Veja o texto. - Comunidade Shalom

PESSACH 5768
ROSÁLIA LERNER
Vechol Hamarbê lessaper
Bitsiat Mitzrayim,
Harê zê Meshubach
E todo aquele que se dedica
a expandir a história do êxodo
do Egito, merece um elogio*
Este material não tem a pretensão
de substituir a Hagadá de Pessach. Ele oferece uma visão panorâmica da
Hagadá para facilitar a leitura e orientar as escolhas do “que” e de “como”
fazer em Pessach. Aqui vocês encontrarão um roteiro para montar a mesa e
compreender melhor a lógica do Seder.
Para cada etapa do Seder, oferecemos instruções práticas e também
uma pequena explicação simbólica de cada costume, para que vocês possam
vivenciá-lo com mais sentimento.
Esperamos que este material esclareça as dúvidas pendentes, amplie
sua compreensão dos rituais envolvidos no Seder e renove sua celebração
de Pessach. Esperamos também que ele seja uma ferramenta útil tanto para
aqueles que estão começando a liderar seus sedarim, como para os que já o
fazem há algum tempo.
Col dichfin ietê veiechol
Todo aquele que tem fome que entre e coma*
Que neste Pessach possamos incluir mais pessoas em nossas mesas.
* CITAÇÃO DA HAGADÁ DE PESSACH
Chag Ha’Pessach Kasher Ve’Sameach
Boa Saída do Egito!
Rabina Luciana Pajecki Lederman
Grupo Lilmod Ulelamed
Abril 2008/Nissan 5768

ROTEIRO PARA O SEDER DE PESSACH
O que é necessário na mesa do Seder?
A mesa do Seder é o cenário que despertará a curiosidade pela nossa história
e pelos múltiplos significados que ela suscita. Os cuidados com sua preparação
e os objetos nela colocados são ingredientes importantes para a qualidade
do encontro.
ROSÁLIA LERNER
j Par de castiçais com velas
j Vinho suficiente para 4 cálices/pessoa
j Três matzot para a cerimônia. Distribua mais matzot pela mesa.
j Keará - PRATO COM A COMPOSIÇÃO:
Carpás - SALSINHA OU CEBOLINHA OU BATATA
Marór - RAIZ FORTE OU ESCAROLA OU ENDÍVIA
Charosset - MISTURA DE FRUTAS, NOZES,
ESPECIARIAS E VINHO
Zroa - OSSO CHAMUSCADO COM CARNE
ASSADA OU BETERRABA COZIDA
Beitzá - OVO CHAMUSCADO
Chazeret - RAIZ FORTE OU ESCAROLA OU ENDÍVIA
j Copo de Eliahu
j Bacia com jarra de água e toalha para lavar as mãos
j Pequenos recipientes com água salgada
j Kipot
j Guardanapo de pano para esconder o Afikoman
j Hagadot (de preferência do mesmo tipo para todos)
OPCIONAL
j Almofadas, ou pelo menos uma para o maguid - o líder
j Kitel, robe branco para o maguid
j Copo de Miriam, cheio de água, próximo ao copo de Eliahu
j Nozes e frutas secas, para servir entre o Carpás e a refeição
j Incluir uma laranja na Keará

OS 14 PASSOS DO SEDER
Nossos sábios criaram e nomearam 14 etapas para nos ajudar a lembrar
dos rituais envolvidos no Seder. Antes de iniciar a cerimônia, acendem-se as
velas de Iom Tov e recita-se a brachá:
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam, asher kideshánu
bemitsvotav vetsivánu lehadlic nêr shel (Shabat veshel) Iom Tov.
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste
com Teus mandamentos e nos ordenaste acender a vela de (Shabat e) Iom Tov.
1. KADESH (de Kadosh – sagrado)
Enche-se o primeiro cálice de vinho, de preferência até a borda. Cobre-se a
matzá. Levanta-se a taça para recitar a bênção e reclina-se para a esquerda
para beber o vinho.
Este é o primeiro ato de consagração*.
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam, borê peri hagáfen.
AMEN
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo,
que criaste o fruto da videira. AMÉN
* VEJA A BRACHÁ COMPLETA NA SUA HAGADÁ DE PESSACH.
ROSÁLIA LERNER

No primeiro Seder de Pessach, recita-se também o Shehecheianu:
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam,
shehecheiánu vekiiemánu, vehiguiánu, lazeman hazé. AMEN
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos conservaste
em vida, nos amparaste e nos fizeste chegar a esta época festiva. AMÉN
2. URCHATZ (de Rachatz – lavagem)
Lavam-se as mãos, sem recitar a brachá, antes de comer o Carpás. Não convém
conversar entre o Urchatz e o Carpás.
Este gesto representa o ritual de purificação que precedia o ritual de sacrifício, da época
do Templo. A purificação nos ajuda a fazer a transição do mundano para o sagrado e a
preparar nossos ouvidos e mentes para rememorar a história de Pessach.
3. CARPÁS (vegetal)
Mergulha-se um dos vegetais em água salgada, recita-se a
brachá e reclina-se para comê-lo.
Este ritual é carregado de múltiplos significados: remete-nos aos aperitivos desfrutados
pelas pessoa livres na Antigüidade; o vegetal representa o renascimento das plantas, já
que Pessach é também conhecido como Chag Ha´Aviv (festa da primavera); e a água
salgada representa as lágrimas dos escravos.
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam, borê peri haadamá.
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus,
Rei do Universo, que criaste o fruto da terra.
4. IACHATZ (de Chetzi – metade)
A matzá de cima das três matzot é para a brachá do pão. A matzá de baixo
será usada mais adiante para o Korech. A matzá do meio será quebrada, em
silêncio, pelo maguid, em dois pedaços desiguais. O pedaço maior será
coberto com um guardanapo e escondido (Afikoman). O pedaço menor
deverá retornar para o meio das três matzot. Ele será comido com a matzá de
cima, depois das brachot motzi-matzá.

5. MAGUID (de Lehaguid – contar)
Nesta etapa conta-se a história de Pessach, que é o coração do Seder. A
Hagadá tradicional o faz através de perguntas, músicas, midrashim e comentários,
indicando que mais importante que relatar os fatos, é explorar seus
múltiplos significados, de múltiplas maneiras. Neste momento, a Keará é um
bom recurso para ilustrar o tema abordado.
Roteiro básico para o Maguid:
a
b
c
d
e
f
A Descobrem-se as matzot, cobre-se a Keará, erguem-se as três
matzot e canta-se Ha Lachmá Aniá, este é o pão da aflição.
Enche-se o segundo cálice de vinho,
que será bebido ao final do relato.
Ma Nishtaná
C As Quatro Perguntas (Ma Nishtaná); tradicionalmente cantadas pelo
caçula da mesa.
O objetivo deste trecho é estimular as pessoas a fazer suas próprias perguntas,
sejam elas de ordem prática, histórica, filosófica ou espiritual.
D As Respostas às Perguntas: A Hagadá tradicional não responde às Quatro
Perguntas (Ma Nishtaná) de maneira direta e objetiva. As perguntas criam
a oportunidade para um amplo debate sobre: Escravidão física (Avadim
Hainu); Escravidão espiritual (Mi’Tchilá Ovdêi Avodá Zará Haiu
Avoteinu); Continuidade (Quatro filhos); Nossa relação com Deus (Ve’hi
She Amda); Aceitação e gratidão (Daieinu); O custo da liberdade (Dez pragas),
e assim por diante.
É difícil explorar TODOS os temas de maneira satisfatória TODOS os anos.
O ideal é, a cada ano, escolher um ou dois temas e explorá-los em profundidade,
usando o próprio texto da Hagadá tradicional ou recorrendo a comentários e
reflexões mais atuais.
E Recitam-se os SALMOS do Halel, 113 e 114, com o cálice erguido.
Recita-se a BRACHÁ do Kidush e bebe-se do segundo cálice de vinho.
6. RACHTZÁ (de Rachatz – lavagem)
Lavam-se as mãos e recita-se a brachá:

Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam, asher kideshánu
bemitsvotav vetsivánu al netilat iadáyim.
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste
com Teus mandamentos e nos ordenaste sobre o lavar das mãos.
7. MOTZI-MATZÁ
Pegam-se as três matzot. Recita-se a brachá do pão,
HaMotzi, e depois a da matzá, Al Achilat Matzá. Come-se da
matzá de cima e da do meio, reclinando-se para a esquerda.
A terceira matzá será usada no Korech. Pode-se comer a
matzá com sal ou com charosset.
A matzá é um símbolo ambíguo. Por um lado, representa o pão da aflição (Lachmá
Aniá), que nossos ancestrais comiam enquanto escravos. Por outro, a massa que não
teve tempo de crescer devido a pressa de nossos ancestrais em sair do Egito. De pão da
escravidão a pão de sustento de um povo livre, a matzá simboliza a possibilidade de
mudarmos nossa condição de escravos para homens livres sem mudarmos nossa essência,
aqui representada pela farinha e pela água.
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam,
hamotsi léchem min haárets. AMEN
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo,
que fazes sair o pão da terra. AMÉN
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam, asher kideshánu
bemitsvotav vetsivánu al achilat Matzá. AMEN
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste
com Teus mandamentos e nos ordenaste comer a matzá. AMÉN
8. MARÓR (de Mar – amargo)
Pega-se um pedaço de marór cru.
Recita-se a brachá e come-se sem reclinar, uma vez que reclinar é um costume
da pessoa livre, e o marór nos lembra a escravidão.

Para cumprir a mitzvá do marór, ele deve ser mastigado vagarosamente. Rabbi Shneur
Zalman de Liade comentou a respeito desta prática: “para melhorarmos a nós mesmos,
devemos agir de maneira similar à ingestão do marór, devemos dedicar tempo para meditar
profundamente sobre nossas faltas até que venham as primeiras lágrimas.”
Baruch ata Adonai, Elohênu mélech haolam, asher kideshánu
bemitsvotav vetsivánu al achilat Marór.
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste
com Teus mandamentos e nos ordenaste comer o marór.
9. KORECH (de Lichroch – juntar, combinar)
Pega-se a matzá de baixo e prepara-se um sanduíche de matzá, marór e charosset.
Recita-se o texto sobre o sábio Hilel, que criou este costume, e comese
reclinado.
Comer marór com charosset, o amargo com o doce, nos ajuda a reconhecer e aceitar a
complexidade da vida, que abrange ao mesmo tempo dores e alegrias, prisão e liberdade.
Zecher lamicdash kehilêl Ken assá Hilel bizman shebêt
hamicdash haia caiam. Haia korech Pessach Matzá umarór veochel
beiachad, lecaiem ma sheneemar: al Matzot umerorim iochelúhu.
Em lembrança ao Templo, à maneira de Hilel. Assim fazia Hilel na época
em que o Templo ainda existia: juntava um pedaço de carne com
matzá e marór e comia-os juntos, para cumprir o que foi dito:
"com matzot e o amargo marór comereis".
10. SHULCHAN ORECH (mesa posta)
Serve-se o jantar. Finalmente começamos a refeição propriamente dita.
Muitos começam a refeição com ovos cozidos, mergulhados em água salgada.
Existem diferentes interpretações para este costume: o ovo representa a renovação da
natureza (primavera) e do povo judeu; o ovo chamuscado nos remete ao sacrifício pascal
que acontecia na época do Templo. Alguns evitam comer carne assada para desvincular
a refeição do sacrifício pascal.

11. TZAFUN (de Litzpon – esconder)
Procura-se o Afikoman e quem encontrá-lo receberá um prêmio. Depois da
sobremesa, distribui-se um pedaço de Afikoman para cada um. Come-se
reclinado.
Quebrar e esconder a matzá é um símbolo significativo do Seder. Tal como a matzá quebrada,
nós somos incompletos. Tal como o pedaço maior escondido, reconhecemos que
existem partes de nós que desconhecemos e que ainda estamos descobrindo para nos
tornar inteiros.
12. BARECH (de Brachá – bênção)
Recita-se o Birkat HaMazon e a BÊNÇÃO sobre o terceiro
cálice de vinho. Abaixo uma versão alternativa e abreviada do
Birkat HaMazon:
13. HALEL
Brich Rachamana Malká De'Alma, Marei De'Hai Pitá
Bendito sejas Deus, Rei do Universo, Criador deste pão.
Abre-se a porta para o Eliahu HaNavi, recita-se os demais salmos do Halel e
a BÊNÇÃO sobre o quarto cálice de vinho.
Halel também é considerado como o conjunto de salmos que recitamos nas
festas de peregrinação: Pessach, Shavuot e Sucot.
No segundo Seder de Pessach começa a contagem do Omer, os 50 dias em
que nos preparamos para receber a Torá, em Shavuot.
O convite a Eliahu, profeta que anunciará a chegada da era messiânica, projeta a esperança
de liberdade em um tempo futuro. Lembrar da história de Pessach, rememorar o
passado não é suficiente, precisamos nos empenhar para atingir uma época em que
todos sejam livres.
14. NIRTZÁ (aceito, concluso)
Para quem ainda tiver fôlego, há um conjunto de músicas a serem cantadas
noite adentro.
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SYLVIA MIELNIK / ACQUA ESTÚDIO GRÁFICO