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revista internacional de direitos humanos - Sur

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PETER LUCAS<br />

restritivo possível. Acesso a áreas públicas, e, principalmente, transporte público,<br />

eram pontos <strong>de</strong> inflexão cruciais. O direito a tecnologias assistivas que possibilitam<br />

a comunicação entre pessoas e que permitem que pessoas se expressem, estu<strong>de</strong>m,<br />

aprendam e trabalhem, também passa a ser mais fácil com essas novas leis. E<br />

questões <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida, da habilida<strong>de</strong> do indivíduo <strong>de</strong> viver in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente,<br />

passaram a ser um foco importante do ativismo voltado para as causas das pessoas<br />

com <strong>de</strong>ficiência.<br />

Po<strong>de</strong>ria argumentar-se que o objetivo do movimento coletivo era a inclusão na<br />

socieda<strong>de</strong>, o fim da marginalização <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência e da prática, comum<br />

no século 19, <strong>de</strong> institucionalizar pessoas com <strong>de</strong>ficiência em hospícios, como<br />

retratado em Marat/Sa<strong>de</strong>. Inclusão também significou a criação <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong><br />

com ativistas que não tinham <strong>de</strong>ficiências. Cineastas tiveram um papel importante<br />

nesse aspecto porque o movimento precisava <strong>de</strong> toda a ajuda possível, inclusive<br />

representação visual. Durante a década <strong>de</strong> 1960, cineastas que trabalhavam com<br />

questões <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências não se enxergavam como ativistas <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong>.<br />

Eles trabalhavam sob a ban<strong>de</strong>ira da reforma social. Hoje, esse mesmo grupo está<br />

exibindo seus documentários em festivais <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong> ao redor do mundo.<br />

De fato, seria até difícil falar sobre <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong> na contemporaneida<strong>de</strong> sem<br />

visualizar a luta em termos concretos.<br />

Existem muitos filmes sobre <strong>direitos</strong> <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência hoje–tanto<br />

documentários, como longas-metragens – e pessoas têm se esforçado muito para<br />

catalogar esses filmes sob a correta categoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. 8 Existem até festivais<br />

<strong>de</strong> cinemas especializados em filmes sobre <strong>de</strong>ficiências. Mas também existem<br />

filmes que marcaram época e semearam o movimento mais amplo, permitindo o<br />

reconhecimento e conscientização visual que temos hoje a respeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências.<br />

Minha intenção com este artigo é falar sobre cinco <strong>de</strong>sses filmes e sugerir algumas<br />

das mais poéticas estratégias sobre como retratar <strong>direitos</strong> das pessoas com<br />

<strong>de</strong>ficiências. O lado poético da representação da <strong>de</strong>ficiência permite interpretações<br />

mais abertas e talvez, por serem filmes sem finais conclusivos e sem recomendações<br />

<strong>de</strong> políticas explícitas, conseguem ter uma vida útil mais longa no que se refere ao<br />

interesse do público. Os cinco filmes discutidos aqui são hoje consi<strong>de</strong>rados clássicos<br />

na área <strong>de</strong> documentação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências.<br />

Como professor <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong> e mídia, muitos dos meus alunos<br />

estudam para serem documentaristas e os <strong>direitos</strong> das pessoas com <strong>de</strong>ficiência é<br />

uma das áreas, <strong>de</strong>ntro da temática mais ampla <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong>, que abordam<br />

em seus projetos. De uma abordagem conceitual <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong>, <strong>de</strong>ficiências<br />

específicas nunca são por si só o único tema. A abordagem conceitual procura<br />

enten<strong>de</strong>r a profun<strong>de</strong>za e complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada violação <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong> e fazer<br />

conexões holísticas entre todos os <strong>direitos</strong>. 9 Por exemplo: mulheres com <strong>de</strong>ficiências<br />

são duplamente vulneráveis por sofrerem opressão tanto por serem mulheres como<br />

por terem <strong>de</strong>ficiência. Crianças com <strong>de</strong>ficiências também necessitam <strong>de</strong> uma<br />

abordagem conceitual mais holística. Pessoas com <strong>de</strong>ficiência vítimas <strong>de</strong> guerras<br />

e conflitos armados, pessoa com <strong>de</strong>ficiência forçadas à migração, ou pessoas que<br />

são pobres além <strong>de</strong> apresentarem alguma <strong>de</strong>ficiência física, mental ou sensorial<br />

necessitam <strong>de</strong> uma abordagem mais sofisticada <strong>de</strong> <strong>direitos</strong> <strong>humanos</strong>.<br />

SUR • v. 8 • n. 14 • jun. 2011 • p. 187-207 ■ 191

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