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A memória ao alcance das mãos

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Parte da coleção de Lelê Nak<strong>ao</strong> integrou, no ano passado, uma exposição da marca criadora da Hello Kitty<br />

A empresária Lelê Nak<strong>ao</strong> se apaixonou pela Hello Kitty em<br />

1996. Foi apelando para a internet que ela começou uma<br />

busca que durou três anos: um protetor de orelha com a<br />

carinha da personagem.<br />

Mantendo a tradição<br />

Enquanto uns preferem definir seus grupos como algo<br />

menos formal, há clubes de colecionadores que têm<br />

eleição de diretoria e estatuto. É o caso do Clube para<br />

Colecionadores de Veículos em Miniatura (CPCVM),<br />

criado em 2007 e com eleição de presidente a cada dois<br />

anos. “Temos 380 sócios e eles não pagam anuidade”,<br />

explica Alexandre Bruno, diretor financeiro da associação.<br />

“O que fazemos é apurar os custos dos encontros<br />

para poder ratear entre os participantes”, completa.<br />

Como esses encontros não acontecem sempre, os<br />

integrantes do CPCVM têm uma chance semanal de<br />

falar sobre suas coleções. Toda terça-feira, <strong>das</strong> 19h<br />

às 23h, acontece o Autoshow, no Anhembi, em São<br />

Paulo – evento para colecionadores de veículos em<br />

tamanho normal e em miniaturas. “Esse encontro é<br />

religioso”, conta Bruno. “Mantemos um jargão, que é<br />

‘família CPCVM´. Somos como uma família, unida pelo<br />

hobby”, define.<br />

Quando se fala em coleção, a filatelia é quase sinônimo.<br />

As coleções de selo ainda fazem nascer grupos<br />

tradicionais, organizados em sociedades e federações. A<br />

Sociedade Philatélica Paulista (SPP) existe desde 1919 e<br />

conta com 500 sócios, que pagam anuidade de 60 reais a<br />

300 reais. Eles se reúnem em uma palestra mensal, no último<br />

sábado de cada mês, e também em dois leilões por<br />

mês. “Nos sábados em que não temos evento, nós nos<br />

reunimos para o nosso bate-papo filatélico”, diz Reinaldo<br />

Basile Júnior, diretor administrativo da entidade.<br />

Com sede no Rio de Janeiro e foro administrativo<br />

em Brasília, a Federação Brasileira de Filatelia (Febraf )<br />

existe desde 1976 e reúne 44 clubes e associações<br />

filatélicas de todo o país. “Não podemos ser considerados<br />

um agrupamento de clubes, mas, sim,<br />

representantes dos interesses dos clubes e associações<br />

filiados que, por sua vez, representam<br />

os interesses dos filatelistas associados a<br />

eles”, define Marcelo Studart, presidente<br />

da Federação.<br />

Protetor de orelha<br />

Muito mais que facilitar a comunicação entre colecionadores,<br />

a internet gera clubes virtuais, causando uma<br />

mudança significativa na forma pela qual os colecionadores<br />

se agrupam a pessoas com o mesmo hobby.<br />

O professor Alfredo Manhães, de Macaé (RJ), coleciona<br />

brinquedos antigos nacionais e estrangeiros. E os<br />

grupos dos quais faz parte são todos virtuais. “Integro<br />

vários grupos on-line, fóruns e sites nacionais e estrangeiros”,<br />

diz. Apesar de participar deles, Alfredo também<br />

gosta de trocar informações com pessoas que não são<br />

associa<strong>das</strong>. “Nem todos usam a internet”, ressalta.<br />

A rede é tão útil para conectar colecionadores que atrai<br />

até quem optou por manter sua coleção de forma mais<br />

solitária, sem pertencer a grupo ou clube. A empresária<br />

Lelê Nak<strong>ao</strong> se apaixonou pela Hello Kitty em 1996 e, de<br />

lá para cá, acumulou cerca de 700 peças relaciona<strong>das</strong><br />

à personagem. E foi apelando para a internet que ela<br />

começou uma busca que durou três anos.<br />

“Levei todo esse tempo para encontrar um protetor de<br />

orelha com a carinha da Hello Kitty. Nesses três anos,<br />

Wando e sua coleção<br />

“coletiva”<br />

Provavelmente, a coleção mais popular do Brasil<br />

seja a de Wando. Ela começou, de certa forma, de<br />

uma ideia alheia: o cantor não faz parte de um<br />

grupo, mas é um grupo de fãs que alimenta o<br />

seu tão badalado acervo de calcinhas.<br />

As 17 mil calcinhas começaram a ser coleta<strong>das</strong><br />

depois do disco Tenda dos Prazeres, de 1990.<br />

“Uma calcinha parece uma tenda e, no lançamento<br />

do disco, distribuí algumas peças com<br />

meu nome gravado. Era uma ideia apenas para<br />

envolvi várias pessoas na busca e<br />

ficava horas na internet”, lembra Lelê,<br />

que acabou achando a tão sonhada peça em<br />

uma loja em Nova York, durante uma viagem.<br />

Fã-clube sem sede<br />

Se há um lugar que pode ser considerado a casa dos<br />

colecionadores, ele se chama fã-clube. E até mesmo o<br />

mais renomado fã-clube brasileiro, da banda mais famosa<br />

de todos os tempos, tem recorrido à internet para<br />

continuar na ativa. O Revolution, que tem um ca<strong>das</strong>tro<br />

de 9 mil fãs dos Beatles, além de um mailing geral com<br />

60 mil nomes, usa o e-mail para conectar os fãs.<br />

“Por causa <strong>das</strong> constantes viagens que faço para a<br />

Inglaterra, o Revolution não tem mais uma sede”, explica<br />

Marco Antônio Mallagoli, que criou o grupo em<br />

1979. “É a internet que facilita o contato com os sócios.”<br />

Mallagoli usa o e-mail para avisar os sócios sobre<br />

shows de ban<strong>das</strong> cover dos Beatles que considera<br />

boas. “O fã-clube não cobra anuidade nem mensalidade.<br />

O que fazemos é dar descontos nesses shows e<br />

eventos para quem tem ca<strong>das</strong>tro no site”, diz ele.<br />

promover o disco. Comecei a brincar dizendo<br />

que trocava uma nova por uma usada e passei a<br />

receber um número muito grande”, relembra.<br />

As calcinhas ficam guarda<strong>das</strong> no escritório do<br />

cantor e ele não se deixa fotografar com o acervo<br />

completo. “Pretendo fazer um show com to<strong>das</strong><br />

elas no cenário. Se isso for mostrado agora, perde<br />

o encanto e a curiosidade”, justifica.<br />

No cenário, sim. Como grife, não. “Se eu fizesse<br />

isso, perderia a fantasia”, diz o cantor que, a cada<br />

show, distribui cerca de 15 peças. Mesmo sem o<br />

projeto de montar uma grife, ele arrisca definir<br />

quanto vale disputar uma peça íntima com seu<br />

nome: “A mulher que não tem uma calcinha do<br />

Wando provavelmente não passou pela vida.”<br />

46 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 47

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