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Sem título-10 - Arquivo Nacional

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R V O<br />

pena foi comutada para duzentos açoites<br />

e dois anos de ferro no pescoço.<br />

Nos cinco processos aqui relacionados<br />

ao processo-eixo, houve punição severa<br />

para os autores dos crimes, mas sem que<br />

os senhores os perdessem em galés<br />

perpétuas – pois em São Carlos, o<br />

escravo foi abandonado antes do fim do<br />

julgamento. No entanto, nas vezes que<br />

isto ocorreu, foi com os “mais<br />

perigosos”, para afastá-los do convívio<br />

dos demais – e não contaminar estes com<br />

“idéias erradas” – e servir de exemplo<br />

para os outros escravos não serem tão<br />

ousados assim na execução de seus<br />

planos.<br />

Acreditamos, portanto, que devemos<br />

relativizar e repensar alguns “fatos<br />

criminosos” envolvendo os escravos,<br />

libertos, senhores e seus prepostos, que<br />

não dizem respeito apenas às fugas,<br />

revoltas, insurreições, aos quilombos,<br />

mas a muitas outras manifestações<br />

culturais das relações de trabalho,<br />

sociabilidades, projetos de emancipação,<br />

assim como diferentes tentativas da<br />

renovação das formas de controle<br />

senhorial. Pensemos, ainda, que tais<br />

relações dariam conta de algumas das<br />

necessidades dos escravos na vida em<br />

senzala, e dos senhores na administração<br />

de sua produção, num trabalho em<br />

cativeiro com “negociações” e lógicas de<br />

sociabilidade que não tinham o intuito<br />

de quebrar com a condição jurídica do<br />

escravo, mas sim esgarçar o domínio e<br />

o controle efetivos dos senhores sobre<br />

a condição social dos escravos.<br />

Agradeço Agradeço Agradeço a a leitura leitura cuidadosa cuidadosa de de de Carlos<br />

Carlos<br />

E. E. M. M. de de Araújo Araújo e e Rejane Rejane V VValvano,<br />

V alvano, assim<br />

assim<br />

como como as as conversas conversas acerca acerca das das idéias idéias e<br />

e<br />

leituras leituras aqui aqui desenvolvidas desenvolvidas a a Flávio Flávio dos dos<br />

dos<br />

Santos Santos Gomes, Gomes, Ilmar Ilmar Ilmar Rohloff, Rohloff, Peter Peter Fry,<br />

Fry,<br />

Yvonne vonne Maggie, Maggie, Zílio Zílio Zílio T TTosta<br />

T Tosta<br />

osta e e Sátiro<br />

Sátiro<br />

Nunes. Nunes. O O ar argumento ar gumento principal principal deste<br />

deste<br />

artigo artigo artigo foi foi desenvolvido desenvolvido a a partir partir de de um<br />

um<br />

rico rico debate debate com com Robert Robert Slenes, Slenes, e e e a a ele<br />

ele<br />

agradeço agradeço sua sua generosidade generosidade intelectual.<br />

intelectual.<br />

N O T A S<br />

1. Robert W. Slenes, “Grandeza ou decadência? O mercado de escravos e a economia cafeeira<br />

da província do Rio de Janeiro, 1850-1888”, em Iracia del Nero da Costa, Brasil, história<br />

econômica e demográfica, São Paulo, IPE-USP, 1986, p. <strong>10</strong>3-155.<br />

2. Ver Suely R. Reis de Queiróz, A abolição da escravidão, São Paulo, Brasiliense, 1981.<br />

3. Ver Ilmar Rohloff de Mattos, O tempo Saquarema: a construção do Estado imperial, São Paulo,<br />

Hucitec, 1990, p. 99-<strong>10</strong>0.<br />

4. Ver Eduardo Silva, “Fugas, revoltas e quilombos: os limites da negociação”, em João José<br />

Reis e Eduardo Silva, Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista, São<br />

Paulo, Companhia das Letras, 1989, p. 62-78, p. 68.<br />

5. Há autores que chamam a atenção para as relações sociais dos escravos direcionadas a projetos<br />

de liberdade mais diretos e urgentes, operando com a idéia de protesto escravo envolvendo<br />

idéias de justiça social, em regras de trabalho formuladas no contato com senhores e feitores,<br />

reelaborando símbolos culturais africanos no Brasil. Por isso, também podemos assinalar que<br />

os trabalhos de João José Reis, Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês –<br />

1835, São Paulo, Brasiliense, 1986, e, Robert W. Slenes, Na senzala, uma flor: esperanças e<br />

Acervo, Rio de Janeiro, v. 15, nº 2, p. 17-32, jul/dez 2002 - pág.29

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