Baixar - Brasiliana USP
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- 48 - Da gratidão o nectar vem aos lábios, Adoçar minha voz e a transmuda Em sagrada oblação, votos ardentes: Fados brilhantes so te dé o Eterno. Descanba o sol: a noite desenrola O seu manto de sombras azuladas No seio das florestas e dos vallcs. li' o prelúdio festivo do silencio, São as gallas que estende a tarde aos astros P'ra melhor seu orvalho dislilarem Na hora em que o colono dorme, e o sábio Chama á luzerna o universo inteiro. O mar. do céo espelho, já colora De cinzentos listões a vilrea face; E os picos das montanhas, simulando Petrificados Pyrrhas escalando O aspro dorso de sulcadas serras, De um gorro luminoso a fronte adornam. Trina a meus pes a strophc que arremata O hymno dos aligeros cantores. Bate as azas nas trevas o vampiro, Sorri-se à escuridão, e o céo negreja, Com as fétidas azas: geme o mocho Sinistros ais, e pipitando tímidos Os fofos bacoràos na terra vagam. Cala nos troncos o clangor sonoro Bronzeada cigarra; e na garganta A cornea flauta o sabiá sopita: Nos empapados brejos lampejando Erram mil pyrilampos, c nos ares
49 O verde cirio o vagalume estende. No rosto da natura já se cmbcbe Da frouxa luz o senho melancólico. Só não muda do mar o ronco eterno, Nem da espadana, que prantea a rocha, O unisono embate entre os penedos. Cançada está minha alma, estão meus olhos, De tanta magcstade! Inda esta aurora Um pelago de nuvens agachadas Envolvia a meus pés a terra e as agoas, E aqui e ali varando a branca massa Negros picos surgiam, como syrthes No meio do oceano; veio a brisa, E essas ondas ephcmeras erguendo Em effluvios aos ceos mandou c'o sopro seu. Evoluções aéreas, como em sonhos, Minha musa saudaram. Agradeço-te O' destino feliz que me guiaste A este Panorama. Serei grato; Um hymno entoarei a teus primores, Um hymno que adejando alem dos mares Va na terra d' Iwan pousar contente, E ao nobre amigo mitigar saudades. .. .08C«=- Typ. do Ostchsor Brasileiro, de J. J. Moreira. — 1S47.
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O verde cirio o vagalume estende.<br />
No rosto da natura já se cmbcbe<br />
Da frouxa luz o senho melancólico.<br />
Só não muda do mar o ronco eterno,<br />
Nem da espadana, que prantea a rocha,<br />
O unisono embate entre os penedos.<br />
Cançada está minha alma, estão meus olhos,<br />
De tanta magcstade! Inda esta aurora<br />
Um pelago de nuvens agachadas<br />
Envolvia a meus pés a terra e as agoas,<br />
E aqui e ali varando a branca massa<br />
Negros picos surgiam, como syrthes<br />
No meio do oceano; veio a brisa,<br />
E essas ondas ephcmeras erguendo<br />
Em effluvios aos ceos mandou c'o sopro seu.<br />
Evoluções aéreas, como em sonhos,<br />
Minha musa saudaram. Agradeço-te<br />
O' destino feliz que me guiaste<br />
A este Panorama. Serei grato;<br />
Um hymno entoarei a teus primores,<br />
Um hymno que adejando alem dos mares<br />
Va na terra d' Iwan pousar contente,<br />
E ao nobre amigo mitigar saudades.<br />
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Typ. do Ostchsor Brasileiro, de J. J. Moreira. — 1S47.