Belgian Comic Strip Centre - Centre Belge de la Bande Dessinée
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<strong>Belgian</strong> <strong>Comic</strong> <strong>Strip</strong> <strong>Centre</strong><br />
1
Art Nouveau e a Nona Arte<br />
se encontram<br />
Em 1903, Charles Waucquez, atacadista <strong>de</strong> tecidos, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> abrir um novo <strong>de</strong>pósito localizado<br />
na Rue <strong>de</strong>s Sables, uma zona <strong>de</strong> Bruxe<strong>la</strong>s cheia <strong>de</strong> vida. Para levar os p<strong>la</strong>nos adiante, chama<br />
ninguém menos que Víctor Horta, um gran<strong>de</strong> mestre na Art Nouveau, por causa disso que o<br />
edifício possui todas as características típicas <strong>de</strong>ste estilo: novos materiais estavam sendo<br />
utilizados como o ferro e o vidro, luz vindo <strong>de</strong> todas as direções e ondas lineares sedutoras<br />
e elegantes.<br />
Enquanto Horta estava ocupado <strong>de</strong>senhando os p<strong>la</strong>nos para o <strong>de</strong>pósito, no outro <strong>la</strong>do do<br />
oceano Winsor McCay criava sua história em quadrinhos “Pequeno Nemo” para um jornal<br />
<strong>de</strong> Nova York. Assim, não só a Art Nouveau e a historia em quadrinhos apareceram quase<br />
ao mesmo tempo, sendo que McCay também <strong>de</strong>senhava em um estilo extravagante muito<br />
simi<strong>la</strong>r ao <strong>de</strong> Horta!<br />
Depois que o <strong>de</strong>pósito foi fechado e após um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio gradual, a Art Nouveau e a<br />
Nona Arte se encontraram <strong>de</strong> novo com a fundação do Centro Belga da História em Quadrinhos<br />
(CBHQ). Os interessados que <strong>de</strong>sejam saber mais sobre o tema da Art Nouveau po<strong>de</strong>m dar<br />
uma olhada na sa<strong>la</strong> pequena situada na entrada do prédio, a direita das escadas.<br />
No CBHQ, se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir como as historias em quadrinhos e os <strong>de</strong>senhos animados<br />
são feitos, passear pelo “Museu da imaginação” no qual se apresentam todas as historias<br />
em quadrinhos pioneiros criadas na Bélgica, e também conhecer um pouco melhor as<br />
publicações recentes no “Museu das historias em quadrinhos mo<strong>de</strong>rnos“. Os que não sabem<br />
quando parar po<strong>de</strong>m passar na biblioteca (logo na entrada). Além disso, o CBHQ organiza<br />
regu<strong>la</strong>rmente exposições temporárias sobre uma vasta gama <strong>de</strong> assuntos re<strong>la</strong>cionados com<br />
historias em quadrinhos ou autores.<br />
2
A.00<br />
A invenção da Banda Desenhada<br />
Era uma vez, há muito, muito tempo, um homem que não sabia nem ler, nem escrever.<br />
Aliás, as pa<strong>la</strong>vras «ler» e «escrever» nem sequer existiam. Nem outra qualquer. Para se<br />
exprimir, para narrar, para venerar, ele inventou o <strong>de</strong>senho.<br />
Des<strong>de</strong> os mais antigos testemunhos conhecidos da arte rupestre até à feroz concorrência<br />
entre os editores nova-iorquinos, no início do século XX, as etapas que esta exposição<br />
conheceu confirmam o popu<strong>la</strong>r adágio segundo o qual «nada se cria, tudo se transforma».<br />
A banda <strong>de</strong>senhada não é fruto <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scoberta. É o resultado <strong>de</strong> uma cumplicida<strong>de</strong> que<br />
se foi reve<strong>la</strong>ndo cada vez mais forte entre o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contar histórias e a arte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar.<br />
E<strong>la</strong> apresenta-se como a mais literária <strong>de</strong> todas as artes plásticas.<br />
Ao longo <strong>de</strong>sta breve viagem através do tempo, <strong>de</strong>ixamo-nos maravilhar pelo génio artístico<br />
dos pintores, dos mosaístas, dos escultores, dos iluminadores ou dos artesãos para<br />
interpretar a narração e criar o movimento. As suas obras têm alterado as re<strong>la</strong>ções entre os<br />
seres humanos.<br />
Como nasceu aquilo que nós <strong>de</strong>nominamos hoje em dia «banda <strong>de</strong>senhada» e como <strong>de</strong>fini<strong>la</strong><br />
? É este o propósito <strong>de</strong>sta exposição que, a passos <strong>la</strong>rgos, atravessa a história do mundo<br />
e das civilizações.<br />
Jean Auquier, CBBD (Centro Belga <strong>de</strong> banda Desenhada).<br />
4
As diversas partes da exposição<br />
A.01<br />
Des<strong>de</strong> a sua origem, o homem conta a sua história através <strong>de</strong> imagens<br />
Des<strong>de</strong> o Homo Erectus, o ser humano serviu-se <strong>de</strong> todos os meios ao seu alcance para<br />
narrar, explicar ou venerar os seus ídolos.<br />
Ao longo dos séculos, as histórias que eles encenam são um testemunho da socieda<strong>de</strong> em<br />
que foram criados, das suas crenças e da sua cultura. Ignoraremos sempre o nome da maior<br />
parte dos artistas que esculpiram, que <strong>de</strong>senharam, que pintaram ou mesmo que teceram<br />
estas obras que se tornaram património comum da humanida<strong>de</strong>.<br />
A.02<br />
Os incunábulos inventam a gramática da BD<br />
Nos mosteiros cristãos da Ida<strong>de</strong> Média, os monges copistas <strong>de</strong>dicavam as suas vidas a<br />
reproduzir os textos sagrados da sua religião. Outros embelezavam estas edições únicas<br />
criando iluminuras e ilustrações, prestando assim uma homenagem ao seu Criador.<br />
Sem nunca suspeitar, eles inventaram a maior parte dos códigos que permitem aos<br />
<strong>de</strong>senhadores actuais dar vida a uma banda <strong>de</strong>senhada: divisão das caixas <strong>de</strong> narrativa,<br />
movimento, primeiro p<strong>la</strong>no, diálogos em fi<strong>la</strong>ctérios, etc.<br />
A.03<br />
A impressão permite chegar ao gran<strong>de</strong> público<br />
O aparecimento das gravuras, dos livros publicados, dos jornais e das gravuras a cores<br />
vendidos nas feiras permitiu chegar ao gran<strong>de</strong> público.<br />
Mestres na sua arte, o inglês William Hogarth e o japonês Katsushika Hokusai narravam<br />
histórias numa sequência <strong>de</strong> imagens ou <strong>de</strong> gravuras. Eles assumem-se como marcos<br />
essenciais na história <strong>de</strong>sta arte nascente, do mesmo modo que o suíço Rodolphe Töpffer<br />
que tão bem ensinava o movimento aos seus alunos.<br />
5
A.04<br />
No século XIX, os jornais contam histórias<br />
Des<strong>de</strong> o século XIX que os jornais e as revistas compreen<strong>de</strong>ram que para ven<strong>de</strong>r publicida<strong>de</strong><br />
aos anunciantes, era necessário reunir o maior número possível <strong>de</strong> leitores. A par do<br />
romance-folhetim que <strong>de</strong>ixa os leitores ansiosos por saber a continuação do mesmo,<br />
<strong>de</strong>scobrem-se os humoristas, os caricaturistas e os primeiros heróis recorrentes, como é<br />
o caso <strong>de</strong> Ally Sloper em Ing<strong>la</strong>terra ou <strong>de</strong> Max e Moritz na Alemanha, cujas aventuras se<br />
distribuem por narrativas <strong>de</strong>senhadas.<br />
A.05<br />
A banda <strong>de</strong>senhada torna-se uma aposta económica<br />
Nos primórdios do século XX, os editores americanos Pulitzer e Hearst levam a lógica da<br />
economia ao seu paroxismo. Procuram-se na empresa ao <strong>la</strong>do os melhores elementos,<br />
os melhores jornalistas ou <strong>de</strong>senhadores. Assim, Richard Outcault troca o jornal mais<br />
conceituado pelo segundo na lista on<strong>de</strong> cria Yellow Kid (1896), e mais tar<strong>de</strong> Buster Brown.<br />
Os meios técnicos utilizados permitem também a criação <strong>de</strong> uma obra-prima: Little Nemo in<br />
Slumber<strong>la</strong>nd (Winsor Mc Cay, 1905).<br />
A.06<br />
Uma banda <strong>de</strong>senhada, o que é?<br />
Resultado <strong>de</strong> uma evolução artística tão antiga como a humanida<strong>de</strong>, alimentada e enriquecida<br />
por várias culturas... e por diversas revoluções tecnológicas tais como o surgimento do papel,<br />
das cores ou da impressão, o que é afinal uma banda <strong>de</strong>senhada? A resposta po<strong>de</strong> ser dada<br />
em poucas pa<strong>la</strong>vras: Uma banda <strong>de</strong>senhada consiste numa sequência <strong>de</strong> imagens que forma<br />
uma narrativa, em que o argumento se encontra integrado nas imagens. A partir daqui, é a<br />
imaginação e o talento dos autores que se encarregam do resto!<br />
6
A.07<br />
A invenção da Banda Desenhada<br />
Concepção e textos: Jean Auquier<br />
Cenografia: Jean Serneels<br />
Documentação: Fanny Kerrien<br />
Traduções: Philotrans<br />
Grafismo: Pierre Saysouk<br />
Meios audiovisuais: Manuel Fernan<strong>de</strong>z<br />
Reproduções e ampliações: Sadocolor<br />
Realização técnica: Jean Serneels, Michaël Cuypers e as equipas <strong>de</strong> trabalho do CBBD<br />
(Centro Belga <strong>de</strong> Banda Desenhada)<br />
!<br />
7
Espaço Saint Roch<br />
Continuando à direita das galerias, você entrará no Espaço “Saint Roch”.<br />
Não há muito tempo, os originais foram casualmente jogados no lixo. Aqui os originais não<br />
só são preservadas, mas também exibidos ao público.<br />
Atualmente o Museu Belga da História em Quadrinhos conta com cerca <strong>de</strong> sete mil esboços<br />
originais, doados ou fornecidos por diferentes autores para sua preservação e exibição. Esta<br />
coleção única dá a nossos visitantes a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver <strong>de</strong> uma forma realista o trabalho<br />
dos cartunistas. Uma vez que estas peças não po<strong>de</strong>m ser expostas à luz so<strong>la</strong>r durante muito<br />
tempo, uma seleção <strong>de</strong> duzentos esboços é mostrada em uma forma alternada nesta área<br />
on<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> da luz é mantida baixa.<br />
Uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> autores e quadrinhos po<strong>de</strong> ser apresentada <strong>de</strong>ssa forma.<br />
The Gallery<br />
No primeiro andar, à direita das escadas, no <strong>la</strong>do oposto ao “Espace Saint Roch”<br />
Todos os dias, novas obras chegam ao mercado, enriquecendo o nosso extraordinário<br />
Patrimônio cultural dos quadrinhos. Obras <strong>de</strong> diferentes gêneros, linguagens e estilos, <strong>de</strong><br />
tradicionais a contemporâneas, com histórias fantásticas, paródias <strong>de</strong> autobiografia, histórias<br />
<strong>de</strong> fantasia ou crime heróico.<br />
Este espaço, The Gallery, é <strong>de</strong>dicado às obras que fazem as notícias da atualida<strong>de</strong> no mundo<br />
dos quadrinhos. Exposições mensais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos originais convidam a <strong>de</strong>scobrir as mais<br />
recentes publicações. O álbum do editor nos apresenta uma introdução do trabalho.<br />
8
C.09<br />
C.10<br />
C.08<br />
C.07<br />
C.12<br />
C.11<br />
C.06<br />
C.05<br />
C.04<br />
C.03<br />
C.00<br />
C.01<br />
C.02<br />
9
O Museu da Imaginaçao<br />
(Le Musée <strong>de</strong> l’Imaginaire – Het Uitstalraam van <strong>de</strong> Verbeelding)<br />
No segundo andar, o encontro com os principais representantes dos quadrinhos belgas<br />
até 1960, em outras pa<strong>la</strong>vras, os pioneiros. Comece à direita do «buraco».<br />
B.01<br />
Tintim não é ninguém<br />
Hergé<br />
Georges Remi nasceu em Bruxe<strong>la</strong>s em 1907.<br />
Morreu em Bruxe<strong>la</strong>s em 1983.<br />
O rosto <strong>de</strong> Tintim foi criado a partir <strong>de</strong> alguns recursos muito simples. Uma vez que é<br />
praticamente neutro e inexpressivo, é o receptáculo i<strong>de</strong>al para as emoções vivenciadas por<br />
leitores.<br />
Tintim é qualquer um<br />
Depen<strong>de</strong>ndo das circunstâncias, Tintim po<strong>de</strong> ser jovem ou velho, escandinavo ou<br />
mediterrâneo, africano ou asiático. Trata-se <strong>de</strong> um caráter universal. Se Tintim é qualquer<br />
um, ele também é você.<br />
Tintim po<strong>de</strong> lidar com qualquer coisa<br />
Tintim é o símbolo da juventu<strong>de</strong> e vigor, coragem e integrida<strong>de</strong>. Ele é um audacioso que<br />
consegue tudo o que é proposto... enquanto seus leitores estão confortavelmente acomodados<br />
em seus assentos.<br />
As mil caras <strong>de</strong> Haddock<br />
Consi<strong>de</strong>rando que Tintin reve<strong>la</strong> pouca ou nenhuma emoção, o Capitão Haddock é<br />
permanentemente borbulhante com ele. Tanto o seu rosto quanto seu corpo mostra que ele<br />
é um vulcão emocional em plena erupção. Como tal, ele complementa bem Tintim.<br />
Milu, um verda<strong>de</strong>iro herói<br />
Atrás <strong>de</strong> seu aspecto <strong>de</strong> companheiro divertido, <strong>de</strong> canino “auxiliar” com senso comum, Milu<br />
é um verda<strong>de</strong>iro herói. Não se iludam: ele quase sempre salva o dia.<br />
10
Trifólio Girassol, o Domador <strong>de</strong> Raios<br />
Trifólio Girassol freqüentemente fornece a faísca que aciona o motor das aventuras <strong>de</strong> Tintim.<br />
De fato, as suas invenções são o que fazem com que o mundo do jovem repórter gire. Trifólio<br />
Girassol completa um triângulo perfeito com Tintim e o Capitão Haddock.<br />
A perseguição<br />
Enquanto que eles estão perseguindo <strong>la</strong>drões mágicos, meteoritos ou a lua, os scripts <strong>de</strong><br />
Hergé são geralmente linear, reta como uma corrida do início ao fim. É por isso que Hergé<br />
pertence à mesma tradição que Hitchkock.<br />
O suspense aumenta<br />
Para incrementar a simples receita <strong>de</strong> perseguição, situações chocantes tiveram que ser<br />
criadas. Normalmente, como o <strong>de</strong>senho final <strong>de</strong> cada história, mostra o nosso herói em meio<br />
a uma situação muito <strong>de</strong>sconfortável. O leitor tem que esperar uma semana inteira, para<br />
<strong>de</strong>scobrir, não se, mas como Tintim escapará <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>licada situação.<br />
Vamos fazer uma pausa<br />
Outro “truque” para fazer com que o leitor não perca o interesse é alterar o ritmo da história.<br />
Isto é feito através da introdução <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> alívio ou quebras na perseguição.<br />
Normalmente são Dupond e Dupont os responsáveis por essas pausas divertidas.<br />
Uma história nunca é inocente<br />
Pesquisa e a inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes verda<strong>de</strong>iros ajudam a ancorar firmemente a ficção à<br />
realida<strong>de</strong>. A combinação <strong>de</strong> eventos reais e imaginários po<strong>de</strong>, às vezes, transmitir <strong>de</strong> forma<br />
imperceptível os pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Hergé para o mundo.<br />
A re<strong>de</strong> familiar<br />
Após suas histórias simples, construídas com perseguições, Hergé tem uma nova idéia <strong>de</strong><br />
como contar as aventuras <strong>de</strong> Tintim. Ele criou o papel “família”. Encontros aci<strong>de</strong>ntais da (e<br />
com) sua família, que acontece em qualquer parte do mundo, vão injetar um novo impulso<br />
para os quadrinhos.<br />
Hergé antes <strong>de</strong> Tintim<br />
Antes <strong>de</strong> criar Tintim, Hergé já trabalhava como artista gráfico. Depois <strong>de</strong> sua criação,<br />
continuou sua carreira como <strong>de</strong>senhista gráfico e ilustrador.<br />
11
Hergé 1907-1983<br />
1907 Georges Rémi nasceu no dia 22, em uma família mo<strong>de</strong>sta <strong>de</strong> Bruxe<strong>la</strong>s.<br />
1924 Assina seus <strong>de</strong>senhos sob o pseudônimo Hergé (RG), sig<strong>la</strong> do seu nome em<br />
sentido inverso.<br />
1925 Georges Remi foi contratado pelo <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> subscrição<br />
“Le XXe Siècle”, um jornal diário dirigido pelo padre Norbert Wallez.<br />
1928 Hergé é responsável por <strong>la</strong>nçar um suplemento infantil em “Le XXe Siècle”.<br />
A primeira edição <strong>de</strong> “Le Petit XXe” é publicada em 1o <strong>de</strong> novembro.<br />
1929 10 <strong>de</strong> janeiro, nascimento <strong>de</strong> Bobby e Tintim no “Le Petit XXe”<br />
1930 Criação <strong>de</strong> Quick e Flupke também para o “Le Petit XXe”<br />
1932 Georges Remi casa com Germaine Kieckens, Secretária <strong>de</strong> Wallez.<br />
1934 Trabalhando em “O Lótus Azul”, com Tchang, um estudante chinês, ele<br />
convence Hergé da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir melhor as suas histórias,<br />
evitando estereótipos e conduzir uma investigação mais <strong>de</strong>talhada. As<br />
historias em quadrinhos não são mais um jogo.<br />
Casterman começou a publicar os álbuns <strong>de</strong> Tintim.<br />
1935 Criação <strong>de</strong> Jo, e Zetter Jocko para a revista francesa “Coeurs Vail<strong>la</strong>nt”.<br />
1940 A invasão da Bélgica pelos alemães coloca um fim ao “Le XXe Siècle”.<br />
Hergé continua a publicar no “Le Soir”, que está sob o rigoroso controle<br />
das forças <strong>de</strong> ocupação.<br />
1942 A pedido <strong>de</strong> Casterman, Hergé adapta antigas histórias <strong>de</strong> Tintim para<br />
publicação em álbuns padrão <strong>de</strong> 64 páginas coloridas.<br />
1946 Em 26 <strong>de</strong> setembro o editor Raymond Leb<strong>la</strong>nc <strong>la</strong>nça a revista “Tintin”.<br />
1950 Hergé fundou a “Estúdios Hergé” para realizar o seu mais ambicioso projeto<br />
“Missão na lua”.<br />
1958 Hergé atravessa uma crise pessoal, um evento que influenciou a sua<br />
história em quadrinhos “Tintim no Tibete”. Esta história po<strong>de</strong>ria ser<br />
interpretada como um estudo da lealda<strong>de</strong>.<br />
1960 Hergé reduz seu ritmo <strong>de</strong> trabalho. Descobre a arte mo<strong>de</strong>rna,<br />
<strong>de</strong>senvolvendo uma paixão pe<strong>la</strong> pintura e viaja por todo o mundo com<br />
sua nova parceira, Fanny V<strong>la</strong>minck.<br />
1977 No dia 20 <strong>de</strong> maio Georges Remi se casa em Uccle (um subúrbio <strong>de</strong><br />
Bruxe<strong>la</strong>s), com Fanny V<strong>la</strong>minck.<br />
1983 Georges Remi, aliás, Hergé, faleceu no dia 3 <strong>de</strong> Março, em Bruxe<strong>la</strong>s.<br />
!<br />
12
B.02<br />
Jijé<br />
Joseph Gil<strong>la</strong>in nasceu em Gedinne (Namur) em 1914.<br />
Morreu em Versailles em 1980.<br />
Pintor, escultor, gravador e inventor, Jijé foi provavelmente o mais prolífico autor <strong>de</strong> história em<br />
quadrinhos na Bélgica e na França. Além das suas diversas séries, ele se tornou conhecido<br />
pe<strong>la</strong> sua hospitalida<strong>de</strong>, conselhos e encorajamento para vários artistas, muitos dos quais, por<br />
sua vez, se tornaram famosos no mundo dos quadrinhos como: Franquin, Morris, Will, PAAP,<br />
Mézières, Gir-Moebius,... para citar alguns. Na verda<strong>de</strong>, Jijé ainda <strong>de</strong>u alguns <strong>de</strong> seus “heróis”<br />
para jovens artistas.<br />
Como um verda<strong>de</strong>iro camaleão, Jijé mudava facilmente <strong>de</strong> caricatura (Blondin et Cirage<br />
ou Commissaire Major) para realismo (Jerry Spring, Jean Valhardi, Don Bosco o Tanguy et<br />
Laverdure), trocava personagens tão facilmente, que criando novos heróis ou mudando <strong>de</strong><br />
estilo e problema.<br />
Jojo e Bécassine<br />
O sucesso do suplemento <strong>de</strong> Tintim no “Le XXe Siècle” inspirou outros jornais católicos a<br />
seguir o exemplo. Em 1936, os gestores <strong>de</strong> Le Croisé, um jornal para estudantes cristãos,<br />
pediu o jovem artista a criar um Tintim para eles. Assim nasceram Les Aventures <strong>de</strong> Jojo por<br />
Jijé. Embora o autor tenha dado um nariz pontudo a seu personagem (“Para evitar a criação<br />
<strong>de</strong> um segundo Tintim”, como explicou mais tar<strong>de</strong>), ele recebeu uma carta <strong>de</strong> protesto do<br />
escritório <strong>de</strong> Hergé.<br />
Blondin e Cirage<br />
Em 1939, após Le Croisé, outro jornal <strong>de</strong> “cruzada eucarística” começou a publicar quadrinhos<br />
<strong>de</strong> Jijé: Zonne<strong>la</strong>nd impressos por Averbo<strong>de</strong> Abbey. Desta vez Jijé Blondin et Cirage criou uma<br />
dup<strong>la</strong> que não era em nada racista... Cirage escapou aos clichês da época: ele não fa<strong>la</strong>va<br />
“língua dos negros”, e era totalmente igual ao seu amigo, e às vezes até mais hábil.<br />
Durante o mesmo ano, Jijé enviou alguns dos seus <strong>de</strong>senhos para uma editora em Marcinelle<br />
que tinha acabado <strong>de</strong> publicar um novo jornal: Spirou. O editor Charles Dupuis gostou <strong>de</strong>le<br />
e assim começaram Fred Freddy e Trinet et Trinette. Na Primavera <strong>de</strong> 1940, os problemas<br />
começaram: Os alemães invadiram a Ho<strong>la</strong>nda, a Bélgica e o norte da França, no entanto<br />
as publicações Marcinelle foram bem sucedidas na obtenção das permissões necessárias<br />
para que o jornal reaparecesse. Jijé tinha <strong>de</strong> continuar com as aventuras <strong>de</strong> Spirou, porque<br />
o artista Rob-Vel foi incapaz <strong>de</strong> satisfazer entrega das páginas. Logo, Jijé tornou-se o<br />
melhor artista do jornal.<br />
Jean Valhardi e Jacquot<br />
Jean Valhardi foi o primeiro realista da série <strong>de</strong> Jijé. Este corajoso <strong>de</strong>tetive com nervos <strong>de</strong> aço<br />
e punhos fortes foi acompanhado por Jacquot nas suas primeiras e escassas aventuras. Foi a<br />
13
primeira co<strong>la</strong>boração <strong>de</strong> Jijé com um roteirista, e também a sua primeira tentativa com o pincel,<br />
uma <strong>de</strong>scoberta importante para ele.<br />
Vírgenes e Mártires<br />
Não é por acaso que Jijé foi o autor <strong>de</strong> tantas histórias em quadrinhos católicos. Ele recebeu<br />
a sua educação artística das mãos <strong>de</strong> seu irmão Henri Balthasar. Em 1940, este último<br />
quase convenceu Jijé <strong>de</strong> que os quadrinhos po<strong>de</strong>riam ser uma ferramenta para cristianizar<br />
os jovens. Dom Bosco, que era publicada em preto-e-branco em Spirou <strong>de</strong> 1941 a 1942,<br />
foi um gran<strong>de</strong> sucesso.<br />
Jerry Spring & Pancho<br />
Um dia, o editor Paul Dupuis disse a Jijé: “Mas você que é tão bom em <strong>de</strong>senhar cavalos,<br />
<strong>de</strong>veria criar uma história <strong>de</strong> cowboy para o Spirou...”. Então, em 1954, Jerry Springer nasceu<br />
e continuaria a aparecer no jornal até 1977.<br />
B.03<br />
Spirou Journal<br />
Seguindo os passos dos pioneiros, Rob-Vel, Jijé e Sirius, 150 artistas e 25 roteiristas criaram<br />
as suas primeiras esporas e/ou fizeram uma carreira no jornal mais antigo <strong>de</strong> quadrinhos<br />
da Bélgica. Os membros da “Esco<strong>la</strong> <strong>de</strong> Marcinelle” (nomeado em homenagem ao local <strong>de</strong><br />
sua impressão), veteranos <strong>de</strong> Bruxe<strong>la</strong>s (Franquin, Morris, Peyo, Paape, Will, Roba e Tillieux)<br />
influenciaram gran<strong>de</strong>mente o <strong>de</strong>senvolvimento e a <strong>de</strong>mocratização da Nona Arte.<br />
A História em Quadrinhos Realista: 1950-1975<br />
Des<strong>de</strong> 1938, Jean Doisy tornou-se a forca motor do jornal, fazendo 50-60% <strong>de</strong> todas as<br />
peças publicadas. Victor Hubinon, Hedi Paape, Dino Attanasio, Gérald Forton, MiTacq e<br />
muitas outras páginas didáticas, série <strong>de</strong> aventuras, biografias ou episódios <strong>de</strong> L’Oncle Paul,<br />
foram publicadas.<br />
Ao mesmo tempo, quatro novatos (Franquin, Morris, Will, e então Peyo), à procura <strong>de</strong> inspiração<br />
sobre o cômico. Estas influências gráficas levaram à redução do editorial a um terço do jornal<br />
no início dos anos 50.<br />
A História em Quadrinhos Humorística: 1955-1980<br />
Yvan Delporte, editor-chefe <strong>de</strong> 1955 a 1968, encorajou o humor do jornal. A antiga equipe<br />
“realista” continuou, mas não introduziram nenhuma nova série.<br />
O editor Paul Dupuis queria manter certo espírito do Spirou e produzir um jornal feliz e popu<strong>la</strong>r,<br />
mas com qualida<strong>de</strong>.<br />
!<br />
14
Novos <strong>de</strong>senvolvimentos: 1970-...<br />
A história em quadrinhos foi em todas as direções, misturando humor e aventura, introduzindo<br />
mais heroínas - antes excluídas - e brincando com um público mais orientado para os quadrinhos,<br />
que não gosta <strong>de</strong> censura ou tradição. É um período em que tudo é questionado novamente, e<br />
on<strong>de</strong> o humor e a paródia, às vezes, forçam o clássico “herói” a cair no esquecimento...<br />
B.04<br />
E.P. Jacobs<br />
Edgar-Pierre Jacobs nasceu em Bruxe<strong>la</strong>s em 1904.<br />
Morreu em 1987.<br />
Homem do teatro, artista da ópera, pintor e artista gráfico, Jacobs foi o criador da história<br />
em quadrinhos B<strong>la</strong>ke e Mortimer, que teve seu início em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1946 na primeira<br />
cópia <strong>de</strong> Tintim. Ele introduziu e exortou o hyperrealismo na Nona Arte. Sua amp<strong>la</strong> varieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> gêneros (ficção científica, fantasia, criminalida<strong>de</strong>), o seu senso <strong>de</strong> drama e seu dramático<br />
uso <strong>de</strong> cores permitiram-lhe fazer arranjos espetacu<strong>la</strong>res no papel, <strong>de</strong>sempenhando uma<br />
escrita ímpar na história dos quadrinhos. Apesar do âmbito limitado do seu trabalho (11<br />
álbuns), Jacobs se tornou uma figura importante na história dos quadrinhos com o seu<br />
charme europeu graças a seu carisma.<br />
Uma estréia em quadrinhos<br />
Jacobs teve seu início como ilustrador <strong>de</strong> histórias para Bravo em 1941, quando os Estados<br />
Unidos se envolveram na guerra, as páginas <strong>de</strong> F<strong>la</strong>sh Gordon não conseguiram mais chegar<br />
na Bélgica e Jacobs foi responsável por continuar a sua série. Pouco <strong>de</strong>pois, ele foi forçado a<br />
terminar a sua história em uma página, quando a censura nazista proibiu os quadrinhos. Para<br />
substituir os caracteres <strong>de</strong> Alex Raymond, Jacobs tinha <strong>de</strong> inventar uma nova série: Le Rayon<br />
“U”. A história foi o precursor <strong>de</strong> B<strong>la</strong>ke e Mortimer, que apareceu na primeira publicação do<br />
Tintim em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1946.<br />
Efeitos da realida<strong>de</strong><br />
Jacobs foi o primeiro autor <strong>de</strong> banda <strong>de</strong>senhada que investigou no campo e tomou notas,<br />
fotografias e diagramas. A documentação foi essencial para o pai <strong>de</strong> B<strong>la</strong>ke e Mortimer<br />
para reforçar as suas histórias, como era na vida real. Mapas, guias, diagramas, esquemas<br />
explicativos e extratos da imprensa são onipresentes no seu trabalho.<br />
Espetáculo<br />
Logo que a historia estava <strong>de</strong> acordo com a realida<strong>de</strong>, Jacobs alteraria radicalmente a sua<br />
direção para o show, para gran<strong>de</strong> surpresa do leitor. O sucesso <strong>de</strong>ssa intervenção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
inteiramente do seu discurso sobre o grau <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong> feita pelo autor na <strong>de</strong>scrição da<br />
realida<strong>de</strong>. Com Jacobs, hiperrealismo foi um viveiro para o fantástico.<br />
15
B.05<br />
A Imprensa<br />
A imprensa sempre busca novas linguagens para o seu serviço. Para seduzir e manter o seu<br />
público-alvo fiel, a imprensa oferece uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos, em que o último quadro <strong>de</strong>ixa o<br />
leitor querer ler a próxima edição.<br />
A imprensa confessional<br />
A história em quadrinhos mo<strong>de</strong>rna nasceu em jornais americanos nos suplementos <strong>de</strong><br />
domingo, no final do século passado. Na Bélgica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1926, a imprensa confessional<br />
publicou quadrinhos (clássicos) em suplementos <strong>de</strong> crianças, em jornais diários, bem como<br />
em muitos outros jornais e revistas exploradoras ou <strong>de</strong> caráter educativo.<br />
A imprensa diária<br />
Rapidamente, a imprensa tomou posição e começou a publicar uma série completa diária<br />
ou juvenil, algumas das quais foram reve<strong>la</strong>das como fonte <strong>de</strong> futuros clássicos das histórias<br />
em quadrinhos. Este movimento propagou em F<strong>la</strong>ndres (norte da Bélgica), enquanto a parte<br />
francesa foi invadida por material estrangeiro distribuído pe<strong>la</strong> agência Opera Mundi.<br />
A imprensa especializada<br />
O oposto ocorreu na imprensa especializada em quadrinhos, em que publicações em língua<br />
francesa gradualmente invadiram o mercado F<strong>la</strong>mengo. No entanto, o semanal Bravo foi criado<br />
em 1936 e publicado em ho<strong>la</strong>ndês <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação, e não aparece em francês até 1940.<br />
Spirou, fundada em 1938, foi a primeira publicação especializada <strong>de</strong> histórias em quadrinhos<br />
em francês. Com o nascimento <strong>de</strong> Tintim, em 1946, a imprensa jovem congratulou-se com o<br />
segundo suporte em quadrinhos.<br />
A publicação mensal A Suivre, fundada em 1978, introduziu uma nova geração <strong>de</strong> artistas<br />
estrangeiros para os melhores talentos. Após Spirou e Tintim, A Suivre foi a terceira mais<br />
importante fonte <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> quadrinhos belga.<br />
Outras publicações<br />
Jornal <strong>de</strong> informação geral, a imprensa feminista e publicações recreativas ou <strong>de</strong> <strong>la</strong>zer<br />
também <strong>la</strong>nçaram uma série <strong>de</strong> historias em quadrinhos.<br />
!<br />
16
B.06<br />
Willy Van<strong>de</strong>rsteen<br />
Nascido em Antuérpia em 1913.<br />
Morreu em 1990.<br />
As criações <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rsteen foram extraordinariamente ricas e variadas. Com cada elemento<br />
ele conseguia captar uma nova geração ou o público e, por conseguinte, inúmeras edições<br />
<strong>de</strong> álbuns <strong>de</strong>slumbrantes.<br />
Suske en Wiske (Bob and Bobette no Reino Unido, Willy and Wanda nos Estados Unidos),<br />
a mais importante série <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rsteen, têm fascinado leitores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início em 1945<br />
e, três gerações <strong>de</strong>pois, o entusiasmo é ainda perceptível. O seu sucesso é <strong>de</strong>vido a uma<br />
equilibrada dose <strong>de</strong> suspense e entretenimento, humor e drama, risos e lágrimas...<br />
Os primeiros anos<br />
Segundo a lenda, o pequeno Willy <strong>de</strong>senhou histórias <strong>de</strong> cavaleiros para seus amigos sobre<br />
a calçada no “Seefhoek”, bairro popu<strong>la</strong>r on<strong>de</strong> ele nasceu. Seus primeiros quadrinhos foram<br />
publicados durante a Segunda Guerra Mundial. Pudifar <strong>de</strong> Kater in Won<strong>de</strong>r<strong>la</strong>nd, o suplemento<br />
juvenil do jornal De Dag, Simbad Zeerover do Bravo ou Floche et F<strong>la</strong>che em Franc Jeu, foram<br />
as suas primeiras tentativas tímidas, mas já mostravam o dinamismo típico <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rsteen.<br />
As Aventuras <strong>de</strong> Rikki em Wiske começaram no dia 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1945 no jornal De Nieuwe<br />
Sandaard com duas tiras diárias.<br />
Suske en Wiske alcançam o máximo!<br />
Na segunda história, Op het Ei<strong>la</strong>nd Amoras (início <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1945) Rikki foi substituído<br />
por Suske. Van<strong>de</strong>rsteen constatou que o contato diário com um público <strong>de</strong> leitores foi com<br />
certeza uma vitória, permitindo-lhe fazer referências a acontecimentos atuais, uma fonte<br />
inesgotável <strong>de</strong> inspiração. Os primeiros episódios <strong>de</strong> Suske en Wiske já continham esses<br />
elementos que <strong>de</strong>terminariam o sucesso das séries seguintes: humor, suspense e fantasia. O<br />
aparecimento <strong>de</strong> vários personagens com personalida<strong>de</strong>s fortes, como o professor Barabas<br />
e Lambik (Orville) também contribuíram para isso.<br />
Van<strong>de</strong>rsteen e o periódico Tintim<br />
Van<strong>de</strong>rsteen já gozava <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fama em F<strong>la</strong>ndres quando Hergé, o diretor artístico do<br />
Tintim, pediu-lhe para co<strong>la</strong>borar com o jornal. Enquanto Van<strong>de</strong>rsteen continuou sua produção<br />
do jornal, ele <strong>de</strong>senhou oito histórias <strong>de</strong> Suske em Wiske para Tintim entre 1948 e 1959.<br />
A pedido <strong>de</strong> Hergé, seus personagens foram adaptados aos gostos burgueses do Tintim.<br />
Ele cuidou mais do tipo <strong>de</strong> pagina e ambiente, e <strong>de</strong>senvolveu scripts mais equilibrados. As<br />
histórias que apareceram em Tintim foram o auge do trabalho <strong>de</strong> Van<strong>de</strong>rsteen.<br />
Estúdio Van<strong>de</strong>rsteen<br />
Van<strong>de</strong>rsteen era um narrador nato, um artista que “fantasiava mais rápido que podia <strong>de</strong>senhar”.<br />
Des<strong>de</strong> 1951, ele começou a trabalhar com parceiros, principalmente para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda<br />
e expandir as suas histórias, personagens e séries. Conseqüentemente, criou Judi e Bessy<br />
17
em 1952, De Ro<strong>de</strong> Rid<strong>de</strong>r em 1959, Jerônimo em 1960, Pats em 1962, Karl May em 1963,<br />
Biggles em 1965, Safari em 1969, Robert Bertrand em 1972, Tits em 1974... A lista parece<br />
não ter fim, sendo a última série The Geuzen. Van<strong>de</strong>rsteen fez questão <strong>de</strong> escrever scripts<br />
e <strong>de</strong>senhar os quadrinhos a lápis antes <strong>de</strong> <strong>la</strong>nçar cada nova série. Depois <strong>de</strong> alguns álbuns,<br />
essa responsabilida<strong>de</strong> seria confiada aos seus empregados.<br />
A máquina do tempo: História e sátira social<br />
Van<strong>de</strong>rsteen gostava <strong>de</strong> usar a História como um cenário para seu trabalho, <strong>de</strong> acordo com<br />
seu próprio gosto. Seus períodos favoritos foram, sem dúvida, a Ida<strong>de</strong> Média e século XVI,<br />
embora também gostasse da “Belle Epoque”. Mais importante, a história lhe permitiu aludir<br />
a acontecimentos atuais.<br />
B.07<br />
Marc Sleen<br />
Marc Neels nasceu em Gentbrugge, em 1922.<br />
Depois <strong>de</strong> seu início como um caricaturista, Sleen criou sua primeira história em quadrinhos<br />
em Ons Volk, um jornal f<strong>la</strong>mengo, em 24 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1944. Sua produção cresceu<br />
rapidamente, e durante os anos quarenta ele <strong>de</strong>senhou cerca <strong>de</strong> 5-6 séries simultaneamente,<br />
todas sozinho, para diversos jornais e publicações. Nero, a série <strong>de</strong>u-lhe o seu maior sucesso<br />
e fama, iniciou em De Nieuwe Gids em três <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1947.<br />
Antes do período <strong>de</strong> Nero<br />
Marc Sleen não só é um gran<strong>de</strong> artista dos quadrinhos. Seus primeiros trabalhos mostram<br />
que ele é brilhante em todos os ramos das artes plásticas: <strong>de</strong> pinturas <strong>de</strong> estilo Permeke, por<br />
pura impressão visual <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s à pintura.<br />
Sleen explorou seu talento como caricaturista em seus re<strong>la</strong>tórios para o Tour <strong>de</strong> France, série<br />
ilustrada que é um dos <strong>de</strong>staques do gênero <strong>de</strong> caricaturas.<br />
Não só Nero!<br />
Após o seu início com caricaturas, Sleen começou a produzir quadrinhos em 1944, que<br />
rapidamente evoluiu para uma impressionante lista <strong>de</strong> séries. O seu agradável humor, seu<br />
estilo excepcionalmente animado e suas <strong>de</strong>scrições agudas, influenciariam fortemente<br />
artistas como Jean-Pol e Hurey. Sleen gosta <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir “Norman Normal”, o cidadão comum.<br />
“Heróis” reais nunca aparecem em sua obra.<br />
A gran<strong>de</strong> família <strong>de</strong> Nero<br />
Ao longo dos anos, Nero foi cercado por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> personagens pitorescos que tornam tão<br />
especial os quadrinhos do Sleen. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da família <strong>de</strong> Nero e da famosa família <strong>de</strong><br />
Pheip, há muitos personagens profundos, apenas alguns são mostrados aqui.<br />
Com a Suske en Wiske, o Nero é o alicerce da família próspera dos quadrinhos em F<strong>la</strong>ndres.<br />
18
Burlesco e fantasia<br />
O humor nunca está longe das histórias do Sleen, que quem já leu os quadrinhos sabe<br />
muito bem. Sua fantasia c<strong>la</strong>ramente não tem limites: humor absurdo e situações cômicas,<br />
alusões e pisca<strong>de</strong><strong>la</strong>s escondidas... em suma, todos os aspectos <strong>de</strong> humor representados<br />
<strong>de</strong> forma liberal.<br />
Safari<br />
Marc Sleen também é conhecido como um homem <strong>de</strong> safáris, Allemaal Beestjes (o<br />
equivalente belga do mundo natural) e muitas outras coisas que mostram o seu infinito<br />
amor pe<strong>la</strong> natureza. Então, fa<strong>la</strong>r sobre Sleen sem mencionar animais é impensável. Animais<br />
em “Safári” animais em Nero...<br />
B.08<br />
Maurice Tilleux<br />
Nasceu em Huy em 1922.<br />
Morreu em 1978.<br />
Des<strong>de</strong> 1945, Tillieux criou vários quadrinhos sob vários pseudônimos. Gradualmente, ele<br />
especializou-se em mistério e humor. Felix foi seu primeiro personagem famoso que apareceu<br />
em álbuns heróicos em 1949. Esta série serviu como um mo<strong>de</strong>lo para Gil Jourdan, que iniciou<br />
sua carreira no Spirou no dia 20 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1956. Scripts recheados com suspense,<br />
humor e uma atmosfera fizeram este clássico do gênero cômico “po<strong>la</strong>r”. No final dos anos<br />
sessenta, ele parou <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar e começou a distribuir scripts para vários artistas do Spirou.<br />
Tillieux é ainda o autor <strong>de</strong> várias histórias policiais e livros para crianças.<br />
1949-1956: Felix<br />
Felix foi o primeiro gran<strong>de</strong> sucesso da série Tillieux. Estas histórias <strong>de</strong> <strong>de</strong>tetives rapidamente<br />
evoluíram para uma história em quadrinhos “adulta” (para os padrões <strong>de</strong>sse período): histórias<br />
dura com uma forte ação e mulheres confiantes e bonitas. Os diálogos agudos eram um dos<br />
maiores triunfos <strong>de</strong> Tillieux: por um <strong>la</strong>do ressaltam o sentido <strong>de</strong> realismo, e pelo outro criam<br />
brilhantes alusões e humor dos personagens.<br />
1956-1969: Gil Jourdan<br />
Gil Jourdan tornou-se uma série <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> Tillieux. Foi uma continuação <strong>de</strong> Felix em todos<br />
os aspectos. Álbuns <strong>de</strong> 44 páginas ofereceram mais espaço para a criação <strong>de</strong> uma atmosfera<br />
e o ambiente tornou-se tão importante como a própria história.<br />
!<br />
19
B.09<br />
Bob <strong>de</strong> Moor<br />
Nascido em Antuérpia em 1925.<br />
Morreu em 1992.<br />
Além <strong>de</strong> ser o principal parceiro <strong>de</strong> Hergé durante 30 anos, De Moor foi, acima <strong>de</strong> tudo, um<br />
incrível gênio criativo da história em quadrinho. Era um aprendiz <strong>de</strong> tudo, aventuras históricas,<br />
piadas, humor e suspense, pura farsa... Dominava basicamente todos os estilos (realismo,<br />
linha realista, contraste e caricatura). Com o seu inimaginável apetite para o trabalho e sua<br />
imaginação sem limites, fez tudo ao mesmo tempo, tiras em jornais diários F<strong>la</strong>mencos,<br />
aventuras históricas em Tintim e até mesmo caricaturas no Belvision Studios.<br />
Em 1951, De Moor <strong>de</strong>dicou uma história completa para a Companhia das Índias Orientais.<br />
Esta única história original continha tudo que ele gostava <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar: aventura, mar, navios,<br />
a Ida<strong>de</strong> do Ouro e um marinheiro chamado Cori. 25 anos <strong>de</strong>pois, De Moor retornou a história<br />
e <strong>de</strong>cidiu criar uma série <strong>de</strong> quadrinhos.<br />
No entanto, o seu talento como <strong>de</strong>senhista histórico começou a florescer somente quando<br />
ele começou a <strong>de</strong>senhar um número <strong>de</strong> histórias separadas para Tintim, começando com<br />
De Leeuw van V<strong>la</strong>an<strong>de</strong>ren.<br />
B.10<br />
B.11<br />
Le Journal <strong>de</strong> Tintin<br />
Em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1946, Tintim viu a luz do dia pe<strong>la</strong> primeira vez. Foi o sonho <strong>de</strong> Ray<br />
Leb<strong>la</strong>nc editar o jornal com Hergé, que tinha concebido a primeira edição juntamente com os<br />
“Três Mosqueteiros” da época: Jacobs, Laudy, e Cuvelier. Sob a direção artística <strong>de</strong> Hergé, o<br />
jornal acolheria em breve uma segunda equipe <strong>de</strong> jovens artistas (W. Van<strong>de</strong>rsteen, J. Martin,<br />
B. De Moor, A. Weinberg, R. Reding, F. Craenhals,...), que cativou gerações <strong>de</strong> leitores das<br />
ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 7 a 77 anos. Novas ondas <strong>de</strong> artistas chegaram... garantindo a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
milhões <strong>de</strong> leitores ao redor do mundo. Po<strong>de</strong>-se dizer com certeza que Tintin, junto com o<br />
seu correspon<strong>de</strong>nte Spirou, contribuíram para a popu<strong>la</strong>rização da história em quadrinhos e<br />
muitos heróis prestigiados nestes últimos quarenta anos.<br />
André Franquin<br />
Nasceu em Etterbeek (Bruxe<strong>la</strong>s) em 1924.<br />
Morreu em 1997.<br />
Trata-se – mesmo que talvez ele vá negá-lo – da figura dominante <strong>de</strong>sta esco<strong>la</strong> <strong>de</strong> artistas que<br />
simplesmente não usa o estilo da “linha realista”, ou seja, contraste. Muitos artistas famosos<br />
tentaram <strong>de</strong>senhar “como Franquin”... Graças a Jijé, ele assumiu controle dos quadrinhos<br />
!<br />
20
Spirou. Ele foi fiel a esta série <strong>de</strong> 1946 até 1969, quando ele <strong>de</strong>ixou os personagens.<br />
Franquin é o criador <strong>de</strong> Gaston, o herói sem um trabalho, e <strong>de</strong> Idées Noires, uma série <strong>de</strong><br />
piadas obscuras que ele <strong>de</strong>senhou inicialmente para Le Trombone Illustré e em seguida<br />
para Flui<strong>de</strong> G<strong>la</strong>cial.<br />
Spirou e Fantasio no topo<br />
O valor que Franquin acrescentou a Spirou durante os 23 anos <strong>de</strong>senhando as séries é<br />
<strong>de</strong> vital importância para a história da Nona Arte. Isto é válido por duas razões: o coração<br />
e a alma que colocou na sua série, bem como a sua invenção <strong>de</strong> novos personagens: O<br />
Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Champignac com seu <strong>de</strong>crépito castelo e suas loucas invenções cheias <strong>de</strong> humor<br />
e poesia é apenas uns tantos.<br />
Gaston Lagaffe, anti-herói, o rei da mancada e gigante das histórias em quadrinhos<br />
Um dia, Franquin entrou no escritório <strong>de</strong> Spirou com uma idéia que foi revolucionária para a<br />
época: um herói sem trabalho ou energia, um herói excêntrico e tolo com pequenas piadas<br />
burlescas.<br />
Originalmente, Gaston tinha sido criado apenas para animar as páginas do Spirou... mas, o<br />
novo herói foi tão bem sucedido que ganhou a sua própria série em 1957!<br />
Trombone Illustré, Monstros e Pensamentos Negros<br />
Os monstros <strong>de</strong> Franquin apareceram nas pare<strong>de</strong>s da empresa Dupuis antes <strong>de</strong> surgir nas<br />
páginas do “Le Trombone Illustré”, um suplemento pirata do Spirou. Ali, também podia se<br />
encontrar os primeiros episódios <strong>de</strong> “Idées-Noires” em 1977. Por causa <strong>de</strong> uma técnica muito<br />
rara do uso do preto, e também do seu conteúdo, Idées-Noires mostraram uma mudança<br />
significativa na vida e obra do autor.<br />
B.12<br />
Jacques Martin<br />
Nascido en Estrasburgo en 1921.<br />
Morreu em 2010.<br />
Um dos fundadores da famosa “linha realista”, ou contraste, Martin é c<strong>la</strong>ramente o capitão<br />
das histórias quadrinhos. Alex, seu principal herói que emergiu no Tintim, em 1948, é um<br />
Frances que vive em época romana <strong>de</strong> César.<br />
Nesta série, Martin mostrou seu interesse na Roma antiga. A sabedoria histórica e literária <strong>de</strong><br />
Martin, seu estilo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho clássico e reconstruções arquitetônicas têm cuidadosamente<br />
posicionado Alex como uma obra prima da história do mundo dos quadrinhos.<br />
Motivado por seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contar histórias, Martin <strong>de</strong>ixou o seu segundo mais importante<br />
herói, Lefranc, primeiro por De Moor e, em seguida, por Gilles Chaillet, <strong>de</strong> forma que po<strong>de</strong>ria<br />
se concentrar unicamente nos scripts.<br />
21
B.13<br />
Morris<br />
Maurice <strong>de</strong> Bevere, nascido em Courtrai em 1923.<br />
Morreu em 2001<br />
Morris começou sua carreira em um estúdio <strong>de</strong> histórias em quadrinhos durante a II Guerra<br />
Mundial e também atuou em parceria com Moustique <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1945. Em 1946, ele introduziu<br />
Lucky Luke no Spirou Almanaque <strong>de</strong> 1947. Em 1948, acompanhou Franquin e Jijé aos<br />
Estados Unidos, on<strong>de</strong> ele conheceu Goscinny, que passaria a ser seu roteirista após seu<br />
retorno à Bélgica em 1955.<br />
Lucky Luke é uma paródia dos gran<strong>de</strong>s mitos e os temas do “faroeste”, principalmente baseado<br />
em fatos históricos. Gráficos afinados e vívidos e um estilo <strong>de</strong> narrativa cinematográfica<br />
fizeram este um dos gran<strong>de</strong>s clássicos dos quadrinhos.<br />
Lucky Luke se tornou uma estre<strong>la</strong> internacional do cinema, com três filmes <strong>de</strong> animação e<br />
filmes produzidos na Europa, bem como uma série <strong>de</strong> televisão animada produzido pelos<br />
estúdios americanos Hanna & Barbera.<br />
B.14<br />
B.15<br />
Paul Cuvelier<br />
Nascido em Mons em 1923.<br />
Morreu em 1987.<br />
Des<strong>de</strong> sua infância, Cuvelier expressou uma paixão única pelo <strong>de</strong>senho. Como um<br />
adolescente, ele inventou histórias para seus irmãos mais jovens, ilustrando passo a passo.<br />
Posteriormente, Corentin Feldoe nasceu. Em 1945, portando alguns <strong>de</strong> seus trabalhos, foi<br />
encontrar Hergé. Este último, apesar <strong>de</strong> cheio <strong>de</strong> charme, se recusou a dar qualquer conselho,<br />
mas lhe chamou atenção para a história em quadrinhos. Um ano mais tar<strong>de</strong>, Paul Cuvelier<br />
a<strong>de</strong>riu à prestigiosa equipe que fez parte do nascimento <strong>de</strong> Tintim.<br />
Logo <strong>de</strong>cidiu transformar a história <strong>de</strong> Corentin em uma história em quadrinhos. No entanto,<br />
ele percebeu rapidamente que ilustrar os seus quadrinhos não era suficiente para aten<strong>de</strong>r<br />
sua necessida<strong>de</strong>. Faltou tempo para <strong>de</strong>dicar a outras formas <strong>de</strong> expressão artística. Ele<br />
abriu uma oficina arte em Mons, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar-se exclusivamente ao <strong>de</strong>senho, pintura e<br />
escultura, e expor seus trabalhos.<br />
Victor Hubinon<br />
Nascido em Angleur (perto <strong>de</strong> Lieja) em 1924.<br />
Morreu em 1979.<br />
Juntamente com o roteirista Jean-Michel Charlier, Hubinon criou a série Buck Danny para<br />
Spirou em 1947. Buck Danny se tornou uma série <strong>de</strong> 40 capítulos sobre um grupo <strong>de</strong> pilotos<br />
da Força Aérea dos Estados Unidos, que atua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Segunda Guerra Mundial até os dias<br />
<strong>de</strong> hoje. Dada à sua estreita ligação com a política atual, esta história em quadrinhos contava<br />
com um gran<strong>de</strong> “espírito <strong>de</strong> equipe”. Graças à sua documentação extremamente precisa, os<br />
22
gráficos técnicos que enfatizam o tema da história em quadrinhos e uma terrível intriga, essa<br />
série se tornou um clássico no seu gênero.<br />
Hubinon ainda com Charlier, foi também o autor <strong>de</strong> Barbe-Rouge, uma série <strong>de</strong>dicada à<br />
navegação e os piratas do século XVIII.<br />
A série <strong>de</strong> humor Blondin et Cirage, Fifi e Pistolin reve<strong>la</strong>ram um Hubinon totalmente diferente.<br />
No entanto, o episódio Les Nouvelles Aventures <strong>de</strong> Blondin et Cirage <strong>de</strong> Blondin et Cirage,<br />
revelou algumas das possibilida<strong>de</strong>s do humor <strong>de</strong> Hubinon, porque tinha <strong>de</strong> se manter fiel<br />
ao <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Jijé, que tinha originalmente concebidos esses personagens.<br />
Pistolin, feito com a co<strong>la</strong>boração <strong>de</strong> Goscinny, <strong>de</strong>u-lhe a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um<br />
estilo mais pessoal.<br />
B.16<br />
B.17<br />
Tibet<br />
Nascido em Marselha em 1931.<br />
Morreu em 2010.<br />
Em 1949, Tibet fez sua primeira aparição com Dave o’Flynn no heroic-Álbuns, um <strong>de</strong>tetive<br />
duro que foi inspirado pelos exemplos americanos. Dois anos mais tar<strong>de</strong>, se juntou a<br />
equipe Tintim. A influência da linha realista <strong>de</strong> Hergé é óbvia, mas mesmo assim, o senso<br />
<strong>de</strong> humor e a flexibilida<strong>de</strong> do contraste <strong>de</strong> Tibet são notáveis. Chick Bill, que apareceu<br />
originalmente na forma <strong>de</strong> uma caricatura animal, apareceu pe<strong>la</strong> primeira vez no irmão mais<br />
novo <strong>de</strong> Tintim, Ons Volkske. 35 anos mais tar<strong>de</strong>, Chick Bill tinha mais <strong>de</strong> 60 aventuras<br />
extremamente engraçada.<br />
Em 1955, ele iniciou com Ric Hochet, novamente em co<strong>la</strong>boração com a AP Duchateau. Ric<br />
Hochet é um quadrinho realista policial que levou o seu herói a 50 investigações estranhas.<br />
Tibet também é conhecido por suas caricaturas.<br />
Macherot<br />
Nascido em Verviers em 1924.<br />
Morreu em 2008.<br />
Macherot melhor autor da história em quadrinhos <strong>de</strong> animais na Bélgica, com suas duas séries:<br />
Chlorophylle e Sibylline, publicadas no Tintim em 1953 e Spirou em 1965, respectivamente.<br />
Chloro, o rato com cor <strong>de</strong> avelã, e Sibylline, o rato da fazenda, tiveram a maior parte <strong>de</strong> suas<br />
aventuras no campo: para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus amigos (corvos, esquilos, coelhos, lontras e outros)<br />
contra a intrusão humana, ratos <strong>de</strong> esgoto, Martens vorazes monstros e outros monstros mais<br />
ou menos perigosos. Chloro também sai para explorar pequenas cida<strong>de</strong>s das províncias do<br />
reino imaginário “Croquefredouille”, um país habitado por animais humanizados. Macherot<br />
utilizou o último para dar a sua visão <strong>de</strong> um reino satírico sem natureza.<br />
Com a ajuda <strong>de</strong> Greg para o script, também criou Coronel Clifton para Tintim em 1959. Clifton<br />
é um coronel, lí<strong>de</strong>r escoteiro, <strong>de</strong>tetive, espião ocasional, colecionador <strong>de</strong> caixas <strong>de</strong> charuto e<br />
um britânico, nascido e criado como tal.<br />
23
B.18<br />
Roba<br />
Nascido em Bruxe<strong>la</strong>s em 1930.<br />
Morreu em 2006.<br />
Roba é o criador da história em quadrinhos da família Boule et Bill, que apareceu pe<strong>la</strong> primeira<br />
vez como um micro quadrinho em Spirou, no dia dois <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1959. Des<strong>de</strong> 1960, ele<br />
<strong>de</strong>senhou uma história <strong>de</strong> uma página a cada semana. Graças ao seu jeito engraçado, suave<br />
e humor poético e sua linha padrão extravagante, esta história em quadrinhos é perfeitamente<br />
a<strong>de</strong>quada para animação e merchandising.<br />
Em 1962, Roba começou com uma série contínua: La Ribambelle. Uma série <strong>de</strong> histórias<br />
<strong>de</strong> aventura com a típica atmosfera e humor criado por Roba: Um clube <strong>de</strong> as crianças<br />
que vivenciam fantásticas aventuras. No entanto, após certo número <strong>de</strong> histórias Roba se<br />
<strong>de</strong>dicou novamente apenas a Boule et Bill.<br />
B.19<br />
Peyo<br />
Pierre Culliford, nascido em Bruxe<strong>la</strong>s em 1928.<br />
Morreu em 1992.<br />
Peyo foi o criador da série poética medieval Johan et Pirlouit, que fez sua apresentação no<br />
Spirou em 1952. Em 1958, os Smurfs apareceram em Johan et Pirlouit pe<strong>la</strong> primeira vez e<br />
<strong>de</strong>morou muito tempo para que esses pequenos anões azuis ofuscarem totalmente seus<br />
companheiros humanos.<br />
Graças ao merchandising, filmes e <strong>de</strong>senhos animados para a televisão, o mundo maravilhoso<br />
em que os <strong>de</strong>senhos foram transmitidos pe<strong>la</strong> caneta <strong>de</strong> Peyo e a máquina <strong>de</strong> escrever <strong>de</strong><br />
Delporte se tornou conhecido em todo o mundo.<br />
© Copyright: comics by Eddy Ryssack.<br />
!<br />
24
C.00<br />
(Introdução)<br />
Horta e os Armazéns Waucquez<br />
«Era como uma nave <strong>de</strong> uma gare, ro<strong>de</strong>ada pe<strong>la</strong>s rampas <strong>de</strong> dois andares, recortada<br />
por escadas suspensas, atravessada por pontes vo<strong>la</strong>ntes. As escadas <strong>de</strong> ferro, <strong>de</strong> dup<strong>la</strong><br />
rotação, <strong>de</strong>senvolviam curvas ousadas, multiplicavam os patamares; as pontes <strong>de</strong> ferro,<br />
atiradas para o nada, seguiam a direito, lá no alto; e todo este ferro resultava, sob a luz<br />
branca dos vitrais, numa arquitectura leve, numa renda complexa por on<strong>de</strong> passava o dia,<br />
a realização mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> um palácio <strong>de</strong> sonho…»<br />
(Tradução livre)<br />
Emile Zo<strong>la</strong>, « Au bonheur <strong>de</strong>s dames (O paraíso das damas) »<br />
É a história <strong>de</strong> um armazém daqueles que já não encontramos. Com mais <strong>de</strong> 100 anos, tratase<br />
do último edifício semi-industrial <strong>de</strong>senhado por Victor Horta, que ainda existe. E que<br />
vida! Nos primeiros 70 anos da sua existência, ali se ven<strong>de</strong>ram tecidos e estofos, tal como o<br />
tinham <strong>de</strong>sejado Charles Waucquez e os sucessivos proprietários do número 20 da Rue <strong>de</strong>s<br />
Sables.<br />
Testemunha da transformação <strong>de</strong> Bruxe<strong>la</strong>s, num bairro que foi, sem dúvida alguma, aquele<br />
que mais sofreu com… os progressos do século XX, o Armazém encerrou as suas portas em<br />
1970 e conheceu então aqueles que seriam os seus anos mais difíceis. Nasceram a seguir<br />
novas esperanças, novos projectos.<br />
Em 1984, o edifício foi comprado pelo Estado Fe<strong>de</strong>ral que tinha o objectivo <strong>de</strong> ali ver nascer…<br />
um museu <strong>de</strong>dicado à banda <strong>de</strong>senhada. Este projecto nascera por volta <strong>de</strong> 1980, sob o<br />
olhar afável <strong>de</strong> Hergé. Inaugurado pelos monarcas a 3 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1989, o Centro Belga<br />
da BD não tinha apenas como objectivo conservar e promover a BD… mas também o <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>volver o sentido e a vida aos vitrais, aos arabescos, às volutas, à luz <strong>de</strong>sta obra-prima <strong>de</strong><br />
Victor Horta.<br />
Jean Auquier, CBBD.<br />
25
C.01<br />
Frank Pé<br />
Talento reconhecido em numerosos continentes, Frank Pé <strong>de</strong>monstra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a publicação do<br />
seu primeiro álbum <strong>de</strong> banda <strong>de</strong>senhada, que só <strong>de</strong>ixando respirar a natureza e experimentar<br />
a sua luz, o mundo po<strong>de</strong> ser uma fonte <strong>de</strong> surpresas, inclusivamente para os seus habitantes.<br />
Pintor <strong>de</strong> paisagens, o seu universo alimenta-se tanto <strong>de</strong> fauna como <strong>de</strong> sonhos. Através das<br />
suas séries, «Broussaille « e «Zoo», publicadas pe<strong>la</strong>s Edições Dupuis, Frank Pé tornou-se um<br />
mestre da cor.<br />
Ilustração : Frank Pé, A Nona Arte entra na Arte Nova, CBBD 1988.<br />
C.02<br />
Victor Horta e a Arte Nova<br />
O longo reinado <strong>de</strong> Leopoldo II (1867–1909) representa para a Bélgica um período <strong>de</strong><br />
excepcional <strong>de</strong>senvolvimento. As disciplinas artísticas são testemunhas do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> inúmeras técnicas inovadoras no domínio da construção, nomeadamente com a utilização<br />
do aço e do vidro que permitem a criação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s vãos e a entrada da luz. A Arte Nova<br />
consiste no resgate <strong>de</strong>stas técnicas e na adaptação das mesmas à arquitectura, conferindo<br />
ao mundo mo<strong>de</strong>rno um aspecto harmonioso.<br />
Itinerário <strong>de</strong> um génio<br />
Depois <strong>de</strong> ter estudado arquitectura na Académie <strong>de</strong> Gante, e <strong>de</strong> ter sido aluno do arquitecto<br />
Jules Dubuysson, e mais tar<strong>de</strong> do arquitecto Alphonse Ba<strong>la</strong>t, autor das Serres Royales <strong>de</strong><br />
Laeken, Victor Horta (Gand, 1861-Bruxe<strong>la</strong>s, 1947) projecta as suas primeiras casas a partir<br />
<strong>de</strong> 1885. Realçaremos aqui a Maison Autrique (1893) e o Hôtel Tassel (1895), autênticos<br />
manifestos da Arte Nova. As obras-primas suce<strong>de</strong>r-se-ão : Hôtel Solvay (1898), Maison du<br />
Peuple (1899), a sua própria casa (o actual Museu Horta, 1901), os Armazéns à l’Innovation<br />
(1903) e os Armazéns Waucquez (1906). O arquitecto encontra-se então no apogeu da sua<br />
obra.<br />
26
C.03<br />
François Schuiten<br />
De Bruxe<strong>la</strong>s a Angoulême, Hanôver ou Las Vegas, sob a forma <strong>de</strong> banda <strong>de</strong>senhada, nas<br />
pare<strong>de</strong>s das cida<strong>de</strong>s, nos metropolitanos, em exposições ou mesmo nos selos do correio,<br />
François Schuiten não pára <strong>de</strong> construir autênticas passare<strong>la</strong>s entre a realida<strong>de</strong> e a ficção.<br />
Transformando qualquer ferramenta <strong>de</strong> comunicação em suporte <strong>de</strong> expressão artística, ele<br />
conta um mundo <strong>de</strong> fantasia ao alcance da imaginação: a utopia. A sua obra <strong>de</strong> BD encontrase<br />
publicada nas Edições Casterman (Les Cités Obscures, com Benoît Peeters).<br />
Ilustração : François Schuiten, A Nona Arte entra na Arte Nova, CBBD 1988.<br />
C.04<br />
O nascimento dos Armazéns Wauquez<br />
Numa altura em que o século nascente brilha em todo o seu esplendor, um grossista têxtil <strong>de</strong><br />
Bruxe<strong>la</strong>s conhece um arquitecto no auge da sua glória. Deste encontro nascerá uma obraprima,<br />
um símbolo perfeito do en<strong>la</strong>ce entre a Arte e uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo em plena<br />
ascensão. Charles Waucquez encomenda a Victor Horta um edifício capaz <strong>de</strong> albergar o seu<br />
armazém <strong>de</strong> tecidos. Os Armazéns Waucquez insta<strong>la</strong>m-se em 1906 na Rue <strong>de</strong>s Sables.<br />
A Rue <strong>de</strong>s Sables <strong>de</strong> outrora<br />
Industriosa e comercial, quente e feliz, a Rue <strong>de</strong>s Sables contava com inúmeros conventos<br />
e um quartel, <strong>de</strong>smante<strong>la</strong>do em 1905, que albergava mais <strong>de</strong> três mil soldados da infantaria.<br />
Foi ainda nesta rua que nasceu ou se <strong>de</strong>senvolveu uma parte importante da imprensa do país:<br />
L’Etoile <strong>Belge</strong>, L’Indépendance <strong>Belge</strong>, Le Peuple, La Cité, Het Laatste Nieuws, Het Nieuws<br />
van <strong>de</strong> Dag e De Nieuwe Gids, Panorama, Libelle, Mon Copain, entre outras.<br />
27
C.05<br />
Ys<strong>la</strong>ire<br />
Com a Saga dos «Sambre» (com Ba<strong>la</strong>c, 1986), Ys<strong>la</strong>ire entrava na liga dos gran<strong>de</strong>s. Criador<br />
<strong>de</strong> um universo pessoal intenso e trágico, ele pertence a uma minúscu<strong>la</strong> categoria <strong>de</strong> autores<br />
cujos leitores são capazes <strong>de</strong> esperar sete anos pelo volume seguinte. Se ele não tivesse sido<br />
contador <strong>de</strong> histórias, o seu nome figuraria sem problemas ao <strong>la</strong>do <strong>de</strong> nomes familiares tais<br />
como Hugo, Nerval e Dumas. No final do século XIX, ele vagueia entre o <strong>de</strong>senho, os cálculos<br />
e a psicanálise (« Mémoire du XXe siècle »).<br />
Ilustração : Ys<strong>la</strong>ire, A Nona Arte entra na Arte Nova, CBBD 1988.<br />
C.06<br />
Vida e morte dos Armazéns Waucquez<br />
Entre vendas e compras, o comércio viveu anos <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> conhecer um<br />
verda<strong>de</strong>iro terramoto urbano. A serpente <strong>de</strong> mar (tema <strong>de</strong> artigo periodicamente utilizado pe<strong>la</strong><br />
imprensa à falta <strong>de</strong> informação mais importante), que foi durante muito tempo a construção<br />
da junção do caminho-<strong>de</strong>-ferro Norte–Sul <strong>de</strong>struiu totalmente este popu<strong>la</strong>r bairro <strong>de</strong> Bruxe<strong>la</strong>s<br />
que era conhecido por Bas-fonds (bairros mais miseráveis <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>). Os comércios<br />
foram encerrando aos poucos e os armazéns Waucquez acabariam também por fechar as<br />
portas.<br />
As etapas <strong>de</strong> uma vida<br />
A pedido do proprietário interessado em <strong>de</strong>senvolver as suas activida<strong>de</strong>s comerciais,<br />
o arquitecto Charles Veraart construiu em 1912 e 1913 dois mezaninos <strong>de</strong> um <strong>la</strong>do e do<br />
outro do átrio <strong>de</strong> entrada, entre o rés-do-chão e o primeiro andar, respeitando as regras da<br />
arquitectura <strong>de</strong> Horta. Aliás, e mantendo sempre o mesmo nome, a empresa foi vendida em<br />
1923 à socieda<strong>de</strong> Verberckt, e mais tar<strong>de</strong>, em 1957, aos estabelecimentos Vertex. A família<br />
Waucquez foi sempre, até ao fim, a proprietária das pare<strong>de</strong>s.<br />
28
C.07<br />
Dany<br />
Sobredotado, com um traçado leve e flexível tal como a silhueta da sua heroína Colombe<br />
Tiredaile , o nome <strong>de</strong> Dany ficará para sempre ligado à «La Merveilleuse Odyssée d’Olivier<br />
Rameau » (Edições Joker-Production), uma importante série criada em co<strong>la</strong>boração com o<br />
argumentista Greg no jornal Tintin. Autor <strong>de</strong> uma obra multifacetada, com títulos como «Ça<br />
m’intéresse» e «Histoire sans héros» (com Jean Van Hamme), Dany sobressai tanto no humor<br />
como na narrativa semi-realista.<br />
Ilustração : Dany, Nona Arte e Arte Nova, CBBD 1998.<br />
C.08<br />
A metamorfose <strong>de</strong> uma obra-prima<br />
Durante a década <strong>de</strong> 1970, completamente abandonados, os Armazéns Waucquez eram<br />
apenas conhecidos pelos “iniciados” e por alguns noctívagos, vagabundos ou <strong>la</strong>drões. Em<br />
1975, o arquitecto Jean Delhaye, antigo co<strong>la</strong>borador do Mestre conseguiu a c<strong>la</strong>ssificação dos<br />
Antigos Armazéns Waucquez. Dez anos mais tar<strong>de</strong>, o local adquire finalmente um projecto<br />
<strong>de</strong> reabilitação graças a dois homens: Guy Dessicy, amigo e antigo colorista <strong>de</strong> Hergé e Jean<br />
Brey<strong>de</strong>l, o arquitecto que <strong>de</strong>u início a uma profunda reflexão sobre a renovação do património<br />
arquitectónico <strong>de</strong> Bruxe<strong>la</strong>s. Em 1984, é criada, com o apoio das associações francófonas e<br />
f<strong>la</strong>mengas <strong>de</strong> autores <strong>de</strong> BD, uma associação sem fins lucrativos. O edifício em muito mau<br />
estado é comprado pe<strong>la</strong> Régie <strong>de</strong>s Bâtiments <strong>de</strong> l’État com o objectivo <strong>de</strong> aí criar um Centro<br />
Belga da BD.<br />
Uma renovação exemp<strong>la</strong>r<br />
Para levar a cabo a renovação, chamou-se um jovem arquitecto, Pierre Van Aasche (Cooparch).<br />
De uma forma <strong>de</strong>liberada, ele colocou elementos contemporâneos – aplicações luminosas,<br />
passare<strong>la</strong>s, etc. – em locais on<strong>de</strong> estes elementos se reve<strong>la</strong>vam indispensáveis, valorizando<br />
ainda mais a obra <strong>de</strong> Victor Horta. O local tinha sofrido danos enormes. Os melhores artesãos<br />
do país foram convidados e foram necessários dois anos completos para a execução <strong>de</strong>ste<br />
trabalho.<br />
29
C.09<br />
Jan Bosschaert<br />
Das suas origens <strong>de</strong> Antuérpia, Jan Bosschaert herdou uma certa tendência para <strong>de</strong>rrubar<br />
os ícones. Numa altura em que já gozava <strong>de</strong> uma sólida reputação no domínio da ilustração,<br />
o seu encontro com o argumentista Marc Legendre, levou Bosschaert a animar, durante<br />
vários anos, as aventuras <strong>de</strong> «Sam», uma jovem mecânica apaixonada por carros velhos,<br />
adoravelmente representada, aliás como o são todas as jovens que o autor passa para o<br />
papel.<br />
Ilustração: Jan Bosschaert, Nona Arte e Arte Nova, CBBD 1998.<br />
C.10<br />
O en<strong>la</strong>ce da Nona Arte com a Arte Nova<br />
A 6 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1989, três dias <strong>de</strong>pois da sua inauguração pelo Rei e pe<strong>la</strong> Rainha, os primeiros<br />
visitantes <strong>de</strong>scobriam este templo da Arte Nova <strong>de</strong>dicada à Nona Arte. Em simultâneo um<br />
veículo <strong>de</strong> promoção para a BD, uma galeria <strong>de</strong> exposições, um centro <strong>de</strong> documentação,<br />
uma embaixada cultural... o Centro Belga da Banda Desenhada tornou-se rapidamente um<br />
gran<strong>de</strong> museu <strong>de</strong> vocação internacional e uma das atracções mais popu<strong>la</strong>res da Bélgica. E a<br />
filosofia subjacente ao projecto assenta ainda nesta afirmação <strong>de</strong> duplo sentido: se entramos<br />
pe<strong>la</strong> banda <strong>de</strong>senhada, também conhecida por Nona Arte, saímos com os olhos a brilhar <strong>de</strong><br />
Arte Nova... e o inverso também se aplica!<br />
Tintin e Haddock na escada<br />
Em 1986, o Estúdio Hergé que dirigia ainda Bob De Moor confiou aos “chefões” do futuro<br />
CBBD (Centro Belga <strong>de</strong> BD) o <strong>de</strong>senho criado neste mesmo espaço. Com este <strong>de</strong>senho<br />
a traço, a Fundação Hergé acabava <strong>de</strong> dar um importante contributo para a criação do<br />
Centro Belga da Banda Desenhada... que permitiu conferir uma imagem forte e simbólica do<br />
mesmo.<br />
30
C.11<br />
Ferry<br />
Trata-se <strong>de</strong> um mi<strong>la</strong>gre quotidiano muito apreciado entre os amadores <strong>de</strong> BD, aquele que<br />
consiste em recriar um mundo passado ou em imaginar o amanhã, recorrendo apenas a uma<br />
sucessão <strong>de</strong> imagens e a um argumento. Foi assim que, em 1989, a partir <strong>de</strong> um argumento<br />
<strong>de</strong> Yves Duval, Ferry resolveu <strong>de</strong>senhar o nascimento do Centro Belga <strong>de</strong> Banda Desenhada.<br />
Este, proveniente das p<strong>la</strong>nícies da F<strong>la</strong>ndres (1944), é o autor <strong>de</strong> uma importante obra centrada,<br />
essencialmente, na história. Tendo começado a sua carreira <strong>de</strong> autor <strong>de</strong> BD no diário Le Soir,<br />
e em revistas como o Pilote e Tintin, Ferry é o autor da série «Ian Kalédine» (em parceria<br />
com JL Vernal), das «Chroniques <strong>de</strong> Panchrysia» e mais recentemente, inscrito numa linha<br />
<strong>de</strong>ixada por Jacques Martin, <strong>de</strong> uma aventura d’«Alix» e <strong>de</strong> « Un Voyage <strong>de</strong> Jhen» <strong>de</strong>dicada<br />
à sua cida<strong>de</strong> preferida, Bruges.<br />
Desenhador e argumentista, ele ensinou, durante muito tempo, a arte da BD no Instituto St-<br />
Luc <strong>de</strong> Gante.<br />
C.12<br />
Bob De Moor<br />
Do génio burlesco <strong>de</strong> Balthazar até à uma longa co<strong>la</strong>boração com Hergé, do Leão <strong>de</strong> F<strong>la</strong>ndres<br />
até ao Senhor Barelli ou Cori le Moussaillon, Bob De Moor (1925-1992) soube construir uma<br />
obra particu<strong>la</strong>rmente rica e original que consta entre as mais importantes da BD europeia. Ele<br />
foi um elo essencial no <strong>de</strong>senvolvimento do Centro Belga da BD, tendo <strong>de</strong> ultrapassar diversos<br />
<strong>de</strong>safios: o primeiro, que ele aceitou - sem ter a exacta percepção da responsabilida<strong>de</strong> que<br />
estava subjacente! - foi a <strong>de</strong> assumir a presidência. E foi como presi<strong>de</strong>nte que ele acolheu o<br />
Rei Balduíno e a Rainha Fabío<strong>la</strong> que inauguraram o local, a 3 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1989.<br />
Antes <strong>de</strong> todos, ele tinha já imaginado o organização do futuro Centro <strong>de</strong> BD... tal como<br />
provam estas ilustrações inéditas. Actualmente, o Auditório do Centro Belga da banda<br />
<strong>de</strong>senhada tem o seu nome.<br />
31
C.13<br />
Horta e os Armazéns Waucquez<br />
Uma exposição produzida pelo Centro Belga <strong>de</strong> Banda Desenhada<br />
Concepção e textos : Jean Auquier<br />
Selecção das ilustrações : Fanny Kerrien, Pierre Saysouk e JA.<br />
Documentação : Fanny Kerrien e JA.<br />
Traduções : Tine Anthoni, Philotrans<br />
Grafismo : Pierre Saysouk<br />
Reproduções e ampliações: Sadocolor Mounting<br />
Realização : Jean Serneels, Mikaël Cuypers e as equipas <strong>de</strong> trabalho do CBBD.<br />
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