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Sem título-10 - Arquivo Nacional

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R V O<br />

vado, sendo-lhe facultada a ida às minas<br />

em detrimento dos impedimentos da ocupação.<br />

Não é o único:<br />

por este termo de fiança me obrigo eu<br />

Manuel Pires Gonçalves mestre cabe-<br />

leireiro, e morador na rua da<br />

Candelária a que Manuel Nunes Leitão<br />

mestre sapateiro, que passa às minas<br />

com licença de seis meses para que<br />

acabados volte para esta cidade ... 42<br />

Não será demasiado mencionar que ao<br />

lado do registro lê-se: “desobrigada esta<br />

fiança por se apresentar dentro do tempo<br />

combinado como mostrou pela certidão<br />

do registro”. Importa perceber que<br />

as licenças concedidas aos artesãos estabelecem<br />

em todos os casos um prazo<br />

determinado para que estes retornem à<br />

cidade, variando de quatro a dez meses.<br />

Em diferentes registros encontramos referência<br />

ao atendimento dessa exigência,<br />

o que faz pensar em viagens curtas – para<br />

os termos da época –, orientadas para<br />

objetivos anteriormente definidos. Podese<br />

inferir daí que os artesãos observados<br />

possuíam vínculos sólidos na cidade,<br />

e que mereciam crédito por parte inclusive<br />

das autoridades do governo. E,<br />

de outra forma, deve-se notar que não<br />

se tratava de aventureiros, que se abalavam<br />

pela aventura do ouro e não mais<br />

retornavam para o lugar de onde partiram.<br />

Serão mais bem percebidos enquanto<br />

agentes que, superando limitações de<br />

ordem econômica e social, empenharamse<br />

em participar daqueles circuitos de<br />

acumulação e afinidades que engendraram<br />

oportunidades para uma melhoria de<br />

posicionamento na hierarquia da época.<br />

N O T A S<br />

1. Giovanni Levi, “Comportamentos, recursos, processos: antes da ‘revolução’ do consumo”,<br />

em Jacques Revel (org.), Jogos de escalas: a experiência da microanálise, Rio de Janeiro,<br />

Editora da FGV, 1998, p. 211.<br />

2. Rae Jean Dell Flory, Bahian society in the mid-colonial period: the sugar planters, tobacco<br />

growers, merchants, and artisans of Salvador and the Recôncavo, 1680-1725, Austin,<br />

dissertation presented to the University of Texas, (mimeo.), 1978, p. 297.<br />

3. Cf. C. F. Cardoso e P. H. S. Araújo, Rio de Janeiro, Madri, Editora Mepfre, 1992.<br />

4. Segundo Sampaio a cidade teria 12 mil habitantes em 17<strong>10</strong>, saltando para 29.147 em 1749.<br />

Antônio Carlos Jucá de Sampaio, Na curva do tempo, na encruzilhada do Império:<br />

hierarquização social e estratégias de classe na produção da exclusão (Rio de Janeiro, c.<br />

1650 – c. 1750), Niterói, tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da UFF,<br />

(mimeo.), 2000, p. 37-38.<br />

5. Cf. A. J. R. Russell-Wood, “Centros e periferias no mundo luso-brasileiro, 1500-1808”, Revista<br />

Brasileira de História, São Paulo, v. 18, n. 36, 1998; e “O Brasil colonial: o ciclo do ouro, c.<br />

1690 – c. 1750”, em Leslie Bethel (org.), História da América Latina: a América Latina colonial,<br />

v. II, São Paulo, Editora da USP; Brasília, Fundação Alexandre Gusmão, 1999.<br />

6. <strong>Arquivo</strong> <strong>Nacional</strong>. Escrituras públicas do 1º, 2º e 4º ofícios de notas, lv. 88, fl. 225v.<br />

7. Anita W. Novinsky, Inquisição: inventários de bens confiscados a cristãos-novos: fontes para<br />

o estudo do século XVIII, Lisboa, Casa da Moeda/Livraria Camões, s. d., p. 64.<br />

8. ibidem, p. 165.<br />

9. Antônio Carlos Jucá de Sampaio, op. cit., p. 192-193.<br />

<strong>10</strong>.ibidem, p. 194.<br />

Acervo, Rio de Janeiro, v. 15, nº 2, p. 69-86, jul/dez 2002 - pág.85

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