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A memória ao alcance das mãos

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Mais de 12 mil brinquedos guardados em um apartamento na Vila Mariana, em São Paulo<br />

Ordem no c<strong>ao</strong>s<br />

Para valorizar e preservar uma coleção, seja do que for, há regras básicas<br />

como conservação e catalogação.<br />

Por Carlos Costa | Fotos André Seiti<br />

reportagem<br />

Uma coleção organizada adquire outro status. Seja de selos, brinquedos ou arte. Catalogação, conservação,<br />

prevenção do manuseio danoso, restauração dos itens danificados. Essas são algumas <strong>das</strong> diretrizes que o colecionador<br />

deve seguir se pretende que sua coleção tenha vida longa e seja valorizada. Estabelecer um recorte,<br />

desenvolver uma curadoria, perceber similaridades e mensagens entre os componentes do acervo e primar<br />

pela estética na hora de expô-los são outras normas importantes. Mas como cumprir essas determinações?<br />

Nos museus, equipes de profissionais desempenham essas funções. Restauradores, curadores e museólogos<br />

– profissionais especializados em catalogar, pesquisar, reparar e conservar – garantem que as coleções<br />

tenham valor histórico, credibilidade, consigam sobreviver à ação contínua do tempo e, por meio de publicações<br />

e exposições, possam chegar a novos olhos.<br />

Atualmente, diversos desses profissionais ampliaram a área de atuação e organizam e mantêm coleções particulares.<br />

São as leis de oferta e procura do mercado, que já deram até nome a esses conselheiros pessoais<br />

de coleções, os personal collectors.<br />

Aida Cordeiro é personal collector<br />

e atua exclusivamente como conselheira<br />

e mantenedora de coleções priva<strong>das</strong><br />

há cerca de dez anos. O trabalho nasceu da<br />

experiência em museus. Na década de 1980, ela<br />

catalogou as obras do MAC/USP. Era o momento<br />

anterior à revolução digital. Nos anos 1990, digitalizou<br />

o acervo do MAM/SP.<br />

As experiências permitiram que a profissional repetisse<br />

a tarefa em outras coleções, e, enquanto pesquisava<br />

sobre o pintor Alfredo Volpi para um catálogo, surgiu<br />

seu primeiro cliente. Assim como os que se sucederam,<br />

era uma pessoa de alta condição social que, <strong>ao</strong> longo<br />

dos anos, foi acumulando obras de arte e, em um dado<br />

momento, se viu perdido em meio à coleção. Não sabia<br />

mais o que possuía, onde estava e em que condições.<br />

Para ordenar o c<strong>ao</strong>s, Aida usou a fórmula dos museus<br />

e o primeiro passo foi fazer um inventário. Identificar,<br />

medir, fotografar, examinar e organizar a coleção em<br />

um catálogo. “Trato tudo como um objeto. Meço altura<br />

e largura, pesquiso sobre a obra em livros e catálogos, e<br />

confirmo informações sobre autoria, data, procedência.”<br />

Aida voltou às grandes instituições, convidada para<br />

informatizar a Coleção Nemirovsky, da qual algumas<br />

peças têm exibição permanente na Pinacoteca do<br />

Estado de São Paulo, e a coleção de arte da Fundação<br />

Padre Anchieta. E os clientes não paravam.<br />

Assim, ficou conhecida no circuito fechado dos colecionadores<br />

e passou a se dedicar exclusivamente a eles.<br />

Mantém atualmente uma dezena de clientes. Trabalha<br />

apenas com uma auxiliar e uma fotógrafa e desconversa<br />

sobre o valor do trabalho. “Os grandes colecionadores<br />

de arte não vivem na nossa realidade. É outro<br />

mundo. Por exemplo, os catálogos que faço para eles<br />

têm um modelo cujo álbum de couro custa 2 mil reais<br />

e cada folha impressa em papel fotográfico sai por 10<br />

reais. Há obras que valem mais que um apartamento.”<br />

Além de obras de arte, catalogou para seus clientes<br />

relógios, prataria, louça, tapetes, objetos de decoração<br />

antigos. Uma coleção, comenta, começa a existir a partir<br />

do 51º item. Mas desde o início a catalogação é importante.<br />

Assim como a conservação: deve-se sempre<br />

estar ciente de que os grandes inimigos dos objetos<br />

são a luz direta – natural ou artificial – e a umidade.<br />

Atualmente, diversos profissionais ampliaram a área de atuação<br />

e organizam e mantêm coleções particulares. São as leis de<br />

oferta e procura do mercado, que já deram até nome a esses<br />

conselheiros pessoais de coleções, os personal collectors.<br />

Para ordenar uma coleção, usa-se a mesma fórmula dos museus. O primeiro passo é um inventário<br />

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