GEOMORFOLOGIA - seplan - Governo do Estado do Tocantins
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico <strong>do</strong> Papagaio<br />
Os processos bioquímicos são dificulta<strong>do</strong>s, atenuan<strong>do</strong><br />
a atividade pe<strong>do</strong>gênica. No perío<strong>do</strong> chuvoso o aumento<br />
da cobertura vegetal favorece a interceptação das chuvas,<br />
processan<strong>do</strong> a elaboração <strong>do</strong>s hidróxi<strong>do</strong>s através da<br />
interferência sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s microorganismos.<br />
Nos solos satura<strong>do</strong>s os compostos libera<strong>do</strong>s pela<br />
decomposição das plantas migram em profundidade,<br />
acumulan<strong>do</strong>-se no perfil como uma primeira etapa de<br />
formação de crosta. Na estação seca os hidróxi<strong>do</strong>s são<br />
oxida<strong>do</strong>s e desidrata<strong>do</strong>s, transforman<strong>do</strong>-se em<br />
compostos estáveis que facilitam a precipitação <strong>do</strong> ferro.<br />
O escoamento assume papel relevante no processo de<br />
dissecação da morfologia. Na estação chuvosa o<br />
escoamento superficial difuso favorece o transporte <strong>do</strong><br />
material desagrega<strong>do</strong> ou resultante da decomposição<br />
química, mesmo em relevo muito suave. O fluxo de<br />
subsuperfície faculta a lixiviação, o transporte e a<br />
concentração de materiais solúveis, contribuin<strong>do</strong> para a<br />
formação de crostas por oscilação <strong>do</strong> lençol freático. O<br />
escoamento fluvial é responsável pelo entalhamento <strong>do</strong><br />
talvegue e conseqüente dissecação das superfícies<br />
aplainadas.<br />
Em síntese, tem-se que o grau de dissecação encontra-<br />
se associa<strong>do</strong> aos aspectos fisionômicos da vegetação,<br />
da capacidade de percolação da água nos solos, <strong>do</strong><br />
comportamento das formações superficiais, das<br />
características das rochas, da concentração da<br />
precipitação e <strong>do</strong> próprio comportamento topográfico.<br />
MOREIRA (1977) lembra que, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> grau de<br />
dissecação das superfícies modeladas, duas situações<br />
podem ser distinguidas: (1) as superfícies elevadas,<br />
muito regulares, desenvolvidas sobre rochas arenosas,<br />
apresentam dissecação incipiente, “conforme indica o<br />
aspecto extremamente evasée <strong>do</strong>s vales”, com<br />
excelente drenagem subsuperficial. Em tais situações<br />
as formas de erosão são pouco visíveis, observan<strong>do</strong>-se<br />
fraca participação <strong>do</strong>s processos de decomposição<br />
química e bioquímica, o que implica baixa ação<br />
pe<strong>do</strong>gênica, preservan<strong>do</strong> os aplainamentos que<br />
caracterizam a região, bem como os paleopavimentos<br />
superficiais associa<strong>do</strong>s aos Cambissolos, e; (2) os<br />
níveis intermediários, desenvolvi<strong>do</strong>s a partir da<br />
dissecação das superfícies elevadas, proporcionam a<br />
formação de vertentes convexas, o que estimula maior<br />
escoamento superficial e conseqüente aumento da<br />
dissecação <strong>do</strong> modela<strong>do</strong>.<br />
18<br />
O clima atual na presente área, responsável pela<br />
dissecação <strong>do</strong> relevo, é caracteriza<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> a<br />
classificação de KÖPPEN (1948), como Aw com<br />
transição para Am. Pre<strong>do</strong>mina, entretanto, o clima Aw,<br />
caracteriza<strong>do</strong> por duas estações distintas: verão úmi<strong>do</strong><br />
(outubro a abril) e inverno seco acentua<strong>do</strong> (maio a<br />
setembro).<br />
A temperatura média anual mínima e máxima situa-se,<br />
respectivamente, entre 14ºC e 36ºC. O índice<br />
pluviométrico médio anual situa-se entre 1.548 e<br />
1.795mm, o que individualiza a condição de clima semi-<br />
úmi<strong>do</strong>.<br />
3.2 – Evolução <strong>do</strong> relevo<br />
A evolução geomorfológica da área em questão pode<br />
ser entendida a partir <strong>do</strong>s <strong>do</strong>bramentos proterozóicos,<br />
associa<strong>do</strong>s a efeitos intrusivos, que de certa forma<br />
explicam o comportamento das estruturas circulares das<br />
serras da Ametista, Lontra, Bo<strong>do</strong>có, Sororó e Verde.<br />
Tais estruturas, por apresentarem resistência litológica,<br />
preservam remanescentes <strong>do</strong> processo de pediplanação<br />
de cimeira regional, marca<strong>do</strong> pelas cotas <strong>do</strong>s 400-500m.<br />
Partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> princípio de que a pediplanação de cimeira<br />
regional tenha ocorri<strong>do</strong> no Mioceno-Oligoceno (Terciário<br />
Médio), acredita-se que o referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, até o Plioceno,<br />
tenha si<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong> por um clima úmi<strong>do</strong>,<br />
responsável pela evolução vertical da área, intensificada<br />
por processo epirogenético positivo. Como as estruturas<br />
resultantes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>bramentos proterozóicos<br />
apresentavam resistência litológica foram preservadas,<br />
testemunhan<strong>do</strong> remanescentes <strong>do</strong> aplainamento de<br />
cimeira.<br />
Retornan<strong>do</strong> o clima agressivo (semi-ári<strong>do</strong>) nova fase de<br />
pediplanação acontece, ten<strong>do</strong> como referência o nível<br />
de base delinea<strong>do</strong> pelo processo de dissecação fluvial.<br />
Portanto, novo aplainamento, desta feita de caráter<br />
intermontano, é assisti<strong>do</strong>, responden<strong>do</strong> principalmente<br />
pelo seccionamento de seqüências sedimentares<br />
relacionadas à seção periférica da Bacia Sedimentar <strong>do</strong><br />
Parnaíba.<br />
Após tais efeitos foram registradas oscilações climáticas<br />
no Pleistoceno, de caráter glácio-eustático, que<br />
responderam por reafeiçoamento de vertentes associadas<br />
a processos morfogenéticos diferencia<strong>do</strong>s: (1) fases<br />
glaciais, processos morfogenéticos mecânicos, com