viagens espaciais, usando tec<strong>no</strong>logi<strong>as</strong> para nós <strong>de</strong>sconhecid<strong>as</strong>; m<strong>as</strong> <strong>da</strong>í a perfilhar a versão <strong>de</strong> Fina d'Arma<strong>da</strong> e <strong>de</strong> Joaquim Fernan<strong>de</strong>s vai uma gran<strong>de</strong> distância que, em boa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, falta preencher com prov<strong>as</strong> físic<strong>as</strong>, objectiv<strong>as</strong>, palpáveis, aceites pela Ciência e reconhecid<strong>as</strong> por enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s oficiais. Nesta conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>, confesso que tenho muit<strong>as</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em imaginar uns tantos aliens, mesmo que oriundos do ponto mais próximo do Sistema Solar, que será um possível planeta <strong>da</strong> estrela Alfa Centauri, a embarcarem numa nave espacial para cobrirem 4,3 a<strong>no</strong>s-luz até chegarem à <strong>no</strong>ssa pequena Terra ccxiii … para fazer o quê ? Para dizerem a três pobres crianç<strong>as</strong> que apren<strong>de</strong>ssem a ler, que rez<strong>as</strong>sem o terço, que não ofen<strong>de</strong>ssem Nosso Senhor? E que, à <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong>, <strong>as</strong> engan<strong>as</strong>sem, dizendo-lhes que a guerra acabava nesse dia ?! A VERSÃO IMAMITA Em Os Mouros Fatimid<strong>as</strong> e <strong>as</strong> Aparições <strong>de</strong> Fátima, Moisés Espírito Santo apresenta uma versão cautelosa dos acontecimentos, não só <strong>de</strong>ver<strong>as</strong> interessante como bem mais verosímil.. Ao contrário do que comummente se crê, não foram árabes quem invadiu a Península Ibérica em 711, m<strong>as</strong> sim berberes <strong>de</strong> Marrocos, pertencentes às tribus Macemu<strong>da</strong> e Zenaga, coman<strong>da</strong>dos por um berbere, Tarik . Os Macemud<strong>as</strong> diziam-se <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Fátima, filha <strong>de</strong> Mohamed, e a sua doutrina era o chiismo primitivo, consi<strong>de</strong>rado herético pelo Islão ortodoxo, ou sunita, e que tinha muitos pontos comuns com o g<strong>no</strong>sticismo, o zoro<strong>as</strong>trismo e o misticismo cristão. Para os chiit<strong>as</strong>, a legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sucessão do Profeta pertence aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Fátima, cujo marido, Ali ibn Abi Talib, foi o primeiro Imam, <strong>de</strong>le <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ndo onze imames. Esta <strong>de</strong>scendência, que podia ser genealógica ou espiritual, implicava a transmissão <strong>de</strong> um Segredo sobre a chave para a interpretação do sentido secreto e alegórico do Corão. O último Imam, Muhamad al-Muntazar (Mohamed, o Esperado), n<strong>as</strong>ceu, miraculosamente, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 255 <strong>da</strong> Hégira (868 A.D.) e miraculosamente <strong>de</strong>sapareceu cinco a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois; ocultou-se fisicamente, m<strong>as</strong> vive, ain<strong>da</strong> hoje, <strong>no</strong> seu corpo físico, num mundo supra-sensível, aguar<strong>da</strong>ndo a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> hora <strong>da</strong> Desocultação Messiânica em que, como Messi<strong>as</strong>, combaterá a injustiça e a <strong>de</strong>cadência moral, após o que virá o Senhor Jesus, filho <strong>de</strong> Maria, para o Julgamento Final. Os Macemu<strong>da</strong> e Zenaga ocuparam a Serra <strong>de</strong> Aire, on<strong>de</strong>, naturalmente, <strong>de</strong>ixaram numerosos vestígios toponímicos, quer <strong>da</strong> sua presença <strong>de</strong> cinco séculos, quer do seu próprio sistema religioso. Citem-se, a título <strong>de</strong> exemplo, Moçomodia, uma al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Fátima, que <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> Macemu<strong>da</strong>; Zanaga, um bairro <strong>de</strong> Caixari<strong>as</strong>, que vem <strong>de</strong> Zenaga; Fátima, a freguesia, que retirou o seu <strong>no</strong>me <strong>de</strong> Fátima, a filha do vali <strong>de</strong> Alcácer do Sal e protagonista <strong>de</strong> uma bela len<strong>da</strong> dos tempos <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> Portugal ccxiv ; Fazarga, um cabeço situado a cerca <strong>de</strong> dois quilómetros <strong>da</strong> Cova <strong>da</strong> Iria, que vem <strong>de</strong> az-Zagra, a Resplan<strong>de</strong>cente, um dos títulos <strong>de</strong> Fátima, esta a filha do Profeta; Chita, uma ribeira, <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>de</strong> chiita; Aljustrel, que virá do hebraico, ou do púnico, ahl ses tr'eli, gente que invoca o regresso <strong>de</strong> Ali, ou Eli<strong>as</strong>; Ma<strong>da</strong>lena, uma corrupção do árabe mahdi i' lana, messi<strong>as</strong> anunciado; Iria, que <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> riya (lê-se eriía), um grau do sufismo ccxv , que significa aparecer, mostrar-se, porque o iniciado sufi começa a ver cois<strong>as</strong>, etc. Assim, na opinião <strong>de</strong>ste autor, ccxvi é muito provável que na região que hoje é a Cova <strong>da</strong> Iria, sufis d<strong>as</strong> tribus Macemu<strong>da</strong> ou Zenaga hajam tido vári<strong>as</strong> visões que terão tomado pelo Imam Oculto ou por Fátima, a filha do Profeta. Séculos mais tar<strong>de</strong>, <strong>as</strong> visões ter-se-ão repetido na presença <strong>de</strong> três crianç<strong>as</strong> que tinham acabado <strong>de</strong> rezar <strong>as</strong> cont<strong>as</strong>, uma prática semelhante à que os sufis usam para alcançarem o êxt<strong>as</strong>e, cujos relatos contêm a mesma g<strong>no</strong>se dos fatimid<strong>as</strong> macemud<strong>as</strong>: "aparição do Oculto, vulto <strong>de</strong> luz m<strong>as</strong>culi<strong>no</strong>-femini<strong>no</strong> <strong>de</strong> 15 a<strong>no</strong>s, cinco figur<strong>as</strong> ao lado do sol, sinais <strong>no</strong> sol", diz Moisés Espírito Santo ccxvii Daí que, hoje em dia, os Marroqui<strong>no</strong>s estejam persuadidos <strong>de</strong> que os Portugueses veneram, na Cova <strong>da</strong> Iria, Sai<strong>da</strong>tuna Fatemah (Senhora Nossa Fátima), ou Leila Fatemah (Dama Fátima) ccxviii . 38 * * *
Em minha opinião, o que se p<strong>as</strong>sou na Cova <strong>da</strong> Iria <strong>no</strong>s séculos VIII - XII e, <strong>de</strong>pois, <strong>no</strong> século XX, foi, <strong>de</strong> facto, a visão <strong>de</strong> uma ou mais enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, m<strong>as</strong> não obrigatoriamente pertencentes à tradição Islâmica ou Cristã, como veremos mais à frente. A VERSÃO ESPÍRITA Esta versão é exposta por Fina d'Arma<strong>da</strong> em Fátima. Diz a autora ccxix que Furtado <strong>de</strong> Mendonça escreveu um livro, Um Raio <strong>de</strong> Luz sobre Fátima, em 1974, em Luan<strong>da</strong>, on<strong>de</strong> afirma que o que se observou na Cova <strong>da</strong> Iria foi uma manifestação crística, e, portanto, foi Cristo, e não a Virgem, quem os vi<strong>de</strong>ntes, excelentes médiuns, viram. O autor lamenta, ain<strong>da</strong>, que <strong>as</strong> numeros<strong>as</strong> comunicações do Astral, anunciando para breve a <strong>as</strong>sinatura <strong>de</strong> paz entre <strong>as</strong> nações em guerra, não tivessem sido tomad<strong>as</strong> em consi<strong>de</strong>ração, e que, numa sessão espírita realiza<strong>da</strong> em 7 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1917, foi recebi<strong>da</strong> uma mensagem do Além em que, entre divers<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>rações mais ou me<strong>no</strong>s difíceis <strong>de</strong> interpretar, se afirmava que "A <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> Maio [seria] <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alegria para os bons espírit<strong>as</strong> <strong>de</strong> todo o mundo" ccxx . M<strong>as</strong> houve mais alert<strong>as</strong> para o que se <strong>iria</strong> p<strong>as</strong>sar. O Diário <strong>de</strong> Notíci<strong>as</strong> <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1917 publicou um anúncio que, sob o título "135917", dizia "Não esqueç<strong>as</strong> o dia feliz em que fin<strong>da</strong>rá o <strong>no</strong>sso martírio. A guerra que <strong>no</strong>s fazem terminará"; Fina d'Arma<strong>da</strong> interpreta o título e o dia feliz como o <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1917 e a guerra como a perseguição aos espírit<strong>as</strong> ccxxi . No Porto, um espírita enviou aos jornais um postal do seguinte teor: "Porto, 11 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1917. Srs. Re<strong>da</strong>ctores. Foi participado pelos Espíritos, a diversos grupos espírit<strong>as</strong>, que <strong>no</strong> dia 13 do corrente há-<strong>de</strong> <strong>da</strong>r-se um facto, a respeito <strong>da</strong> guerra, que impressionará fortemente to<strong>da</strong> a gente" ccxxii . Como seria <strong>de</strong> esperar, Fina d'Arma<strong>da</strong> não subscreve esta tese; eu também não, embora seja a que mais se aproxima <strong>da</strong> que me parece a mais correcta. 39 * * *
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