15.04.2013 Views

O Desenvolvimento Sustentável e as Implicações da Produção Mais ...

O Desenvolvimento Sustentável e as Implicações da Produção Mais ...

O Desenvolvimento Sustentável e as Implicações da Produção Mais ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong> e <strong>as</strong> <strong>Implicações</strong> <strong>da</strong> <strong>Produção</strong> <strong>Mais</strong> Limpa:<br />

um estudo de c<strong>as</strong>o no setor moveleiro<br />

RESUMO<br />

Ana Cristina Fiori de C<strong>as</strong>tro (FAP)<br />

Anacristina_fc@hotmail.com<br />

Edmar Bonfim de Oliveira (FAP)<br />

Edmar.bonfim@uol.com.br<br />

O estudo abor<strong>da</strong> o <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong> e <strong>as</strong> implicações do modelo de <strong>Produção</strong><br />

mais Limpa nos processos produtivos. O tema proposto relaciona-se à sustentabili<strong>da</strong>de na<br />

empresa aliado à produção mais limpa como um instrumento de estímulo do desenvolvimento<br />

sustentável. Buscou-se através de estudos e pesquis<strong>as</strong>, analisar o comportamento adotado<br />

pel<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> em relação ao desenvolvimento sustentável aliado aos princípios e técnic<strong>as</strong><br />

sugeridos pela produção mais limpa. O estudo esteve focado n<strong>as</strong> ações empreendid<strong>as</strong> pel<strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong> procurando identificar se os processos produtivos estão sendo reorganizados de<br />

maneira sustentável, além de verificar o que el<strong>as</strong> fazem para contribuir com o meio ambiente<br />

dentro dos conceitos de desenvolvimento sustentável e produção mais limpa (P+L). O método<br />

que caracteriza a pesquisa é o estudo de c<strong>as</strong>o, sendo este realizado em uma empresa do setor<br />

moveleiro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Marumbi (PR), utilizando-se para a coleta de <strong>da</strong>dos entrevist<strong>as</strong> semiestruturad<strong>as</strong><br />

e observações in-loco. Os resultados mostram que a empresa preocupa<strong>da</strong> com <strong>as</strong><br />

questões ambientais, promoveu mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> almejando a sustentabili<strong>da</strong>de, reorganizou seu<br />

processo produtivo e reaproveitou os resíduos gerados durante o mesmo, ou seja, adotou<br />

ações de P+L.<br />

1. Introdução<br />

A busca constante do desenvolvimento está comprometendo os fatores naturais e o<br />

ecossistema <strong>da</strong> Terra; a necessi<strong>da</strong>de de utilização de seus recursos naturais para o crescimento<br />

tem gerado uma grande problemática: a exilação do meio ambiente. A capaci<strong>da</strong>de do meio<br />

ambiente está comprometi<strong>da</strong>, os recursos naturais estão ca<strong>da</strong> vez mais esc<strong>as</strong>sos e a natureza<br />

não mais está absorvendo a poluição, a degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> água, do solo e do ar. A vi<strong>da</strong> depende<br />

dos recursos ofertados pelo planeta, como a água, ar, terra, minerais, plant<strong>as</strong> e animais.<br />

O desenvolvimento sustentável veio como uma solução para amenizar estes<br />

problem<strong>as</strong>, pois ele visa ao equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente<br />

como um pilar que sustenta o desenvolvimento econômico, científico e tecnológico e a<br />

preservação ambiental. Seu objetivo é melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> humana.<br />

Montibeller-Filho (2001, p.54) define o desenvolvimento sustentável como o<br />

“processo contínuo de melhoria d<strong>as</strong> condições de vi<strong>da</strong> (de todos os povos), enquanto<br />

minimize o uso de recursos naturais, causando um mínimo de distúrbios ou desequilíbrios ao<br />

ecossistema”.<br />

A <strong>Produção</strong> mais Limpa é um modelo de gestão ambiental, uma nova forma de<br />

otimizar a produção e foi desenvolvido para ser um instrumento de estímulo aos conceitos e<br />

objetivos do desenvolvimento sustentável. Essa técnica incorpora mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> no processo<br />

produtivo <strong>da</strong> empresa, por meio de medid<strong>as</strong> que priorizam o uso de matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> de fontes<br />

renováveis, com utilização consciente, para gerar o mínimo de resíduos e emissões que<br />

causem <strong>da</strong>nos ao meio ambiente.


As empres<strong>as</strong> precisam criar uma estrutura para o seu crescimento e expansão sem<br />

comprometer o meio ambiente. Faz-se necessário desenvolver nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> produtiv<strong>as</strong>,<br />

estratégi<strong>as</strong> administrativ<strong>as</strong>, reorganização do processo produtivo, que aumente a quali<strong>da</strong>de e<br />

diminua os impactos negativos ao meio ambiente.<br />

O objetivo principal deste trabalho é estu<strong>da</strong>r o comportamento adotado pel<strong>as</strong> empres<strong>as</strong><br />

em relação ao desenvolvimento sustentável aliado aos princípios e técnic<strong>as</strong> sugeridos pela<br />

produção mais limpa. E para ilustrar a b<strong>as</strong>e teórica, realizou-se um estudo de c<strong>as</strong>o em uma<br />

empresa do setor moveleiro na região Norte do Paraná, onde se identificam uma preocupação<br />

com questões ambientais e também algum<strong>as</strong> ações ligad<strong>as</strong> ao desenvolvimento sustentável e a<br />

produção mais limpa.<br />

Dessa forma, o artigo é composto por seis seções. Após essa introdução, na Seção 2 é<br />

apresentado o desenvolvimento sustentável, seus conceitos e a importância do mesmo para a<br />

humani<strong>da</strong>de. Na Seção 3, é abor<strong>da</strong><strong>da</strong> a produção mais limpa, uma estratégia ambiental que<br />

visa reduzir os resíduos lançados ao meio ambiente. Na Seção 4, é descrito o método utilizado<br />

no estudo. Na Seção 5, é feita a análise dos <strong>da</strong>dos estu<strong>da</strong>dos, relatando a empresa pesquisa<strong>da</strong><br />

como fonte de pesquisa para to<strong>da</strong> parte prática. Por fim, a seção 6 apresenta <strong>as</strong> conclusões e<br />

recomen<strong>da</strong>ções finais do estudo.<br />

2. <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong><br />

O conceito desenvolvimento sustentável deu-se no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, a partir<br />

do discurso dos movimentos ambientalist<strong>as</strong> e dos debates acerca do ecodesenvolvimento. A<br />

partir <strong>da</strong>í começou-se a trabalhar com a idéia de um modelo de desenvolvimento que<br />

atendesse à necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população presente, garantindo recursos naturais e boa quali<strong>da</strong>de<br />

de vi<strong>da</strong> à população futura.<br />

Segundo Giansanti (1999), a idéia do desenvolvimento sustentável foi introduzi<strong>da</strong>, no<br />

século XIX, pelo engenheiro florestal norte-americano, Gifford Pinchot, o primeiro chefe do<br />

serviço de florest<strong>as</strong> do país e um dos primeiros a se contrapor à ótica <strong>da</strong>quela época que<br />

visava o “desenvolvimento a qualquer custo”. Ele defendia a conservação dos recursos<br />

naturais, conforme menciona A. Diegues (apud GIANSANTI, 1999, p. 9), apoiado em três<br />

princípios básicos: “o uso dos recursos naturais pela geração presente; a prevenção do<br />

desperdício; e o desenvolvimento dos recursos naturais para muitos e não para poucos<br />

ci<strong>da</strong>dãos”.<br />

De acordo com Montibeller-Filho (2004), o termo desenvolvimento sustentável<br />

propagou-se na déca<strong>da</strong> de 1980. Conforme Raynaut e Zanoni (apud MONTIBELLER-<br />

FILHO, 2004), essa expressão foi utiliza<strong>da</strong> primeiramente pela União Internacional pela<br />

Conservação <strong>da</strong> Natureza (IUCN), a tradução francesa do seu conceito é développement<br />

durable (desenvolvimento durável ou sustentável).<br />

Contudo, depois de mais de uma déca<strong>da</strong> de discussões sobre problem<strong>as</strong> ambientais,<br />

somente em 1987 a idéia de desenvolvimento sustentável ganha reconhecimento a partir do<br />

relatório denominado “Our Common Future”, também conhecido como “Relatório ou<br />

Informe Brundtland”, publicado pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> (CMMAD).<br />

Brüseke (1998) esclarece que o Relatório Brundtland é o resultado <strong>da</strong> Comissão<br />

Mundial <strong>da</strong> ONU sobre o Meio Ambiente de <strong>Desenvolvimento</strong> (UNCED), <strong>da</strong> qual os<br />

presidentes eram a primeira ministra <strong>da</strong> Noruega, Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid,<br />

justificando-se o nome intitulado do relatório.<br />

Diante <strong>da</strong> formulação deste relatório, seu conceito busca harmonizar desenvolvimento<br />

econômico e a preservação do meio ambiente:


O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessi<strong>da</strong>des do<br />

presente sem comprometer a possibili<strong>da</strong>de de <strong>as</strong> gerações futur<strong>as</strong> atenderem<br />

a su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> necessi<strong>da</strong>des. Ele contém dois conceitos-chaves: 1 – o<br />

conceito de “necessi<strong>da</strong>des”, sobretudo <strong>as</strong> necessi<strong>da</strong>des essenciais dos pobres<br />

do mundo, que devem receber a máxima priori<strong>da</strong>de; 2 – a noção d<strong>as</strong><br />

limitações que o estágio <strong>da</strong> tecnologia e <strong>da</strong> organização social impõe ao<br />

meio ambiente, impedindo-o de atender às necessi<strong>da</strong>des presentes e futur<strong>as</strong><br />

(CMMAD, 1998, p. 46).<br />

Desta definição apresenta<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> se consta que o desenvolvimento sustentável é um<br />

processo de transformação no qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a<br />

orientação do desenvolvimento tecnológico e <strong>da</strong> compatibili<strong>da</strong>de entre desenvolvimento e<br />

preservação se harmonizam com <strong>as</strong> necessi<strong>da</strong>des de gerações presentes e futur<strong>as</strong> (CMMAD,<br />

1998).<br />

Autores como Glandwin, Kennely, Krause (1995) e Montibeller-Filho (2004)<br />

consideram a definição de desenvolvimento sustentável como sendo muito imprecisa, ampla e<br />

vaga, pois permite a diferentes grupos interpretá-la de acordo com seus interesses.<br />

A Agen<strong>da</strong> 21 representa um programa a ser implementado pelos governos (locais,<br />

regionais) com dimensões sociais e econômic<strong>as</strong> relacionados ao desenvolvimento sustentável,<br />

à conservação e gestão eficiente dos recursos, à importância de diferentes grupos sociais e<br />

meios para que os governos promovam o desenvolvimento sustentável. Ela mantém<br />

compromissos com países ricos em relação aos países pobres, em que ca<strong>da</strong> país será<br />

responsável em adotar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> com b<strong>as</strong>e no desenvolvimento sustentável,<br />

objetivando a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população e o crescimento econômico em<br />

sintonia com o meio ambiente.<br />

Para Ferrão (1998, p. 12), a Agen<strong>da</strong> 21 “constituí um plano de ação para a transição<br />

rumo ao desenvolvimento sustentável e inclui medid<strong>as</strong> concret<strong>as</strong>, em nível financeiro,<br />

tecnológico e de aplicação institucional sob supervisão d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>”.<br />

A Agen<strong>da</strong> 21 afirma que o desenvolvimento sustentável é a solução para reverter a<br />

pobreza no mundo e a destruição do meio ambiente; para <strong>as</strong>segurar um futuro sustentável é<br />

preciso uma parceria em nível global, em que todos se mobilizam em prol de um mundo<br />

melhor.<br />

Almei<strong>da</strong> (2002) menciona que a crítica do conceito desenvolvimento sustentável tem<br />

levado a uma mu<strong>da</strong>nça de paradigma. Neste sentido, percebe-se que <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> estão<br />

iniciando um processo de sensibilização quanto à questão ambiental e refletindo a importância<br />

desse ponto no cenário empresarial globalizado. Muit<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> encaram a questão<br />

ambiental como um “mal necessário”, já <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> consoli<strong>da</strong>d<strong>as</strong> que praticam ações<br />

socioambientais vêem como “administração verde”, além de a empresa contribuir com o meio<br />

ambiente isto pode ser até mesmo uma vantagem ou estratégia competitiva.<br />

Para Almei<strong>da</strong> (2002), um dos principais motivos que levam <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> a adotar os<br />

princípios do desenvolvimento sustentável é a necessi<strong>da</strong>de de sobrevivência. Isto é, quando<br />

el<strong>as</strong> enxergam a ecoeficiência e percebem que podem produzir mais, melhorando a quali<strong>da</strong>de,<br />

diminuindo os riscos ambientais, e ain<strong>da</strong> melhorando o processo interno.<br />

De acordo com Leff (2001, p. 19), “o conceito de sustentabili<strong>da</strong>de surgiu do<br />

reconhecimento <strong>da</strong> função de suporte <strong>da</strong> natureza, condição e potencial do processo de<br />

produção”. O autor afirma que a sustentabili<strong>da</strong>de aparece como uma necessi<strong>da</strong>de de restaurar<br />

a natureza na teoria econômica e n<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> do desenvolvimento, com prátic<strong>as</strong> ecológic<strong>as</strong> de<br />

produção que garantam a sobrevivência e um futuro para a humani<strong>da</strong>de.<br />

Conforme Montibeller-Filho (2004, p. 27), a sustentabili<strong>da</strong>de pode ser defini<strong>da</strong> como<br />

“a busca de eficácia econômica, social, e ambiental objetivando atender às necessi<strong>da</strong>des e<br />

anseios <strong>da</strong> população atual, sem desconsiderar os d<strong>as</strong> gerações futur<strong>as</strong>”.


Sachs (2000) estabelece cinco dimensões principais <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de, a serem<br />

considerad<strong>as</strong> quanto ao planejamento do desenvolvimento: sustentabili<strong>da</strong>de social,<br />

econômica, ecológica, geográfica e cultural.<br />

a) sustentabili<strong>da</strong>de social: a construção de uma civilização que permita uma distribuição<br />

mais eqüitativa <strong>da</strong> riqueza é o principal objetivo <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de social, ou seja,<br />

reduzir <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> sociais;<br />

b) sustentabili<strong>da</strong>de econômica: melhor alocação dos recursos e uma gestão eficiente por um<br />

fluxo regular do investimento público e privado. A eficiência econômica deve ser medi<strong>da</strong><br />

com o equilíbrio macrossocial e não com a lucrativi<strong>da</strong>de microempresarial;<br />

c) sustentabili<strong>da</strong>de ecológica: é destina<strong>da</strong> ao uso consciente dos recursos esgotáveis e sua<br />

substituição por recursos renováveis, usar de forma limita<strong>da</strong> os ecossistem<strong>as</strong> e minimizar<br />

sua deterioração. Promover técnic<strong>as</strong> de produção limpa, racionalizar o consumo, preservar<br />

fontes de recursos naturais e energéticos, criar program<strong>as</strong> de proteção ambiental;<br />

d) sustentabili<strong>da</strong>de espacial/geográfica: entende-se como evitar a concentração geográfica<br />

de populações, de ativi<strong>da</strong>de e de poder. Buscar um equilíbrio rural-urbano que possibilite<br />

sustentabili<strong>da</strong>de espacial;<br />

e) sustentabili<strong>da</strong>de cultural: defesa dos processos que respeitem ca<strong>da</strong> ecossistema, de ca<strong>da</strong><br />

cultura, de ca<strong>da</strong> local, promovendo soluções e valorização d<strong>as</strong> diferentes cultur<strong>as</strong>.<br />

2. 1 <strong>Produção</strong> e Consumo Sustentáveis<br />

A mu<strong>da</strong>nça dos padrões de produção e consumo é um ponto chave para a socie<strong>da</strong>de<br />

caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável. O tema é de extrema relevância e a Agen<strong>da</strong><br />

21 dedica um capítulo exclusivo, merecendo destaque a menção do exame dos padrões<br />

insustentáveis de produção e consumo, desenvolvimento de polític<strong>as</strong> e estratégi<strong>as</strong> nacionais<br />

de estímulo a mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> nos padrões insustentáveis de consumo e estratégi<strong>as</strong>:<br />

Para Van Brake (apud LAZZARINI e GUNN, 2002), os atuais padrões de produção e<br />

consumo são ecologicamente insustentáveis. Afirmando esta idéia, Ribemboim (apud<br />

LAZZARINI e GUNN) salienta que “os atuais padrões de consumo são, ain<strong>da</strong>, insustentáveis,<br />

injustos socialmente e depre<strong>da</strong>dores do meio ambiente”.<br />

Para mu<strong>da</strong>r os padrões de produção, existem alguns modelos que estimulam a<br />

mu<strong>da</strong>nça, tais como, tecnologi<strong>as</strong> limp<strong>as</strong> (prática de produção mais limpa); certificação de<br />

gestão ambiental – ISO 14001; análise de ciclo de vi<strong>da</strong> do produto e rótulos ambientais. Estes<br />

instrumentos de estímulos serão detalhados na seção 3 deste trabalho.<br />

Giansanti (1999) destaca que a perspectiva do desenvolvimento sustentável leva ao<br />

questionamento do consumismo, visto que não existem meios para solucionar a esc<strong>as</strong>sez dos<br />

recursos sem mu<strong>da</strong>r os hábitos e cultur<strong>as</strong> de consumo. Nesse sentido, Lazzarini e Gunn<br />

(2002) afirmam que é importante existir a relação de consumo de produtos ou serviços para<br />

atender às necessi<strong>da</strong>des dos consumidores e o uso consciente dos recursos naturais<br />

necessários nesse consumo. Isto pode ser exemplificado através de matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> e energia<br />

utilizad<strong>as</strong> na produção, capaci<strong>da</strong>de do meio ambiente em absorver a poluição, lixo e resíduos<br />

gerados na produção e consumo do produto ou serviço.<br />

Os direitos do consumidor envolvem b<strong>as</strong>icamente o ato de compra; cabe à socie<strong>da</strong>de<br />

praticar hábitos e prátic<strong>as</strong> de consumo sustentáveis que contribuam com o meio ambiente e<br />

garantam <strong>as</strong> necessi<strong>da</strong>des básic<strong>as</strong>. A seguir, trata-se <strong>da</strong> situação atual do consumo sustentável<br />

no Br<strong>as</strong>il.<br />

No Br<strong>as</strong>il, grande parte dos consumidores apresenta um padrão de consumo<br />

dispendioso em relação aos países ricos. O motivo justifica-se que muitos consomem pouco e<br />

para garantir a sobrevivência, os hábitos de consumo adotados são insustentáveis.<br />

O Instituto Br<strong>as</strong>ileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) compreende que a política de<br />

consumo sustentável no Br<strong>as</strong>il está relaciona<strong>da</strong> com a eliminação <strong>da</strong> pobreza, isto significa


que se aumentar o patamar mínimo de consumo dos indivíduos que vivem abaixo do padrão<br />

de consumo, proporcionará uma vi<strong>da</strong> mais digna e também estará mu<strong>da</strong>ndo os padrões e<br />

níveis de consumo, evitando a concentração de ren<strong>da</strong> e garantindo uma vi<strong>da</strong> mais sustentável.<br />

3. <strong>Produção</strong> <strong>Mais</strong> Limpa<br />

De acordo com Barbieri (2004, p. 119), a produção mais limpa PmaisL ou P+L “é uma<br />

estratégia ambiental preventiva aplica<strong>da</strong> a processos, produtos e serviços para minimizar os<br />

impactos sobre o meio ambiente”. Este novo modelo de produção está sendo desenvolvido<br />

desde a déca<strong>da</strong> de 1980, pelo Programa d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> para o Meio Ambiente (PNUMA)<br />

e pela Organização d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> para <strong>Desenvolvimento</strong> Industrial (ONUDI) com o<br />

intuito de instrumentalizar o conceito e prátic<strong>as</strong> do desenvolvimento sustentável. O autor<br />

lembra que a origem do conceito de tecnologi<strong>as</strong> limp<strong>as</strong>, dá-se às propost<strong>as</strong> estimulad<strong>as</strong> pela<br />

Conferência de Estocolmo-72, em que havia três propósitos básicos: lançar menos poluição ao<br />

meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir menos recursos naturais.<br />

Este conceito foi criado para atender às recomen<strong>da</strong>ções do Relatório de Brundtland,<br />

conforme comentado anteriormente, como sendo aquele que visa atender às necessi<strong>da</strong>des<br />

presentes sem colocar em risco <strong>as</strong> necessi<strong>da</strong>des d<strong>as</strong> gerações futur<strong>as</strong>. Pode-se dizer que<br />

surgiu como um novo modelo de industrialização, que concilia crescimento econômico e<br />

social <strong>da</strong> indústria, portanto sem degra<strong>da</strong>r o meio ambiente e tendo como critérios o uso<br />

eficiente de recursos não renováveis, conservação dos recursos renováveis e limite <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de do meio ambiente em <strong>as</strong>similar os resíduos (BARBIERI, 2004).<br />

De acordo com Lemos e N<strong>as</strong>cimento (apud MAIA E WILK, 2004), na déca<strong>da</strong> de 1990<br />

surgiram vári<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> de ONGs voltad<strong>as</strong> às discussões sobre a busca de metodologi<strong>as</strong> e<br />

propost<strong>as</strong> de como manter a produção de bens e serviços de forma sustentável, sem<br />

comprometer a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> empresa. Eis que surge a primeira proposta nesta linha:<br />

cria<strong>da</strong> em 1990 pela ONG Greenpeace, organização ambientalista sem fins lucrativos, com<br />

abor<strong>da</strong>gem de <strong>Produção</strong> Limpa (Clean Production) ou PL.<br />

Segundo o Greenpeace (www.greenpeace.org.br), a P+L tem como foco principal a<br />

atenção ao processo e ao produto de forma que sejam utilizados recursos naturais renováveis e<br />

que não causem <strong>da</strong>nos ao meio ambiente. O processo é caracterizado pelo uso eficiente de<br />

energia, fontes de matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> renováveis e processo atóxico. Já o produto é caracterizado<br />

pela durabili<strong>da</strong>de de sua vi<strong>da</strong> útil, reutilização, embalagens não agressiv<strong>as</strong> ao meio ambiente e<br />

materiais recicláveis. Com relação a isto, Hunt (apud, MADRUGA, 2000) comenta que a<br />

modificação no processo faz-se necessário quando a geração de resíduos pode ser minimiza<strong>da</strong><br />

na fonte, isto pode ser feito através de técnic<strong>as</strong> que buscam melhoria nos processos<br />

produtivos, substituição de matéria-prima e adoção de nova tecnologia. A reciclagem dos<br />

materiais pode ser interna ou externa; a reciclagem interna ocorre quando os resíduos são<br />

reutilizados na empresa como insumo dentro do mesmo processo; na reciclagem externa, os<br />

resíduos são reutilizados por outra empresa e serve como insumo dentro do seu processo<br />

produtivo.<br />

Nesse sentido, Barbieri (2004, p. 120) argumenta que a P+L envolve produtos e<br />

processos, estabelece uma seqüência de priori<strong>da</strong>des a serem seguid<strong>as</strong>: “prevenção, redução,<br />

reuso e reciclagem, tratamento com recuperação de materiais e energi<strong>as</strong>, tratamento e<br />

disposição final”.<br />

A metodologia <strong>da</strong> P+L foi desenvolvi<strong>da</strong> pela United Nations Industrial Development<br />

Organization (UNIDO) e é a b<strong>as</strong>e do programa de prevenção proposto pela United<br />

Environment Programe (UNEP) para <strong>as</strong> nações em desenvolvimento. A metodologia <strong>da</strong> P+L<br />

é aplica<strong>da</strong> em 20 países, os quais constituem a rede internacional de <strong>Produção</strong> mais Limpa.<br />

No Br<strong>as</strong>il, o Governo Federal aderiu à declaração Internacional sobre <strong>Produção</strong> <strong>Mais</strong><br />

Limpa <strong>da</strong> ONU; o documento foi formalizado pela Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,


em 27 de novembro de 2003. Este documento compromete o governo a implementar <strong>as</strong><br />

polític<strong>as</strong> de produção mais limpa de acordo com os termos explícitos na declaração <strong>da</strong> ONU,<br />

e também reconhece oficialmente que o Br<strong>as</strong>il precisa adotar prátic<strong>as</strong> de produção e consumo<br />

sustentáveis (www.cebds.org.br).<br />

A produção mais limpa pode ser aplica<strong>da</strong> a processos de produção, aos produtos e<br />

também a vários tipos de serviços. Para os processos produtivos, está direciona<strong>da</strong> à economia<br />

de matéria-prima, água e energia; eliminação do uso de materiais tóxicos e redução <strong>da</strong><br />

quanti<strong>da</strong>de e toxici<strong>da</strong>de dos resíduos e emissões que foram gerados no processo. Em relação<br />

aos produtos, a P+L busca reduzir os impactos ambientais à saúde e à segurança, provocados<br />

pelo produto ao longo de seu ciclo de vi<strong>da</strong>, ou seja, desde a matéria-prima, processos de<br />

fabricação, uso do produto até o descarte final. Para serviços, a P+L direciona seu foco na<br />

incorporação de preocupação de questões ambientais, desde o projeto até a entrega ou<br />

execução dos serviços (www.cebds.org.br).<br />

O objetivo central <strong>da</strong> adoção <strong>da</strong> P+L é minimizar os resíduos e emissões combinando<br />

esforços de conservação de insumos e energia usados na produção, isto é feito produzindo<br />

novos produtos e não gerando resíduos. Assim, a empresa garante processos mais eficientes<br />

com um programa orientado para aumentar a eficiência de utilização dos materiais, com<br />

vantagens técnic<strong>as</strong>, econômic<strong>as</strong> além de estimular a inovação na empresa. As principais<br />

vantagens que permeiam a adoção desta técnica são: custos de produção mais baixos,<br />

aumento de eficiência e competitivi<strong>da</strong>de; evitar infrações aos padrões ambientais na<br />

legislação; diminuição de riscos de acidentes de trabalho e conseqüentemente melhoria d<strong>as</strong><br />

condições de saúde e segurança do trabalhador; melhores perspectiv<strong>as</strong> de mercado interno e<br />

externo; acesso às linh<strong>as</strong> de financiamento (www.pmais.com.br).<br />

Vári<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> têm emergido com o objetivo de reduzir a poluição através do uso<br />

consciente de matéria-prima, água e energia; isto significa redução de custos para a empresa,<br />

menos desperdícios e melhoria no processo de produção, além do que a transformação de<br />

resíduos em produtos torna a empresa mais competitiva e ecológica. Os consumidores estão<br />

ca<strong>da</strong> vez mais exigindo produtos “ambientalmente corretos”, isto é, os consumidores<br />

<strong>as</strong>sumem que a empresa (fabricante) seja tão responsável em relação à quali<strong>da</strong>de de seus<br />

produtos, como responsáveis na sua prática produtiva em relação ao meio ambiente, desse<br />

modo, o conceito de produção mais limpa visa promover o desenvolvimento sustentável<br />

(www.rs.senai.br).<br />

Nesse sentido, Porter (1986) argumenta que a empresa pode criar posições para<br />

diferenciar seus produtos do mercado, através d<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> competitiv<strong>as</strong>: competição em<br />

custo, diferenciação ou foco. A primeira envolve estratégi<strong>as</strong> para reduzir custos e melhorar o<br />

processo de produção, sempre atualizando-os; a segun<strong>da</strong> está relaciona<strong>da</strong> ao desenvolvimento<br />

de novos produtos para diferenciar <strong>da</strong> concorrência, agregando valor e inovando<br />

constantemente; a última estratégia envolve a busca de nichos de mercado, onde a empresa se<br />

especializará e se alinhará com <strong>as</strong> demand<strong>as</strong> dos potenci<strong>as</strong> clientes.<br />

A proposta de Porter (1986) em relação às estratégi<strong>as</strong> competitiv<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> empres<strong>as</strong><br />

está relaciona<strong>da</strong> com a produção mais limpa, uma vez que à medi<strong>da</strong> que a empresa adota a<br />

P+L, terá em economia de custos, eficiência no processo industrial, melhor quali<strong>da</strong>de dos<br />

produtos e fortalecimento <strong>da</strong> imagem <strong>da</strong> empresa frente à comuni<strong>da</strong>de, órgãos ambientais e<br />

clientes. Certamente est<strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> distinguirá a empresa dos demais concorrentes,<br />

estabelecendo um diferencial competitivo.<br />

4. Metodologia de Pesquisa<br />

Este trabalho apresenta du<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> mestr<strong>as</strong> sendo a primeira o desenvolvimento<br />

sustentável e a segun<strong>da</strong> a produção mais limpa. De acordo a revisão bibliográfica, verificou-se


que o desenvolvimento sustentável é um conceito amplo e atual, que faz interface com a<br />

produção mais limpa como uma estratégia ambiental adota<strong>da</strong> pel<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>. A maioria dos<br />

autores pesquisados evidencia a importância <strong>da</strong> adoção de uma política sustentável que<br />

priorize a preservação do meio ambiente, através de técnic<strong>as</strong> ambientais que orientam <strong>as</strong><br />

ativi<strong>da</strong>des d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>, além de estimular a produção e o consumo sustentáveis.<br />

Para realização deste trabalho, optou-se pela pesquisa exploratória, visto que há<br />

poucos estudos no que tange ao uso <strong>da</strong> técnica de <strong>Produção</strong> mais Limpa alia<strong>da</strong> aos princípios<br />

do <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong> e também, buscou-se contribuir para o aumento do volume<br />

de informações a respeito de <strong>Produção</strong> mais Limpa. Segundo Gil (1991), <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong><br />

exploratóri<strong>as</strong> visam proporcionar maior familiari<strong>da</strong>de com o problema e deixá-lo mais claro.<br />

De acordo com a abor<strong>da</strong>gem, a pesquisa é de caráter qualitativo, pois apresentaou<br />

informações que não podem ser quantificad<strong>as</strong> e também por julgar essa abor<strong>da</strong>gem mais<br />

apropria<strong>da</strong> para aprofun<strong>da</strong>r estudos sobre este tema (YIN, 2001).<br />

Foi definido como método a pesquisa bibliográfica e o estudo de c<strong>as</strong>o. A pesquisa<br />

bibliográfica, conforme Marconi e Lakatos (1999), abrange to<strong>da</strong> bibliografia já torna<strong>da</strong><br />

pública em relação ao tema de estudo e sua finali<strong>da</strong>de é colocar o pesquisador em contato<br />

direto com tudo o que já foi produzido sobre o <strong>as</strong>sunto.<br />

Foi escolhi<strong>da</strong> uma indústria de pequeno porte familiar, do setor moveleiro, que<br />

mediante levantamento prévio, está empenha<strong>da</strong> em produzir de modo sustentável. Segundo<br />

Gil (1991, p. 58), estudo de c<strong>as</strong>o é um método caracterizado pelo “estudo profundo e<br />

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado<br />

conhecimento”.<br />

Por tratar-se de estudo de c<strong>as</strong>o, definiu-se como população para esta pesquisa, o total<br />

de 15 colaboradores junto à empresa pesquisa<strong>da</strong>, enquanto a amostra é composta de dirigentes<br />

e colaboradores internos <strong>da</strong> organização, totalizando 5 (cinco) entrevistados. Foi utiliza<strong>da</strong> a<br />

amostra não probabilística intencional na qual, para Selltiz et al (1974, p. 584), o pesquisador<br />

escolhe o c<strong>as</strong>o que deve compor a amostra com b<strong>as</strong>e em um “bom julgamento e estratégia<br />

adequa<strong>da</strong>”.<br />

Cervo e Bervian (1996) comentam que os principais instrumentos de coleta de <strong>da</strong>dos<br />

são a entrevista, o questionário e o formulário. Nesta pesquisa, os <strong>da</strong>dos foram coletados em<br />

fontes primári<strong>as</strong> e secundári<strong>as</strong>. Para a técnica de coleta de informações em fontes primári<strong>as</strong>,<br />

utilizou-se a entrevista semi-estrutura<strong>da</strong> e observação não participante que será aplica<strong>da</strong> junto<br />

à empresa pesquisa<strong>da</strong>. As fontes secundári<strong>as</strong> utilizaram informações contid<strong>as</strong> na literatura<br />

acerca do tema pesquisado e documentos internos <strong>da</strong> empresa.<br />

5. Análise e Apresentação dos Resultados<br />

Nesta seção serão apresentados <strong>as</strong> informações obtid<strong>as</strong> junto à empresa pesquisa<strong>da</strong>,<br />

bem como a análise dos <strong>da</strong>dos levantados cujo objetivo é identificar e analisar o<br />

comportamento <strong>da</strong> empresa em relação ao desenvolvimento sustentável aliado aos princípios<br />

e técnic<strong>as</strong> <strong>da</strong> produção mais limpa, demonstrando a questão <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de na empresa; a<br />

geração de resíduos; a produção mais limpa; e a implicações <strong>da</strong> produção mais limpa sobre o<br />

desenvolvimento sustentável.<br />

5.1 A Sustentabili<strong>da</strong>de na Empresa<br />

A SB – Indústria e Comércio de Bancad<strong>as</strong> São Benedito Lt<strong>da</strong> é uma empresa do setor<br />

moveleiro, que tem um grande mix de produtos, tendo como carro-chefe <strong>as</strong> bancad<strong>as</strong> de<br />

madeira maciça. Localiza<strong>da</strong> no Paraná, é uma pequena empresa familiar, e possui atualmente<br />

15 funcionários.


A empresa é fabricante de bancad<strong>as</strong> de madeira, sobretudo para o setor de marcenaria,<br />

com ênf<strong>as</strong>e em atender à necessi<strong>da</strong>de do carpinteiro e marceneiro que utilizam a banca<strong>da</strong><br />

como uma ferramenta (mesa de apoio) para executar seus serviços. A empresa possui uma<br />

ampla linha de produtos destinados a marceneiros, carpinteiros, mecânicos, hobbyst<strong>as</strong> e afins<br />

A conscientização ambiental exige d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> produtos e processos menos<br />

agressivos ao meio ambiente. Produzir de modo sustentável, aumentar a produtivi<strong>da</strong>de e<br />

diminuir custos tornou-se uma necessi<strong>da</strong>de para <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> sobreviverem e manterem-se<br />

competitiv<strong>as</strong> no mercado. O desenvolvimento sustentável e a produção mais limpa aparecem<br />

como propost<strong>as</strong> para minimizar os impactos ambientais e contribuir para a satisfação dest<strong>as</strong><br />

necessi<strong>da</strong>des na empresa.<br />

De acordo com os dirigentes <strong>da</strong> empresa, a adoção de prátic<strong>as</strong> de produção sustentável<br />

aplica<strong>da</strong> na SB Bancad<strong>as</strong> começou no final do ano de 2002, impulsiona<strong>da</strong> pela dificul<strong>da</strong>de na<br />

compra <strong>da</strong> madeira nobre, que até então era extraí<strong>da</strong> de Rondônia, Mato Grosso e Amazônia.<br />

O proprietário <strong>da</strong> empresa relata que nos últimos três anos, a comercialização <strong>da</strong> madeira<br />

ficou muito difícil e ain<strong>da</strong> prevê que nos próximos cinco anos não mais serão extraíd<strong>as</strong><br />

madeir<strong>as</strong> nobres de florest<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>, o que nos di<strong>as</strong> atuais já está acontecendo.<br />

A empresa por sua vez viu-se obriga<strong>da</strong> a buscar nov<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> para <strong>da</strong>r<br />

continui<strong>da</strong>de em su<strong>as</strong> ativi<strong>da</strong>des e, preocupa<strong>da</strong> com <strong>as</strong> questões ambientais, a SB Bancad<strong>as</strong><br />

p<strong>as</strong>sou a trabalhar somente com madeir<strong>as</strong> de reflorestamento, o eucalipto, por exemplo.<br />

Existem mais de 500 (quinhent<strong>as</strong>) espécies de eucalipto; <strong>as</strong> florest<strong>as</strong> de eucalipto são uma<br />

nova fonte de suprimento de matéria-prima para <strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> moveleir<strong>as</strong>, lenha, serrados,<br />

compensados, lâmin<strong>as</strong> e painéis reconstituídos. O corte do eucalipto para industrialização<br />

ocorre em média com sete anos de i<strong>da</strong>de, enquanto <strong>as</strong> madeir<strong>as</strong> de lei a média é de 40<br />

(quarenta) anos.<br />

O eucalipto é uma árvore de ciclo curto, uma madeira de excelente quali<strong>da</strong>de, porém<br />

exige técnic<strong>as</strong> para trabalhar com essa espécie. Por tratar-se de árvores exótic<strong>as</strong>, <strong>as</strong> tor<strong>as</strong> de<br />

eucalipto depois de serrad<strong>as</strong> apresentam madeir<strong>as</strong> b<strong>as</strong>tante tort<strong>as</strong> e rachad<strong>as</strong>. Em algum<strong>as</strong><br />

regiões ain<strong>da</strong> existe preconceito em relação ao eucalipto, este fator é devido à cultura d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> que antes utilizavam o eucalipto como lenha “queimar”. Esta percepção está<br />

mu<strong>da</strong>ndo, tanto que seu valor de comercialização aumentou nos últimos anos e a deman<strong>da</strong><br />

para exportações cresceu muito.<br />

Segundo o diretor <strong>da</strong> SB Bancad<strong>as</strong>, a iniciativa <strong>da</strong> empresa em direção às prátic<strong>as</strong><br />

ambientais foi uma decisão acerta<strong>da</strong>, ele avalia que o reflorestamento é a alternativa para<br />

atender à deman<strong>da</strong> do consumo de produtos florestais e isto é a essência para combater a<br />

dev<strong>as</strong>tação d<strong>as</strong> florest<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>. Para a empresa isto se tornou um fator de competitivi<strong>da</strong>de e<br />

sobrevivência, pois os clientes <strong>da</strong> SB são empres<strong>as</strong> multinacionais que valorizam produtos<br />

ecologicamente corretos e a procedência <strong>da</strong> madeira. Est<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> incentivam seus<br />

fornecedores e clientes a praticarem a produção e o consumo sustentáveis.<br />

Outra iniciativa adota<strong>da</strong> pela empresa que visa a sustentabili<strong>da</strong>de é a criação de uma<br />

linha de móveis antigos em estilo medieval, fabricados com madeir<strong>as</strong> reciclad<strong>as</strong>, ou seja, são<br />

madeir<strong>as</strong> advind<strong>as</strong> de demolição de c<strong>as</strong><strong>as</strong>, tulh<strong>as</strong> e barracões construídos em madeira de<br />

peroba rosa de aproxima<strong>da</strong>mente 50 até 100 anos. Est<strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> são desmanchad<strong>as</strong> e <strong>as</strong><br />

madeir<strong>as</strong> são vendid<strong>as</strong> para a empresa, onde são lavad<strong>as</strong>, desinfetad<strong>as</strong> e tratad<strong>as</strong> com<br />

bactericid<strong>as</strong> para, posteriormente, serem restaurad<strong>as</strong> artesanalmente.<br />

Esta é uma prática que consiste em transformar madeir<strong>as</strong> velh<strong>as</strong> e inutilizáveis para<br />

outros fins, em móveis de luxo, uma ver<strong>da</strong>deira “obra de arte”. Desta forma, promove a<br />

sustentabili<strong>da</strong>de porque a SB reaproveita madeir<strong>as</strong> extremamente velh<strong>as</strong> e já extint<strong>as</strong>, sendo<br />

<strong>as</strong>sim, deixa de consumir nov<strong>as</strong> árvores que são desmatad<strong>as</strong> ilegalmente.<br />

5.2 A Geração de Resíduos


O ano de 2003 pode ser referido como o marco inicial <strong>da</strong> trajetória <strong>da</strong> SB Bancad<strong>as</strong><br />

em direção às prátic<strong>as</strong> sustentáveis. Com o uso de matéria-prima refloresta<strong>da</strong> (eucalipto),<br />

foram necessári<strong>as</strong> mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> no processo produtivo, fazendo com que ele fosse repensado e<br />

modificado para que se reduzissem custos, diminuíssem a geração de resíduos e aument<strong>as</strong>sem<br />

a produtivi<strong>da</strong>de.<br />

Quando a empresa trabalhava com madeir<strong>as</strong> de lei, est<strong>as</strong> eram comprad<strong>as</strong> pré-cortad<strong>as</strong><br />

(na medi<strong>da</strong> exata) e aparelhad<strong>as</strong>, isto significa que qu<strong>as</strong>e não tinha perca, rachadur<strong>as</strong>, peç<strong>as</strong><br />

tort<strong>as</strong> e peç<strong>as</strong> refugad<strong>as</strong>. Quando p<strong>as</strong>sou a trabalhar com o eucalipto, a empresa viu-se diante<br />

de outro grande problema o volume cumulativo de resíduos gerados durante o processo<br />

produtivo. A geração de resíduos é conseqüência direta <strong>da</strong> transformação de tor<strong>as</strong> em<br />

madeir<strong>as</strong> brut<strong>as</strong> e <strong>da</strong> madeira bruta em beneficia<strong>da</strong>.<br />

Os resíduos gerados ficavam expostos no chão de fábrica e a céu aberto, isto<br />

dificultava o espaço na planta de produção, circulação de pesso<strong>as</strong>, de carrinhos de carga e<br />

paleteiros dentro dos barracões que ficavam entupidos de madeir<strong>as</strong> descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong>. Não<br />

demorou muito para que os dirigentes <strong>da</strong> empresa visualiz<strong>as</strong>sem a imensidão do problema,<br />

pois os resíduos conflitavam com <strong>as</strong> questões ambientais, sua disposição exigia custos e<br />

problem<strong>as</strong> relacionados à falta de espaço para dispô-los.<br />

Para sanar o problema, a empresa teve que repensar todo seu processo produtivo<br />

criando mecanismos, investindo em nov<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> e equipamentos para minimizar a<br />

emissão de resíduos e o impacto que estava causando ao meio ambiente.<br />

O quadro a seguir apresenta os resíduos gerados em ca<strong>da</strong> processo de produção.<br />

PROCESSO<br />

PRODUTIVO<br />

Preparação <strong>da</strong><br />

madeira bruta<br />

Corte / verificação<br />

de medid<strong>as</strong><br />

PRINCIPAIS RESÍDUOS DESTINO<br />

• Costaneir<strong>as</strong> (faces, c<strong>as</strong>c<strong>as</strong> de tor<strong>as</strong>).<br />

• Rip<strong>as</strong> de madeira (que não atinge a bitola<br />

utiliza<strong>da</strong>).<br />

• Tocos de madeira (pe<strong>da</strong>ços de madeira<br />

até 200 mm).<br />

• Cavacos (resíduos de madeir<strong>as</strong> de aprox.<br />

50 x 20 mm).<br />

• Maravalha ou cepilhos (resíduos de<br />

madeira acima de 2,5 mm).<br />

• Tocos de madeira (pe<strong>da</strong>ços de madeira de<br />

medid<strong>as</strong> divers<strong>as</strong>).<br />

• Cavacos (resíduos de madeir<strong>as</strong> de aprox.<br />

50 x 20 mm).<br />

• Serragem (resíduos de madeira de 0,5 mm<br />

a 2,5 mm).<br />

• Reutilizado internamente.<br />

• Refilado e utilizado<br />

internamente.<br />

• Parcialmente reutilizado na<br />

fábrica os pe<strong>da</strong>ços de até de 100<br />

mm, o restante é vendido para<br />

lenha ou doado e <strong>as</strong> vezes<br />

estocados.<br />

• Vendidos para olari<strong>as</strong> e<br />

cerâmic<strong>as</strong>.<br />

• Vendidos para granja.<br />

• Parcialmente reutilizado na<br />

fábrica os pe<strong>da</strong>ços de até de 100<br />

mm, o restante é vendido para<br />

lenha ou doado e <strong>as</strong> vezes<br />

estocados.<br />

• Vendidos<br />

cerâmic<strong>as</strong>.<br />

para olari<strong>as</strong> e<br />

• Vendidos para granja.<br />

• Vendidos para granja.<br />

Desempeno • Maravalha ou cepilhos (resíduos de<br />

madeira acima de 2,5 mm).<br />

Seleção • Peç<strong>as</strong> refugad<strong>as</strong>, descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong>. • Reutilizado internamente<br />

Prensagem • Este processo não gera resíduos.<br />

Desengrosso • Cavacos (resíduos de madeir<strong>as</strong> de aprox. • Vendidos para olari<strong>as</strong> e<br />

50 x 20 mm).<br />

cerâmic<strong>as</strong>.<br />

• Maravalha ou cepilhos (resíduos de<br />

madeira acima de 2,5 mm).<br />

• Vendidos para granja.<br />

Encaixe/ emen<strong>da</strong> • Cavacos (resíduos de madeir<strong>as</strong> de aprox. • Vendidos para olari<strong>as</strong> e<br />

50 x 20 mm).<br />

cerâmic<strong>as</strong>.<br />

• Serragem (resíduos de madeira de 0,5 mm • Vendidos para granja.


Furação •<br />

a 2,5 mm).<br />

Serragem (resíduos de madeira de 0,5 mm<br />

a 2,5 mm).<br />

• Maravalha ou cepilhos (resíduos de<br />

madeira acima de 2,5 mm).<br />

• Vendidos para granja.<br />

• Vendidos para olari<strong>as</strong> e<br />

cerâmic<strong>as</strong>.<br />

Montagem • Peç<strong>as</strong> <strong>da</strong>nificad<strong>as</strong> e refugad<strong>as</strong>. • Reutilizado internamente.<br />

Lixação • Pó (resíduo de madeir<strong>as</strong> menor que 0,5<br />

mm).<br />

• Vendidos para granja.<br />

Acabamento • Rebarb<strong>as</strong> de madeira. • È vendido junto com a serragem.<br />

Pintura • Partícul<strong>as</strong> de produtos químicos no ar. • Não existe nenhuma ação<br />

reparadora, <strong>as</strong> partícul<strong>as</strong> são<br />

lançad<strong>as</strong> no ar.<br />

Revisão • Este processo não gera resíduo.<br />

Embalagem • Restos de papelão, plásticos. • Vão para o lixo.<br />

Fonte: Elaborado pelos autores.<br />

Quadro 1 – Resíduos Gerados durante o Processo de Fabricação de Bancad<strong>as</strong><br />

Verificou-se que a empresa utiliza algum<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> visando o reaproveitamento de<br />

resíduos através de prátic<strong>as</strong> de reciclagem interna e externa. A reciclagem interna ocorre<br />

quando os resíduos são reutilizados dentro <strong>da</strong> própria empresa, reaproveitando <strong>as</strong>sim <strong>as</strong> peç<strong>as</strong><br />

refugad<strong>as</strong>, tocos de madeir<strong>as</strong>, peç<strong>as</strong> que não atingem o tamanho ideal. A reciclagem externa<br />

ocorre quando a empresa vende ou doa para outr<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> os dejetos de madeir<strong>as</strong><br />

provenientes dos processos produtivos, este é c<strong>as</strong>o dos cavacos, maravalh<strong>as</strong> e serragem.<br />

Existem também, medid<strong>as</strong> reparador<strong>as</strong> quando parte dos resíduos são estocados.<br />

As costaneir<strong>as</strong> são os restos que sobram do desdobro primário d<strong>as</strong> tor<strong>as</strong>, onde se<br />

encontra a c<strong>as</strong>ca <strong>da</strong> árvore. Este processo acontece na serraria, onde <strong>as</strong> tor<strong>as</strong> são abert<strong>as</strong> e<br />

cortad<strong>as</strong>, o volume deste resíduo é grande; antes eram vendidos para serem moídos ou<br />

queimados, hoje a empresa transforma este resíduo em produtos e comercializa. Os tocos,<br />

rip<strong>as</strong> e pe<strong>da</strong>ços de madeir<strong>as</strong> de medid<strong>as</strong> divers<strong>as</strong>, são resultantes do processo de<br />

beneficiamento <strong>da</strong> madeira bruta, tais como refilo, corte e resto do processo de serragem.<br />

Existem peç<strong>as</strong> que são reaproveitad<strong>as</strong> para a fabricação de novos produtos, já <strong>as</strong> peç<strong>as</strong> que<br />

não atingem o tamanho mínimo utilizado na empresa são vendid<strong>as</strong> ou doad<strong>as</strong> para lenha. A<br />

serragem, maravalha ou cepilhos, cavacos e pó são os resíduos gerados do processo de corte,<br />

encaixes, furação, plainagem e lixação. Estes resíduos são armazenados em silos e vendidos<br />

para diversos fins, quais sejam: granj<strong>as</strong>, olari<strong>as</strong> e cerâmic<strong>as</strong>. Não existe nenhum tipo de<br />

contrato formal de ven<strong>da</strong> e o preço é relativamente baixo.<br />

Conforme apresentado anteriormente, a indústria moveleira gera uma quanti<strong>da</strong>de<br />

muito grande de resíduos. O Quadro 2 aponta a quanti<strong>da</strong>de aproxima<strong>da</strong> dos resíduos gerados<br />

na empresa.<br />

RESÍDUOS<br />

QUANTIDADE<br />

APROXIMADA<br />

PERCENTUAL EM RELAÇÃO AO<br />

VOLUME TOTAL DE MATÉRIA-<br />

PRIMA<br />

Costaneir<strong>as</strong> 30 m 3 / mês 10%<br />

Tocos / Rip<strong>as</strong> / Cavacos 30 m 3 / mês 20%<br />

Maravalh<strong>as</strong> ou Cepilhos / Serragem / Pó 240 m 3 / mês 20%<br />

Peç<strong>as</strong> refugad<strong>as</strong> 8 m 3 / mês 5%<br />

Fonte: SB Bancad<strong>as</strong>, a<strong>da</strong>ptado pelos autores.<br />

Quadro 2 – Quanti<strong>da</strong>de de Resíduos Gerados<br />

De acordo com o quadro 2, percebe-se que apesar de a empresa ser pequena, a<br />

quanti<strong>da</strong>de de resíduos gerados durante seu processo produtivo é grande. Para a empresa isto<br />

é um grande problema, primeiro porque os resíduos expostos a céu aberto acabam causando


impacto ao meio ambiente, ficando sujeita a mult<strong>as</strong> e o custo destes resíduos é alto, porque<br />

são comprados a preço de matéria-prima (madeira), o que significa prejuízo.<br />

Na próxima seção são detalhad<strong>as</strong> <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> já implementad<strong>as</strong> pela empresa para<br />

aproveitar o desperdício destes recursos (resíduos).<br />

5.3 A <strong>Produção</strong> mais Limpa<br />

Conforme descrito na seção 3, a P+L é uma ferramenta <strong>da</strong> gestão ambiental, a qual<br />

permite analisar o processo produtivo <strong>da</strong> empresa, detectar em quais etap<strong>as</strong> a matéria-prima<br />

está sendo desperdiça<strong>da</strong>, melhorar o aproveitamento deste material e diminuir os resíduos, ou<br />

seja, unir os objetivos ambientais aos processos produtivos reduzindo <strong>as</strong>sim os resíduos<br />

gerados que podem contaminar o meio ambiente.<br />

Segue o fluxograma utilizado (Figura 1) como referência para estabelecimento de<br />

priori<strong>da</strong>des na identificação de oportuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> P+L num processo produtivo.<br />

De acordo o fluxograma <strong>da</strong> P+L, busca-se prioritariamente, evitar a geração de<br />

resíduos e emissões na fonte (nível 1). Os resíduos que não podem ser evitados, podem ser<br />

reintegrados ao processo produtivo <strong>da</strong> empresa através <strong>da</strong> reciclagem interna (nível 2). Na<br />

impossibili<strong>da</strong>de de os resíduos serem reutilizados dentro <strong>da</strong> empresa, medid<strong>as</strong> de reciclagem<br />

externa, tratamento d<strong>as</strong> emissões e disposição dos resíduos podem ser adotad<strong>as</strong> (nível 3).<br />

Verificou-se que a SB Bancad<strong>as</strong> não possui um programa de produção mais limpa<br />

formalizado dentro <strong>da</strong> empresa, ou seja, implementado com o auxílio do SEBRAE e<br />

estruturado na metodologia do CNTL. No entanto, a empresa faz uso de prátic<strong>as</strong> ambientais<br />

de produção mais limpa e utiliza tal conceito para promover a sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> empresa.<br />

Segundo seus dirigentes, a aplicação <strong>da</strong> P+L foi impulsiona<strong>da</strong> não só pela preocupação<br />

ambiental, m<strong>as</strong> também pela forte influência dos benefícios econômicos que esta ferramenta<br />

<strong>da</strong> gestão ambiental proporciona.<br />

Nível 1<br />

MINIMIZAÇÃO DE<br />

RESÍDUOS E EMISSÕES<br />

PRODUÇÃO MAIS LIMPA<br />

Redução na fonte Reciclagem interna Reciclagem externa Ciclos biogênicos<br />

Modificação<br />

no produto<br />

Bo<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong><br />

Nível 2 Nível 3<br />

Modificação<br />

no processo<br />

Substituição de<br />

matéria-prim<strong>as</strong><br />

Estrutur<strong>as</strong> Materiais<br />

Modificação<br />

Tecnológica<br />

REUSO DE<br />

RESÍDUOS E EMISSÕES<br />

Fonte: Guia <strong>da</strong> P+L - Faça você mesmo (CEBDS, 2003, p. 38).<br />

Figura 1 – Fluxograma de Priori<strong>da</strong>des na Identificação de Oportuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> P+L<br />

De acordo com o gerente de produção, <strong>as</strong> etap<strong>as</strong> em que a matéria-prima estava sendo<br />

desperdiça<strong>da</strong> eram o beneficiamento <strong>da</strong> tora em madeira bruta e <strong>da</strong> madeira bruta em<br />

beneficia<strong>da</strong>, pois estes processos apresentam maior quanti<strong>da</strong>de de resíduos. Foram realizad<strong>as</strong><br />

algum<strong>as</strong> ações para sanar o problema, que serão explicad<strong>as</strong> posteriormente.


O Quadro 3 apresenta <strong>as</strong> ações de produção mais limpa aplicad<strong>as</strong> na SB Bancad<strong>as</strong> no<br />

período entre 2003 e 2006, seus resultados e sua cl<strong>as</strong>sificação, conforme o CEBDS, quanto<br />

aos níveis de ação: (1) redução na fonte; (2) reciclagem interna; (3) reciclagem externa.<br />

Verificou-se que a empresa pesquisa<strong>da</strong> tem vári<strong>as</strong> ações de produção mais limpa que<br />

visam à redução na emissão dos resíduos, reutilização dos resíduos gerados durante o<br />

processo produtivo que são reaproveitados dentro <strong>da</strong> empresa e os resíduos não utilizados são<br />

reciclados externamente.<br />

5.4 As <strong>Implicações</strong> <strong>da</strong> <strong>Produção</strong> mais Limpa sobre o <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong><br />

Um dos pontos-chave <strong>da</strong> produção mais limpa é reduzir a emissão de resíduos e<br />

desperdícios durante o processo produtivo; este novo modelo de produção visa<br />

instrumentalizar o conceito e prátic<strong>as</strong> do desenvolvimento sustentável.<br />

Seguem o detalhamento d<strong>as</strong> ações implementad<strong>as</strong> na empresa pesquisa<strong>da</strong> e a<br />

respectiva análise com os conceitos <strong>da</strong> implicação <strong>da</strong> produção mais limpa sobre o<br />

desenvolvimento sustentável.<br />

Em relação à substituição <strong>da</strong> matéria-prima, conforme já mencionado anteriormente, a<br />

madeira de lei foi substituí<strong>da</strong> por madeir<strong>as</strong> de reflorestamento, este fator vem ao encontro do<br />

princípio de bo<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de produção que visa à substituição de matéria-prima quando esta<br />

pode ser substituí<strong>da</strong> por outra fonte de recursos renováveis. A substituição por madeir<strong>as</strong><br />

reflorestáveis impulsiona a produção e o consumo sustentáveis. O atual padrão de produção e<br />

consumo são insustentáveis, a mu<strong>da</strong>nça destes padrões faz-se necessária para o mundo<br />

caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável.<br />

AÇÕES DE PRODUÇÃO<br />

MAIS LIMPA<br />

1) Substituição <strong>da</strong> matériaprima<br />

(madeira de<br />

reflorestamento)<br />

2) Reorganização e<br />

padronização no processo<br />

produtivo<br />

3) Ven<strong>da</strong> de serragem,<br />

maravalha ou cepilhos, cavacos<br />

e pó<br />

4) Investimento em nov<strong>as</strong><br />

RESULTADOS ANO NÍVEL DA AÇÃO<br />

Auto-sustentabili<strong>da</strong>de de fontes<br />

renováveis de matéria-prima<br />

Melhor aproveitamento de matériaprima,<br />

geração de menos resíduos.<br />

Reuso dos resíduos por outra<br />

empresa.<br />

2002<br />

2003<br />

Nível 1<br />

2003 Nível 1<br />

Redução<br />

2003 Nível 3<br />

Reciclagem<br />

externa<br />

Nível 1<br />

Melhor aproveitamento dos insumos. 2003<br />

máquin<strong>as</strong> e equipamentos<br />

2004 Redução<br />

5) Reutilização d<strong>as</strong> rip<strong>as</strong> de<br />

Reutilização d<strong>as</strong> rip<strong>as</strong> na empresa, 2004 Nível 2<br />

madeira descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong><br />

transformando em novos produtos.<br />

Reciclagem<br />

interna<br />

6) Reaproveitamento de pe<strong>da</strong>ços Reutilização dos tocos na empresa, 2004 Nível 2<br />

de madeira pequena (tocos) transformando em novos produtos.<br />

Reciclagem<br />

interna<br />

7) Reaproveitamento de peç<strong>as</strong> Reutilização d<strong>as</strong> peç<strong>as</strong> que antes 2004 Nível 2<br />

curt<strong>as</strong> ou estreit<strong>as</strong><br />

eram refugad<strong>as</strong>.<br />

Reciclagem<br />

interna<br />

8) Substituição de ferros por Redução de resíduos provenientes de 2005 Nível 1<br />

madeir<strong>as</strong> que eram inutilizad<strong>as</strong> ferro.<br />

Redução<br />

9) Investimento em nov<strong>as</strong><br />

Redução na geração de resíduos 2004 Nível 1<br />

ferrament<strong>as</strong><br />

(serragem e cepilhos).<br />

Redução<br />

10) Substituição de embalagens Eliminação do desperdício de papel. 2004 Nível 1<br />

Redução<br />

11) Substituição de nova<br />

Melhor aproveitamento <strong>da</strong> madeira – 2005 Nível 1<br />

máquina<br />

diminuição dos resíduos.<br />

2006 Redução<br />

12) Aproveitamento d<strong>as</strong> Reutilização d<strong>as</strong> costaneir<strong>as</strong>, 2006 Nível 2


costaneir<strong>as</strong> de tor<strong>as</strong> transformando em novos produtos. Reciclagem<br />

interna<br />

Fonte: Elaborado pelos autores.<br />

Quadro 3 – Ações de <strong>Produção</strong> mais Limpa<br />

A reorganização e padronização no processo produtivo fizeram-se necessári<strong>as</strong> para<br />

atender à substituição por madeira de reflorestamento; o processo produtivo <strong>da</strong> empresa teve<br />

de ser repensado e reorganizado, visando sempre o melhor aproveitamento d<strong>as</strong> madeir<strong>as</strong> e a<br />

geração de menos resíduos. A padronização do processo de produção foi implanta<strong>da</strong> para<br />

aumentar a produtivi<strong>da</strong>de, melhorar a quali<strong>da</strong>de do produto e estabelecer medid<strong>as</strong> máxim<strong>as</strong> de<br />

matéria-prima a ser utiliza<strong>da</strong>. A modificação nos processos produtivos é também um pontochave<br />

<strong>da</strong> produção mais limpa.<br />

Em relação aos resíduos (serragem, maravalha ou cepilhos, cavacos e pó), são<br />

reciclados externamente. Apesar do esforço <strong>da</strong> empresa para aproveitar os resíduos<br />

internamente, neste c<strong>as</strong>o não tem como ser aproveitado, razão pela qual a SB vende estes<br />

resíduos para outr<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> que possam utilizá-los. A reciclagem externa é uma estratégia<br />

de P+L que tem como objetivo o reuso de resíduos externamente ou a disposição destes em<br />

lugar seguro que não cause <strong>da</strong>nos ao meio ambiente.<br />

O investimento em nov<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong>, equipamentos e ferrament<strong>as</strong> foi feito com o<br />

intuito de melhorar o aproveitamento d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> e prevenir a geração de resíduos.<br />

Este processo realizou-se por meio de substituição d<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> por outr<strong>as</strong> que geram menos<br />

resíduos, instalação do sistema de exaustores que suga serragem, cepilhos e pó d<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong><br />

e armazena no silo e também pela modernização em ferrament<strong>as</strong> em wídea que proporciona<br />

maior durabili<strong>da</strong>de d<strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> e melhor acabamento <strong>da</strong> madeira. A adoção de tecnologia<br />

limpa tem como princípio evitar o desperdício de recursos e proteger o meio ambiente<br />

almejando o desenvolvimento sustentável.<br />

A reutilização de rip<strong>as</strong>, tocos de madeira, peç<strong>as</strong> descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> e costaneir<strong>as</strong> de tor<strong>as</strong><br />

é uma medi<strong>da</strong> de reciclagem interna, visto que estes resíduos voltam ao processo que os gerou<br />

e são reaproveitados para a fabricação de novos produtos. A transformação de resíduos em<br />

novos produtos é o objetivo central <strong>da</strong> P+L, isto porque a matéria-prima é utiliza<strong>da</strong><br />

eficientemente, estimula a inovação dentro <strong>da</strong> empresa, diminui o custo de produção, gera<br />

benefícios econômicos para a empresa e não degra<strong>da</strong> o meio ambiente.<br />

Segundo os dirigentes <strong>da</strong> empresa, a estratégia de reutilizar os resíduos que antes eram<br />

um grande problema e transformá-los em novos produtos é um fator de sobrevivência para a<br />

empresa, porque os resíduos geravam custos, conflitos ambientais e falta de espaço na planta<br />

de produção. Esta estratégia de P+L veio ao encontro <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> empresa em fazer<br />

algo para minimizar os resíduos e diminuir seus custos que estavam alto por função do<br />

desperdício <strong>da</strong> madeira.<br />

O reaproveitamento d<strong>as</strong> peç<strong>as</strong> curt<strong>as</strong> e estreit<strong>as</strong> tem como objetivo aproveitar <strong>as</strong><br />

madeir<strong>as</strong> que eram descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> em função de não atingir o tamanho ou a largura mínima<br />

exigi<strong>da</strong>. Este processo consiste em emen<strong>da</strong>r <strong>as</strong> madeir<strong>as</strong> tanto na largura quanto no<br />

comprimento para serem utilizad<strong>as</strong> no processo de fabricação. Este fator é um ponto chave <strong>da</strong><br />

P+L, pois proporciona vantagens econômic<strong>as</strong> para empresa e torna o processo mais eficiente,<br />

além de alavancar a capacitação técnica dentro <strong>da</strong> empresa.<br />

A substituição de ferro por madeir<strong>as</strong> é outra estratégia de P+L adota<strong>da</strong> pela empresa.<br />

Essa estratégia consiste na substituição dos parafusos <strong>da</strong> banca<strong>da</strong> que antes eram fabricados<br />

em ferro pela substituição de parafusos fabricados em madeira que estavam descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong><br />

em função do tamanho. Segundo o gerente de produção, os parafusos em madeira foi um<br />

diferencial, reduziu custos e contribuiu com o aproveitamento d<strong>as</strong> peç<strong>as</strong> descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong>,<br />

além de eliminar os resíduos de ferro que eram gerados, tais como, cavacos e pont<strong>as</strong> de ferro.<br />

Estima-se que os resíduos de ferro somavam 25 kg / mês e eram doados para sucata.


A substituição de embalagens é outra prática adota<strong>da</strong> pela empresa para não gerar lixo.<br />

As caix<strong>as</strong> de papelão que não eram aproveitad<strong>as</strong> pelo cliente foram substituíd<strong>as</strong> por fio<br />

sintético (sem <strong>da</strong>nificar o produto), o custo <strong>da</strong> embalagem reduziu e eliminou-se o desperdício<br />

de papel.<br />

O quadro 4 reúne, a partir desta análise, a dimensão do desenvolvimento sustentável<br />

considerando <strong>as</strong> implicações de ca<strong>da</strong> ação de produção mais limpa.<br />

AÇÕES DE P + L<br />

1) Substituição <strong>da</strong> matéria-prima<br />

(madeira de reflorestamento)<br />

2) Reorganização e padronização no<br />

processo produtivo<br />

3) Ven<strong>da</strong> de serragem, maravalha ou<br />

cepilhos, cavacos e pó<br />

4) Investimento em nov<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> e<br />

equipamentos<br />

5) Reutilização d<strong>as</strong> rip<strong>as</strong> de madeira<br />

descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong><br />

6) Reaproveitamento de pe<strong>da</strong>ços de<br />

madeira pequena (tocos)<br />

7) Reaproveitamento de peç<strong>as</strong> curt<strong>as</strong> ou<br />

estreit<strong>as</strong><br />

8) Substituição de ferros por madeir<strong>as</strong><br />

que eram inutilizad<strong>as</strong><br />

DIMENSÃO DO<br />

DESENVOLVIEMNTO<br />

SUSTENTÁVEL<br />

BENEFÍCIOS<br />

ECOLÓGICA Priorização dos recursos<br />

renováveis.<br />

ECOLÓGICA e Geração de menos resíduos,<br />

ECONÔMICA diminuição nos custos de<br />

produção, processo mais<br />

eficiente e melhoria no<br />

ambiente de trabalho.<br />

ECONÔMICA Reciclagem externa.<br />

ECOLÓGICA Adoção de tecnologia limpa<br />

que previne problem<strong>as</strong><br />

ECOLÓGICA e<br />

ECONÔMICA<br />

ECOLÓGICA e<br />

ECONÔMICA<br />

ECOLÓGICA e<br />

ECONÔMICA<br />

ECOLÓGICA e<br />

ECONÔMICA<br />

ambientais.<br />

Reaproveitamento dos<br />

resíduos, evita desperdícios e<br />

menor custo para empresa.<br />

Reaproveitamento dos<br />

resíduos, evita desperdícios e<br />

menor custo para empresa.<br />

Reaproveitamento dos<br />

resíduos, evita desperdícios e<br />

menor custo para empresa.<br />

Evita geração de novos<br />

resíduos, aproveita madeir<strong>as</strong><br />

descl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> e diminui os<br />

custos.<br />

9) Investimento em nov<strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> ECONÔMICA Maior vi<strong>da</strong> útil d<strong>as</strong><br />

ferrament<strong>as</strong>, melhor<br />

10) Substituição de embalagens ECOLÓGICA e<br />

acabamento d<strong>as</strong> madeir<strong>as</strong>.<br />

Evita desperdício de papel e<br />

ECONÔMICA embalagem mais barata.<br />

11) Substituição de nova máquina ECOLÓGICA Prevenção para geração de<br />

menos resíduos.<br />

12) Aproveitamento d<strong>as</strong> costaneir<strong>as</strong> de<br />

ECOLÓGICA e Reaproveitamento dos<br />

tor<strong>as</strong><br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

ECONÔMICA resíduos, evita desperdícios e<br />

menor custo para empresa.<br />

Quadro 4 – As <strong>Implicações</strong> <strong>da</strong> <strong>Produção</strong> mais Limpa sobre <strong>as</strong> Dimensões do <strong>Desenvolvimento</strong><br />

<strong>Sustentável</strong><br />

Constata-se, portanto, que <strong>as</strong> implicações <strong>da</strong> produção mais limpa sobre <strong>as</strong> dimensões<br />

do desenvolvimento sustentável contribuem para a harmonia d<strong>as</strong> dimensões econômic<strong>as</strong> e<br />

ecológic<strong>as</strong> do desenvolvimento sustentável, cujo propósito é resolver ou amenizar os<br />

problem<strong>as</strong> ambientais por meio <strong>da</strong> adoção de técnic<strong>as</strong> que promovem a produção mais limpa.<br />

6. Considerações Finais


A sustentabili<strong>da</strong>de é um fator de extrema importância para <strong>as</strong>segurar a quali<strong>da</strong>de de<br />

vi<strong>da</strong> para <strong>as</strong> gerações futur<strong>as</strong> e, para isso, é preciso que <strong>as</strong> empres<strong>as</strong>, o governo e a<br />

comuni<strong>da</strong>de contribuam com prátic<strong>as</strong> que podem salvar o planeta. De modo geral, <strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong> estão começando a se adequar frente aos novos padrões ambientais, que buscam<br />

produtos ecologicamente corretos, preservação do meio ambiente, processos de produção que<br />

não causam <strong>da</strong>nos ambientais. As empres<strong>as</strong> estão percebendo que promover a<br />

sustentabili<strong>da</strong>de e a preservação ambiental não é apen<strong>as</strong> uma questão de cumprir obrigações<br />

com órgãos ambientais, m<strong>as</strong> sim um fator de sobrevivência <strong>da</strong> organização e também de<br />

competitivi<strong>da</strong>de.<br />

Através dos resultados obtidos por meio de entrevist<strong>as</strong>, observação não participante e<br />

do levantamento bibliográfico, pôde-se perceber que está crescendo a preocupação d<strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> em relação ao meio ambiente, porém esta preocupação é b<strong>as</strong>tante<br />

tími<strong>da</strong> em nível nacional. Este fator pode ser devido à cultura br<strong>as</strong>ileira que nunca valorizou<br />

<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong> do país onde se acreditava que os recursos naturais eram infinitos.<br />

Pôde-se observar também algum<strong>as</strong> ações implementad<strong>as</strong> na empresa que buscam<br />

contribuir com o meio ambiente dentro dos conceitos do desenvolvimento sustentável e <strong>da</strong><br />

produção mais limpa, cujo objetivo está em que a empresa alcance sua sustentabili<strong>da</strong>de,<br />

utilizando matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> de fontes renováveis, reorganizando seu processo produtivo e<br />

diminuindo a geração de resíduos, de forma a reduzir o impacto negativo que ela vinha<br />

causando ao meio ambiente.<br />

Uma observação importante refere-se ao fato de que a empresa implantou ações de<br />

produção mais limpa, reorganizou seu processo produtivo de modo sustentável, o que também<br />

vem ao encontro dos conceitos <strong>da</strong> produção mais limpa, sem precisamente saber dessa técnica<br />

em sua concepção teórica. Através disto, a empresa obteve redução dos custos de produção,<br />

maior produtivi<strong>da</strong>de, prevenção na geração de resíduos e reciclagem dos materiais<br />

desperdiçados.<br />

Referênci<strong>as</strong>:<br />

ALMEIDA, F. O bom negócio <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.<br />

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo:<br />

Saraiva, 2004.<br />

BRÜSEKE, F. J. O problema do desenvolvimento sustentável. In: CAVALCANTI, Clóvis (Org.).<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> e Natureza: estudos para uma socie<strong>da</strong>de sustentável. 2. ed. São Paulo: Cortez,<br />

1998. cap. 2, p. 29-37.<br />

CEBDS. Conselho Empresarial para o <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong>. Guia <strong>da</strong> <strong>Produção</strong> mais Limpa<br />

– Faça Você Mesmo. Disponível em: http//www.cbds.com.br. Acesso em: 12/01/2006.<br />

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4º ed. São Paulo: Makron Books do Br<strong>as</strong>il,<br />

1996.<br />

CMMAD – COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso<br />

futuro comum. Relatório Brundtland. Rio de Janeiro: Fun<strong>da</strong>ção Getúlio Varg<strong>as</strong>, 1988.<br />

FERRÃO, P. C. Introdução à gestão ambiental: a avaliação do ciclo de vi<strong>da</strong> de produtos. Portugal:<br />

Lisboa, 1998.<br />

GIANSANTI, R. O Desafio do <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong>. 2º. ed. São Paulo: Atual, 1999.<br />

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3º. ed. São Paulo: Atl<strong>as</strong>, 1991.<br />

JARDIM, J. de S. <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong>, <strong>Desenvolvimento</strong> como Liber<strong>da</strong>de e a<br />

Construção <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia na Perspectiva Ambiental. In: Revista do Programa de Mestrado em<br />

Direito do UniCEUB, Br<strong>as</strong>ília v.2, n. 1, p. 189-201, jan./jun. 2005.<br />

LAZZARINI, M.; GUNN, L. Artigo-b<strong>as</strong>e sobre produção e consumo sustentáveis. In: CAMARGO,<br />

A.; CAPOBIANCO, J. P.; OLIVEIRA, J. A. P. (Orgs.). Meio Ambiente Br<strong>as</strong>il: avanços e obstáculos<br />

pós Rio-92. 2. ed. São Paulo: Liber<strong>da</strong>de, 2004, p. 414-431.<br />

LEFF, E. Saber Ambiental: Sustentabili<strong>da</strong>de, Racionali<strong>da</strong>de, Complexibili<strong>da</strong>de, poder. Rio de<br />

Janeiro: Vozes, 2001.


MAIA, T.; WILK, E. de O. <strong>Produção</strong> <strong>Mais</strong> Limpa e Vantagem Competitiva: Estudo de C<strong>as</strong>o em<br />

Uma Empresa do Setor Plástico do Rio Grande do Sul. ENCONTRO NACIONAL DOS<br />

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, XXVIII., 2004, Curitiba. Anais...<br />

MADRUGA, K. C. R. <strong>Produção</strong> <strong>Mais</strong> Limpa na Indústria Automotiva: Um Estudo de<br />

Fornecedores no Estado do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós Graduação<br />

em Administração), Porto Alegre, 2000.<br />

MARCONI, M. A. de; LAKATOS, E. M.; Técnic<strong>as</strong> de Pesquisa: planejamento e execução,<br />

amostragem e técnic<strong>as</strong> de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de <strong>da</strong>dos. 4 ed. São Paulo:<br />

Atl<strong>as</strong>, 1999.<br />

MONTIBELLER FILHO, G. O mito do desenvolvimento <strong>Sustentável</strong>: meio ambiente e custos<br />

sociais no moderno sistema produtor de mercadori<strong>as</strong>. Florianópolis: Ed. Da UFCS, 2004.<br />

NASSIF, V. M. J.; et al. Afinal, quem é o Líder voltado aos Princípios do <strong>Desenvolvimento</strong><br />

<strong>Sustentável</strong>? ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM<br />

ADMINISTRAÇÃO, XXVIII., 2004, Curitiba. Anais...<br />

PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: Técnic<strong>as</strong> para Análise de Indústri<strong>as</strong> e <strong>da</strong> Concorrência. Rio<br />

de Janeiro: Campus, 1986.<br />

PRODUÇÃO MAIS LIMPA E LUCRATIVIDADE. Gazeta Mercantil. São Paulo, Ago. 2005.<br />

Disponível em: . Acesso em: 25/04/2006.<br />

REDE BRASILEIRA DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA. Relatório de Ativi<strong>da</strong>des 1999 - 2002.<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 12/04/2006.<br />

REDE BRASILEIRA DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA. Relatório de Ativi<strong>da</strong>des dos Núcleos<br />

Regionais SEBRAE 2003/2004. Disponível em: <br />

Acesso em: 22/05/2006.<br />

SACHS, I. <strong>Desenvolvimento</strong> sustentável, bio-industrialização descentraliza<strong>da</strong> e nov<strong>as</strong> configurações<br />

rural-urban<strong>as</strong>. In: VIEIRA, P.F.; WEBER, J. (Orgs.). Gestão de Recursos Naturais Renováveis e<br />

<strong>Desenvolvimento</strong>: novos desafios para a pesquisa ambiental. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000. p.<br />

469-491.<br />

SELLITIZ, C.; WRIGHTSMAN, L. S.; COOK, S. W. Métodos de pesquisa n<strong>as</strong> relações sociais. São<br />

Paulo: Ed. Pe<strong>da</strong>gógica e Universitária, 1974.<br />

SITES CONSULTADOS<br />

www.cbeds.org.br – Conselho Empresarial Br<strong>as</strong>ileiro para o <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong>. Disponível<br />

em: . Acesso em: 12/04/2006.<br />

www.cbds.org.br – Conselho Empresarial Br<strong>as</strong>ileiro para o <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong>. Disponível<br />

em: <br />

Acesso em: 25/04/2006.<br />

www.greenpeace.org.br – Organização ambiental sem fins lucrativos. Acesso em: 27/03/2006.<br />

www.idec.org.br – Instituto Br<strong>as</strong>ileiro de Defesa do Consumidor. Acesso em: 13/04/2006.<br />

www.pr.gov.br – AGENDA, 21 – Documento d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 21/03/2006.<br />

www.rs.senai.br – Centro Nacional de Tecnologi<strong>as</strong> Limp<strong>as</strong>. Disponível em:<br />

. Acesso em: 14/03/2006.<br />

www.sebrae.com.br – Serviço Br<strong>as</strong>ileiro de Apoio às Micro e Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong>. Disponível em:<br />

. Acesso em: 26/04/2006

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!