhões Ford da época.<br />

Há que considerar que foram os intendentes da sua cor-<br />

rente política que construíram o cais e o cemitério novo, que<br />

deram início à canalização do Riacho Seco e construíram as<br />

CLO<strong>DO</strong>MIR MORAIS (especial para • O POSSEIRO ")<br />

rodovias carroçáveis que ligavam Santa Maria a Santana dos Bre-<br />

jos (via Santo Antônio) e São Félix ao Alegre, onde pontificava<br />

enorme influência Político-econômica de um dos seus irmãos, o<br />

"Major" Leônidas de Araújo Castro. O intendente Clóvis Araújo<br />

criou a Biblioteca Pública de enorme utilidade para a Juventude<br />

da década dos 40.<br />

Pese a que ele mesmo reconhecesse sua modesta cultura,<br />

o "Coronel" Clemente teve intendentes geralmente cultos, tais<br />

como o dentista Cotias Lebre, o músico Argemiro Filardi, o con-<br />

tador Clóvis Araújo e o comerciante e famoso autodidata "Ca-<br />

pitão" Elias Borba, seu "Richelieu", sua "Eminência Parda", enfim,<br />

o intelectual que lhe orientou na sua gesta de chefe político e de<br />

capitão-de-indústria. Foi tão decisivo o papel assessor de Elias<br />

Borba na existência do "império" dos Araújos que, no começo<br />

dos anos 40, o seu traslado (sem votos porque eram poucos os<br />

seus eleitores) para a oposição decretou definitivamente a queda<br />

do referido "império".<br />

O ''Capitão" Elias Borba - segundo entrevistas que eu mes-<br />

mo fiz, em 1950, em Salvador - deixava "desmandibulados" (bo-<br />

quiabertos) o jurista Joaquim Laranjeira e seu filho Péricles<br />

(estudante de Medicina), no final dos anos 20, toda vez que, no<br />

"bate-papo" informal, na prosa descontraída Elias incursionava<br />

na área dos logaritmos e do cálculo infinitesimal. Era, de fato,<br />

surpreendente se se considera que, um lustro depois, tanto a Escola<br />

da Prof*. Etelvlna Antunes Coelho, ou a Escola de Dona Micol do<br />

Espírito Santo, ou ainda o ''Colégio Bahiano" de Derval Gramacho,<br />

não iam mais além do ensino da Álgebra de Trajano. O jesuíta,<br />

mineralogista, padre Torrend se espantou com o fato do tabaréu<br />

Elias Borba, na década dos 20, "arranhar" rudimentos de francês<br />

e abordar o tema da Física Quâutica. Foi ele quem o "Coronel"<br />

Clemente de Araújo Castro utilizou como seu conselheiro político,<br />

uma espécie de "primeiro ministro", durante 20 anos.<br />

O surto de relações capitalistas estimulou o progresso na<br />

Bacia do Corrente, gerando outros dados interessantes como os<br />

que seguem: duas bandas de música (a "Vitória" e a "Seis"') em<br />

Santa Maria e outra na Vila de Correntina; os jornais "A Idéia"<br />

(de Ciaudemiro Santos e Tibúrcio LafuentP, irmão de Guarany),<br />

"O Corrente" (de Sebastião Araújo) "A Tribuna do Povo" (de<br />

Pedro Coelho) em Santa Maria; e "ü Batuta" (de Raimundo Sales),<br />

"O Forte" e "O Progresso" (de Helvécio Rocha) em Correntina.<br />

Porém os aspectos mais surpreendentes, que somente as pesqui-<br />

sas sócio-econômicas e históricas poderão explicar, apresentou-se<br />

na precocidade com que à longínqua Região do Corrente tives-<br />

sem chegado algumas aquisições da ciência e da tecnologia do<br />

mundo civilizado da época. Senão vejamos-lo: a luz elétrica, no<br />

Rio Corrente, se instalou apenas 35 anos depois de sua invenção<br />

pelo norte-americano Thomas Ualva Edson; o telefone privado,<br />

lá, chegou 40 anos depois de sua invenção por Graham Bell e 35<br />

anos após Pedro II (amigo e "mecenas" do inventor) ter instalado<br />

em Campinas o primeiro telefone urbano do país; o automóvel<br />

entrou na área menos de 3 décadas após Santos Dumont intro-<br />

duzir no Brasil o primeiro veículo desse tipo; o rádio receptor<br />

chegou à residência do Cel. Clemente a menos de 3 décadas do<br />

brasileiro Padre Landel de Moura e do italiano Marconi terem in-<br />

ventado o rádio-transmissor e a menos de dois lustres da funda-<br />

ção da primeira estação de rádio-difusora do país (a Rádio Club de<br />

Pernambuco, do paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand<br />

Bezerra de Melo).<br />

Tudo isso era contrastante com outros dados da paisagem<br />

econômico-cultural do Corrente da "Época-dir-se-ia-Cletnentina",<br />

como, por exemplo, a manipulação farmacêutica estava entregue<br />

aos práticos Augusto (no Alegre), Pedro Guerra (em Correntina)<br />

e aos técnicos agrícolas, "Seu" Cunha (de Santana dos Brejos)<br />

e "Seu" Ulisses França, em Santa Maria.<br />

Enquanto do Outro-Lado (nome que se dava ao São Félix)<br />

florescia a tecnologia da Revolução Industrial movida a vapor e<br />

a motores elétricos, do lado de Santa Maria, em estado moribundo<br />

continuavam existindo, na base da roda d'água, os descaroçado-<br />

res de algodão do Coronel Bruno Martins da Cruz (onde hoje es-<br />

tá a Ponte "Adão Souza") e de Ovídio Guimarães, na Sambaiba<br />

e, lá quase no Cancelão do Brejo, ao lado da Roda de Farinha de<br />

Bilau, labutava o velho Nenen (genro de Terto Queiroz) no seu<br />

rústico descaroçador de algodão acoplado a um trapiche movido<br />

a bois.<br />

Por tudo isso não se pode negar que Clemente de Araújo<br />

Castro foi, de fato, até agora, o maior empresário da nossa Região<br />

Correntina. Se bem que se aproxima a data do 50° aniversário<br />

de sua morte, há tempo suficiente para os cientistas interessados<br />

pesquisarem e elaborarem monografias sobre a mais importante<br />

figura da Bacia do Rio Corrente, no Século XX - Clemente de Araú-<br />

jo Castro. Esta é uma verdade que por si só se impõe!.<br />

SETEMBRO/92 M^Jfe: 7


FITORIA ©O SOO Ali SM'<br />

OOMFÍABâ-S BE BAIRCS<br />

MAi<br />

LOWA<br />

Para os reacionários empedernidos<br />

que insiste» em tapar o soi cora a<br />

peneira, dizendo que o Socialismo ja<br />

morreu, as Olimpíadas de Barcelona<br />

foi uma bofetada na cara. Da ate pe-<br />

na ver como foram chutados pra trás<br />

as potências capitalistas Inglaterra,<br />

França, Japão, Canada, Itália,<br />

Suécia e ate o pais anfitrião, a<br />

Espanha •» chutados pela pequenina<br />

Cuba e pela China.. A Alemanha so nao<br />

teve a mesma sorte porque parasitou<br />

o desempenho dos atletas da antiga<br />

ROA. Com que cara agora aparecerão<br />

os vigaristas que vivem dizendo que<br />

no Socialismo reina a fome e a<br />

miséria? Com que cara aparecerão os<br />

vacilantes que dizem que os cubanos<br />

estão atolados na falta de aiimentos^<br />

Se eles nao tem o que comer, que<br />

raios de comida eles ingerem para aJL<br />

cançar o 5 fi lugar nas XXV Olimpíadas<br />

entre 172 países concorrentes?<br />

Dirão alguns: ingerem os discursos<br />

do Comandante Fidel Castro. Pois<br />

sim, os discursos coerentes desse<br />

indiscutível líder do 3 fi Mundo ali-<br />

mentam a moral, o patriotismo, a<br />

combatividade, a dignidade de uma<br />

pequena nação cercada, bloqueada,<br />

agred i da mas que nao se dobra frente<br />

a qualquer adversário. É alimento<br />

dos ideais do Socialismo que nao mo£<br />

reu para tristeza das mentes atrasa-<br />

das. 0 único pais capitalista que<br />

ainda agüenta porrada nas Olimpíadas<br />

sao os Estados Unidos, com atletas<br />

corruptos como aquele que exige 6<br />

mil dólares para saltar um centíme-<br />

tro a mais do seu próprio record. Os<br />

restantes foram botados para<br />

trás por aqueles países, CEi, China,<br />

Cuba, que a imprensa burguesa, os<br />

vacilantes e os traidores consideram<br />

famintos, atrasados, extemporâneos,<br />

defasados no tempo.<br />

Nao so as 01impiadas de Barcelona<br />

mostraram que os ideais de libertj_<br />

nagem do neo-IiberaIismo marcham pa-<br />

ra as cucuias irremediavelmente, Com<br />

efeito, nos países europeus onde<br />

hastearam a bandeira do neo-liberalis<br />

mo, as injustiças, o desemprego e a<br />

fome, a violência e a droga, o roubo<br />

ARISTIDES CORRENTINA<br />

e a prostituição passaram a encher as<br />

paginas dos Jornais. 0 fascismo res-<br />

surge com força ameaçadora. Em<br />

Berlim, os fascistas matam a pauladas<br />

polacos, ciganos, africanos e<br />

Judeus.<br />

0 neo-1i beraIi smo e um canto de<br />

sereia da chamada "economia de merca-<br />

do* com que em alguns paises do Leste<br />

Europeu se tem sensibiIisado os opor-<br />

tunistas de todo matiz e agora sem<br />

saberem onde meter a cara ante o<br />

reaparecimento do chauvinismo mais<br />

primitivo e da própria guerra. Por<br />

enquanto, pelo menos em 3 regiões<br />

européias se alastram guerras: nos<br />

Balcas, no Dniester e no Caucaso.<br />

Canto de Sereia que perverter e des-<br />

motiva os próprios cidadãos dos ri-<br />

cos paises capitalistas. 0 quadro fi-<br />

nal de medalhas de ouro das XXV<br />

Olimpíadas que o dioa!: a Coréia do<br />

Norte botou para trás o Japão (com<br />

toda sua fama de potência financeira)<br />

e mais ainda os seguintes outros<br />

países capitalistas ricos Holanda,<br />

Noruega, Dinamarca e Irlanda. Ate a<br />

Etiópia, pais africano atrasado,<br />

semi-feudal, bastaram-lhe três lus-<br />

tros de Republica Popular pra ter<br />

uma classificação superior aos se-<br />

guintes países ricos do 19 Mundo:<br />

Suiça, África do Sul, Xustria, Bélgi-<br />

ca, Taiwan, Israel e Porto Rico.<br />

Ve-se , pois, que as 01impiadas<br />

foram a "prova-do-nosfora* no acerto<br />

de contas entre os ideais socialis-<br />

tas e o neo-liberalismo. Somente 3<br />

paises, CEI, China e Cuba, arrebata-<br />

ram metade de todas as medalhas de<br />

ouro das 01impiadas. 0 Brasil,<br />

tadínho!, ganhou somente duas meda-<br />

lhas de ouro em Barcelona e foi o<br />

suficiente para o Presidente Co Mor<br />

difundir pelo telefone internacional<br />

o seu histérico Júbilo. Vai ver que<br />

se esqueceu de que nas Olimpíadas<br />

das Alagoas o PC distribuiu medalhas<br />

de ouro com am i gos e parentes do<br />

presidente. Como se pode ver, o neo-<br />

Mberalismo e soda, já o dizia<br />

Focrates!<br />

LEIA NA BIBLIOTECA CAMPESINA<br />

"MITAÍ", 0 NOVO LIVRO DE<br />

JAIME SAUTCHUK<br />

8 %?g^jfe- SETEMBRO/92

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