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BNDES-exim.<br />
Tirar Tirar o seu o seu projeto do do papel.<br />
Esse Esse é o é nosso o nosso projeto.<br />
Esse Esse é o é nosso o nosso papel.<br />
O BNDES-exim, O BNDES-exim, além além de ser de ser o mais o mais importante instrumento de financiamento de financiamento às exportações às exportações de produtos de produtos brasileiros,<br />
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DPZ<br />
DPZ<br />
DPZ<br />
DPZ
Federação das Câmaras<br />
de Comércio Exterior<br />
Foreign Trade Chambers<br />
Federation<br />
Fédération des Chambres<br />
de Commerce Extérieur<br />
Federación de las Cámaras<br />
de Comercio Exterior<br />
<strong>FCCE</strong><br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
1
Federação das Câmaras de Comércio Exterior<br />
Federación de las Cámaras de Comercio<br />
La <strong>FCCE</strong> es la más antigua Asociación de Clase<br />
dedicada exclusivamente a las actividades de Comercio<br />
Exterior.Fundada en el ano 1950, por el empresario<br />
João Daudt de Oliveira (se debe a él la fundación de la<br />
Confederación Nacional de Comercio – CNC, 5 años<br />
antes), la <strong>FCCE</strong> opera, ininterrumpidamente, desde<br />
hace más de 50 años, incentivando y apoyando el trabajo<br />
de las Cámaras Bilaterales de Comercio, Consulados<br />
Extranjeros, Consejos Empresariales y Comisiones<br />
Mixtas a nivel federal.<br />
La <strong>FCCE</strong>, por fuerza de su Estatuto, tiene<br />
ámbito nacional y posee Vicepresidentes Regionales en<br />
diversos Estados de la Federación, operando también<br />
en el plano internacional, a través de “Convenios<br />
de Cooperación” firmados con diversos organismos<br />
de la más alta credibilidad y tradición, a ejemplo de<br />
la International Chamber of Commerce (Cámara de<br />
Comercio Internacional – CCI), fundada en 1919, con<br />
sede en París, y que posee más de 80 Comités Nacionales,<br />
en los 5 continentes, además de operar la más importante<br />
“Corte Internacional de Arbitraje” del mundo, fundada<br />
en el año 1923. La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS<br />
DE COMERCIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida<br />
General Justo nº 307, Río de Janeiro, (Edifício de la<br />
Confederación Nacional de Comercio - CNC) y mantiene<br />
con esta entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de<br />
Respaldo Administrativo y Protocolo de Cooperación<br />
Mutua”.<br />
2 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
En un pasado reciente, la FEDERACIÓN DE<br />
LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – <strong>FCCE</strong><br />
firmó Convenio con el CONSEJO DE CÁMARAS<br />
DE COMERCIO DE LAS AMÉRICAS, organismo<br />
que representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio<br />
de los siguientes países: ARGENTINA, BOLIVIA,<br />
CANADÁ, CHILE, CUBA, ECUADOR, MÉXICO,<br />
PARAGUAY, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y<br />
TOBAGO y VENEZUELA. Además de varias decenas<br />
de Cámaras Bilaterales de Comercio afiliadas a la <strong>FCCE</strong><br />
en todo Brasil, forman parte de la Directoria actual, los<br />
Presidentes de las Cámaras de Comercio: Brasil-Grecia,<br />
Brasil-Paraguay, Brasil- Rusia, Brasil-Eslovaquia, Brasil-<br />
República Checa, Brasil- México, Brasil-Belarus, Brasil-<br />
Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-India, Brasil-China,<br />
Brasil-Tailandia, Brasil-Italia y Brasil-Indonesia, además<br />
del Presidente del Comité Brasileño de la Cámara de<br />
Comercio Internacional, el Presidente de la Asociación<br />
Brasileña de las Empresas Comerciales Exportadoras<br />
– ABECE, el Presidente de Ia Asociación Brasileña de<br />
la Industria Ferroviaria – ABIFER, el Presidente de la<br />
Asociación Brasileña de los Terminales de Contenedores,<br />
el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecánicas y<br />
Material Eléctrico, entre otros. Súmese aun, la presencia<br />
de diversos Cónsules y diplomáticos extranjeros, entre<br />
los cuales, el Cónsul General de la República de Gabón,<br />
el Cónsul de Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro<br />
Consejero Comercial de la Embajada de Portugal.<br />
La Directoria
<strong>FCCE</strong><br />
Directoria para el trienio 2006/2009<br />
Presidente<br />
JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA<br />
1 st Vice-Presidente<br />
PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ<br />
Vice-Presidentes<br />
Gilberto Ferreira Ramos<br />
Joaquim Ferreira Mângia<br />
José Augusto de Castro<br />
Ricardo Vieira Ferreira Martins<br />
Antonio Carlos M. Bonetti – São Paulo<br />
Diana Vianna de Souza<br />
Alberto Vieira Ribeiro<br />
Alexander Zhebit<br />
Alexandre Adriani Cardoso<br />
André Baudru<br />
Antonio Augusto de Oliveira Helayel<br />
Arlindo Catoia Varela<br />
Augusto Tasso Fragoso Pires<br />
Bruno Bastos Lima Rocha<br />
Carlos Fernando Maya Ferreira<br />
Cassio José Monteiro França<br />
Cesar Moreira<br />
Charles Andrew T‘ang<br />
Claudio Fulchignoni<br />
Sohaku R. C. Bastos – Bahia<br />
Claudio Chaves – Norte<br />
Directores<br />
Consejo Fiscal (Titulares)<br />
Delio Urpia de Seixas<br />
Elysio de Oliveira Belchior<br />
Walter Xavier Sarmento<br />
Daniel André Sauer<br />
Jeferson Malachini Barroso<br />
José Paulo Garcia de Pinho<br />
Juan Clinton Llerena<br />
Luis Cesario Amaro da Silveira<br />
Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida<br />
Mariano Marcondes Ferraz<br />
Oswaldo Trigueiros Junior<br />
Raffaele Di Luca<br />
Ricardo Stern<br />
Roberto A. Nóbrega<br />
Ronaldo Augusto da Matta<br />
Sergio Salomão<br />
Stefan Janczukowicz<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
3
E d i t o r i a l<br />
Brasil e Uruguai: trabalhando para<br />
incentivar a aproximação<br />
País com uma economia extremamente atrelada a do Brasil e da Argentina,<br />
o Uruguai vem conseguindo, aos poucos, se colocar como um<br />
destino de investimentos para várias economias do mundo. Tal conjuntura<br />
reverte o quadro de anemia econômica passada pelo país platino nos últimos<br />
dez anos, quando viu o seu PIB encolher de forma dramática, muito<br />
em razão das crises financeiras vividas pelos seus vizinhos e principais<br />
parceiros comerciais. Depois das agruras sofridas, sobretudo entre os anos<br />
de 1999 e 2002, quando o seu PIB recuou 20% e passou a conviver com<br />
níveis de pobreza alarmantes, sobretudo para um país que era conhecido<br />
como a Suíça da América Latina, os ventos agora parecem soprar de forma<br />
positiva. De fato, os números recentes da economia comprovam a boa<br />
fase do Uruguai. Em 2007, o PIB uruguaio cresceu 7,3%, alcançando,<br />
segundo o Ministério de Economia e Finanças, a cifra de US$ 23 bilhões.<br />
Com o objetivo de debater e apresentar propostas para que Brasil e Uruguai<br />
possam estreitar ainda mais as relações entre os dois países, a Federação<br />
das Câmaras de Comércio Exterior (<strong>FCCE</strong>) realizou, no dia 08 de setembro<br />
de 2008, o Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-Uruguai.<br />
A série de eventos promovidos pela instituição conta com o apoio e participação<br />
do governo federal, através dos Ministérios das Relações Exteriores e<br />
do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, das principais associações<br />
de classe, tais como a Confederação Nacional de Comércio (CNC), a<br />
Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio Exterior<br />
do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas.<br />
Com uma população de um pouco mais de 3 milhões de habitantes,<br />
representando, dessa forma, um mercado 60 vezes menor do que o<br />
brasileiro, as reclamações acerca das assimetrias encontradas nas relações<br />
comerciais se dão de modo constante por parte do nosso vizinho.<br />
Mesmo tendo aproveitado a vinda de investimentos estrangeiros<br />
diretos ao país, em razão das melhorias estruturais, as reivindicações<br />
uruguaias por um fluxo comercial mais equilibrado com o Brasil.<br />
Atento às reclamações, o governo brasileiro vem buscando soluções que<br />
façam com que as demandas do país vizinho sejam atendidas. Como exemplo<br />
de que o nosso governo está se esforçando nesse sentido, assinatura, em junho<br />
deste ano, do novo acordo automotivo, marca um importante passo em<br />
direção a um comércio com mais simetria. De fato, o setor de automóveis é<br />
tratado como sensível para os uruguaios, uma vez que 30% do déficit total<br />
desse país com o Brasil estão na importação de veículos e autopeças produzidos<br />
aqui. Espera-se que com o acordo, que estabelece isenção de tarifas<br />
na comercialização de automóveis e que tem vigência até 2014, desperte<br />
interesse por parte de montadoras no que tange a investir em linhas de<br />
produção e montagem no Uruguai. Além do acordo automotivo, a abertura<br />
de um escritório do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social) em Montevidéu é também um aceno aos uruguaios de que<br />
o governo brasileiro está disposto a intermediar parcerias entre empresas<br />
brasileiras com as entidades locais, como é o caso da construtora OAS e da<br />
Petrobras, além de outras companhias, que aportam investimentos no país.<br />
Com esses e outros temas relevantes, a <strong>FCCE</strong> abre, novamente, um canal<br />
de diálogo entre o Brasil e um país amigo, no intuito de solidificar as relações<br />
bilaterais comerciais, convidando especialistas e profissionais do comércio<br />
exterior para que, assim, possamos dar maior substância aos debates dentro<br />
do setor e obter mais conhecimentos a respeito dessa área tão importante<br />
para a economia como um todo. O objetivo de lograr sucesso é, mais uma<br />
vez, alcançado, e o leitor poderá comprovar isso nas páginas a seguir.<br />
Boa Leitura<br />
4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
O Editor<br />
APOIO<br />
Expediente<br />
CONSELHO DE<br />
CÂMARAS DE COMÉRCIO<br />
DAS AMÉRICAS<br />
Produção<br />
Federação das Câmaras de Comércio Exterior – <strong>FCCE</strong><br />
Av. General Justo, 307/6 o andar<br />
Tel.: 55 21 3804 9289<br />
e-mail: fcce@cnc.com.br<br />
Editor<br />
Brunno Braga<br />
Assessora da Presidência<br />
Maria Conceição Coelho de Souza<br />
Textos e Reportagens<br />
Brunno Braga<br />
Diagramação e Arte<br />
Sandro Reiller<br />
e-mail: srweb@globo.com<br />
Tel.: 55 21 9496 9846<br />
Secretaria<br />
Sérgio Rodrigo Dias Julio<br />
Fotografia<br />
Christina Bocayuva<br />
Jornalista Responsável<br />
Brunno Braga (MTB 050598/00)<br />
e-mail: carbrag29@yahoo.com.br<br />
Tel.: 55 21 8880 2565<br />
Estagiário<br />
Vinícius Henter<br />
As opiniões emitidas nesta revista são de<br />
responsabilidade de seus autores. É permitida a<br />
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
6 ENTREVISTA<br />
Carlos Amorín<br />
“O comércio está crescendo e verificamos que há mais<br />
espaço para que ele cresça ainda mais”<br />
9 ENTREVISTA<br />
Carlos Amorín<br />
“Fortalecer o Mercosul sempre foi a proposta do Itamaraty”<br />
16 ABERTURA<br />
Corrigindo assimetrias<br />
19 PAINEL I<br />
Em busca por um comércio mais equilibrado<br />
26 PAINEL II<br />
Energia em Pauta<br />
31 PAINEL III<br />
Debatendo serviços e ambiente de negócios no Uruguai<br />
36 ENCERRAMENTO<br />
Uruguai: um país aberto para o comércio e investimentos<br />
brasileiros<br />
39 INRA-ESTRUTURA<br />
Apostando no continente sul-americano<br />
41 ENERGIA<br />
A Petrobras atua como um fator importante para o<br />
processo de integração regional<br />
43 SETOR AUTOMOTIVO<br />
“Para a GM, o Uruguai nao é uma opção, mas sim um<br />
destino”<br />
44 FINANCIAMENTO<br />
Apostando no Uruguai<br />
46 HISTÓRIA<br />
Mauá: uma história de sucesso<br />
no Uruguai<br />
S u m á r i o<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
5
E n t r E v i S t a<br />
“O comércio está crescendo<br />
e verificamos que<br />
há mais espaço para que<br />
ele cresça ainda mais”<br />
Embaixador do Uruguai no Brasil fala sobre as ações<br />
existentes para equilibrar o comércio bilateral<br />
Carlos Amorín é embaixador do Uruguai no Brasil desde junho de 2008.<br />
Estar tão pouco tempo no cargo não o faz, contudo, um estranho nas relações<br />
políticas e comerciais entre os dois países. Isso porque Amorín, antes<br />
de assumir o cargo de embaixador, foi diretor de Integração e Mercosul<br />
da chancelaria uruguaia, e participou de diversas reuniões bilaterais para<br />
tratar de entraves comerciais existentes dentro do bloco. Em entrevista à<br />
Revista da <strong>FCCE</strong>, o embaixador falou, entre outras coisas, sobre as relações<br />
assimétricas de comércio entre Brasil e Uruguai e apontou a recente<br />
assinatura do acordo automotivo entre os dois países como um primeiro<br />
passo rumo a um maior equilíbrio nas trocas comerciais. Acompanhe, a<br />
seguir, os principais trechos da entrevista:<br />
Como o senhor pode definir as relações comerciais entre Brasil e Uruguai?<br />
Amorín - O Brasil e o Uruguai são economias que em muitos aspectos se complementam.<br />
O comércio bilateral reflete essa situação. O Brasil vende ao Uruguai insumos<br />
industriais, maquinaria, automóveis, equipamentos de transporte e produtos tropicais.<br />
Uma parte significativa das compras brasileiras corresponde a produtos agro-industriais<br />
de clima temperado (arroz, carne bovina, laticínios, cevada). Desde 2004, a relação<br />
comercial entre o Brasil e Uruguai vem aumentando. De janeiro a junho deste ano, a<br />
corrente de comércio entre Brasil e Uruguai já chegou a US$ 1,2 bilhão, número 32,3%<br />
maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Além disso, verifica-se um<br />
aumento de investimentos brasileiros no Uruguai, sobretudo em setores específicos,<br />
como o financeiro, de frigoríficos, arrozeiro e de cevada.<br />
O Uruguai sempre reclamou das assimetrias existentes no comércio com<br />
os dois maiores sócios do Mercosul: Brasil e Argentina. Essa reivindicação<br />
ainda persiste?<br />
Amorín - Sim. Nós entendemos que para fortalecer o Mercosul é preciso que se fortaleçam<br />
os mecanismos para a criação de uma União Aduaneira real, levando em conta<br />
as diferenças entre os países. Entendo, assim, que para que haja mais coordenação. Ti-<br />
6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
7
E n t r E v i S t a<br />
vemos alguns problemas no passado, mas<br />
o comércio está crescendo e verificamos<br />
que há mais espaço para que ele cresça<br />
ainda mais. Brasil e Uruguai já realizaram<br />
nove reuniões de Monitoramento do Comércio<br />
Bilateral (a última foi realizada<br />
em julho de 2008), para que os entraves<br />
burocráticos sejam superados da melhor<br />
maneira possível. É uma luta permanente.<br />
“Tivemos alguns problemas no passado,<br />
mas o comércio está crescendo<br />
e verificamos que há mais espaço<br />
para que ele cresça ainda mais.”<br />
Carlos Amorín<br />
E há algumas ações que podem ser<br />
citadas que podem exemplificar<br />
avanços nesse processo?<br />
Amorín – Sim. A abertura de um escritório<br />
do BNDES em Montevidéu é uma<br />
dessas ações. Ele será muito importante<br />
para que nós possamos ter mais facilidades<br />
para a obtenção de recursos para fazermos<br />
obras de infra-estrutura em nosso<br />
país. Isso já é uma luta antiga. Nós já<br />
tínhamos o FOCEM, mas com o BNDES<br />
no Uruguai, projetos de obras de infra-estrutura,<br />
que são prioritárias atualmente,<br />
ganham mais força. Devemos, também,<br />
apostar na complementaridade produtiva.<br />
Outro ponto que temos que levar a<br />
frente é a discussão sobre a extinção da<br />
dupla cobrança da Tarifa Externa Comum<br />
(TEC). Essa cobrança é muito prejudicial<br />
ao Uruguai nas relações comerciais com<br />
o Brasil, mas acredito que esse problema<br />
seja resolvido em breve.<br />
“Devemos, também, apostar na complementaridade<br />
produtiva.”<br />
Carlos Amorín<br />
O senhor falou em complementaridade<br />
produtiva. Como isso pode<br />
ser feito?<br />
Amorín – Em muitas frentes. O melhor<br />
exemplo de que isso pode ser possível<br />
foi a assinatura do acordo automotivo<br />
entre os dois países, que permite com<br />
8 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Embaixador Carlos Amorín acredita que o acordo automotivo trará mais investimentos<br />
para o Uruguai<br />
que fabricantes de carros e auto-peças<br />
instaladas no Uruguai possam vender<br />
os seus produtos sem cobrança de tarifa<br />
por um prazo de seis anos. Isso será de<br />
grande valia para a indústria do Uruguai,<br />
pois, atualmente, 35% do déficit que o<br />
Uruguai tem com o Brasil está na importação<br />
de automóveis e auto-peças. Com<br />
este acordo, será possível diminuir esse<br />
quadro e, por conseguinte, dar certa correção<br />
nas assimetrias. A grande vantagem<br />
desse acordo é o prazo de seis anos, podendo<br />
ser renovado o que permite com<br />
que as empresas do setor atuem de forma<br />
mais previsível, pois estará atendendo o<br />
maior mercado da América do Sul, que<br />
é o Brasil.<br />
DADOS DO URUGUAI<br />
Nome oficial: Republica Oriental del Uruguay<br />
População: 3.477.778 habitantes<br />
Grupos étnicos: brancos 88%, mestiços 8%, negros<br />
4%<br />
Idioma: Espanhol<br />
Tipo de governo: Republicano<br />
Capital: Montevidéu<br />
Divisão Administrativa: 19 departmentos:<br />
Artigas, Canelones, Cerro Largo, Colonia, Durazno,<br />
Flores, Florida, Lavalleja, Maldonado,<br />
Montevideo, Paysandu, Rio Negro, Rivera, Rocha,<br />
Salto, San Jose, Soriano, Tacuarembo, Treinta<br />
y Tres<br />
Presidente: Tabaré Vazquez Rosas<br />
Vice-Presidente: Rodolfo Novoa<br />
PIB em 2007:US$ 22, 95 bilhões<br />
Crescimento do PIB em 2007 : 7,4%<br />
Renda per capita : US$ 10.800<br />
Composição do PIB por setor: Agricultura<br />
(10%), Indústria(32%), Serviços (58%)<br />
Taxa de desemprego: 9.2%<br />
Taxa de inflação (dados de 2007): 8.1%
“Fortalecer o Mercosul sempre foi a<br />
proposta do Itamaraty”<br />
Embaixador do Brasil no Uruguai<br />
desde 2006, José Eduardo<br />
Martins Felício aposta nas políticas<br />
de integração regional desempenhada<br />
pelo Itamaraty. Segundo<br />
ele, as conversações existentes entre<br />
Brasil e Uruguai para resolver<br />
antigas pendências e reclamações<br />
feitas pelo país vizinho sobre as<br />
dificuldades de acesso aos grandes<br />
mercados do bloco estão avançando.<br />
Prova disso foi a conclusão do<br />
acordo automotivo assinado entre<br />
os dois países em junho deste<br />
ano e que valerá até o ano de<br />
2014. O próximo passo, segundo<br />
o embaixador, é buscar eliminar a<br />
dupla cobrança da Tarifa Externa<br />
Comum dentro do bloco e, com<br />
isso, redistribuir melhor as receitas<br />
aduaneiras, sobretudo em favor<br />
do Uruguai. José Felício falou com<br />
a Revista da <strong>FCCE</strong> sobre esses e<br />
outros assuntos. Leia os principais<br />
trechos da entrevista:<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
9
E n t r E v i S t a<br />
Embaixador José Felício em conversa com o presidente da <strong>FCCE</strong>, João Augusto de Souza<br />
Lima<br />
O senhor está como embaixador<br />
do Brasil no Uruguai desde 2006.<br />
Qual é o balanço que o senhor<br />
pode fazer do início da sua gestão<br />
até hoje?<br />
José Felício - É um balanço muito<br />
positivo. Mas acredito que a gente possa<br />
fazer mais. Estamos aumentando o nosso<br />
trabalho de representação. Já tivemos<br />
várias atividades na embaixada, sobretudo<br />
no que diz respeito a resolver algumas<br />
questões existentes na fronteira, pois ela é<br />
muito viva, com pessoas que a atravessam<br />
de forma muito intensa. Essa aproximação<br />
é importante porque permite com que<br />
estudemos os problemas nessa região<br />
fronteiriça, como, por exemplo, a questão<br />
do saneamento básico. Por isso, nós da<br />
embaixada estamos sempre em contato<br />
com as prefeituras locais e o governo do<br />
Rio Grande do Sul, com o objetivo de<br />
melhorar a vida das pessoas que moram<br />
nessas comunidades.<br />
10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Como se pode verificar isso dentro<br />
da relação bilateral de comércio na<br />
fronteira?<br />
José Felício - As comunidades locais<br />
se ressentem de uma legislação mais<br />
apropriada para a realização do comércio.<br />
Uma coisa é comercializar com países<br />
distantes, como Japão e China. Outra coisa<br />
é fazer comércio com um país que tem<br />
uma fronteira tão viva como o Uruguai.<br />
Por isso, a legislação aduaneira tem que<br />
se adaptar a essa realidade de fronteira.<br />
Então, esse é um trabalho que estamos<br />
fazendo junto à Receita Federal, aos órgãos<br />
de vigilância sanitária brasileiros, e, assim,<br />
buscar dar mais dinamismo ao comércio<br />
de fronteira e facilitar a vida das pessoas<br />
que atuam por lá. Isso não significa que se<br />
trabalhe pelo fim da fiscalização, o que, por<br />
si só, facilitaria o tráfico e contrabando.<br />
Mas, estamos atando para que os contatos<br />
comerciais se dêem de forma mais ágil e<br />
menos burocrática.<br />
De que forma o governo brasileiro<br />
está atuando para corrigir as<br />
grandes assimetrias existentes<br />
nas relações comercias com o<br />
Uruguai?<br />
José Felício - No plano bilateral, o<br />
governo brasileiro está fazendo o possível<br />
para diminuir as assimetrias de comércio<br />
entre Brasil e Uruguai. Há no Mercosul,<br />
de fato, o reconhecimento dessas<br />
diferenças, e a missão do nosso governo<br />
é combatê-las. Por isso, foi criado o<br />
Focem (Fundo para a Convergência<br />
Estrutural e Fortalecimento Institucional<br />
do Mercosul), que é um mecanismo<br />
importante e que hoje tem recursos da<br />
ordem de US$ 200 milhões.<br />
“Estamos trabalhando<br />
e negociando com toda<br />
condescendência possível o<br />
atendimento das demandas<br />
uruguaias”<br />
José Felício<br />
A idéia do Focem é justamente a<br />
de criar condições para que o fluxo<br />
comercial reduza as diferenças. Além<br />
disso, existe um grande esforço de<br />
integrar as indústrias uruguaias e<br />
brasileiras. Houve, recentemente,<br />
a assinatura do acordo automotivo<br />
para atrair investimentos para o setor<br />
de automóveis e de autopeças no<br />
Uruguai e, assim, criar mais empregos<br />
e fomentar uma relação mais próxima<br />
entre a indústria automobilística do<br />
Uruguai e do Brasil. Em suma, estamos<br />
trabalhando e negociando com toda<br />
condescendência possível o atendimento<br />
das demandas uruguaias.<br />
“Há no Mercosul, de fato, o<br />
reconhecimento dessas diferenças,<br />
e a missão do nosso governo é<br />
combatê-las”<br />
José Felício<br />
E existem outras propostas para<br />
equilibrar mais o comércio?<br />
José Felício – Sim. Dentro do<br />
Mercosul há outros mecanismos que nós<br />
estamos estudando. A presidência pro<br />
tempore brasileira no Mercosul (que
Embaixador José Felício defende negociações comerciais no esquema 4+1<br />
tem vigência entre junho e dezembro<br />
de 2008) está trabalhando para que se<br />
elimine a dupla cobrança da TEC e,<br />
assim, redistribuir a renda aduaneira.<br />
Mas ainda não conseguimos. Diante dessa<br />
dificuldade, o Brasil se propôs a conceder<br />
esse benefício de forma unilateral para o<br />
Uruguai e o Paraguai. Mas, para se fazer<br />
isso é preciso estabelecer um novo código<br />
aduaneiro, que seja válido para todos<br />
os países envolvidos e, além disso, criar<br />
um mecanismo de distribuição da renda<br />
aduaneira. Isso significará que o Brasil<br />
perca algum tipo de renda em benefício<br />
do Uruguai e do Paraguai.<br />
É possível, então, acreditar que em<br />
breve os dois países consigam ter um<br />
fluxo de comércio mais dinâmico a<br />
partir destas propostas?<br />
José Felício – Acredito que sim. Estou<br />
muito confiante de que essa nova via<br />
bilateral gerará bons resultados. Quando<br />
se olha os números do Uruguai, que é um<br />
exportador importante de commodities,<br />
no caso da pauta de vendas para o<br />
Brasil, isso não acontece. O Uruguai<br />
exporta mais manufatura do que bens<br />
primários. É claro que o país ainda é<br />
um grande exportador de carnes e lãs,<br />
mas o Uruguai tem também certa força<br />
na indústria de química, farmacêutica,<br />
borracha, metalúrgica etc. Em suma, há<br />
um aumento das exportações uruguaias<br />
de bens de maior valor agregado para o<br />
Brasil.<br />
“Houve, recentemente, a assinatura<br />
do acordo automotivo para atrair<br />
investimentos para o setor de<br />
automóveis e de autopeças no<br />
Uruguai e, assim, criar mais<br />
empregos e fomentar uma relação<br />
mais próxima entre a indústria<br />
automobilística do Uruguai e do<br />
Brasil ”<br />
José Felício<br />
O senhor falou em números. Poderia<br />
citá-los?<br />
José Felício - Este ano, as vendas do<br />
Uruguai para o Brasil devem alcançar<br />
a marca de US$ 1 bilhão, enquanto as<br />
compras uruguaias de produtos brasileiros<br />
devem ficar em US$ 1,3 bilhão. Esse<br />
resultado já demonstra uma tendência de<br />
equilíbrio e, com todo esse esforço em<br />
integrar as indústrias dos dois países, a<br />
tendência de aproximação se tornará cada<br />
vez mais forte.<br />
Recentemente, Uruguai e Estados<br />
Unidos iniciaram conversações a<br />
respeito de se fechar um acordo<br />
comercial. Essas negociações<br />
foram entendidas por muitos<br />
como um passo para que o Uruguai<br />
deixasse o Mercosul, idéia esta<br />
negada pelo governo uruguaio.<br />
No seu entendimento, o que essa<br />
aproximação Uruguai-EUA pode<br />
significar para o Mercosul como<br />
um todo?<br />
José Felício - Existe uma decisão do<br />
Mercosul que obriga a todos os países<br />
a negociarem em conjunto. Mas o que<br />
o Uruguai fez foi assinar um acordo<br />
de promoção aos investimentos. E,<br />
em anexo a este acordo, foi criada<br />
uma comissão bilateral para identificar<br />
as áreas onde poderão ser feitos<br />
investimentos, promoções comerciais<br />
entre outras coisas. É importante<br />
assinalar, no entanto, que este acordo se<br />
dá apenas para os produtos tradicionais<br />
do Uruguai.<br />
Mas isso não significa buscar de<br />
forma independente um comércio<br />
bilateral, renunciando os critérios<br />
do Mercosul que obrigam os<br />
meios a negociarem em bloco?<br />
José Felício - O fato de se buscar<br />
melhores preferências comerciais não<br />
necessita, necessariamente, renunciar<br />
um acordo comercial que no caso é o<br />
Mercosul. Mas é importante dizer que<br />
caso um membro do bloco queira fazer<br />
negociações de forma independente,<br />
é preciso que se revise a cláusula que<br />
dispõe que as negociações com países<br />
fora do bloco se faça sempre no modelo<br />
4 + 1. Eu, pessoalmente, acredito que<br />
numa negociação, somos mais fortes<br />
unidos. Mesmo para o Brasil, que tem<br />
um peso maior dentro do Mercosul, é<br />
mais vantajoso negociar com outros<br />
países junto com Argentina, Uruguai e<br />
Paraguai. Isso pode ser visto em termos<br />
de mercado, de aumento da capacidade<br />
negociadora. Hoje, o mundo está divido<br />
em blocos, e não podemos esquecer<br />
disso. Eu digo, ainda, que fortalecer<br />
o Mercosul sempre foi a proposta do<br />
Itamaraty, que também trabalha para a<br />
integração do continente sul-americano<br />
e, numa visão mais abrangente, pela<br />
integração latino-americana.<br />
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13
Seminário Bilateral de<br />
Comércio Exterior e Investimentos<br />
BRASIL URUGUAI<br />
Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC<br />
Programa do Seminário - 9 de Setembro de 2008<br />
14:00h- Abertura dos Trabalhos:<br />
João Augusto de Souza Lima - Presidente da <strong>FCCE</strong><br />
Sessão Solene de Abertura<br />
Presidente da Sessão: Ivan Ramalho – Secretário<br />
executivo do MDIC e Coordenador da Comissão<br />
Bilateral BRASIL-URUGUAI<br />
Pronunciamento especial: Carlos Amorín<br />
Embaixador Plenipotenciário da Republica do<br />
URUGUAI<br />
Componentes da mesa:<br />
José Eduardo Martins Felício – Embaixador Plenipotenciário<br />
do BRASIL no URUGUAI<br />
Embaixador Nelson Fernandez – Secretário-Geral<br />
do Ministério das Relações Exteriores do URUGUAI<br />
Gerardo Gadea – Vice-Ministro da Industria e do<br />
Comércio do URUGUAI<br />
Alberto Guani – Cônsul-Geral do URUGUAI<br />
Elio de Almeida Cardoso – Assessor Especial de Política<br />
Externa da Presidência da República<br />
Theóphilo de Azeredo Santos – Presidente da<br />
CCI<br />
Gustavo Affonso Capanema – Vice-Presidente do<br />
Conselho Superior da <strong>FCCE</strong><br />
Marco Pólo Moreira Leite – Presidente do Conselho<br />
Empresarial de Comércio Exterior da ACRJ<br />
14:30h PAINEL I: O relacionamento das empresas<br />
uruguaias e brasileiras no âmbito do MERCOSUL .<br />
Investimentos brasileiros no URUGUAI<br />
Assinatura do “Acordo Automotivo”<br />
Presidente: Gerardo Gadea<br />
Vice-Ministro da Industria e do Comércio do URU-<br />
GUAI<br />
Pronunciamento Especial: Roberto Bennett –<br />
Gerente-Geral do Instituto “URUGUAI- XXI” – Montevidéu<br />
Moderador: Armando Meziat – Secretário de<br />
Desenvolvimento da Produção - MDIC<br />
Expositores:<br />
Leonardo Botelho Ferreira – Chefe do escritório do<br />
BNDES no URUGUAI<br />
Representante do Depto. Econômico da Embaixada do<br />
URUGUAI e da Seção Comercial do Consulado-Geral<br />
no Rio de Janeiro<br />
Pedro Bentencourt – Gerente de Relações Institucionais<br />
da GM<br />
Antonio Sergio M. Mello – Diretor de Relações Institucionais<br />
da FIAT<br />
David Wong – representante do SINDIPEÇAS<br />
(intervalo para café – 10 minutos)<br />
15:30h PAINEL II: As relações Brasil – URUGUAI
nos setores de: construção civil, petróleo, e fontes<br />
alternativas de energia.<br />
Investimentos de empresas uruguaias no Brasil<br />
Presidente do Painel: Embaixador Ernesto Rubarth–<br />
Secretário de Estado de Assuntos Internacionais<br />
Moderador: - José Augusto de Castro – Presidente,<br />
interino, da Associação de Comércio Exterior do<br />
Brasil - AEB<br />
Expositores:<br />
Clóvis Corrêa de Queirós – Gerente-Geral da PE-<br />
TROBRÁS – URUGUAI<br />
German Riet – Presidente da “ANCAP” – URU-<br />
GUAI<br />
Evandro Daltro – Representante da Construtora<br />
OAS<br />
17:00h PAINEL III: O relacionamento Brasil-<br />
URUGUAI nos setores: Serviços, e Turismo. Facilidades<br />
da legislação trabalhista para emprego de mão<br />
de obra brasileira<br />
Presidente: Mauricio do Val – Secretario-adjunto de<br />
Comercio e Serviços do MDIC<br />
Pronunciamento especial: Fernando Lorenzo –<br />
Chefe da Assessoria Macroeconômica do MEF e Álvaro<br />
Ons – Assessoria de Política Comercial do MEF<br />
“Regime e clima dos investimentos no URUGUAI”<br />
18:00h Sessão Solene de Encerramento:<br />
Presidente da Sessão : José Eduardo Martins Felício<br />
– Embaixador Plenipotenciário do Brasil no URU-<br />
GUAI<br />
Pronunciamento Especial: Embaixador Nelson Fernandez<br />
–<br />
Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores<br />
do URUGUAI<br />
Componentes da mesa:<br />
Carlos Amorín - Embaixador Plenipotenciário do<br />
URUGUAI<br />
Gerardo Gadea – Vice-Ministro da Industria e do Comércio<br />
do URUGUAI<br />
Ivan Ramalho – Secretario-executivo do MDIC e Coordenador<br />
da “Comissão mista” BRASIL-URUGUAI<br />
Alberto Guani – Cônsul-Geral do URUGUAI no Rio<br />
de Janeiro<br />
João Augusto de Souza Lima – Presidente da <strong>FCCE</strong><br />
Arnaldo Castro – Presidente da “Camara de Comercio<br />
y Serviços Del URUGUAI”<br />
Embaixador Paulo Pires do Rio – Diretor-Conselheiro<br />
do Conselho Superior da <strong>FCCE</strong><br />
COQUETEL:<br />
Homenagem à Delegação Uruguaia
a b E r t u r a<br />
Corrigindo assimetrias<br />
Embaixador do Uruguai no Brasil fala sobre as ações recentes no comércio<br />
bilateral Brasil-Uruguai<br />
Da esquerda para direita: Elio de Almeida, Theóphilo de Azeredo Santos, Embaixador José Felício, Armando Meziat, Embaixador Carlos<br />
Amorín e Gerardo Gadea<br />
Abertura dos trabalhos do Seminário<br />
Bilateral de Comércio<br />
Exterior e Investimento Brasil–<br />
Uruguai ficou a cargo do Presidente<br />
da FEDERAÇÃO DAS<br />
CÂMARAS DE COMÉRCIO<br />
EXTERIOR, João Augusto Souza<br />
Lima. “Quero lembrar que a série<br />
de seminários bilaterais é um projeto<br />
que é apoiado pelo governo<br />
federal, através do Ministério das<br />
Relações Exteriores e do Ministério<br />
de Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio Exterior. Este é<br />
o 38º evento desta natureza. Esta-<br />
16 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
mos levando a efeito esse tipo de<br />
trabalho há quatro anos. A <strong>FCCE</strong><br />
tem o orgulho de registrar o sucesso<br />
mais do que absoluto e prova<br />
a necessidade e a importância<br />
desse tipo de reuniões, desse tipo<br />
de desenvolvimento de atividades<br />
comerciais bilaterais”, disse Souza<br />
Lima. Ele aproveitou para agradecer<br />
o apoio e colaboração do presidente<br />
da Confederação Nacional<br />
do Comércio (CNC), Antônio<br />
Oliveira Santos, do presidente da<br />
Câmara de Comércio Internacional<br />
(CCI), Theóphilo de Azeredo<br />
Santos, do presidente da Associação<br />
de Comércio Exterior do Brasil<br />
(AEB), Benedicto Fonseca Moreira,<br />
e o presidente do Conselho<br />
de Câmaras de Comércio Exterior<br />
das Américas, José Francisco Marcondes<br />
Neto.<br />
Em seguida, ele chamou para<br />
compor a mesa da Sessão Solene<br />
de Abertura: Gustavo Affonso Capanema,<br />
vice-presidente do Conselho<br />
Superior da <strong>FCCE</strong>; Fernando<br />
Lorenzo, chefe da Assessoria<br />
Macroeconômica do Ministério<br />
de Economia e Finanças (MEF)
do Uruguai ; Theóphilo de Azeredo<br />
Santos, presidente das Câmaras<br />
do Comércio Internacional e<br />
Presidente do Conselho Superior;<br />
Elio de Almeida Cardoso, assessor<br />
Especial da Política Externa<br />
da Presidência da República;<br />
embaixador Nelson Fernandez,<br />
secretário-geral do Ministério das<br />
Relações Exteriores do Uruguai,<br />
Gerardo Gadea, vice-ministro<br />
da Indústria e do Comércio do<br />
Uruguai; e José Eduardo Martins<br />
Felício, embaixador do Brasil no<br />
Uruguai. Para presidir essa sessão,<br />
Armando Meziat, secretário do<br />
Desenvolvimento da Produção do<br />
MDIC, e para fazer o pronunciamento<br />
especial da sessão, o presidente<br />
da <strong>FCCE</strong> convidou Carlos<br />
Amorín, embaixador da República<br />
do Uruguai.<br />
Atrair investimentos<br />
O embaixador iniciou o seu pronunciamento<br />
agradecendo o convite feito pela<br />
<strong>FCCE</strong> para a realização do seminário, e<br />
destacou a importância reconhecida pelo<br />
governo uruguaio, que enviou uma grande<br />
delegação para o evento. “Eu queria<br />
dar as boas-vindas a este do seminário<br />
que permitirá melhorar o conhecimento<br />
que se tem do Uruguai, as suas políticas,<br />
situações econômicas e, também, as<br />
possibilidades para permitir novos investimentos<br />
oriundos do Brasil e do estado<br />
do Rio de Janeiro. Quero destacar a importância<br />
que demos a este seminário.<br />
Trouxemos o vice-ministro da Indústria,<br />
Gerardo Gadea, o chefe da Assessoria<br />
Macroeconômica do MEF, Fernando Lorenzo,<br />
e o secretário-geral do Ministério<br />
das Relações Exteriores, Nelson Fernandez.<br />
Isso marca, de alguma maneira, toda<br />
a delegação, e mostra a importância que<br />
o Uruguai atribui a este encontro”, afir-<br />
mou o diplomara.<br />
Após a introdução do discurso, Carlos<br />
Amorín fez um relato das relações bilaterais<br />
Brasil-Uruguai. Ele considerou que,<br />
recentemente, os dois países tiveram alguns<br />
problemas, mas ele ressaltou que<br />
ambos os governos trabalham para resolver<br />
as complicações existentes no campo<br />
do relacionamento comercial. “Estamos<br />
aqui para vermos um dos capítulos da<br />
relação comercial e a possibilidade de investimentos<br />
que oferece o Uruguai para<br />
as empresas brasileiras. Estamos vendo<br />
um comércio em crescimento para todos<br />
os lados, inclusive, neste último ano,<br />
podemos ver que, percentualmente, o<br />
comércio do Uruguai cresceu mais que<br />
o comércio brasileiro”, analisou Amorín.<br />
Ele mencionou que as exportações do<br />
Uruguai ao Brasil cresceram 34%, e, no<br />
sentido inverso, as exportações do Brasil<br />
para o Uruguai tiveram um aumento de<br />
27%. No entanto, ele lembrou que, apesar<br />
do crescimento percentual das vendas<br />
de produtos uruguaios para o Brasil terem<br />
sido constatadas em 2007, o país ainda<br />
se mostra deficitário no comércio com<br />
o Brasil. “Temos um déficit comercial que<br />
o Uruguai não pode superar. Mas, a idéia<br />
de que podemos encontrar uma aproxi-<br />
Embaixador Carlos Amorín em pronunciamento especial<br />
mação de maior equilíbrio é central para<br />
nós porque implicará em mais oportunidades<br />
para as empresas uruguaias”, avaliou<br />
o embaixador.<br />
A questão dos investimentos entre os<br />
países também foi tratada na palestra do<br />
diplomata. Ele lembrou que há em curso<br />
um processo de desenvolvimento dos<br />
investimentos brasileiros e uruguaios.<br />
“Creio que isso é um fenômeno novo e<br />
que foi lançado nos últimos anos”, disse.<br />
Ele informou que os setores onde ocorrem<br />
esses investimentos são o bancário,<br />
frigorífico, construção civil, agricultura,<br />
aço e bebidas.<br />
O embaixador comemorou a decisão do<br />
governo brasileiro em instalar um escritório<br />
do Banco Nacional de Desenvolvimento<br />
Econômico e Social (BNDES) em<br />
Montevidéu. De acordo com informações<br />
passadas pelo próprio banco, o escritório<br />
será aberto até janeiro de 2009. “É importante<br />
a forma de estar presente uma<br />
agência de banco de fomento do Brasil<br />
no Uruguai”, frisou. Ainda no campo dos<br />
investimentos, Carlos Amorín fez, também,<br />
elogios ao acordo automobilístico,<br />
recentemente firmado entre os dois países,<br />
e que já está em vigor. “Este acordo é<br />
auspicioso para a região, e põe o Uruguai<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
17
a b E r t u r a<br />
Embaixador Carlos Amorín acredita que em breve haverá maior equilíbrio nas relações<br />
comerciais Brasil e Uruguai<br />
no mapa da indústria automobilística.<br />
Com acordos de maior prazo, como este,<br />
muda a tendência que era vista nos acordos<br />
anteriores entre Brasil e Uruguai”,<br />
disse o embaixador. Ele conclamou, ainda,<br />
empresas brasileiras a procurar mais<br />
informações sobre o mercado uruguaio<br />
para investimentos, sobretudo com ênfase<br />
na complementação produtiva. “As empresas<br />
brasileiras vão ao Uruguai, lucram<br />
por lá, e vendem, também, para o Brasil.<br />
E, dentro disto, estamos pensando, ainda,<br />
na possibilidade de complementação.<br />
Creio que são instrumentos que devemos<br />
utilizar, tanto para o mercado uruguaio<br />
e brasileiro quanto para outros mercados<br />
do Mercosul”, concluiu o embaixador.<br />
“A <strong>FCCE</strong> tem o orgulho de registrar o<br />
sucesso mais do que absoluto e prova a<br />
necessidade e a importância desse tipo de<br />
reuniões, desse tipo de desenvolvimento de<br />
atividades comerciais bilaterais”<br />
João Augusto de Souza Lima<br />
Presença brasileira no Uruguai<br />
O secretário do Desenvolvimento da<br />
Produção do MDIC, Armando Meziat, foi<br />
o palestrante seguinte. Ele afirmou que<br />
18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
o seminário é relevante para as relações<br />
Brasil – Uruguai, pois serve para abordar<br />
o relacionamento das empresas dos<br />
dois países no contexto do Mercosul e os<br />
investimentos brasileiros no país vizinho.<br />
“O Uruguai apresenta grandes oportunidades<br />
de investimento para os grupos<br />
empresarias do Brasil. O Presidente Lula<br />
tem motivado nossos empresários a investirem<br />
no Uruguai. Prova desse apoio<br />
são as grandes linhas de créditos abertas<br />
pelo BNDES. Nos últimos anos, empresas<br />
brasileiras estão aumentando sua presença<br />
no Uruguai, grupos como: Petrobras,<br />
Gerdau, Ambev, Banco Itaú são exemplos<br />
de empresas que apostaram no potencial<br />
do mercado Uruguaio”. Para Meziat, o<br />
movimento desses investimentos é uma<br />
boa forma de atingir a integração econômica<br />
esperada a partir da formação do<br />
Mercosul. “Nossos governos têm buscado<br />
ampliar a integração dos processos<br />
produtivos. Destaco as ações em curso no<br />
contexto do programa de integração produtiva<br />
do Mercosul tendo como piloto o<br />
Fórum Mercosul de madeira e móveis”<br />
detalhou.<br />
Ele destacou, ainda, o acordo automotivo<br />
recentemente assinado entre os<br />
países. Meziat explicou que o setor de automóveis<br />
, assim como o açucareiro, não<br />
está inserido no Mercosul. Por conseguinte,<br />
a comercialização de automóveis e<br />
auto-peças é regida por acordos bilaterais<br />
de transição ao livre comércio. O novo<br />
acordo, firmado recentemente, estará<br />
em vigência até junho de 2014. Seu prazo<br />
de vigência é de seis anos, período maior<br />
do que os acordos anteriores. De acordo<br />
com o secretário, o objetivo de estender<br />
o prazo foi proporcionar mais segurança<br />
aos investidores como à constância das<br />
regras de atuação. “Corroborando nesse<br />
sentido, os resultados do comércio de<br />
produtos automotivos entre os dois países<br />
serão monitorados trimestralmente<br />
por um comitê automotivo bilateral. No<br />
caso de não se atingir os resultados esperados,<br />
este comitê poderá propor ações<br />
visando à correção de rumo em direção<br />
às metas perseguidas”. O acordo, segundo<br />
o secretário, levou em conta as assimetrias<br />
dos dois mercados bem como o<br />
atual déficit comercial uruguaio.<br />
“A idéia de que podemos encontrar uma<br />
aproximação de maior equilíbrio é central<br />
para nós porque implicará em mais oportunidades<br />
para as empresas uruguaias”<br />
Embaixador Carlos Amorín<br />
Em relação ao tema sobre as assimetrias<br />
de comércio entre os dois países, Meziat<br />
considerou ser importante avançar mais<br />
na remoção das barreiras aos negócios<br />
dentro do Mercosul. Ele comentou que a<br />
proposta de criação do fundo de apoio às<br />
pequenas e médias empresas como forma<br />
de ampliar a competitividade das empresas<br />
de menor porte, aprovada na ultima<br />
reunião do conselho do Mercosul, é uma<br />
boa iniciativa para a correção de assimetrias<br />
intrabloco. “Durante a presidência<br />
pro-tempore brasileira, neste segundo<br />
semestre de 2008, o tratamento das assimetrias<br />
será prioritário em nossa atuação<br />
e presente em todas as nossas iniciativas.<br />
Debateremos com esse espírito em todos<br />
os fóruns do Mercosul, bem como<br />
apoiando proposta de ações surgidas nas<br />
reuniões da comissão de monitoramento<br />
do Comércio Bilateral Brasil-Uruguai”,<br />
concluiu o secretário que, após o término<br />
da sua palestra, deu a sessão por encerrada.
P a i n E l i<br />
Em busca por um comércio mais equilibrado<br />
Palestrantes debatem sobre propostas de investimentos e comércio entre<br />
Brasil e Uruguai com vistas à diminuição das assimetrias<br />
Da esquerda para direita: Antônio Sérgio Melo, Pedro Bentancourt, Roberto Bennet, Gerardo Gadea, Armando Meziat, Leonardo Botelho<br />
e David Wong<br />
O relacionamento das empresas<br />
uruguaias e brasileiras no âmbito<br />
do Mercosul; investimentos brasileiros<br />
no Uruguai; e assinatura do<br />
acordo automotivo foram os temas<br />
tratados pelos palestrantes do Painel<br />
I do Seminário Bilateral de Comércio<br />
Exterior e Investimentos<br />
Brasil-Uruguai. Para fazer as apresentações<br />
do painel foram convidados:<br />
Roberto Benett, gerentegeral<br />
do Instituto “Uruguai XXI”;<br />
Leonardo Botelho Ferreira, chefe<br />
do escritório BNDES no Uruguai;<br />
Pedro Bentancourt, representante<br />
da General Motors do Brasil; Antonio<br />
Sergio Melo, diretor de Relações<br />
Institucionais da FIAT; David<br />
Wong, representante do SINDIPE-<br />
ÇAS. O painel foi moderado pelo<br />
secretário de Desenvolvimento<br />
da Produção do MDIC, Armando<br />
Meziat; e presidido pelo vice-ministro<br />
da Indústria e do Comércio<br />
do Uruguai, Gerardo Gardea.<br />
Gerardo Gardea, vice-ministro da Indústria<br />
e do Comércio do Uruguai, abriu<br />
o painel fazendo referencias à estabilidade<br />
política e institucional do país. Segundo<br />
ele, o Uruguai é um Estado que, quando<br />
observado os números de crescimento da<br />
sua economia, demonstra absoluta solidez.<br />
“Em 2007, o crescimento do PIB<br />
foi de 7% em relação ao ano anterior. As<br />
exportações de bens têm crescido a uma<br />
média de 13% ao ano, e as importações<br />
de bens crescem 25%. Os investimentos<br />
estão crescendo a 12%. O mesmo ocorre<br />
com o crescimento industrial e no setor<br />
de alimentos. Quero dizer que o Uruguai<br />
quer dar um impulso renovado para desenvolver<br />
processos de integração produtiva<br />
do Mercosul”, afirmou Gardea. Ele<br />
afirmou que o Uruguai desenvolve uma<br />
estratégia industrial.<br />
De acordo com o palestrante, essa estratégia<br />
produtiva significa que o Uruguai<br />
pode passar de um país agrícola, como<br />
tradicionalmente tem sido, para ser um<br />
país industrial, e, assim, intercambiar,<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
19
P a i n E l i<br />
Gerardo Gadea afirma que o Uruguai precisa vender produtos de maior valor agregado<br />
com maior valor tecnológico, os produtos<br />
do país. “Queremos, naturalmente,<br />
aumentar o fluxo de comércio com<br />
o Brasil. Estamos vendendo muito bem<br />
para os brasileiros, mas necessitamos<br />
exportar produtos de maior valor agregado”,<br />
comentou. Ele pediu, ainda, que<br />
empresários brasileiros confiem no país,<br />
pois o Uruguai está apto a receber investimentos.<br />
“O Brasil será, em breve, uma<br />
das locomotivas econômicas mundial.<br />
“O Brasil será, em breve, uma das locomotivas<br />
econômicas mundial. Por isso, queremos<br />
que a complementaridade produtiva em<br />
indústrias, para que, assim, o Mercosul se<br />
fortaleça”<br />
Gerardo Gardea<br />
Por isso, queremos que a complementaridade<br />
produtiva em indústrias,<br />
para que, assim, o Mercosul se fortaleça.<br />
Ambos os países podem se desenvolver<br />
economicamente de maneira muito<br />
mais forte”, avaliou o vice-ministro<br />
20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
uruguaio. Em seguida, ele passou a palavra<br />
Roberto Bennett., gerente -geral do<br />
Instituto “Uruguai XXI” – Montevidéu<br />
Investimentos bilaterais<br />
Bennett disse que faria a sua exposição<br />
sobre a situação das relações bilaterais<br />
através de cifras. Nesse contexto, ele apresentou,<br />
de início, um estudo em relação às<br />
exportações uruguaias ao Brasil, do período<br />
que vai de 2000 até agosto de 2008.<br />
“Podemos ver que, efetivamente, há um<br />
aumento, uma progressão”, disse. Pela<br />
classificação de conteúdo tecnológico dos<br />
produtos existentes na pauta, verificou-se<br />
que a ênfase majoritária das exportações<br />
uruguaias está em produtos primários,<br />
representando 38%. “Os produtos com<br />
alto conteúdo tecnológico representam<br />
porcentagens insignificantes. O que o<br />
Uruguai importa do Brasil, no mesmo período<br />
(2000-2007) são produtos de médio<br />
e baixo conteúdo tecnológico, que somam<br />
mais de 50% de tudo o que os brasileiros<br />
vendem para nós. Essa tendência continua<br />
aumentando nos últimos anos”, enfatizou.<br />
Presença brasileira<br />
Ele apresentou, em seguida, um gráfico<br />
que mostra os principais setores com<br />
presença de capital brasileiro no Uruguai.<br />
Os investimentos em ativos existentes<br />
no país vizinho estão dentro dos<br />
setores de bebidas, energia, frigoríficos<br />
de carne bovina, siderurgia, financeiro<br />
e moinhos de arroz. Ele informou que<br />
o Brasil entrou no setor de bebidas no<br />
Uruguai por intermédio da aquisição da<br />
cervejaria argentina Quilmes, por parte<br />
da AmBev. Dessa forma, a empresa brasileira<br />
passou a comandar as cervejarias<br />
uruguaias presentes no país, que antes<br />
pertenciam à empresa argentina de cerveja.<br />
Atualmente, de acordo com Bennett,<br />
a AmBev responde por 98% do<br />
mercado de bebidas do Uruguai. Já no<br />
setor de energia, a Petrobras adquiriu<br />
a companhia de gás Gaseba y Conecta,<br />
responsável pela distribuição de gás no<br />
país e comprou, também, 85 postos de<br />
serviços da Shell. Quanto a investimentos<br />
em frigoríficos, ele informou que<br />
o grupo Marfrig comprou frigoríficos<br />
uruguaios Tacuarembó, La Caballada,<br />
Elbio Pérez Rodríguez, Establecimientos<br />
Colônia Noblemark. Com essas<br />
aquisições, o grupo Marfrig passou a<br />
dominar 40% do mercado de processamento<br />
de carne no Uruguai. Ele informou,<br />
ainda, que grupo brasileiro Bertin<br />
entrou no Uruguai através da compra<br />
do frigorífico Canelones.<br />
No setor de moinhos de arroz, a compra<br />
da empresa Saman por parte do<br />
Grupo Camil Alimentos, pelo valor de<br />
US$ 160 milhões, fez com que a empresa<br />
brasileira se tornasse a principal<br />
companhia do setor arrozeiro uruguaio<br />
e o segundo maior exportador do país<br />
em 2007. “Essa aquisição implicou na<br />
compra da empresa Samu S.A., subsidiária<br />
da Saman, e a empresa Arrozur<br />
S.A. (47%).<br />
Em relação ao setor financeiro, a compra<br />
do Banco de Boston pelo Banco Itaú<br />
fez com que a instituição bancária brasileira<br />
assumisse 6,4% de participação de<br />
volume de ativos do sistema bancário do<br />
Uruguai. Gerdau (siderurgia) Neditec<br />
(têxtil) e a Compañía de Aguas Cisplatina<br />
(água mineral) são empresas de capi-
tal brasileiro que também atuam no mercado<br />
uruguaio “O nosso país tem buscado<br />
incentivar a vinda de empresas para investimentos<br />
diretos. Foi criada uma agência<br />
dentro do Ministério de Economia e<br />
Finanças que dá apoio aos investimentos.<br />
Temos trabalhado para criar incentivos<br />
fiscais e tributários”, considerou. Bennett<br />
explicou que para as empresas poderem<br />
usufruir desses benefícios, elas precisam:<br />
gerar emprego com mão de obra local,<br />
aumentar as exportações, fortalecimento<br />
e incremento do valor agregado nacional,<br />
utilização de tecnologias limpas para proteger<br />
o meio ambiente.<br />
“Queremos estimular mais investimentos<br />
brasileiros que resultem em mais criação de<br />
emprego e diversificação industrial, gerando,<br />
assim, mais riqueza”<br />
Roberto Benett<br />
“Eu queria lembrar os desafios que<br />
existem em nosso país e que podemos<br />
enfrentar conjuntamente com o Brasil<br />
para poder melhorar o nível das nossas<br />
exportações e corrigir a tendência estrutural<br />
do déficit comercial com o Brasil e<br />
suas assimetrias”. Para o palestrante, utilizar<br />
a posição de destaque das empresas<br />
brasileiras no Uruguai para benefício do<br />
resto da economia nacional é uma ação<br />
bem-vinda. “Queremos estimular mais<br />
investimentos brasileiros que resultem<br />
em mais criação de emprego e diversificação<br />
industrial, gerando, assim, mais<br />
riqueza”, disse, finalizando a sua apresentação.<br />
BNDES no Uruguai<br />
Leonardo Botelho Ferreira, chefe do<br />
escritório BNDES no Uruguai, tomou<br />
a palavra. De início, ele fez referência à<br />
presença do banco no Uruguai, explicando<br />
como o BNDES apóia investimentos<br />
no país vizinho, o primeiro a ter um<br />
escritório da instituição fora do Brasil.<br />
“Hoje o BNDES tem o apoio direcionado<br />
à infra-estrutura, à estrutura produtiva, à<br />
inovação, à inclusão social e à integração<br />
regional. O banco atua, praticamente,<br />
em todas as áreas da economia, e, mais<br />
recentemente, tem mostrado prioridade<br />
do seu apoio às iniciativas de inovação<br />
das empresas. A gente acredita que isso é<br />
um papel que o banco pode desempenhar<br />
de uma maneira importante e transferir<br />
esse conhecimento para outros países”,<br />
disse Botelho Ferreira. Nesse contexto,<br />
ele comentou que o banco atua em investimentos<br />
de bens de capital para micros,<br />
pequenas e médias empresas, assim como<br />
na capacidade produtiva e inserção internacional<br />
das empresas brasileiras através<br />
do apoio às importações, e do investimento<br />
direto em outros países, desenvolvimento<br />
urbano e social, inclusão social e<br />
meio ambiente. “De acordo com as políticas<br />
operacionais do BNDES, apoiamos<br />
projetos de implementação e expansão<br />
de unidades industriais, incluindo obras<br />
civis, instalações, montagens, aquisição de<br />
máquinas e equipamentos novos e importados,<br />
e capital de giro associado. A gente<br />
apóia, também, a aquisição de máquinas<br />
e equipamentos de fabricação nacional,<br />
credenciados ao BNDES, e a produção e<br />
comercialização de bens para a exportação<br />
na modalidade de pré-embarque e na<br />
modalidade pós-embarque”, explicou.<br />
O gerente do BNDES apresentou dados<br />
que demonstram que 40% dos desembolsos<br />
foram direcionados para a indústria,<br />
e 40 %, para a infra-estrutura. “Essa é a<br />
verdadeira vocação do BNDES: o finan-<br />
ciamento dessas duas áreas – indústria<br />
e serviços de infra-estrutura - ao longo<br />
dos anos”. Ele revelou que o BN-<br />
DES tem para o setor de infra-estrutura<br />
uma carteira de US$ 13 bilhões em financiamento<br />
no exterior, alavancando<br />
projetos de mais de US$ 25 bilhões de<br />
dólares em diversos países. Na divisão<br />
por setor, Botelho Ferreira disse que se<br />
verifica uma forte presença em transporte<br />
e energia elétrica, que, juntos,<br />
representam 25% dos desembolsos do<br />
BNDES. “Para os investimentos no exterior,<br />
a gente apresenta um resumo das<br />
linhas disponíveis no banco. Hoje temos<br />
as linhas do BNDES-EXIM, que são as<br />
linhas de financiamento à exportação<br />
na fase pré-embarque e pós-embarque.<br />
Esse financiamento é concedido, diretamente,<br />
para a empresa brasileira fabricante<br />
ou para o importador situado nos<br />
demais países. O Banco também apóia,<br />
por meio das suas linhas de internacionalização,<br />
a formação de join venture no<br />
exterior, além da construção, aquisição,<br />
ampliação e modernização de unidades<br />
industriais ou de serviços”, analisou o<br />
representante do BNDES.<br />
A forma de atuação do BNDES fora<br />
do Brasil consiste em várias frentes. Ela<br />
vai desde estudos de garantias usual-<br />
Benett, do Instituto “Uruguai XXI”, acredita que as exportações uruguaias crescerão em 2009<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
21
P a i n E l i<br />
mente aceitas pelo Banco, como o seguro<br />
de crédito às exportações, até o convênio<br />
de pagamento da Aladi (Associação Latino<br />
Americana de Integração), que hoje<br />
corresponde a 90% dos financiamentos<br />
fora do Brasil aos governos onde as empresas<br />
brasileiras atuam. “A gente trabalha<br />
com a garantia de bancos credenciados<br />
no BNDES, e, também, em parceria<br />
com organismos multilaterais, como a<br />
CAF (Corporação Andina de Fomento),<br />
o BIRD (Banco Mundial), o Fonplata<br />
(Fundo Financeiro para o Desenvolvimento<br />
da Bacia do Prata) e outros bancos”,<br />
explicou gerente.<br />
Financiamentos<br />
Em relação à presença do BNDES no<br />
Uruguai, Botelho Ferreira contou que,<br />
em 2007, a diretoria do banco tomou a<br />
decisão de montar um escritório nesse<br />
país. Os objetivos desse escritório, segundo<br />
o gerente do BNDES, é ter uma<br />
atuação mais dinâmica no Uruguai, além<br />
de servir também como base para atuação<br />
regional do Banco. “A partir do escritório<br />
em Montevidéu, o BNDES vai trabalhar e<br />
facilitar operações de financiamento para<br />
a infra-estrutura e para a indústria nos<br />
países do Mercosul e América do Sul”,<br />
previu. Ele afirmou, ainda, que a escolha<br />
do banco por Montevidéu se deu, sobretudo,<br />
em razão da cidade ser a sede da<br />
Aladi e do Mercosul, e por ter facilidade<br />
de acesso a todos os outros países do bloco<br />
regional. “O banco vai trabalhar com a<br />
estruturação de negócios e vai contribuir<br />
com as atividades institucionais. Atualmente,<br />
os técnicos do BNDES integram<br />
mais de 30 grupos montados no âmbito<br />
das iniciativas de integração regional,<br />
como a Aladi e o Mercosul. São grupos<br />
de infra-estrutura e de apoio à micro,<br />
pequena e médias empresas”, analisou o<br />
executivo. Ele acrescentou que o BN-<br />
DES firmou um acordo com o Banco da<br />
República Oriental do Uruguai para desenvolver<br />
atividades de cooperação técnica,<br />
principalmente no desenvolvimento<br />
do mercado de capitais e produtos que<br />
o BNDES já desenvolve no Brasil. “Essa<br />
é uma solicitação do BROU. A gente vai<br />
montar essa parceria de forma mais estruturada<br />
a partir da instalação do nosso<br />
escritório”, disse.<br />
22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Leonardo Ferreira disse que o BNDES acredita na integração sul-americana<br />
“A partir do escritório em Montevidéu, o<br />
BNDES vai trabalhar e facilitar operações<br />
de financiamento para a infra-estrutura e<br />
para a indústria nos países do Mercosul e<br />
América do Sul”<br />
Leonardo Ferreira<br />
O representante do BNDES afirmou<br />
que o momento atual está propício para<br />
investimentos estrangeiros no Uruguai.<br />
Para ele, essa percepção se dá a partir das<br />
mudanças da legislação que ocorreram a<br />
partir de 2005 e 2006 nesse país. “Hoje,<br />
há uma legislação bastante interessante<br />
do ponto de vista contável e fiscal pra<br />
instalação de empresas no Uruguai. Isso<br />
pode facilitar os negócios de companhias<br />
brasileiras por lá”, analisou Botelho Ferreira,<br />
acrescentando que o setor de turismo<br />
vem se destacando como uma das<br />
melhores oportunidades para os negócios<br />
em solo uruguaio. “De 2007 pra cá, vemos<br />
um aumento de 20% do número de<br />
turistas brasileiros que visitam o Uruguai.<br />
Há uma indústria de turismo a ser<br />
desenvolvida e que tem espaço no país,<br />
ou seja, mais um exemplo de desenvolvimento<br />
de negócio, além dos negócios<br />
tradicionais”, avaliou o palestrante.<br />
Já em relação a investimentos em infraestrutura,<br />
Botelho Ferreira ressaltou<br />
que o Uruguai está desenvolvendo um<br />
estudo de desenvolvimento de fontes<br />
de energia alternativa, que pode ser<br />
bastante interessante para empresas<br />
brasileiras que atuam neste setor. “O<br />
Uruguai é um país que busca fontes<br />
alternativas e viáveis a custos interessantes.<br />
As atividades que o Uruguai está<br />
conduzindo, por exemplo, na expansão<br />
e modernização do Porto de Montevidéu,<br />
vão requerer vários investimentos.<br />
Estamos vendo também a expansão da<br />
Zona América, que é uma grande zona<br />
franca situada a poucos quilômetros de<br />
Montevidéu, e que o governo anunciou,
ecentemente, investimentos da ordem<br />
de US$ 40 milhões com financiamento<br />
local”, anunciou. Ele contou que o BN-<br />
DES tem buscado entender os investimentos<br />
do Uruguai em infra-estrutura<br />
e, assim, está tentado coordenar, juntamente<br />
com o BROU e outras instituições<br />
do Uruguai, a possibilidade de financiar<br />
esses investimentos. “Os financiamentos<br />
em infra-estrutura no Uruguai, que o<br />
BNDES já participa desde 1997, podem<br />
ser desenvolvidas no país com esforços<br />
conjuntos e que vão impulsionar essas<br />
iniciativas de inovação. Eu acredito que<br />
esses investimentos vão trazer resultados<br />
muito interessantes para o Uruguai, e<br />
contribuir com seu crescimento sustentado<br />
acima de 7% por mais de cinco ou<br />
seis anos”, calculou. De acordo com o<br />
palestrante, o BNDES não busca somente<br />
levar exportações de empresas brasileiras<br />
ao Uruguai, mas, também, quer contribuir<br />
com a coordenação e contribuição<br />
do governo uruguaio e as instituições do<br />
país para desenvolvimento regional.<br />
Tecnologia da Informação<br />
Fomentar investimentos na área da tecnologia<br />
da informação também pode estar<br />
no rol de prioridades do banco, segundo<br />
o representante do BNDES. Ele disse que<br />
o Uruguai tem uma formação de pessoal<br />
qualificado que se destaca entre os países<br />
da América do Sul, tornando o país num<br />
interessante centro de desenvolvimento<br />
de software de telecomunicações e biotecnologia.<br />
“Acreditamos que com a entrada<br />
das novas indústrias de celuloses no<br />
Uruguai, serão desenvolvidos setores de<br />
genoma florestal. Há um nicho de oportunidades<br />
no Uruguai que não pode ser<br />
desprezado pelas empresas brasileiras.<br />
As indústrias intensivas em conhecimento<br />
também são tratadas com prioridades<br />
nas ações do BNDES no Brasil, e a gente<br />
acredita que pode levar o nosso conhecimento<br />
de financiamento para colaborar<br />
com o desenvolvimento dessas indústrias<br />
no Uruguai”.<br />
GM nas relações bilaterais<br />
Ao terminar a sua participação, o representante<br />
do BNDES passou a palavra<br />
para Pedro Bentancourt, representante<br />
da GM no Brasil. “Muito me honra o convite<br />
para colocar a situação da GM, principalmente<br />
no que tange o relacionamento<br />
Brasil – Uruguai. Para nós o Mercosul é<br />
um destino. A GM no Brasil é a cabeça<br />
das nossas operações no Mercosul. Então,<br />
para nós da GM, a integração não é um anseio,<br />
mas sim um fato concreto que se realiza<br />
cotidianamente”, disse Bentancourt.<br />
Ele revelou que a GM tem escritórios em<br />
operações em todos os países do bloco e<br />
que o conceito de Mercosul para empresa<br />
inclui ainda Chile, Bolívia e Peru. No<br />
caso específico do Uruguai, ele disse que a<br />
GM está presente com operação própria,<br />
e, atualmente, trabalham em torno de 500<br />
empregados nas filiais da empresa no país,<br />
numa rede de nove concessionárias e 25<br />
pontos de assistência técnica dessas concessionárias.<br />
“Para a GM do Mercosul, o<br />
Uruguai é uma peça fundamental. Nós<br />
não imaginamos o Mercosul sem as nossas<br />
operações naquele país e nós não imaginamos<br />
o Mercosul sem uma participação um<br />
pouco mais ativa do Uruguai. E, do ponto<br />
de vista da GM, continuaremos a fazer o<br />
que nos cabe, no sentido de estimular e<br />
8%<br />
40%<br />
2007<br />
US$ 34 bilhões<br />
12%<br />
13%<br />
tentar promover novos fornecedores<br />
oriundos do Uruguai. A GM coloca<br />
produtos oriundos basicamente do Brasil<br />
e da Argentina à exposição dos consumidores<br />
uruguaios. Entretanto, esta<br />
operação prevê, também, o intercâmbio<br />
comercial, principalmente no que tange<br />
à parte de peças”, explicou.<br />
“Para a GM do Mercosul, o Uruguai é<br />
uma peça fundamental. Nós não imaginamos<br />
o Mercosul sem as nossas operações<br />
naquele país e nós não imaginamos o<br />
Mercosul sem uma participação um pouco<br />
mais ativa do Uruguai”<br />
Pedro Bentancourt<br />
Quanto ao processo de integração<br />
mais sólida entre Brasil e Uruguai, o<br />
executivo destacou que isso não é uma<br />
tarefa difícil, uma vez que a concretização<br />
de negócios passa pelas condições<br />
objetivas de mercado. “Temos participado<br />
ativamente nas negociações de diversos<br />
acordos automotivos. Ficamos muito<br />
felizes quando esse último acordo foi<br />
planejado com longo termo de execu-<br />
QUADRO DE DESEMBOLSOS DO BNDES<br />
Indústria<br />
Infra-estrutura<br />
Agropecuária<br />
Comércio de Serviços<br />
40%<br />
Infra-estrutura 2007<br />
US$ 13,5 bilhões<br />
14%<br />
25%<br />
Transporte<br />
Energia Elétrica<br />
Telecomunicações<br />
Outros<br />
48%<br />
fonte: BNDES<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
23
P a i n E l i<br />
ção: seis anos. Talvez, dessa maneira, seja<br />
possível alavancar novos participantes na<br />
cadeia de fornecedores para a GM no<br />
Uruguai”, considerou Bentancourt. Segundo<br />
ele, o setor automotivo exige que<br />
as decisões se façam com perspectivas<br />
de longo prazo. “Temos a convicção que<br />
uma base institucional sólida permitirá a<br />
entrada de novos participantes. Tivemos,<br />
inclusive, em 2007, algum esforço significativo<br />
para alavancar negócios adicionais,<br />
como empresas uruguaias que desenvolvem<br />
trabalhos na área de blindagem. Fizemos<br />
alguns seminários, algumas visitas<br />
técnicas concretas e é um negócio que<br />
está em andamento”, concluiu.<br />
FIAT apostando no Mercosul<br />
Antônio Sergio Mello, diretor de Relações<br />
Institucionais da FIAT, foi o palestrante<br />
seguinte. Ele começou a sua participação<br />
dizendo que Brasil e Uruguai<br />
têm um histórico de relações amistosas,<br />
mas que precisa trabalhar mais para uma<br />
aproximação mais harmônica na economia.<br />
“É um desejo de todos nós que<br />
possamos construir uma história próspera<br />
entre os dois países. Esse debate está<br />
centrado na promoção do crescimento<br />
do Mercosul, mas um crescimento harmônico.<br />
Acho que esse é o centro do<br />
debate para as economias menores do<br />
bloco”, disse Mello. Ele relatou que os<br />
setores de serviços e da agroindústria do<br />
Uruguai vão bem dentro do processo de<br />
integração bilateral. No entanto, ele ressalvou<br />
que essa situação não se repete no<br />
setor industrial. “Verificamos problemas<br />
Entenda o novo acordo automotivo Brasil-Uruguai<br />
24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Pedro Bentancourt disse que o Mercosul é estratégico para a GM<br />
e quais são as barreiras na área da indústria<br />
e, especialmente, dos bens de consumo<br />
duráveis. Aí se destaca a cadeia produtiva<br />
do automóvel, mas também a cadeia<br />
do complexo eletrônico (informática, os<br />
bens eletrônicos, linha branca). Essa é<br />
uma questão que nós precisamos tratar”.<br />
Mello elogiou os pontos do último<br />
acordo automotivo firmado entre Brasil e<br />
Uruguai. “Foi um bom acordo, tanto para<br />
o governo brasileiro quanto para o governo<br />
uruguaio, pois ele define regras de<br />
equilíbrio e promoção do intercâmbio”,<br />
afirmou, acrescentando que o acordo deveria<br />
ser estendido para todo o bloco. “Eu<br />
acho que nós temos que caminhar para um<br />
acordo geral dentro do Mercosul, e não<br />
Os governos brasileiro e uruguaio anunciaram no dia 26 de junho de 2008 o novo Acordo Automotivo<br />
Brasil-Uruguai, que passou a valer a partir de 1º de julho deste ano e terá validade de seis<br />
anos. O acordo prevê uma cota anual de exportação de 6,5 mil veículos do Brasil para o Uruguai e<br />
de 20 mil unidades do Uruguai para o Brasil, sem o pagamento do Imposto de Importação. Mas essas<br />
cotas poderão ser ampliadas gradualmente, se as compras brasileiras do país vizinho aumentarem.<br />
De acordo com os termos do acordo atual, a cada doze meses o Brasil pode exportar 6,5 mil automóveis<br />
e veículos comerciais leves e 2,5 mil unidades de veículos utilitários para o Uruguai. Já ao<br />
país vizinho, no mesmo período, é permitido vender ao Brasil até 2,5 caminhões e 20 mil automóveis<br />
e comerciais leves, excluindo veículos blindados.<br />
Nesse caso, a cota definida na última renovação do acordo foi de 1.200 unidades, ou seja, até<br />
30 de junho deste ano, este é o número máximo de automóveis desta categoria que poderão ser<br />
vendidos ao Brasil com alíquota zero do imposto de importação. Para as outras categorias de veículos,<br />
como ônibus e máquinas agrícolas, vale o livre comércio bilateral, não havendo limitação de<br />
quantidades.<br />
um acordo Brasil – Uruguai, Brasil –<br />
Argentina como nós temos feito. Isto<br />
me parece uma coisa que também não<br />
sustenta e não estimula uma lógica de<br />
investimento de bloco”, criticou o executivo.<br />
Especialização<br />
Mello abordou a importância de se<br />
priorizar investimentos nas áreas de segurança<br />
ambiental dentro da cadeia de<br />
produção de automóveis. “Essa é a trilha<br />
que nós devemos percorrer”, afirmou o<br />
representante da FIAT. Ele disse, ainda,<br />
que cresce nas indústrias montadoras a<br />
especialização. Por isso, é muito importante<br />
dispor de engenheiros do setor<br />
automotivo. Dessa forma, investir em<br />
centros tecnológicos do país é fator<br />
relevante para atração de investimentos<br />
para o Uruguai. “A FIAT está olhando<br />
para o Uruguai. Já mandamos vários<br />
engenheiros para lá estudar a base industrial.<br />
Nós estamos observando e<br />
estamos desejosos de investir no país”,<br />
frisou. Outra questão levantada pelo<br />
executivo é a previsibilidade de regra.<br />
Ele explicou que os investimentos são<br />
muito sensíveis a mudanças nas cláusulas<br />
dos acordos. “Quando se muda a<br />
questão dos tributos, ou regra bruscas<br />
sobre algum item do veículo, isso afasta<br />
o investimento”, considerou Mello.
Quanto à presença da FIAT no<br />
Uruguai e no resto do Mercosul, Mello<br />
disse que torce para que o bloco consiga<br />
construir parcerias ricas que visem ao<br />
desenvolvimento da região. Ele afirmou,<br />
ainda, que está confiante na economia do<br />
Mercosul. “O Mercosul teve resultados e<br />
tem ajudado todos os países. Se olharmos<br />
as trajetórias das economias da Argentina,<br />
do Paraguai, Uruguai e do Brasil, de 2005<br />
para cá, todos os países tiveram taxas de<br />
crescimento relevantes, mostrando que<br />
o Mercosul pode oferecer muito mais”,<br />
defendeu.<br />
“A FIAT está olhando para o Uruguai. Já<br />
mandamos vários engenheiros para lá estudar<br />
a base industrial. Nós estamos observando<br />
e estamos desejosos de investir no<br />
país”<br />
Antonio Sergio Mello<br />
Em relação à presença da FIAT no Uruguai,<br />
Mello revelou que a empresa está no<br />
país há mais de 20 anos, e conta com 15<br />
distribuidores por todo território, sendo<br />
que sete em Montevidéu, além de ter 40<br />
pontos para a assistência técnica. “Conhecemos<br />
bem o Uruguai e estamos acompanhando<br />
atentamente todos os movimentos<br />
e desejamos ter mais investimentos<br />
na área produtiva. Neste momento, não<br />
temos nenhuma definição nessa área, mas<br />
todas as montadoras observam o Uruguai<br />
para ver o momento certo de tomada de<br />
decisão”, disse, finalizando, assim, a sua<br />
apresentação.<br />
SINDIPEÇAS<br />
David Wong, representante do SINDI-<br />
PEÇAS, foi o último palestrante do Painel<br />
I e, durante a sua apresentação, buscou dar<br />
foco ao intercâmbio Brasil – Uruguai dentro<br />
do setor de autopeças. Segundo ele, as<br />
trocas comerciais de autopeças entre os<br />
dois países se dão numa proporção de 12<br />
para 1. “Em 2007, o Brasil exportou US$<br />
235 milhões de autopeças para o Uruguai,<br />
e o Uruguai exportou para o Brasil US$<br />
19 milhões o mesmo produto. O que o<br />
novo acordo permite e busca fomentar é<br />
reduzir esse desequilíbrio comercial, dar<br />
um horizonte de previsibilidade para o setor<br />
de montadora e autopeças, incentivar<br />
David Wong disse que a Sindipeças busca aumentar sua participação no Mercosul<br />
Antonio Sergio Mello comemorou a assinatura do novo acordo automotivo<br />
investimentos e prover instabilidades de<br />
regras que são questões fundamentais<br />
para o setor”, analisou Wong.<br />
Para o palestrante, a questão de desenvolvimento<br />
do setor de autopeças<br />
depende de acordos de longo prazo,<br />
tendo em vista que, somente agora,<br />
uma montadora – a GM-está, de fato,<br />
operando dentro do Uruguai. Os blindados,<br />
uma das áreas apontadas por<br />
Wong como potenciais nas relações<br />
Brasil-Uruguai, permitem uma redução<br />
de mais curto prazo desse desequilibro<br />
comercial entre os dois países. Ele mencionou<br />
que o acordo estabelece cotas<br />
anuais para veículos blindados que podem<br />
ser vendidos para o Brasil, e que<br />
elas – as cotas - estão distribuídas numa<br />
média de 1.200 veículos anuais ao longo<br />
dos seis anos, sendo que são 600<br />
veículos para o primeiro ano, chegando<br />
a 1.600 veículos no sexto ano. “Isso<br />
representaria, em termos de potencial<br />
de importação do Uruguai, US$ 12 milhões,<br />
podendo chegar a um potencial<br />
de US$ 32 milhões no total, assumindo<br />
um preço médio de blindagem de US$<br />
20 mil”, calculou Wong. As cotas podem<br />
ser renegociadas a partir do 3º ano, caso<br />
o Brasil importe mais veículos do que é<br />
especificado pelo regime de cotas. Após<br />
a conclusão da exposição do representante<br />
do Sindipeças, o presidente do<br />
Painel I, Gerardo Gardea encerrou os<br />
trabalhos da sessão.<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
25
P a i n E l ii<br />
Energia em pauta<br />
Expositores debatem o papel do setor energético nas relações Brasil-Uruguai<br />
Da esquerda para direita: German Riet, José Augusto de Castro, embaixador Ernesto Rubarth, Evandro Daltro e Clóvis Corrêa de Queirós<br />
O Painel II do Seminário teve como<br />
tema: As relações Brasil – Uruguai<br />
nos setores de: construção civil,<br />
petróleo, e fontes alternativas de<br />
energia.Investimentos de empresas<br />
uruguaias no Brasil. O presidente<br />
do painel foi o embaixador Ernesto<br />
Rubarth, secretário de Estado<br />
de Assuntos Internacionais do Rio<br />
de Janeiro, e teve como moderado,<br />
José Augusto de Castro, vicepresidente<br />
da Associação de Comércio<br />
Exterior do Brasil (AEB).<br />
Para fazer as exposições, estiveram<br />
presentes: Clóvis Corrêa de Quei-<br />
rós, gerente-Geral da Petrobras–<br />
Uruguai; German Riet, vice-presidente<br />
da ANCAP (Administración<br />
Nacional de Combustibles, Alcohol<br />
y Portland); e Evandro Daltro,<br />
gerente-geral da Construtora OAS<br />
no Uruguai.<br />
O presidente do painel, embaixador<br />
Ernesto Rubarth, iniciou os trabalhos do<br />
painel fazendo comentários gerais sobre<br />
o tema proposto para a sessão. Para ele,<br />
há uma tendência, dentro do relacionamento<br />
econômico-social para o intercâmbio<br />
Brasil-Uruguai, ao desequilíbrio<br />
em favor do lado brasileiro. Contudo,<br />
26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
ele afirmou que há um compromisso e<br />
entendimento no sentido de se tentar<br />
reverter essa tendência. “Com o objetivo<br />
de promover esse equilíbrio comercial,<br />
há mecanismos novos de incentivos, tanto<br />
na parte comercial quanto na parte de<br />
investimentos. Segundo dados do MRE<br />
(Ministério das Relações Exteriores),<br />
cresce a presença de investimentos brasileiros<br />
no Uruguai, sobretudo nas áreas de<br />
energia (derivados de petróleo, distribuição<br />
de gás), bebidas, tecidos, frigoríficos<br />
e metalurgia. E, com este objetivo de estimular<br />
este equilíbrio comercial maior,<br />
foram assinados entre Brasil e Uruguai,<br />
no ano passado, cinco acordos voltados<br />
para investimentos brasileiros nas áreas<br />
de indústrias têxtil, auto-peças, biocombustíveis,<br />
mineração e energia”, detalhou<br />
Rubarth.
Ele lembrou que um dos principais<br />
setores de investimentos brasileiros no<br />
Uruguai está na área de gás natural. “A<br />
BR Distribuidora (empresa de distribuição<br />
de combustíveis subsidiária da Petrobras)<br />
adquiriu duas outras empresas<br />
uruguaias ao longo dos últimos anos. Há,<br />
também, grandes perspectivas de novas<br />
jazidas e reservas na área de gás natural<br />
no Uruguai. Na área de biocombustíveis,<br />
há algumas informações que indicam que<br />
a possibilidade de se plantar uma variedade<br />
de cana-de-açúcar para climas temperados,<br />
e na área de energia elétrica, há<br />
estudos e conversações de se estabelecer<br />
uma nova linha de transmissão de energia<br />
elétrica entre Brasil e Uruguai”, disse o<br />
diplomata, acrescentando que existe um<br />
bom clima de entendimento e um conjunto<br />
de medidas práticas que favorecem<br />
o relacionamento mais harmônico, sobretudo<br />
nos setores de energia. Após a<br />
sua breve exposição, Rubarth passou a<br />
palavra para o gerente Geral da Petrobras<br />
no Uruguai, Clóvis Corrêa de Queirós.<br />
Petrobras<br />
De início, Queirós fez uma apresentação<br />
do perfil da Petrobras, informando que a<br />
estatal é, hoje, uma empresa integrada de<br />
energia e com uma atuação definida no<br />
setor de petróleo, tanto na área produção<br />
e exploração em terra como em offshore.<br />
“A Petrobras tem 14 refinarias, com a capacidade<br />
instalada de produção de refino<br />
de 2 milhões de barris de petróleo por<br />
dia. Transportamos petróleo e derivados<br />
numa frota de 150 navios. Temos cerca de<br />
sete mil postos de gasolina e também atuamos<br />
na área de petroquímica. No gás natural,<br />
nós atuamos em toda a cadeia (exploração,<br />
produção e transporte), e mais<br />
recentemente, entramos no setor de gás<br />
liquefeito, com a instalação e inauguração<br />
de um terminal de regaseificação no porto<br />
de Pecém, no Ceará, nordeste do Brasil.<br />
E, na área de renováveis, a empresa<br />
exerce com eficácia a política de energia<br />
alternativa capitaneada pelo governo brasileiro”,<br />
disse o gerente da Petrobras.<br />
Para o setor de infra-estrutura,<br />
principalmente na área de dutos, Queirós<br />
afirmou que a companhia tem instalados<br />
nove mil quilômetros de dutos,<br />
transportando, principalmente, etanol.<br />
“A Petrobras é uma empresa de energia<br />
que busca atuar não só no Brasil, mas em<br />
âmbito mundial e, como é uma empresa<br />
da América do Sul, busca a integração regional<br />
através da energia que eu creio que<br />
é fundamental para o desenvolvimento do<br />
continente”. A Petrobras tem atuação em<br />
27 países, onde atua nas áreas comercial,<br />
de exploração e pesquisa.<br />
“A Petrobras é uma empresa de energia que<br />
busca atuar não só no Brasil, mas em âmbito<br />
mundial e, como é uma empresa da América<br />
do Sul, busca a integração regional através<br />
da energia que eu creio que é fundamental<br />
para o desenvolvimento do continente”<br />
Clóvis Corrêa de Queirós<br />
Petrobras no Uruguai<br />
A presença da Petrobras no Uruguai<br />
se dá, conforme informou Queirós, pelas<br />
vantagens apresentadas pelo país vizinho<br />
no campo da estabilidade política e social,<br />
pela seguridade jurídica, pelo potencial<br />
de crescimento com inflação controlada.<br />
“São dados que favorecem a entrada de<br />
investimentos”, classificou. Outro fator<br />
de destaque no Uruguai, apontado pelo<br />
palestrante, é a parte de infra-estrutura<br />
de telecomunicações e transportes. Além<br />
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, presidiu o Painel II<br />
disso, o gerente da Petrobras disse que<br />
o país vizinho tem uma malha rodoviária<br />
bastante eficiente. “A qualidade das<br />
rodovias uruguaias é realmente muito<br />
boa, principalmente se comparadas às<br />
nossas”. A Petrobras tem três empresas<br />
no Uruguai: uma empresa de distribuição<br />
de combustíveis, que foi comprado<br />
da Ancap, empresa estatal de energia<br />
uruguaia, e que trata da distribuição de<br />
combustíveis de avião e de navios, e,<br />
também, lubrificantes. A estatal brasileira<br />
também marca presença, por intermédio<br />
de duas empresas, no setor de<br />
distribuição de gás natural, que é proveniente<br />
da Argentina.<br />
Queirós revelou que a Petrobras investe<br />
na modernização das estações de<br />
serviços e infra-estrutura de logística,<br />
com o objetivo de garantir o suprimento<br />
de fertilizantes. Ainda no setor<br />
de infra-estrutura, ele informou que a<br />
empresa está fazendo a modernização<br />
da rede de tubulação de gás são 260 km<br />
dentro da cidade de Montevidéu. “Estamos<br />
investindo, também, na ampliação<br />
e na modernização da rede de gás natural<br />
em Montevidéu. Essa rede é bastante<br />
antiga, com mais de 60 anos”, avaliou o<br />
gerente da Petrobras. Dentro desse projeto,<br />
a Petrobras buscou contatos com<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
27
P a i n E l ii<br />
a prefeitura de Montevidéu para que as<br />
obras não transtornem o ambiente urbano<br />
da cidade. “As obras têm o financiamento<br />
do BNDES e está sendo executada<br />
pela OAS, com inovação tecnológica e<br />
com compromisso de trabalhar com pessoal<br />
não só do Brasil, mas também com<br />
mão-de-obra da região”, afirmou Queirós.<br />
De acordo com ele, o projeto está<br />
gerando 500 empregos diretos.<br />
“A Petrobras está investindo, também, na<br />
ampliação e na modernização da rede de<br />
gás natural em Montevidéu”<br />
Clóvis Corrêa de Queirós<br />
ANCAP<br />
Representando a estatal de energia<br />
uruguaia, Ancap, o vice-presidente da<br />
empresa, German Riet, iniciou o seu discurso<br />
dizendo que, em termos de matéria<br />
energética, as relações Brasil e Uruguai<br />
têm antecedentes históricos. “Quando<br />
falo da relação Brasil-Uruguai no campo<br />
da energia, estou falando de Petrobras e<br />
Ancap. Temos comércio de combustíveis<br />
líquidos e gasosos. Compramos e vendemos<br />
mutuamente. Temos acordos de<br />
cooperação técnica e tecnológica. Temos<br />
também uma parceria com a Petrobras e<br />
Repsol-YPF (empresa de petróleo da Argentina)<br />
para prospecção de petróleo na<br />
plataforma marítima argentina”, afirmou<br />
o representante da Ancap. Ele revelou<br />
que a estatal uruguaia está desenvolvendo<br />
uma lei que estabelece a produção de<br />
biocombustíveis. A lei determina que, a<br />
partir de 2009, a Ancap inice a mistura<br />
de etanol, gasolina e biodiesel. “A Ancap<br />
está desenvolvendo este projeto, sobretudo<br />
no que diz respeito ao etanol, que<br />
está sendo feito com base na tecnologia<br />
brasileira, assim como, no assessoramento<br />
técnico”, avaliou Riet.<br />
Ele ressaltou que o Uruguai vive um<br />
paradoxo no qual, mesmo sendo um país<br />
de pequenas dimensões e de pouca população,<br />
produz menos energia do que consome,<br />
tanto em relação à energia fóssil<br />
quanto à alternativa. Ele destacou, contudo,<br />
que o governo uruguaio está trabalhando,<br />
atualmente, em quatro grandes<br />
projetos energéticos, mas que, por razões<br />
de natureza financeira e tecnológica,<br />
28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Clóvis Corrêa de Queirós disse que a Petrobras aposta no Uruguai<br />
o país não pode desenvolvê-los sozinho.<br />
“Por isso, queremos que as grandes oportunidades<br />
de parcerias, de investimentos<br />
e de participação da Petrobras e de outras<br />
empresas do Brasil”. O primeiro projeto<br />
destacado pelo palestrante foi o que prevê<br />
a construção de uma linha de transmissão<br />
elétrica entre Uruguai e Brasil. O objetivo<br />
é construir uma linha de 500 megawatts e<br />
os dois países já assinaram um acordo marco<br />
para esse projeto. “Falta agora acertar<br />
alguns pontos”, disse. O segundo projeto<br />
envolve a construção de uma indústria de<br />
regaseificação de gás natural liquefeito<br />
(GNL). Isso vai significar, segundo Riet,<br />
a diversificação da matriz energética uruguaia.<br />
O terceiro projeto anunciado pelo<br />
representante da Ancap é o que estabelece<br />
a prospecção e produção de petróleo na<br />
plataforma marítima uruguaia. “O Uruguai<br />
vem tratando este tema há dois anos<br />
e o governo uruguaio conseguiu fazer um<br />
estudo sísmico em todo mar territorial do<br />
país. O resultado geral dos estudos ainda<br />
não está pronto, por isso não podemos<br />
afirmar se há reservas de gás natural”,<br />
considerou. No entanto, o representante<br />
da Ancap disse que esses estudos fizeram<br />
com que a estatal conclamasse empresas<br />
de todo o mundo para a rodada de licitação<br />
para exploração e produção de petró-<br />
leo em alto-mar no Uruguai. “A rodada<br />
será realizada no dia 08 de julho de 2009<br />
Esperamos poder contar com a presença<br />
da Petrobras, pela experiência que<br />
tem e por ser uma das empresas mais<br />
avançadas no mundo no setor de exploração<br />
de petróleo em alto-mar”, disse.<br />
Por último, o palestrante contou que há<br />
um projeto em estudo para transformar<br />
a única refinaria de petróleo que a Ancap<br />
dispõe no Uruguai num centro de<br />
processamento de óleo pesado e semipesado.<br />
“É também um projeto no qual<br />
não temos condições de conduzir sozinhos<br />
e estamos conversando com a Petrobras<br />
e outros interessados”.<br />
“Quando falo da relação Brasil-Uruguai<br />
no campo da energia, estou falando de<br />
Petrobras e Ancap. Temos comércio de<br />
combustíveis líquidos e gasosos. Compramos<br />
e vendemos mutuamente. Temos<br />
acordos de cooperação técnica e tecnológica”<br />
German Riet<br />
OAS<br />
Evandro Daltro, gerente-geral da OAS<br />
no Uruguai, iniciou a sua apresentação<br />
explicando que a empresa tem um segmento<br />
que trabalha com a diversidade
dos tipos de contrato entre estruturas industriais,<br />
e cada um deles tem uma qualidade<br />
e uma experiência específica. Na<br />
parte de energia, o gerente da OAS informou<br />
que a empresa dispõe de importantes<br />
hidrelétricas. “Dentro da história<br />
de 30 anos da empresa, estamos deixando<br />
a nossa marca em grandes empreendimentos<br />
no Brasil. Há dois anos, entramos<br />
na área internacional, e elegemos alguns<br />
países, entre eles o Uruguai. O que nos<br />
atraiu no Uruguai foram as oportunidades<br />
e as demandas ligadas à área de<br />
energia”, afirmou. No marco dessa busca<br />
de oportunidades, Daltro disse que, em<br />
2006, foi firmado um acordo entre Brasil<br />
e Uruguai para implantação da planta de<br />
regaseificação no país vizinho. Nessa época,<br />
a OAS estava estudando uma proposta<br />
que a Petrobras vinha apresentando para<br />
a renovação dos 260 km de rede de gás, e,<br />
paralelo a esse projeto, a empresa começou<br />
a estudar a possibilidade de também<br />
poder fazer parte da planta de produção<br />
de GNL. “A OAS acredita que a Petrobras<br />
possa vir a fazer parte do projeto de construção<br />
de uma planta de regaseificação.<br />
Para esse projeto, deverá haver também a<br />
participação da Argentina, grande fornecedora<br />
de gás ao Uruguai. Estamos falando<br />
de 8 milhões de m3 de gás”. O consumo<br />
do país é pequeno, mas, seguramente<br />
, com a questão do gás resolvida no país,<br />
se poderia gerar uma condição de fornecimento<br />
de outras gerações de matrizes<br />
energéticas do gás no Uruguai, acrescentou<br />
o executivo. Além disso, a planta vai<br />
resolver o problema de distribuição de gás<br />
da empresa Montevideogas, distribuidora<br />
que, hoje, está limitada a uma determinada<br />
parcela da cidade de Montevidéu. “Hoje a<br />
cidade tem 40 mil consumidores de gás,<br />
mas que poderia se expandir párea acima<br />
de 200 mil”, calculou Daltro.<br />
O executivo revelou, ainda, que o outro<br />
atrativo que levou a empresa a apostar<br />
no mercado uruguaio foi a possibilidade<br />
de tentar suprir o déficit energético que<br />
German Riet disse que as relações Brasil-Uruguai se dão através da Petrobras e Ancap<br />
Evandro Daltro afirmou que a OAS pretende intensificar os investimentos no Uruguai<br />
existe no país. Com investimentos privados,<br />
a OAS está desenvolvendo estudos<br />
para um projeto de fornecimento<br />
de caldeiras e equipamentos para construção<br />
de uma planta de termelétrica,<br />
com geração de 340 megawatts, na<br />
região de Ceival, Rio Grande do Sul,<br />
para exportar energia ao Uruguai. “Estamos<br />
com muitas expectativas de que<br />
isso possa vir a se concretizar em bons<br />
termos, e que tenha uma configuração<br />
legal para que a interconexão possa ser<br />
realizada no âmbito de se permitir essa<br />
exportação de energia do Brasil para o<br />
Uruguai. É claro que são necessários,<br />
além dos marcos legais, investimentos<br />
em infra-estrutura”, ressaltou.<br />
“Há dois anos, a OAS entrou na área<br />
internacional, e elegemos alguns países,<br />
entre eles o Uruguai. O que nos atraiu<br />
no Uruguai foram as oportunidades e as<br />
demandas ligadas à área de energia”<br />
Evandro Daltro<br />
Parceria com o governo uruguaio<br />
A OAS hoje está participando no<br />
mercado do Uruguai fazendo a obra de<br />
renovação da rede de gás para a Montevideogas.<br />
A companhia brasileira faz,<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
29
P a i n E l ii<br />
também, a renovação da rede de água em<br />
alguns bairros da capital uruguaia. “Estamos<br />
modernizando 39 km de rede de<br />
água, juntamente com as obras da rede<br />
de gás. Além dessas obras, em razão do<br />
crescimento e da implantação das redes<br />
de telefonia, a OAS propôs, junto com o<br />
incentivo da própria prefeitura de Montevidéu,<br />
que se instalasse também a renovação<br />
de fibra ótica da Antel e da Telefônica.<br />
Temos, então, 60 km de rede de fibra ótica<br />
a ser instalada na cidade de Montevidéu”,<br />
comentou. Daltro acrescentou que<br />
as obras da OAS são realizadas pela metodologia<br />
não destrutiva, através de furo<br />
dirigido. “Além desses contratos, a OAS<br />
assumiu o compromisso com a cidade de<br />
Montevidéu de criar o menor impacto<br />
possível junto à comunidade, por conta<br />
dessa metodologia que estamos adotando,<br />
de furo dirigido.<br />
“A OAS assumiu o compromisso com a cidade<br />
de Montevidéu de criar o menor impacto<br />
possível junto à comunidade, por conta<br />
dessa metodologia que estamos adotando,<br />
de furo dirigido. Por ela, conseguimos abrir<br />
buracos em cada esquina sem ter que romper<br />
as calçadas”<br />
Evandro Daltro<br />
Por ela, conseguimos abrir buracos em<br />
cada esquina sem ter que romper as calçadas.<br />
Por força desse compromisso firmado<br />
com a Petrobras, estamos também<br />
formando mão-de-obra dentro dessa<br />
metodologia. A OAS comprou equipamentos<br />
e os arrendou a empresas locais e<br />
30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Foto de um dos empreendimentos da OAS: Hidrelétrica Alto Fêmeas / BA<br />
estamos treinando essa mão-de-obra para<br />
que elas possam ser habilitadas a trabalhar<br />
com essa metodologia”, afirmou. De<br />
acordo com o executivo, a OAS atua com<br />
doze equipes distribuídas pela cidade, e<br />
tem tido uma boa aceitação da comunidade<br />
local. “As obras são feitas com muito<br />
menos incômodo do que seria se estivéssemos<br />
fazendo esses serviços com o método<br />
convencional. A questão de segurança<br />
e sinalização são pontos que nós nos preocupamos<br />
bastante também”, disse.<br />
Além dos contratos citados, a OAS<br />
Da esquerda para direita: Clóvis Corrêa de Queirós, José Augusto de Castro, German Riet ,<br />
embaixador Ernesto Rubarth e Evandro Daltro<br />
está participando de licitações públicas<br />
no Uruguai. O executivo revelou que<br />
a empresa está interessada em realizar<br />
obras de saneamento em Maldonado,<br />
localizado na região de Punta del Leste.<br />
Daltro contou que a OAS também participa<br />
da licitação para obras do Porto<br />
de Montevidéu e a empresa busca, também,<br />
participar do projeto anunciado<br />
pela Administração Nacional de Portos<br />
do Uruguai para construção de um<br />
novo terminal de contêineres. “A OAS<br />
tem mantido contatos com as empresas<br />
locais que estão interessadas em participar<br />
desse investimento em sociedade”.<br />
Já para o Porto de Montevidéu, a OAS<br />
desenvolveu uma solução de engenharia<br />
que economiza em 30% as obras de<br />
estrutura do cais. “Assim, a gente buscou<br />
oferecer uma solução mais barata e<br />
que nos possibilite uma economia para<br />
os cofres públicos do Uruguai. Em resumo,<br />
o objetivo da OAS é se implantar<br />
como uma empresa local, tentando<br />
transferir essa tecnologia e formar mão<br />
de obra local e trabalhando sempre com<br />
que o Brasil pode oferecer de melhor”,<br />
concluiu o executivo.
P a i n E l iii<br />
Debatendo serviços e ambiente de negócios<br />
no Uruguai<br />
Representante do Ministério da Economia e Finanças do Uruguai comenta<br />
sobre o clima de negócios para investimentos no país vizinho<br />
Fernando Lorenzo e Maurício do Val<br />
O Painel III do seminário teve<br />
como tema: O relacionamento Brasil-<br />
Uruguai no setor de serviços. A sessão<br />
foi presidida pelo secretário-adjunto<br />
de Comércio e Serviços do<br />
MDIC, Maurício do Val. Pra fazer o<br />
pronunciamento especial do painel<br />
foi convidado Fernando Lorenzo,<br />
chefe da Assessoria Macroeconômica<br />
do MEF, que expôs informações<br />
sobre o regime e clima dos<br />
investimentos no Uruguai.<br />
Ao iniciar os trabalhos do painel, Maurício<br />
do Val destacou a importância do<br />
setor de serviços para a economia bra-<br />
sileira. De acordo com ele, esse setor<br />
respone por 60% do PIB brasileiro e é<br />
também responsável por mais de 60% do<br />
emprego formal do Brasil. Ao comparar<br />
o quadro de importância do setor de serviços<br />
brasileiro com o uruguaio, do Val<br />
mencionou que o país vizinho tem 58%<br />
do PIB em serviços e o setor emprega<br />
76% da mão-de-obra formal no Uruguai.<br />
“Por isso, é importante tratar de forma<br />
prioritária o setor de serviços nas relações<br />
comerciais entre os dois países. Desde<br />
2002, o Uruguai é superavitário no<br />
comércio de serviços com o Brasil. Em<br />
2001, o fluxo de comércio de serviços<br />
dos dois países era de apenas US$ 20 milhões.<br />
Em 2007, o fluxo de comércio de<br />
serviços entre os dois países alcançou US$<br />
200 milhões, ou seja, um crescimento de<br />
1000% em cinco anos”. Segundo dados<br />
apresentados pelo secretário do MDIC, o<br />
Uruguai exporta três vezes mais serviços<br />
para o Brasil do que vice-versa. “As exportações<br />
brasileiras para o Uruguai de<br />
serviços, no ano passado, somaram US$<br />
56 milhões, e as exportações uruguaias<br />
para o Brasil, US$ 148 milhões”, disse.<br />
Dentre as áreas que mais se destacam no<br />
setor, do Val informou que o turismo é<br />
a que apresenta mais força. “Em 2007, o<br />
Uruguai obteve um superávit no comércio<br />
internacional de serviços de cerca de<br />
US$ 500 milhões, que foi contribuição<br />
direta do turismo receptivo que contribuiu<br />
com US$ 800 milhões em entradas<br />
de divisas para aquele país”, avaliou.<br />
Em relação aos trabalhos desenvolvidos<br />
pelo MDIC para estimular o comércio de<br />
serviços do Brasil com o Uruguai, Maurício<br />
do Val disse que o ministério tem bus-<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
31
P a i n E l iii<br />
cado nas comissões de monitoramento de<br />
comércio bilateral relações com os parceiros<br />
comerciais é agendar um trabalho<br />
em serviços.<br />
“As exportações brasileiras para o Uruguai<br />
de serviços, no ano passado, somaram US$<br />
56 milhões, e as exportações uruguaias<br />
para o Brasil, US$ 148 milhões”<br />
Mauricio do Val<br />
Ele relatou que o primeiro foco que<br />
desse trabalho é estabelecer uma equalização<br />
de informações a partir do conhecimento<br />
e compreensão de resultados e<br />
de estatísticas do comércio exterior de<br />
serviços. O outro ponto a ser desenvolvido,<br />
segundo o secretário, se daria a partir<br />
do desenvolvimento de uma unidade de<br />
inteligência comercial num esforço conjunto<br />
dos dois países para indicar os setores<br />
que merecem maior atenção e medida<br />
mais efetiva de direcionamento dos<br />
governos para propiciar a intensificação<br />
do fluxo de comércio e dos investimentos,<br />
sobretudo no setor de distribuição.<br />
“Nós achamos que a melhor forma de alavancarmos<br />
as relações comerciais com os<br />
nossos parceiros é exatamente no setor<br />
de distribuição de comércio de atacado,<br />
supermercado e de franquias. Se buscarmos<br />
uma intensificação e um relacionamento<br />
maior entre as nossas empresas<br />
desse setor, nós estaremos ganhando em<br />
evolução de fluxo de comércio de bens e<br />
de serviços”. Ele acrescentou, ainda, que<br />
esse trabalho pode também ser feito para<br />
a área de engenharia e construção civil,<br />
que, de acordo com ele, possui característica<br />
natural de carregar novas oportunidades,<br />
não só para área de serviços,<br />
mas, também, associadas a essas obras.<br />
Aos o término da sua apresentação, ele<br />
passou a palavra para Fernando Lorenzo<br />
Fernando Lorenzo, chefe da Assessoria<br />
Macroeconômica do MEF, que discorreu<br />
sobre o tema: Ambiente de negócios no<br />
Uruguai para as empresas brasileiras.<br />
Ambiente macroeconômico uruguaio<br />
Ao iniciar a sua participação, Loren-<br />
32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Maurício do Val disse que o Turismo é um setor importante para o Uruguai<br />
zo disse que o atual governo uruguaio<br />
está trabalhando no sentido de conceber<br />
uma estratégia com o objetivo de gerar<br />
um clima de negócios e de investimentos<br />
adequado. Para ele, o governo está levando<br />
em conta estratégias de promoção de<br />
investimentos no Uruguai e também está<br />
levantando os principais componentes da<br />
política que estamos levando adiante para<br />
fortalecer o clima de negócios no nosso<br />
país.<br />
Ao conseguir criar um clima mais propício<br />
para atração de investimentos ao Uruguai,<br />
Lorenzo avaliou que tal feito mudaria<br />
o atual cenário do país, uma vez que, por<br />
décadas, apresentou índices muitos ruins<br />
em termos de captação de investimentos<br />
estrangeiros. “É preciso deixar claro que<br />
falar do clima de investimentos no Uruguai<br />
implica referir-se a um país da América<br />
Latina que conseguiu, historicamente,<br />
os piores registros em matéria de investimentos<br />
em todo continente. Em seis décadas<br />
o Uruguai conseguiu investir menos<br />
do que o Haiti. Como resultado, o país<br />
assistiu um pobre desempenho em matéria<br />
de crescimento”, criticou. No entanto,<br />
depois da crise econômica enfrentada<br />
pelo país em 2002, o Uruguai consegue<br />
encontrar, atualmente, um período de<br />
crescimento mais importante da sua história.<br />
“O Uruguai cresceu, por seis anos<br />
consecutivos, acima da média dos países<br />
da América Latina”, frisou. Essa situação<br />
está refletindo num maior volume<br />
de investimentos ao Uruguai. Lorenzo,<br />
contudo, ressalvou que o fluxo de investimentos<br />
não pode ser encarado como<br />
um bem em si mesmo, mas sim como<br />
um veículo que possibilita e consolida a<br />
capacidade de crescimento do país.<br />
Para que os investimentos ocorram<br />
é preciso que haja um ambiente vinculado<br />
a novos empreendimentos, com<br />
mais competência, com o compromisso<br />
de aumento da produtividade e com<br />
estímulos à inovação, analisou o palestrante.<br />
Para ele, esse é o contexto da<br />
interação de todos esses elementos que<br />
se podem descrever qual é a estratégia<br />
de estímulo e apoio aos investimentos.<br />
“Os níveis de crescimento se apóiam<br />
não somente em ambientes estáveis e<br />
previsíveis, mas também com a articu-
lação de novos empreendimentos, mais<br />
competência, compromisso de aumento<br />
da produtividade e estímulos à inovação.<br />
Essa é a lógica que temos que ativar”.<br />
Atraindo investimentos estrangeiros<br />
O representante do governo uruguaio<br />
lembrou que todos os investimentos implicam<br />
em riscos. “Há uma máxima na<br />
economia que diz que quantos maiores<br />
são os riscos, mais se esperam da rentabilidade<br />
dos investimentos. Portanto, os<br />
níveis de riscos estão associados aos desafios<br />
que devem ser compensados com<br />
o lucro que pode advir”, afirmou. Em sua<br />
análise, para que se concretizem projetos<br />
de investimentos, as políticas devem levar<br />
em conta dois elementos: reduzir os<br />
riscos e melhorar as taxas de lucratividade<br />
dos empreendimentos. “Isso implicará<br />
estímulos específicos e focalizados nos<br />
investimentos. E é dessa forma, reduzindo<br />
riscos e dando estímulos que cria um<br />
clima de investimentos mais propício”.<br />
Lorenzo explicou que o governo uruguaio<br />
atua em diversas frentes para que<br />
haja um grande fluxo de investimentos<br />
Ele disse que o primeiro objetivo traçado<br />
pela administração uruguaia foi atacar as<br />
vicissitudes financeiras do país, já que o<br />
Uruguai havia saído da crise financeira,<br />
em 2002, e emergia com alguns pontos<br />
de vulnerabilidade. “Para se pensar no<br />
futuro, era preciso mitigas essas vulnerabilidades.<br />
Além disso, o país requeria<br />
reformar estruturais importantes, em<br />
particular vinculadas ao ambiente de negócios.<br />
Devemos, então, trabalhar com<br />
reformas estruturais coordenando e reordenando<br />
todo o sistema de incentivos e<br />
todo o sistema institucional vinculados a<br />
investimentos”. Em 2002, o Uruguai vivia<br />
uma das piores crises fiscais da sua história,<br />
o que fez com que o país chegasse<br />
em 2005 com altíssimos níveis de endividamento<br />
público e com grandes dificuldades<br />
de conseguir crédito no mercado<br />
externo. “Até mesmo dentro do aspecto<br />
social vivemos uma crise. O Uruguai, que<br />
sempre fora visto como um país que se<br />
destacava na região pelos bons indicadores<br />
sociais, teve a sua situação deteriorada<br />
nos anos de 2002 a 2005, verificando um<br />
aumento na pobreza que na sua história<br />
era inédita. Esse era o mapa da situação<br />
de crise que tivemos que trabalhar para<br />
construir um ambiente de estabilidade”.<br />
Em sua avaliação, o governo constatou que<br />
o ambiente de instabilidade apresentava<br />
várias facetas. Ela não era só monetária e<br />
nem somente fiscal. Ela abarcava elementos<br />
institucionais, elementos vinculados<br />
aos níveis de emprego e, de forma mais<br />
relevante, situação social. “É impensável<br />
um clima de estabilidade macroeconômico<br />
sem um clima de estabilidade social. E<br />
para vencer essas instabilidades, o governo<br />
uruguaio resolveu implementar tipos de<br />
ações: medidas emergenciais nos setores<br />
fiscal, financeiro e social”, disse.<br />
Reformas<br />
Uma das primeiras ações capitaneada<br />
pelo atual governo uruguaio foi a que<br />
buscou realizar reformas dentro do setor<br />
tributário. De acordo com Lorenzo, o sistema<br />
de tributação anterior apresentava<br />
severas falhas no processo de arrecadação.<br />
“Fortalecer a arrecadação foi, então, a lógica<br />
inicial da reforma. Buscamos, então<br />
elaborar um novo sistema tributário”.<br />
Lorenzo revelou que o governo reduziu<br />
as alíquotas do imposto de renda para os<br />
empresários, que passaram de 30% a 25%<br />
e melhoraram os incentivos aos investimentos,<br />
com isenções que alcançam 40%<br />
da renda fiscal. Ele disse que foram introduzidas,<br />
ainda, exonerações sobre<br />
a renda vinculada a investimentos em<br />
desenvolvimento em biotecnologia e<br />
informática. “A reforma tributária permitiu<br />
a redução de todos os gastos vinculados<br />
ao desenvolvimento tecnológico<br />
e ao aumento do emprego”.<br />
“Acreditamos que seja indispensável que<br />
a macroeconomia tenha um importante<br />
papel para o estímulo e apoio para o setor<br />
privado”<br />
Fernando Lorenzo<br />
Outra modificação importante,<br />
na visão do expositor, foi a adição de<br />
um novo regime de aportes patronais.<br />
Antes, o governo uruguaio utilizava os<br />
recursos advindos do setor de serviços<br />
para o caixa da seguridade social das<br />
empresas com o objetivo de fazer política<br />
industrial. Lorenzo disse que essa<br />
prática foi extinta pela administração<br />
atual. “O nosso governo decidiu horizontalizar<br />
este tipo de contribuição e<br />
não discriminar o setor que gera mais<br />
empregos no nosso país.<br />
O Uruguai é o país da América Latina<br />
que mais exporta serviços em relação ao<br />
PIB. O Uruguai tem internacionalizado<br />
Casa Pueblo em Punta del Este: o turismo é a força do setor de serviços no Uruguai<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
33
P a i n E l iii<br />
mais de dez setores vinculados ao setor<br />
de serviços. Discriminar este setor com<br />
impostos mais pesados do que em outros<br />
setores sempre pareceu algo muito pouco<br />
consistente em termos de estratégia<br />
de geração de empregos e riqueza para o<br />
país”, analisou.<br />
Introduzir mudanças importantes na<br />
organização do sistema financeiro também<br />
entrou no rol do processo de reformas.<br />
O palestrante comentou que o setor<br />
financeiro uruguaio passou por uma crise<br />
aguda que contaminou tanto o Banco<br />
Central do país como o resto do sistema<br />
bancário público e hipotecário do Uruguai.<br />
“Para sanar a crise, introduzimos<br />
normativas sobre graus de eficiência do<br />
sistema financeiro. Acreditamos que seja<br />
indispensável que a macroeconomia tenha<br />
um importante papel para o estímulo<br />
e apoio para o setor privado”.<br />
Em matéria de renovação e fortalecimento<br />
institucionais, Lorenzo mencionou<br />
que o governo do Uruguai está<br />
promovendo mudanças normativas importantes<br />
e criou instituições especializadas<br />
para tratamento de temas específicos.<br />
“Em temas que envolvem negócios, criamos,<br />
por exemplo, a Agência Nacional<br />
de Inovação, que concentra e rege toda<br />
a execução das políticas definidas pelo<br />
poder executivo em matéria de inovação.<br />
“Podemos dizer que construir instituições<br />
especializadas na execução de políticas<br />
são elementos essenciais”, disse.<br />
“Hoje os benefícios e incentivos do governo<br />
uruguaio chegam a qualquer setor da<br />
economia, não importando o tamanho da<br />
empresa”<br />
Fernando Lorenzo<br />
O representante do governo uruguaio<br />
explicou que a agência implementou mudanças<br />
nas instituições em vários âmbitos<br />
do mercado financeiro. De acordo com<br />
ele, foram renovados os critérios de regulação<br />
para pôr em marchas de execução.<br />
Além disso, ele contou que foram<br />
tomadas medidas substantivas em matéria<br />
de transparência de informação. “Fizemos<br />
ações muito concretas em matéria<br />
de facilitação e comércio e investimen-<br />
34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Fernando Lorenzo disse que o governo do Uruguai está promovendo mudanças na economia<br />
do pais<br />
tos. “As reformas institucionais interagem<br />
com as reformas estruturais”, considerou<br />
Lorenzo.<br />
Em relação aos incentivos para os investimentos,<br />
o Uruguai dispunha, anteriormente,<br />
de uma política de incentivos,<br />
mas de forma bastante restritiva. A nova<br />
regulamentação da lei de incentivos permitiu<br />
maior acesso a projetos das pequenas<br />
empresas não chegavam a receber os<br />
benefícios. “Hoje os benefícios e incentivos<br />
do governo uruguaio chegam a qualquer<br />
setor da economia, não importando<br />
o tamanho da empresa”.<br />
Lorenzo ressalvou que o estímulo aos<br />
investimentos depende de muitos outros<br />
fatores, além da promoção de políticas pú-<br />
blicas. Segundo ele, para que os investimentos<br />
ocorram de forma consistente<br />
é preciso haver oportunidades de negócios.<br />
“Pode-se ter a melhor legislação,<br />
em matéria de promoção de investimentos.<br />
Pode-se fazer as melhores mudanças<br />
no regime tributário. Mas se não<br />
há mercado onde se expressa as condições<br />
de boa rentabilidade, é impossível<br />
ter êxito. Hoje, o Uruguai se destaca<br />
como país receptor de investimentos<br />
estrangeiro direto, pois consegue atuar<br />
de forma sistemática realizando esforços<br />
em conjunto, tratando, assim, de<br />
orientar os incentivos e as instituições<br />
em favor do fluxo de investimentos, ele<br />
vem com força”, concluiu.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
35
E n c E r r a m E n t o<br />
Uruguai: um país aberto para o comércio e<br />
investimentos brasileiros<br />
Palestrante da Sessão de Encerramento discursam sobre as relações de comércio<br />
brasileiro-uruguaias<br />
A Sessão Solene de Encerramento<br />
teve como presidente o<br />
embaixador do Brasil no Uruguai,<br />
José Eduardo Martins Felício<br />
e contou com os pronunciamentos<br />
especiais do embaixador<br />
Nelson Fernandez, secretáriogeral<br />
do Ministério das Relações<br />
Exteriores do Uruguai; e<br />
de Ivan Ramalho, secretárioexecutivo<br />
do MDIC e Coor-<br />
denador da “Comissão mista”<br />
Brasil-Uruguai. Para compor a<br />
mesa, foram convidados: Cássio<br />
Monteiro França, diretor da<br />
<strong>FCCE</strong>; Mauro Aviola, direto da<br />
AEB; Pinheiro Machado – MRE;<br />
Fernando Lorenzo, MEF; Hélio<br />
de Almeida Cardoso- Assessor<br />
especial da Presidência da República<br />
do Brasil; Alberto Guani,<br />
Cônsul-Geral do Uruguai<br />
36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
no Rio de Janeiro, embaixador<br />
Nelson Fernandez Secretário-<br />
Geral do Ministério das Relações<br />
Exteriores do Uruguai;<br />
Gerardo Gadea – Vice-Ministro<br />
da Industria e do Comércio do<br />
Uruguai, Carlos Amorín, Embaixador<br />
do Uruguai; Arnaldo<br />
Castro – Presidente da “Camara<br />
de Comercio y Serviços Del<br />
Uruguai”, Embaixador Paulo Pi-
es do Rio – Diretor-Conselheiro<br />
do Conselho Superior da <strong>FCCE</strong>.<br />
Após fazer, de início, os agradecimentos<br />
à <strong>FCCE</strong> pela organização do<br />
Seminário, o embaixador Nelson Fernandez<br />
disse que ficou satisfeito com as<br />
palestras proferidas durante o evento,<br />
proporcionando, assim, a possibilidade<br />
para os presentes se informarem como<br />
o Uruguai busca melhorar sua inserção<br />
internacional e seu comércio e conseguir<br />
investimentos, classificando-o<br />
como um país de grande credibilidade.<br />
“Quando implementamos uma regra,<br />
essa regra não muda. O Uruguai<br />
respeita os acordos” frisou. De acordo<br />
com ele, o Uruguai tem um governo<br />
com funcionários que estão plenamente<br />
comprometidos com o destino do<br />
país e trabalham em prol da integração<br />
regional. “Para o Uruguai, a integração<br />
e o Mercosul representam o seu destino.<br />
E, na América do Sul, não é possível<br />
pensar em integração sem pensar<br />
no Brasil”, afirmou Fernandez.<br />
“Quando implementamos uma regra,<br />
essa regra não muda. O Uruguai respeita<br />
os acordos”<br />
Nelson Fernandez<br />
Ele contou, ainda, que quando o<br />
Uruguai se integrou ao Mercosul, em<br />
1991, o país estava disposto a abrir as<br />
suas fronteiras, seu mercado, a integrar-se<br />
à região, para que os produtos<br />
brasileiros, argentinos e paraguaios<br />
fossem tratados da mesma forma como<br />
são tratados produtos uruguaios. “Se<br />
os senhores tiverem a sorte de ir ao<br />
Uruguai, não percam a oportunidade<br />
de irem a um supermercado uruguaio.<br />
Vocês verão que nas prateleiras há biscoitos<br />
brasileiros e azeites argentinos.<br />
Isso porque para o Uruguai o Mercosul<br />
é uma realidade. Da mesma forma, eu<br />
gostaria, como uruguaio, de ir a um supermercado<br />
brasileiro e encontrar água<br />
mineral e laticínios uruguaios. O Uru-<br />
guai vende laticínios a 50 países do<br />
mundo. E em nenhum desses países<br />
temos problemas, como o de etiquetagem<br />
e nem pela embalagem”, disse<br />
o embaixador, fazendo referência<br />
a problemas ocorridos no comércio<br />
destes produtos com o Brasil recentemente.<br />
Um bom ambiente para negócios<br />
O embaixador disse acreditar que<br />
o seminário fez com que fossem esclarecidas<br />
as propostas de que o<br />
Uruguai está aberto para os empresários<br />
brasileiros que apostam na integração<br />
regional e que estes vejam<br />
o país vizinho como uma plataforma<br />
de desenvolvimento. “O Uruguai é<br />
um país que tem excelentes rodovias,<br />
que movimentam cerca de três<br />
mil caminhões por ano e que não<br />
tem problemas para que caminhões<br />
brasileiros, argentinos e paraguaios<br />
Nelson Fernandez disse que o Uruguai está aberto para negócios<br />
transitem por elas. O Uruguai está<br />
aberto para quem quer fazer bons<br />
negócios. Contamos também com<br />
serviços de tecnologia para o comércio,<br />
com centros tecnológicos<br />
que empregam milhares de pessoas<br />
e que são usados por países de todo<br />
o mundo, e que desenvolve softwares<br />
vendidos a 60 países”, revelou.<br />
Nesse contexto, Fernandez<br />
afirmou que no Mercosul Brasil e<br />
Uruguai têm destinos de comércio<br />
e negócios em comum assegurado.<br />
“O Uruguai, que é um país pequeno,<br />
que quer se abrir mais para o<br />
mundo e quer fazer isso junto com<br />
o Brasil”, disse, concluindo, assim,<br />
o seu pronunciamento. Após<br />
a conclusão da palestra do embaixador<br />
uruguaio, o presidente da<br />
sessão passou a palavra para o secretário-<br />
executivo do MDIC, Ivan<br />
Ramalho.<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
37
E n c E r r a m E n t o<br />
“O Uruguai é um país que tem excelentes<br />
rodovias, que movimentam cerca de<br />
três mil caminhões por ano e que não<br />
tem problemas para que caminhões brasileiros,<br />
argentinos e paraguaios transitem<br />
por elas. O Uruguai está aberto<br />
para quem quer fazer bons negócios”<br />
Nelson Fernandez<br />
Crescimento do comércio exterior<br />
Ramalho afirmou que o encontro<br />
entre Brasil e Uruguai, promovido<br />
pela <strong>FCCE</strong>, tem para o governo brasileiro<br />
“uma importância extraordinária”.<br />
Tal relevância se dá dentro de um<br />
contexto no qual o comércio exterior<br />
tem ganhado força muito grande para<br />
o Brasil. “O comércio exterior do País<br />
cresceu muito nos últimos anos. Saímos<br />
de uma corrente de comércio da<br />
ordem de US$ 100 bilhões, há cinco<br />
anos, e vamos ter em 2008 um fluxo<br />
próximo a US$ 350 bilhões. As exportações<br />
brasileiras já estão na casa dos<br />
US$ 200 bilhões e o Brasil não é hoje<br />
um país que tem o seu comércio exterior<br />
vinculado a uma única área e a<br />
uma única região”, avaliou. Ramalho<br />
revelou que o Brasil, apesar de ainda<br />
ter os Estados Unidos como o seu<br />
principal parceiro comercial, destina<br />
para aquele país apenas 18% das suas<br />
exportações. “Ou seja, mais de 80%<br />
das vendas brasileiras estão destinadas<br />
a mais de uma centena de países”, declarou.<br />
Nesses últimos anos de grande<br />
crescimento, Ramalho enfatizou que<br />
o governo brasileiro trabalha para o<br />
crescimento do seu comércio com os<br />
países da América do Sul e, sobretudo,<br />
com os países do Mercosul. “Tivemos<br />
um crescimento muito grande<br />
com a Argentina, com o Paraguai<br />
e com o Uruguai. Temos procurado<br />
evitar dificuldades que surgem no comércio<br />
bilateral com esses países, e<br />
queremos, também, alcançar algumas<br />
metas”, disse.<br />
38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Ivan Ramalho disse que o MDIC trabalha para diminuir as assimetrias entre Brasil e Uruguai<br />
“O MDIC tem um programa de substituição<br />
competitiva das importações para<br />
estimular o crescimento das importações<br />
brasileiras de todos os países da América<br />
do Sul. Temos como meta que a corrente<br />
de comércio com os países vizinhos continue<br />
crescendo”<br />
Ivan Ramalho<br />
Em relação ao comércio bilateral<br />
Brasil-Uruguai, Ramalho comentou<br />
que 2008 é um ano a ser comemorado.<br />
De acordo com ele, a corrente de<br />
comércio entre os dois países vai atingir<br />
a faixa de US$ 2,5 bilhões. “Este<br />
resultado representa um crescimento<br />
bastante grande. É um crescimento<br />
de 30% tanto nas exportações como<br />
também nas importações. Neste ano,<br />
as importações brasileiras do Uruguai<br />
vão alcançar a faixa de US$ 1 bilhão.<br />
Além do comércio, os investimentos<br />
também estão crescendo bastante.<br />
Temos várias áreas nas quais consideramos<br />
possível uma integração maior<br />
nas cadeias produtivas dos dois países”.<br />
Ramalho argumentou que o aumento<br />
das importações brasileiras de<br />
produtos uruguaios representa um<br />
avanço para as relações brasileirouruguaias,<br />
pois o Brasil tem hoje um<br />
grande superávit comercial com o<br />
Uruguai. “O MDIC tem um programa<br />
de substituição competitiva das<br />
importações para estimular o crescimento<br />
das importações brasileiras<br />
de todos os países da América do Sul.<br />
Temos como meta que a corrente de<br />
comércio com os países vizinhos continue<br />
crescendo, que as exportações<br />
cresçam junto com as importações<br />
e que não aumente o desequilíbrio<br />
que temos hoje”, defendeu. Ao concluir<br />
a sua participação, o secretário<br />
tornou a elogiar a série de seminário<br />
bilateral de comércio exterior e investimentos,<br />
organizada pela <strong>FCCE</strong>,<br />
acrescentando que os encontros são<br />
referência para o setor. “Nós o MDIC<br />
estamos sempre dispostos a apoiar<br />
estes encontros”, concluiu.
i n f r a -ES t r u t u r a<br />
Apostando no continente sul-americano<br />
Representante da Construtora OAS no Uruguai fala sobre as ações da empresa<br />
no Brasil e na América do Sul<br />
Evandro Daltro, representante da OAS no Uruguai<br />
Há mais de 30 anos no mercado,<br />
a construtora OAS é uma das<br />
maiores e mais respeitadas empresas<br />
de engenharia e construção<br />
civil do Brasil. Ela possui, em seu<br />
portfolio, importantes obras realizadas<br />
no país e, há dois anos, a<br />
empresa buscou atuar no mercado<br />
internacional, com grande foco na<br />
América Latina, em especial no<br />
continente sul-americano. Evandro<br />
Daltro é o diretor da OAS no Uruguai.<br />
Ele representou a empresa<br />
no Seminário Bilateral de Comércio<br />
Exterior e Investimentos Bra-<br />
sil-Uruguai, onde palestrou sobre<br />
as ações da empresa naquele país.<br />
Daltro conversou com a Revista da<br />
<strong>FCCE</strong> sobre os projetos e atuação<br />
da OAS no Brasil e nos demais países<br />
no exterior. Confira, a seguir,<br />
os principais trechos da entrevista:<br />
Há quanto tempo a OAS atua no<br />
mercado brasileiro e internacional?<br />
Daltro - A Construtora OAS completou,<br />
em 2007, 30 anos de serviços prestados<br />
a engenharia brasileira. A empresa está<br />
entre as cinco maiores construtoras do<br />
Brasil e, a partir do ano de 2006, tomou<br />
a decisão estratégica de participar do<br />
mercado internacional. A OAS tem participado<br />
das mais importantes obras de<br />
construção civil e pesada do Brasil, tendo<br />
como clientes as principais empresas privadas<br />
e os governos de todos os estados<br />
da federação e o governo Federal.<br />
Quais são as principais obras que<br />
estão sendo realizadas pela empresa<br />
no Brasil?<br />
Daltro - Entre as principais obras executadas<br />
pela empresa estão a Linha 4 do Metrô<br />
de São Paulo, a Ponte Estaiada Otávio<br />
Frias sobre o rio Pinheiros em São Paulo,<br />
a fábrica da Ford na cidade de Camaçari<br />
(Ba), o complexo Linha Amarela no<br />
Rio de Janeiro, o Estádio Olímpico João<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
39
i n f r a - ES t r u t u r a<br />
Havelange no Rio de Janeiro, refinarias,<br />
gasodutos, obras de saneamento, portos,<br />
aeroportos, estradas entre outras<br />
Como foi concebida a idéia para<br />
empresa em atuar no mercado internacional?<br />
Daltro - Contamos com uma estrutura<br />
organizacional descentralizada e um gerenciamento<br />
personalizado para os clientes.<br />
Por isso, a OAS, no marco de sua<br />
expansão para o mercado internacional,<br />
estabeleceu como objetivo alcançar uma<br />
participação representativa no mercado<br />
de construção civil e pesada dos paises da<br />
América do Sul e Caribe e posteriormente<br />
expandir suas operações para a África.<br />
“A OAS vem implementando ações<br />
para a adaptação de sua estrutura<br />
organizacional”<br />
Evandro Daltro<br />
De que modo a OAS está atuando<br />
internacionalmente?<br />
Daltro - Mesmo contando com equipes<br />
experientes e comprometidas com a superação<br />
de metas, e preparadas para os<br />
desafios que impõe a constituição de uma<br />
empresa internacional, a OAS vem implementando<br />
ações para a adaptação de<br />
sua estrutura organizacional e a melhoria<br />
da capacitação de seus gerentes, com o<br />
objetivo de customizar sua gestão para o<br />
mercado dos paises em que está presente.<br />
“A OAS tem utilizado a estratégia de buscar<br />
parceiros e mão de obra local, para<br />
criar uma relação sinérgica com o país e<br />
acelerar a sua curva de aprendizagem”<br />
Evandro Daltro<br />
Em que consiste este trabalho de<br />
adaptação e melhoria da capacitação<br />
dos funcionários da OAS no<br />
exterior?<br />
Daltro - Como principais medidas que<br />
estamos adotando podemos citar: a criação<br />
de uma Diretoria Internacional com<br />
40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Estádio João Havelange, no Rio de Janeiro: uma das obras realizadas pela OAS<br />
estrutura administrativa independente<br />
para apoiar as unidades de negócio; a<br />
adaptação do seu sistema gerencial para<br />
uma plataforma web; e capacitação de<br />
seus gestores aos aspectos legais, tributários<br />
e contábeis de cada país.<br />
E o processo de inserção nos países<br />
se dá de forma tranqüila?<br />
Daltro - Sim, pois para se inserir nos paises<br />
que se instala, a OAS tem utilizado a<br />
estratégia de buscar parceiros e mão de<br />
obra local, para criar uma relação sinérgica<br />
com o país e acelerar a sua curva de<br />
aprendizagem. A OAS, como as demais<br />
empresas brasileiras que exportam serviços,<br />
conta também com as condições de<br />
financiamento para exportação do BN-<br />
DES, que tem se demonstrado bastante<br />
competitivas.<br />
Em que países a OAS está operando?<br />
Daltro - A OAS hoje possui empresas<br />
constituídas no Uruguai, Argentina,<br />
Peru, Bolívia, Chile, Equador e Colômbia,<br />
além de representação comercial na<br />
Venezuela, Paraguai, Haiti, Costa Rica e<br />
República Dominicana. Recentemente<br />
a OAS abriu sua sucursal em Angola,<br />
antecipando a sua entrada no mercado<br />
africano.<br />
“A OAS além de participar de licitações,<br />
está desenvolvendo parcerias com empresas<br />
do ramo de energia”<br />
Evandro Daltro<br />
E em relação à América do Sul,<br />
como a OAS vem desenvolvendo<br />
os seus projetos no continente?<br />
Daltro - Na América do Sul, além de<br />
participar de licitações, a OAS está desenvolvendo<br />
parcerias com empresas<br />
do ramo de energia, com o objetivo<br />
de oferecer soluções para projetos de<br />
geração de energia, visando atender a<br />
crescente demanda dos paises da região.<br />
Atualmente a OAS esta desenvolvendo<br />
junto com a Tractebel e uma empresa<br />
especializada em plantas termoelétricas<br />
a carvão, um projeto para gerar 340<br />
MW de energia firme para o Uruguai e<br />
em parceria com Furnas a hidroelétrica<br />
Inanbari no Peru, com capacidade de<br />
geração de 1.400 MW.
“A Petrobras atua como um fator importante<br />
para o processo de integração<br />
regional”<br />
Clóvis Corrêa de Queirós é diretor<br />
da Petrobras no Uruguai. No<br />
cargo desde 2006, ele observa com<br />
otimismo a presença da empresa<br />
no país vizinho. Em sua análise,<br />
o Uruguai, apesar de apresentar<br />
pequenas dimensões territoriais<br />
e possuir um mercado de 3,5 mi-<br />
lhões de habitantes, tem posição<br />
estratégica para a integração. Isso<br />
se dá em razão de o país estar localizado<br />
entre Brasil e Argentina<br />
e, além disso, apresentar grandes<br />
oportunidades de negócios para a<br />
empresa, que está país desde 2001,<br />
mas que começou a investir, de<br />
E n E r g i a<br />
fato, em 2004, com a aquisição de<br />
uma companhia de distribuidora<br />
de gás local.<br />
Como o senhor analisa a realização<br />
do seminário?<br />
Corrêa de Queiró s - Eu vejo o<br />
encontro como uma oportunidade de<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
41
E n E r g i a<br />
discutir com mais profundidade o grau<br />
de integração. Em primeiro lugar, a divulgação<br />
das necessidades e dos potenciais<br />
tanto do Uruguai como do Brasil.<br />
Como somos vizinhos, é mais uma razão<br />
para estarmos integrados. Nós podemos<br />
fazer uma complementaridade de recursos,<br />
fazendo que a região se desenvolva e<br />
permitindo que possamos competir com<br />
mais força com os demais blocos comerciais<br />
do mundo.<br />
De que forma a Petrobras pode influenciar<br />
o caminho da integração<br />
regional ?<br />
Corrêa de Queirós -A Petrobras atua<br />
como um fator importante para o processo<br />
de integração regional porque é<br />
uma empresa de energia e energia é vital<br />
42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
para o desenvolvimento. E, nesse sentido,<br />
a demanda por energia é determinante. E<br />
a Petrobras, que tem grandes recursos tecnológicos,<br />
contribui muito para o desenvolvimento<br />
de projetos na região, tanto na<br />
área de petróleo e gás como no campo de<br />
biocombustíveis e energia renovável.<br />
Quando a Petrobras começou a operar<br />
no Uruguai?<br />
Corrêa de Queirós -A Petrobras chegou<br />
ao Uruguai em 2001 com a compra<br />
da rede de distribuição da Shell, e em<br />
2004 começou a atuar na distribuição<br />
de gás natural no interior do país, com a<br />
compra da empresa Conecta por US$ 3,2<br />
milhões, em sociedade com a estatal de<br />
energia uruguaia Ancap. Na época, a petroleira<br />
brasileira comprou 55% do capital<br />
da distribuidora. Hoje a Petrobras tem<br />
exclusividade no abastecimento de gás<br />
natural e GLP para pequenos e médios<br />
consumidores fora de Montevidéu.<br />
E quais são os resultados da atuação<br />
da empresa no Uruguai?<br />
Corrêa de Queirós – Os resultados<br />
são satisfatórios. Logicamente que nós<br />
temos que pensar no Uruguai como um<br />
mercado de 3,5 milhões de habitantes.<br />
No entanto, é um país muito importante<br />
e estratégico para a integração regional.<br />
Num raio de 800 km, o Uruguai está<br />
próximo a um mercado de 25 milhões<br />
de pessoas, que seria Buenos Aires e o<br />
Rio Grande do Sul.<br />
Quando se fala em integração, fala-se,<br />
também, de integração técnica.<br />
Existe algo neste sentido no<br />
relacionamento da empresa com<br />
os técnicos uruguaios no setor de<br />
energia?<br />
Corrêa de Queirós - É preciso entender<br />
que integração ela é uma via de mão<br />
dupla. Então, levar técnicos brasileiros<br />
para trabalharem no Uruguai e viceversa<br />
é, assim, mais do que natural para<br />
a Petrobras. E há tempos que a Petrobras<br />
tem, em seu quadro de funcionários,<br />
uruguaios, argentinos, bolivianos etc. É<br />
importante dizer, ainda, que buscamos<br />
não somente a integração técnica, mas<br />
também a integração cultural.<br />
Além dos projetos já existentes da<br />
Petrobras no Uruguai, há outros<br />
que a empresa pretende empreender<br />
naquele país?<br />
Corrêa de Queirós - No momento<br />
estamos estudando projetos no Uruguai<br />
as fontes de bioenergia e de gás natural.<br />
É claro que nós não podemos, de forma<br />
autônoma, chegar ao país e tocar esses<br />
estudos sozinhos. Precisamos estar,<br />
constantemente, em sintonia com o governo.<br />
O governo uruguaio já demonstrou<br />
interesse. Logicamente que se leva<br />
um temo para estudar e encontrar as<br />
viabilidades de aplicação dos projetos,<br />
mas há um bom entendimento entre a<br />
Petrobras e o governo uruguaio.
S E t o r -a u t o m o t i v o<br />
“Para a GM, o Uruguai não é uma opção,<br />
mas sim um destino”<br />
Pedro Bentancourt é gerente institucional<br />
da GM do Brasil. Em entrevista<br />
à Revista da <strong>FCCE</strong>, o executivo<br />
falou sobre a atuação da empresa no<br />
Uruguai, acrescentando que o acordo<br />
automotivo assinado recentemente<br />
pode significar o primeiro passo para<br />
a ampliação de um acordo automobilístico<br />
em âmbito do Mercosul<br />
De que forma o senhor avalia o seminário?<br />
Pedro Bentancourt - O seminário<br />
foi excelente. Os participantes apontaram<br />
elementos muito significativos para<br />
aprimorar a relação bilateral. Além disso,<br />
estamos trazendo informação e conhecimento<br />
para um segmento que potencialmente<br />
propocionará novos negócios<br />
Como está a relação Brasil-Uruguai<br />
para GM ?<br />
Pedro Bentancourt - A GM do Brasil<br />
é a cabeça da operação GM Mercosul,<br />
que engloba as operações no Uruguai.<br />
A GM é a única das montadoras que m<br />
um braço próprio no Uruguai. Todas as<br />
outras operam através de representantes.<br />
Existe uma GM-Uruguai que também é<br />
subsidiária da GM do Brasil. Na GM do<br />
Uruguai nós temos nove concessionárias<br />
e geramos cerca de 400 empregos diretos<br />
e indiretos.<br />
Quais são os produtos da GM mais<br />
negociados no Uruguai?<br />
Pedro Bentancourt - O Uruguai tem<br />
sido tradicionalmente provido de produtos<br />
brasileiros. Nós exportamos os modelos<br />
Celta, Classic, Corsa, S-10, Blazer<br />
e Vectra, ou seja, a linha completa da GM.<br />
Os modelos que mais vendemos ao Uruguai<br />
são o Classic e o Celta.<br />
Como a GM avalia a assinatura do<br />
novo acordo automotivo?<br />
Pedro Bentancourt - Para a GM, o<br />
Uruguai não é uma opção, mas sim um<br />
destino. Entendemos que esse país é parte<br />
integrante da nossa estrutura, por isso<br />
não trabalhamos o mercado uruguaio<br />
de maneira diferenciada. Além disso, eu<br />
gostaria de ressaltar que há esforços que<br />
visam ampliar a base fornecedora no<br />
Uruguai. Nós já temos fornecedores que<br />
já vendem para a GM em todo o Mercosul.<br />
A GM tem visão ‘mercosulina’ e não<br />
bilateral. Por isso, vemos que seria interessante<br />
convergir para uma política automotiva<br />
do Mercosul, no qual os fluxo<br />
de comércio não seja contabilizado por<br />
país, mas sim intrabloco. Isso porque essa<br />
é a verdadeira dimensão do setor automotivo.<br />
O senhor acredita que esse acordo<br />
possa ser efetivado em breve?<br />
Pedro Bentancourt - É um desafio.<br />
Mas acho que o novo acordo automotivo,<br />
assinado recentemente entre Brasil e<br />
Uruguai, assim como o que foi assinado<br />
entre Brasil e Argentina, contém cláusulas<br />
que prevê a convergência da política<br />
automotiva no Mercosul. Por isso, estamos<br />
esperançosos de que essa convergência<br />
vai acontecer em breve.<br />
Como fazer para que os investimentos<br />
cresçam no Uruguai após<br />
a assinatura deste acordo automotivo?<br />
Pedro Bentancourt - Há duas questões<br />
que são essenciais: competitividade<br />
por parte do fornecedor e mercado de<br />
escala. O que determina a opção de um<br />
mercado por outro é o mercado de escala<br />
e o nível dos mercados.<br />
A competitividade no Brasil, apesar de satisfatória,<br />
ainda pode melhorar. No caso<br />
do Uruguai, ela ainda é muito incipiente<br />
e, por isso, tem muito espaço para avançar.<br />
Da mesma forma, é compreensível<br />
que o mercado uruguiaio, embora seja<br />
muito atrativo, é proporcional ao tamanho<br />
do país e que acaba agregando uma<br />
entropia na consolidação de uma industria<br />
nacional.<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
43
f i n a n c i a m E n t o<br />
Apostando no Uruguai<br />
BNDES abre escritório no Uruguai e representante do banco fala sobre a importância<br />
do país para as empresas brasileiras<br />
Chefe de Departamento do futuro<br />
escritório do Banco Nacional de<br />
Desenvolvimento Econômico e Social<br />
(BNDES) no Uruguai, Leonardo<br />
Botelho Ferreira afirma que o Uruguai<br />
é um dos principais destinos<br />
de financiamentos do banco para as<br />
empresas brasileiras. Ao todo, foram<br />
destinados, na última década, US$ 85<br />
bilhões, mas, tudo indica que esse volume<br />
subirá para os próximos anos,<br />
sobretudo em razão da demanda por<br />
investimentos em infra-estrutura no<br />
país. Botelho Ferreira conversou com<br />
a Revista da <strong>FCCE</strong> sobre as atividades<br />
do banco no país.<br />
O escrito do BNDES em Montevidéu<br />
será o primeiro do banco fora<br />
do Brasil. Por que a escolha do<br />
Uruguai?<br />
Botelho Ferreira - Isso se dá em razão<br />
de ser a sede do Mercosul e da Aladi,<br />
além de vários outros organismos com<br />
sede por lá. Tudo isso facilitará o desenvolvimento<br />
das relações institucionais do<br />
banco com organismos públicos e privados.<br />
O escritório será aberto no início de<br />
2009.<br />
44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Então essa iniciativa é estratégica?<br />
Botelho Ferreira - Sim, com certeza.<br />
A partir deste escritório, a gente vai desenvolver<br />
com todos os países da região.<br />
Em que consistirá o plano de ações<br />
desse escritório do BNDES no<br />
país?<br />
Botelho Ferreira - Na realidade, a<br />
gente vai alavancar, a exemplo de outros<br />
bancos de desenvolvimento do mundo, a<br />
presença das empresas brasileiras no país<br />
e na região do entorno. Lá estaremos
acompanhando e proporcionando facilidades<br />
para os contatos das empresas com<br />
os clientes do Uruguai, seja por intermédio<br />
de serviços, seja por intermédio do<br />
comércio, dentro das linhas de exportação<br />
de bens e serviços brasileiros e também<br />
de financiamento ao investimento<br />
direto no exterior. Estes são os dois produtos<br />
do BNDES mais adequados para a<br />
atuação das nossas empresas no exterior.<br />
Quantas empresas já receberam financiamentos<br />
do BNDES para atuarem<br />
no Uruguai?<br />
Botelho Ferreira - Muitas. O BNDES<br />
já apoiou, no Uruguai, as exportações de<br />
produtos de empresas brasileiras de grande<br />
porte, como a Marco Pólo, operações<br />
de infra-estrutura de construtoras brasileiras,<br />
como a OAS e a Odebrecht. O<br />
setor de engenharia civil é muito competitivo<br />
no Uruguai e as nossas construtoras<br />
têm aproveitado as oportunidades de expansão<br />
dos investimentos em infra-estrutura<br />
que estão ocorrendo no Uruguai.<br />
Como vão os investimentos brasileiros<br />
no setor de construção no<br />
Uruguai?<br />
Botelho Ferreira - Como eu falei, o<br />
Uruguai demanda investimentos em infraestrutura,<br />
em setores como o elétrico, de<br />
saneamento, de transporte e construção<br />
de rodovias, além do abastecimento de<br />
água e o banco está pronto para atender<br />
as necessidades exportadoras brasileiras.<br />
O BNDES já apoiou a construção de uma<br />
nova linha termelétrica do Uruguai, e,<br />
neste ano, o banco está apoiando a OAS<br />
na renovação da infra-estrutura de distribuição<br />
de gás residencial em Montevidéu,<br />
onde toda a tubulação existente na<br />
cidade está sendo trocada.<br />
Em cifras, quanto o BNDES já desembolsou<br />
para investimentos de<br />
empresas brasileiras no Uruguai?<br />
Botelho Ferreira - Nos últimos dez<br />
anos, o BNDES disponibilizou, em financiamentos,<br />
cerca de US$ 85 milhões em investimentos<br />
no Uruguai. É um volume expressivo.<br />
O Uruguai se tornou, nos últimos<br />
anos, um dos principais destinos das exportações<br />
do BNDES. Em termos absolutos,<br />
esse valor é pequeno em comparação a<br />
outros países, mas os financiamentos se dão<br />
Integração latino-americana<br />
em proporção ao tamanho do país. Dentro<br />
da sua proporcionalidade, o Uruguai recebe<br />
mais investimentos do que o Chile e a<br />
Venezuela, por exemplo, o que demonstra<br />
a importância que este país tem tido nos<br />
últimos anos para as empresas brasileiras<br />
de exportação de bens e serviços.<br />
O presidente Luciano Coutinho defendeu que os países da América Latina intensifiquem<br />
seus esforços de integração como forma de ajudar a mitigar os efeitos da<br />
crise financeira internacional sobre suas economias. “A preservação do crescimento<br />
na América Latina é importante para o equilíbrio da economia mundial”, afirmou<br />
durante apresentação na reunião anual do Idea, entidade que reúne os principais representantes<br />
do empresariado e do sistema financeiro argentino. “É preciso mais solidariedade<br />
e mais integração na América Latina”, disse Coutinho durante o encontro<br />
realizado no mês de outubro na cidade de Mar del Plata, na Argentina.<br />
Ao longo de sua exposição, o presidente do BNDES apresentou dados sobre a situação<br />
da economia brasileira e o Banco. Ele afirmou que, apesar da crise, os bancos<br />
públicos brasileiros vem conseguindo atuar de maneira anticíclica para assegurar a<br />
disponibilidade de crédito e garantir a realização de investimentos.<br />
Para Coutinho, o êxito do leilão de rodovias realizado em outubro é exemplo do<br />
resultado dos trabalhos pela integração. Segundo ele, o sucesso da iniciativa é uma<br />
“demonstração inequívoca de que o suporte das instituições públicas viabiliza a realização<br />
de investimentos”.<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
45
H i S t ó r i a<br />
Jorge Caldeira, autor da biografia do Barão de Mauá,<br />
disse que ele foi o maior empresário brasileiro de todos os tempos.<br />
46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Irineu Evangelista de Souza,<br />
o Barão de Mauá<br />
Dique Mauá: construído pelo<br />
brasileiro em 1872, está em operação<br />
até hoje
Mauá: o pioneirismo do capitalismo<br />
brasileiro no Uruguai<br />
Maior empresário do século XIX, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de<br />
Mauá, marcou presença com grandes empreendimentos no Uruguai<br />
Ele tem seu nome em ruas, bairros, cidades, praças por todo o Brasil e<br />
até na ponte que liga o Brasil ao Uruguai. Empreendedor muito a frente<br />
do seu tempo e, para alguns estudiosos, um dos precursores do Mercosul,<br />
Irineu Evangelista de Souza ou, como melhor ficou conhecido, o<br />
Barão de Mauá, é, sem dúvida, um dos personagens mais contundentes<br />
da história brasileira. De fato, quando se pensa em nomes importantes<br />
para se pensar no processo de desenvolvimento da economia brasileira,<br />
a sua importância não pode ser relegada.<br />
Nascido no Rio Grande do Sul em 1813, Evangelista de Souza saiu da<br />
fronteira do Brasil com o Uruguai e foi para o Rio de Janeiro, então capital<br />
do Império. Com nove anos começou a trabalhar como balconista<br />
de loja, onde começou a desenvolver o seu faro para negócios. Dono de<br />
enorme senso de pragmatismo, Mauá apostava na livre iniciativa como<br />
catalisador de riqueza e desenvolvimento. Desse modo, Mauá controlou<br />
oito das dez maiores empresas do país: as restantes eram o Banco do Bra-<br />
sil e a Estrada de Ferro Dom Pedro<br />
II, ambas empreendimentos<br />
estatais, tornando-se, ao 30 anos,<br />
no homem mais rico do Brasil e<br />
dono de uma das maiores fortunas<br />
do mundo na época. Chegou<br />
a controlar dezessete empresas,<br />
com filiais operando em seis países.<br />
Sua fortuna em, 1867, atingiu<br />
o valor de 115 mil contos de réis,<br />
enquanto o orçamento do Império do Brasil para aquele ano contava<br />
apenas com 97 mil contos de réis. “Mauá Foi o maior empresário brasileiro<br />
de todos os tempos, com uma das maiores fortunas do mundo no<br />
séc. XIX”, disse o biógrafo do Barão de Mauá, Jorge Caldeira, autor do<br />
consagrado livro Mauá, Empresário do Império (Companhia das Letras),<br />
em entrevista, por telefone, à Revista da <strong>FCCE</strong>. Para Caldeira, o<br />
seu principal talento de Mauá era estar pronto para olhar o que havia de<br />
novo e fazer de forma diferente.<br />
Mauá no Uruguai<br />
Em meados de 2007, Caldeira viu a relevância da figura de Mauá se<br />
reforçar quando foi informado de que a biografia de sua autoria sobre<br />
o empresário brasileiro seria traduzida para o espanhol e publicada no<br />
Uruguai. Ter o livro publicado no país vizinho representa um movimento<br />
mais do que pertinente. Afinal, foi no Uruguai onde a expansão dos<br />
seus negócios teve grande vulto, fazendo com que Mauá se tornasse o<br />
principal credor do país durante grande parte da segunda metade do<br />
século XIX.<br />
Nesse período, convinha ao governo do então Império do Brasil<br />
“Apesar das condições políticas favoráveis que permitiram<br />
a entrada de Mauá no Uruguai, Mauá<br />
buscou investir no Uruguai por puro pragmatismo.<br />
Isso porque ele via as condições do país vizinho propícias<br />
para investimentos capitalistas”<br />
Jorge Caldeira, biógrafo do Barão de Mauá<br />
manter um comércio regular com o Uruguai em que preponderava, sem dúvida,<br />
a necessidade brasileira de importação do charque, uma vez que a produção<br />
oriunda do Rio Grande do Sul era insuficiente para alimentar a massa escrava<br />
que o movia o sistema produtivo brasileiro. Nesse sentido, se estende a vontade<br />
de manter contatos mais profundos com o Uruguai, principal fonte de abastecimento<br />
de charque para o Brasil.<br />
Os interesses brasileiros se estabeleceram igualmente no domínio das finanças,<br />
mediante empréstimos feitos ao governo do Uruguai. E é dentro dessa política<br />
de maior aproximação com o país platino que entra Mauá, concedendo empréstimos<br />
e promovendo investimentos em diversos setores da economia uruguaia,<br />
da agropecuária (ele possuía 100 mil cabeças de gado no Uruguai) ao controle<br />
das finanças públicas. Na década de 1860, ele obteve do governo uruguaio a concessão<br />
da companhia de distribuição de gás Montevideogas e, em 1872, Mauá<br />
construiu o que seria o primeiro dique seco do Rio da Prata, o Dique Mauá.<br />
Atualmente, a Montevideogas é controlada pela Petrobras e o dique ainda está<br />
em operação. “Apesar das condições políticas<br />
favoráveis que permitiram a entrada<br />
de Mauá no Uruguai, Mauá buscou investir<br />
no Uruguai por puro pragmatismo. Isso<br />
porque ele via as condições do país vizinho<br />
propícias para investimentos capitalistas”,<br />
explicou Caldeira. De acordo com ele,<br />
entre as condições existentes estavam a<br />
necessidade de o Uruguai se reestruturar<br />
financeiramente, após quase duas décadas<br />
de guerra civil (1834-1852) e a existência de mão-de-obra livre no país, fator crucial<br />
para o desenvolvimento do liberalismo econômico, lembrando que Mauá era<br />
um crítico ferrenho da economia de base escravagista do império. Para o escritor, as<br />
relações de comércio entre Brasil e Uruguai e, ainda, com a Argentina (onde Mauá<br />
também tinha negócios) pautada no liberalismo era a chave para o desenvolvimento<br />
da região do Cone Sul. “Não podemos dizer que Mauá idealizou a formação do<br />
Mercosul, mas ele foi, com certeza, um grande defensor da criação de uma zona de<br />
livre comércio. Mauá era um internacionalista e acreditava na globalização muito<br />
antes desse termo ter sido inventado”, disse Caldeira.<br />
Já em relação ao lançamento do seu livro no Uruguai, Caldeira disse estar bastante<br />
satisfeito com a repercussão da biografia de Mauá naquele país. “Já participei<br />
de seminários, concedi entrevistas a jornais e TVs locais. Isso demonstra que a memória<br />
de Mauá ainda permanece viva no Uruguai”, disse. Mauá, Empresário do<br />
Império foi publicado no Brasil pela primeira vez e obra de 557 páginas já vendeu<br />
mais de 156 mil cópias, consagrando-se como uma das mais bem-sucedidas biografias<br />
de personagens históricos brasileiros até hoje. No momento atual, em que<br />
várias empresas brasileiras aportam vultosos investimentos no país platino, lembrar<br />
o pioneirismo de Mauá faz-se, sem dúvida, bastante salutar.<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
47
E l a ç õ E S bi l a t E r a i S<br />
A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias alcançou a relevante<br />
cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este per-<br />
centual se ampliou e registrou 17,6% em 2007.<br />
Intercâmbio Comercial<br />
Brasil – Uruguai<br />
ELABORAÇÃO: DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E<br />
D E S E N VO LV I M E N TO D O C O M É R C I O E X T E R I O R – D E P L A DA<br />
S E C R E TA R I A D E C O M É R C I O E X T E R I O R – S E C E X D O M I N I S T É R I O D O<br />
DESENVOLVIMENTO, INDúSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC.<br />
Comércio Exterior do Uruguai<br />
A economia uruguaia é bastante atrelada aos seus dois<br />
grandes vizinhos e parceiros comerciais, Brasil e Argentina.<br />
No começo dos anos 2000, o crescimento do produto interno<br />
foi bastante afetado pela crise que atingiu estes países, especialmente<br />
o último. Em 2002, o PIB do Uruguai chegou a se<br />
retrair em 11,0%. Nos anos subseqüentes, o país se recuperou<br />
e apresentou crescimento substantivo. Em 2007, o aumento<br />
do PIB uruguaio foi da ordem de 7,4%, ao somar US$ 23,3<br />
bilhões a preços correntes.<br />
O desempenho do comércio externo uruguaio acompanhou<br />
a recuperação de sua economia. Com isso, a corrente<br />
10.000<br />
9.000<br />
8.000<br />
7.000<br />
6.000<br />
5.000<br />
4.000<br />
3.000<br />
2.000<br />
Fonte: OMC<br />
Evolução da Corrente de Comércio do Uruguai<br />
1998 a 2007 – US$ Milhões<br />
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />
48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
de comércio do país chegou à cifra inédita de US$ 10 bilhões<br />
em 2007. As exportações foram de US$ 4,5 bilhões e as importações<br />
de US$ 5,5 bilhões.<br />
O crescimento das exportações e importações do país fez<br />
6.000<br />
5.000<br />
4.000<br />
3.000<br />
2.000<br />
1.000<br />
0<br />
-1.000<br />
-2.000<br />
Fonte: OMC<br />
Evolução da Balança Comercial do Uruguai<br />
1998 a 2007 – US$ Milhões<br />
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />
Exportação Importação Saldo<br />
Importações do Uruguai<br />
Principais Produtos –2007 –US$ Milhões<br />
Importação Total<br />
Bens Intermediários<br />
Bens de Consumo<br />
Bens de Capital<br />
Fonte: Banco Central do Uruguai<br />
Valor<br />
Value<br />
5.589<br />
3.661<br />
1.202<br />
726<br />
%<br />
2007/06<br />
17,0<br />
11,7<br />
24,5<br />
36,5<br />
Part. %<br />
% Share<br />
100,0<br />
65,5<br />
21,5<br />
13,0
com que o resultado da balança comercial, tradicionalmente<br />
deficitária, apresentasse um saldo negativo de US$ 1,0 bilhão<br />
em 2007.<br />
Neste mesmo ano (dados acumulados até novembro), o<br />
principal parceiro comercial nas importações do Uruguai foi<br />
o Brasil, origem de 23,2% das compras do país e soma de<br />
US$ 1,2 bilhão. Em seguida está a Argentina, com participação<br />
de 21,9% e total de US$ 1,1 bilhão. Os Estados Unidos<br />
foram responsáveis por 7,0% das aquisições uruguaias, com<br />
um montante de US$ 359 milhões. Por bloco econômico, a<br />
principal origem das importações foram os países da ALADI,<br />
com participação de 61,2% e total de US$ 3,1 bilhões, seguido<br />
por: Ásia (participação de 15,1% e soma de US$ 771 milhões),<br />
União Européia (10,2% e US$ 520 milhões) e África (0,8%<br />
e US$ 40 milhões).<br />
As compras uruguaias são compostas, principalmente, por<br />
Importações do Uruguai<br />
Principais Mercados Fornecedores –2007/2006(*) –US$ Milhões<br />
Blocos econômicos e<br />
países selecionados<br />
Total<br />
Aladi<br />
Ásia<br />
África<br />
-Mercosul<br />
-Brasil<br />
-Argentina<br />
-Paraguai<br />
-Demais da Aladi<br />
União Européia<br />
Estados Unidos<br />
Demais Países<br />
2007<br />
5.101<br />
3.123<br />
2.327<br />
1.183<br />
1.115<br />
29<br />
796<br />
771<br />
520<br />
359<br />
40<br />
290<br />
Part.%<br />
100,0<br />
61,2<br />
45,6<br />
23,2<br />
21,9<br />
0,6<br />
15,6<br />
15,1<br />
10,2<br />
7,0<br />
0,8<br />
5,7<br />
(*) até novembro<br />
Fonte: Dados do Brasil – MDIC/SECEX; Dados do Uruguai – Banco Central do Uruguai<br />
Exportações do Uruguai<br />
2006<br />
4.424<br />
2.716<br />
1.915<br />
912<br />
979<br />
23<br />
801<br />
539<br />
444<br />
304<br />
170<br />
252<br />
Part.%<br />
100,0<br />
61,4<br />
43,3<br />
20,6<br />
22,1<br />
0,5<br />
18,1<br />
12,2<br />
10,0<br />
Principais Mercados Compradores – 2007/2006 –US$ Milhões<br />
Blocos econômicos e<br />
países selecionados<br />
Total<br />
Aladi<br />
África<br />
-Paraguai<br />
-Demais da Aladi<br />
União Européia<br />
Estados Unidos<br />
Ásia<br />
-Mercosul<br />
-Brasil<br />
-Argentina<br />
Demais Países<br />
2007<br />
4.496<br />
1.740<br />
1.304<br />
786<br />
441<br />
Fonte: Dados do Brasil – MDIC/SECEX; Dados do Uruguai – Banco Central do Uruguai<br />
77<br />
435<br />
832<br />
493<br />
385<br />
149<br />
898<br />
Part.%<br />
100,0<br />
38,7<br />
29,0<br />
17,5<br />
9,8<br />
1,7<br />
9,7<br />
18,5<br />
11,0<br />
8,6<br />
3,3<br />
20,0<br />
2006<br />
3.986<br />
1.377<br />
978<br />
618<br />
302<br />
58<br />
398<br />
675<br />
523<br />
360<br />
182<br />
869<br />
6,9<br />
3,8<br />
5,7<br />
Part.%<br />
100,0<br />
34,5<br />
24,5<br />
15,5<br />
7,6<br />
1,5<br />
10,0<br />
16,9<br />
13,1<br />
9,0<br />
4,6<br />
21,8<br />
Var. %<br />
15,3<br />
15,0<br />
21,5<br />
29,7<br />
13,9<br />
22,7<br />
-0,7<br />
43,0<br />
17,2<br />
18,1<br />
-76,5<br />
15,1<br />
Var. %<br />
12,8<br />
26,4<br />
33,3<br />
27,2<br />
46,1<br />
31,9<br />
9,3<br />
23,3<br />
-5,7<br />
6,9<br />
-18,3<br />
3,3<br />
Exportações do Uruguai<br />
Principais Produtos –2007 –US$ Milhões<br />
Carnes<br />
Outros Produtos Vegetais<br />
Cereais<br />
Têxteis e Confecções<br />
Couros e Peles<br />
Plásticos e Borracha<br />
Madeira e Obras<br />
Produtos Químicos<br />
Minérios<br />
Pescado<br />
Produtos Alimentícios, Bebidas e Tabaco<br />
Material de Transporte<br />
26,2% 24,4% 26,1%<br />
19,3% 21,0% 21,0%<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
124<br />
156<br />
155<br />
24,4% 17,8%<br />
18,5%<br />
197<br />
247<br />
247<br />
237<br />
308<br />
306<br />
343<br />
404<br />
Fonte: Banco Central do Uruguai<br />
14,5% 15,6%<br />
17,6%<br />
21,5% 22,0% 21,3% 23,5%<br />
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />
Fonte: MDIC/SECEX, OMC<br />
1.923<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Participação do Brasil no Comércio Exterior do Uruguai<br />
2000 a 2007<br />
Importação do Uruguai Exportação do Uruguai<br />
Evolução da Corrente de Comércio Brasil / Uruguai<br />
1.316 1.271<br />
1998 / 2007 - US$ Milhões FOB<br />
1.146<br />
897<br />
944<br />
1.193<br />
1.347<br />
1.631<br />
2.075<br />
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />
885<br />
49
E l a ç õ E S bi l a t E r a i S<br />
bens intermediários, 65,5% do total de 2007 e soma de US$<br />
3,7 bilhões. A categoria de bens de consumo é a segunda com<br />
maior participação na pauta, com 21,5% e US$ 1,2 bilhão, seguida<br />
por bens de capital, com 13,0% e US$ 726 milhões.<br />
Quanto às exportações, o Brasil também é o maior destino<br />
das vendas uruguaias, com participação de 17,5% e soma<br />
de US$ 786 milhões em 2007. Já, os Estados Unidos foram<br />
destino de US$ 493 milhões, 11,0% do total. À frente da<br />
Argentina, com US$ 441 milhões e participação de 9,8%. O<br />
maior bloco comprador de produtos uruguaios é a ALADI,<br />
com aquisições de US$ 1,7 bilhão e participação de 38,7%<br />
no total, seguida por: União Européia (part. 18,5% e total de<br />
US$ 832 milhões), Ásia (8,6% e US$ 385 milhões) e África<br />
(3,3% e US$ 149 milhões).<br />
As exportações uruguaias, no mesmo ano, foram compostas<br />
principalmente por: carnes, total de US$ 885 milhões, 19,7%<br />
do total; outros produtos vegetais, US$ 404 milhões, 9,0% da<br />
pauta; cereais, US$ 343 milhões, 7,6%; têxteis e confecções,<br />
US$ 308 milhões, 6,9%; couros e peles, US$ 306 milhões,<br />
6,8%; plásticos e borracha, US$ 247 milhões, 5,5%; madeira<br />
o obras, US$ 247 milhões, 5,5%; produtos químicos US$ 237<br />
milhões, 5,3%; minérios, US$ 197 milhões, 4,4%; pescado,<br />
US$ 156 milhões, 3,5%; produtos alimentícios, bebidas e<br />
tabaco, US$ 155 milhões, 3,4%; e material de transporte,<br />
US$ 124 milhões, 2,8%.<br />
A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias<br />
alcançou a relevante cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor<br />
nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este percentual se ampliou<br />
e registrou 17,6% em 2007. Do lado da importação, o<br />
valor de 23,5% na participação das compras do país é o maior<br />
registrado no comércio bilateral em anos recentes.<br />
Intercâmbio comercial entre Brasil e Uruguai – 2007<br />
O intercâmbio bilateral entre Brasil e Uruguai acompanhou<br />
a escalada do comércio exterior uruguaio nos últimos anos. A<br />
50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
1.400<br />
1.200<br />
1.000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
0<br />
-200<br />
-400<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
1.288<br />
Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Uruguai<br />
1998 / 2007 - US$ Milhões FOB<br />
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />
1.013<br />
Exportação Importação Saldo<br />
Intercâmbio Comercial Brasil / Uruguai<br />
2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />
786<br />
618<br />
502<br />
395<br />
2.074<br />
1.631<br />
Exportação Importação Saldo Corrente de<br />
Comércio<br />
2007 2006<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Ordem<br />
2006 2007<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
31<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Variação % 2007/06:<br />
Exportação: +27,2%<br />
Importação: +27,2%<br />
Corrente de comércio: +27,2%<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
29<br />
Ranking do Uruguai nas Exportações Brasileiras<br />
2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />
Argentina<br />
China<br />
Países Baixos<br />
Alemanha<br />
Venezuela<br />
Itália<br />
Japão<br />
Chile<br />
Uruguai<br />
País<br />
Estados Unidos<br />
Valor<br />
25.065<br />
14.417<br />
10.749<br />
8.841<br />
7.211<br />
4.724<br />
4.464<br />
4.321<br />
4.264<br />
1.288<br />
%<br />
2007/06<br />
2,2<br />
22,8<br />
27,9<br />
53,8<br />
26,7<br />
32,5<br />
16,4<br />
11,0<br />
9,0<br />
27,2<br />
Part %<br />
15,6<br />
9,0<br />
6,7<br />
5,5<br />
4,5<br />
2,9<br />
2,8<br />
2,7<br />
2,7<br />
0,8
partir de 2002, a corrente de comércio cresceu sussecivamente<br />
e atingiu o maior valor histórico em 2007, quando totalizou<br />
US$ 2,1 bilhões, total 27,2% superior ao de 2006.<br />
As exportações brasileiras para o mercado uruguaio se<br />
destacaram ao atingir o valor de US$ 1,3 bilhão no último<br />
ano, crescimento de 27,2% em relação a 2006. As compras<br />
brasileiras de produtos peruanos também apresentaram bom<br />
desempenho ao atingir a soma de US$ 786 milhões, com o<br />
mesmo percentual de aumento das exportações.<br />
O superávit no comércio bilateral foi favorável ao brasil em<br />
US$ 502 milhões em 2007, montante superior ao alcançado<br />
em 2006, de US$ 395 milhões.<br />
O Uruguai foi o vigésimo nono maior destino das exportações<br />
brasileiras, com participação de 0,8% na pauta total<br />
de 2007. Esta colocação é duas posições superior à ocupada<br />
em 2006. Relativamente ao ranking de países de origem das<br />
compras externas nacionais, o país perdeu 12 posições. Atualmente,<br />
o Uruguai ocupa a 34 posição entre os principais<br />
provedores de mercadorias ao Brasil, com uma participação<br />
de 0,7% no total da pauta.<br />
A pauta brasileira de exportação para o Uruguai é majoritáriamente<br />
composta por produtos manufaturados, 88,2%<br />
do total de 2007. A categoria de básicos respondeu por 6,4%<br />
do montante e a de semimanufaturados, por 5,4%. O grupo<br />
dos manufaturados apresentou crescimento de 30,4% no<br />
comparativo 2007/2006, de US$ 871 milhões em 2006, para<br />
US$ 1,1 bilhão em 2007. Os básicos apresentaram aumento<br />
de 21,9% e totalizaram US$ 82 milhões em 2007, enquanto<br />
que os semimanufaturados se retraíram em 3,5%, para US$<br />
69 milhões.<br />
Os principais produtos exportados para o mercado uruguaio,<br />
em 2007, foram: óleos combustíveis (total de US$ 176<br />
milhões e participação na pauta de 13,7%), autopeças (US$ 51<br />
milhões, 4,0%), automóveis (US$ 50 milhões, 3,9%), polímeros<br />
plásticos (US$ 47 milhões, 3,7%), aparelhos transmissores<br />
Exportações Brasileiras para o Uruguai por Fator Agregado<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Ranking do Uruguai nas Importações Brasileiras<br />
2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />
Ordem<br />
2006 2007<br />
1<br />
3<br />
2<br />
4<br />
5<br />
6<br />
9<br />
8<br />
7<br />
22<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
34<br />
China<br />
Argentina<br />
Alemanha<br />
Nigéria<br />
Japão<br />
França<br />
Chile<br />
2007 - PARTICIPAÇÃO %<br />
Op. Especial<br />
Básicos<br />
Manufaturados 2,1%<br />
6,4%<br />
60,3% Básicos<br />
29,6%<br />
Manufaturados<br />
Manufaturados<br />
54,9%<br />
88,2%<br />
Básicos<br />
26,2%<br />
82 68 69 72<br />
Semimanufaturados<br />
5,4%<br />
Exportação Brasileira para o Uruguai por Fator Agregado<br />
Variação % 2007/06:<br />
Básicos: +21,9%<br />
Coréia do Sul<br />
Uruguai<br />
País<br />
Estados Unidos<br />
Semimanufaturados: -3,5%<br />
Manufaturados: +30,4%<br />
Valor<br />
18.722<br />
12.618<br />
10.410<br />
8.675<br />
5.273<br />
4.610<br />
3.525<br />
3.483<br />
3.391<br />
786<br />
2007/2006 -US$ Milhões FOB<br />
1.136<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
871<br />
BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS<br />
2007 2006<br />
%<br />
2007/06<br />
27,7<br />
57,9<br />
29,3<br />
33,4<br />
34,6<br />
20,1<br />
24,2<br />
21,5<br />
9,2<br />
27,2<br />
Part %<br />
15,5<br />
10,5<br />
8,6<br />
7,2<br />
4,4<br />
3,8<br />
2,9<br />
2,9<br />
2,8<br />
0,7<br />
51
E l a ç õ E S bi l a t E r a i S<br />
ou receptores (US$ 39 milhões, 3,0%), veículos de carga (US$<br />
3,4 milhões, 2,6%), mate (US$ 31 milhões, 2,4%), tratores<br />
(US$ 29 milhões, 2,3%), pneumáticos (US$ 22 milhões,<br />
1,7%), produtos laminados planos de ferro ou aço (US$ 20<br />
milhões, 1,6%), máquinas e aparelhos para uso agrícola (US$<br />
20 milhões, 1,6%) e móveis (US$ 19 milhões, 1,5%).<br />
Referente às importações brasileiras de produtos<br />
uruguaios, 64,4% foram compostas por produtos manufaturados.<br />
Esta classe de produtos apresentou aumento de 18,1%<br />
no comparativo 2007/2006 e totalizou US$ 507 milhões no<br />
último ano. Os produtos básicos responderam com 34,3% do<br />
total e somaram US$ 269 milhões ao crescerem em 47,0%<br />
de 2006 para 2007. Os produtos semimanufaturados se expandiram<br />
em 68,5% no mesmo comparativo, para um total<br />
de US$ 10 milhões, o que representou 1,3% da pauta total.<br />
Os principais produtos comprados pelo Brasil do<br />
Uruguai, em 2007, foram: arroz em grãos (total de US$<br />
123 milhões e participação de 15,6% na pauta), embalagens<br />
plásticas (US$ 86 milhões, 10,9%), malte (US$ 73 milhões e<br />
9,3%), borracha em chapas e folhas (US$ 43 milhões, 5,5%),<br />
carne bovina (US$ 34 milhões, 4,3%), misturas de substâncias<br />
odoríficas para alimentos (US$ 31 milhões, 3,9%), trigo<br />
em grãos (US$ 29 milhões, 3,7%), sabões e produtos para<br />
limpeza (US$ 28 milhões, 3,5%), tubos de ferro/aço (US$<br />
17 milhões, 2,2%), carne de ovino (US$ 17 milhões, 2,2%),<br />
cevada em grãos (US$ 16 milhões, 2,1%) e pescado (US$ 15<br />
milhões, 1,9%).<br />
Ao se considerarem as unidades da federação que exportaram<br />
para o Uruguai em 2007, destaca-se a participação do<br />
Estado de São Paulo, que foi responsável por US$ 443 milhões<br />
em exportações para este mercado, representando 34,4%<br />
da pauta total. Os demais principais estados brasileiros que<br />
exportaram para o Uruguai foram: Rio Grande do Sul (US$<br />
353 milhões, participação de 27,4% no total), Paraná (US$<br />
114 milhões, 11,2%), Santa Catarina (US$ 103 milhões,<br />
52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Principais Produtos Exportados pelo Brasil para o Uruguai<br />
Óleos Combustíveis<br />
Importações Brasileiras do Uruguai por Fator Agregado<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
269<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Autopeças<br />
Automóveis<br />
Polímeros Plásticos<br />
Apars. Trans./Receptores<br />
Veículos de carga<br />
Mate<br />
Tratores<br />
Pneumáticos<br />
Laminados Planos<br />
Máqs. p/ Uso Agrícola<br />
Móveis<br />
2007 - Participação %<br />
Manufaturados<br />
64,4%<br />
183<br />
10<br />
Básicos<br />
34,3%<br />
Semimanufaturados<br />
1,3%<br />
Importação Brasileira do Uruguai por Fator Agregado<br />
Variação % 2007/06:<br />
Básicos: +47,0%<br />
Semimanufaturados: +68,5%<br />
Manufaturados: +18,1%<br />
2007 - US$ Milhões FOB<br />
22<br />
20<br />
20<br />
19<br />
34<br />
31<br />
29<br />
39<br />
51<br />
50<br />
47<br />
2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />
6<br />
507<br />
429<br />
BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS<br />
2007 2006<br />
176<br />
Fonte: MDIC/SECEX
8,0%), Rio de Janeiro (US$ 84 milhões, 6,5%), Minas Gerais<br />
(US$ 50 milhões, 3,9%) e Bahia (US$ 40 milhões, 3,1%). As<br />
demais unidades da federação que realizaram vendas ao país<br />
respoderam por 5,5% do total e somaram US$ 71 milhões.<br />
Já, do lado das importações, o Rio Grande do Sul foi<br />
o estado que realizou o maior volume de compras de produtos<br />
uruguaios, soma de US$ 194 milhões e participação de 24,7%<br />
na pauta total. Em seguida, encontran-se entre os principais<br />
estados: São Paulo (US$ 171 milhões, 21,7%), Santa Catarina<br />
(US$ 150 milhões, 19,1%), Rio de Janeiro (US$ 41 milhões,<br />
5,2%), Amazonas (US$ 40 milhões, 5,1%), Mato Grosso do<br />
Sul (US$ 40 milhões, 5,1%), Minas Gerais (US$ 31 milhões,<br />
3,9%), Espírito Santo (US$ 30 milhões, 3,8%) e Paraná (US$<br />
28 milhões, 3,6%).<br />
No ano de 2007, 4.326 empresas brasileiras exportaram<br />
para o Uruguai. Este número significou um decréscimo de<br />
0,3%, 11 empresas em termos absolutos, em relação ao<br />
ano anterior, quando 4.337 empresas exportaram para este<br />
mercado. O número de compradores nacionais de produtos<br />
uruguaios aumentou, no comparativo 2007/2006, ao passar<br />
de 1.230 para 1.321 empresas, aumento de 91 empresas ou<br />
7,4% a mais.<br />
Principais Estados Brasileiros Exportadores para o Uruguai<br />
Bahia; 3,1<br />
Minas Gerais;<br />
3,9<br />
Demais; 5,5<br />
Rio de<br />
Janeiro; 6,5<br />
Santa<br />
Catarina; 8,0<br />
Paraná; 11,2<br />
2007 - Participação %<br />
São<br />
Paulo;<br />
34,4<br />
Rio Grande<br />
do Sul;<br />
27,4<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Principais Produtos Importados pelo Brasil do Uruguai<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
Principais Estados Brasileiros Importadores do Uruguai<br />
Paraná; 3,6<br />
Espírito Santo;<br />
3,8<br />
Minas Gerais;<br />
3,9<br />
Mato Grosso do<br />
Sul; 5,1<br />
Amazonas; 5,1<br />
Rio de Janeiro;<br />
5,2<br />
Demais; 7,9<br />
2007 - US$ Milhões FOB<br />
Arroz<br />
Embalagens Plásticas<br />
Malte<br />
Borracha em Chapas e Folhas<br />
Carne Bovina<br />
Misturas Odoríficas p/ Alimentos<br />
Trigo<br />
Sabões e Prods. de Limpeza<br />
Tubos de Ferro/Aço<br />
Carne de Ovino<br />
Cevada<br />
Pescado<br />
2007 - Participação %<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
'<br />
Santa<br />
Catarina;<br />
19,1<br />
17<br />
17<br />
16<br />
15<br />
34<br />
31<br />
29<br />
28<br />
Rio Grande<br />
do Sul; 24,7<br />
43<br />
São Paulo;<br />
21,7<br />
73<br />
86<br />
Fonte: MDIC/SECEX<br />
123<br />
53
c u r t a S c u r t a S<br />
Brasil e Uruguai derrubam<br />
limite de vôos entre<br />
si<br />
As ligações aéreas entre<br />
Brasil e Uruguai, antes limitadas<br />
a 43 vôos semanais<br />
de ida e volta, agora são<br />
irrestritas, informou hoje a<br />
Agência Nacional de Aviação<br />
Civil (Anac). Segundo o órgão,<br />
esse foi o resultado da<br />
renegociação do acordo bilateral<br />
firmado com a autoridade<br />
aeronáutica uruguaia.<br />
Os vôos não regulares, como<br />
os charter, também serão<br />
ilimitados, bastando que haja<br />
capacidade aeroportuária e<br />
de tráfego aéreo. Atualmente,<br />
são realizados 21 vôos<br />
semanais por empresas brasileiras,<br />
Gol e TAM, e outros<br />
21 vôos pela uruguaia Pluna.<br />
O aumento da capacidade<br />
prevê a elevação da demanda<br />
no futuro. Segundo a Anac,<br />
o Uruguai é o terceiro país<br />
da América do Sul que mais<br />
recebe passageiros vindos<br />
do Brasil: foram 147 mil<br />
em 2007.<br />
Economia uruguaia<br />
cresce 13,1% no 1º semestre<br />
54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
A economia do Uruguai<br />
expandiu-se em 13,1% no<br />
primeiro semestre de 2008<br />
sobre igual período do ano<br />
passado, impulsionada pela<br />
produção de uma fábrica<br />
de celulose, informou o<br />
governo nesta sexta-feira. O<br />
Produto Interno Bruto (PIB)<br />
subiu 4,6% no segundo<br />
trimestre sobre o primeiro,<br />
acrescentou o banco central<br />
do país. Para este ano, o governo<br />
prevê um crescimento<br />
superior a 6,5%, apesar do<br />
ministro da Economia ter<br />
dito dias atrás que o país<br />
pode chegar a um crescimento<br />
maior que 8%.<br />
Uruguai anuncia novo<br />
ministro da Economia<br />
O presidente do Uruguai,<br />
Tabaré Vázquez, anunciou<br />
em agosto que o novo<br />
ministro da Economia do<br />
país será Alvaro Garcia, atual<br />
presidente da Corporação<br />
Nacional de Desenvolvimento.<br />
“Não haverá mudanças na<br />
gestão da política econômica<br />
do país”, disse Vázquez<br />
durante entrevista coletiva.<br />
Garcia vai substituir Danilo<br />
Astori, que está no cargo<br />
desde março de 2005.<br />
Uruguai isenta turistas<br />
de taxas<br />
O Governo do Uruguai<br />
quer isentar de taxas quem<br />
chegue ao país de barco ou<br />
avião no próximo Verão.<br />
A decisão anunciada pela<br />
vice-ministra de Turismo<br />
e Desporto, Liliam Kechi-<br />
chian, deve-se ao peso do<br />
turista estrangeiro no PIB<br />
nacional e à necessidade de<br />
driblar a crise económica<br />
mundial, que retirou muitos<br />
visitantes este ano, sobretudo<br />
brasileiros.<br />
Segundo o jornal La Nación,<br />
a decisão deve vingar<br />
nos portos de Montevideu<br />
e Colónia e nos aeroportos<br />
de Punta del Este e Carrasco<br />
(Montevideu), onde por<br />
exemplo se paga 31 dólares<br />
de taxas. As entradas terrestres<br />
estão excluídas do<br />
plano. “A medida ajudará ao<br />
desenvolvimento e competitividade<br />
da região. Peço aos<br />
operadores turísticos muita<br />
responsabilidade na fixação<br />
de preços”, frisou Kechichian<br />
ao jornal uruguaio.<br />
Petrobras está entre<br />
as dez empresas mais<br />
admiradas do país<br />
A revista Carta Capital<br />
promoveu na noite do dia 20<br />
de outubro, em São Paulo,<br />
a cerimônia de entrega do<br />
prêmio “As Empresas Mais<br />
Admiradas no Brasil”, que<br />
está em sua 11ª edição. O<br />
executivo Alexandre Quintão,<br />
da área de Relacionamento<br />
com Investidores<br />
da Petrobras, recebeu os<br />
prêmios conquistados pela<br />
Companhia em duas categorias:<br />
terceiro lugar no<br />
ranking das “Dez Mais” e<br />
empresa reconhecida como<br />
a mais admirada em relação<br />
ao compromisso com o país<br />
e com a solidez financeira.<br />
A Petrobras Distribuidora<br />
também saiu vitoriosa na
c u r t a S<br />
categoria “Distribuidora de<br />
Combustíveis” e foi representada<br />
por seu presidente,<br />
José Eduardo Dutra.<br />
O evento contou com as<br />
participações do presidente<br />
da República, Luiz Inácio<br />
Lula da Silva, dos ministros<br />
Fernando Haddad (Educação),<br />
Miguel João Jorge<br />
Filho (Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior),<br />
Patrus Ananias (Desenvolvimento<br />
Social), Tarso<br />
Genro (Justiça), Paulo Vanucchi<br />
(Secretaria Especial<br />
de Direitos Humanos da<br />
Presidência da República),<br />
dos governadores Ana Júlia<br />
Carepa (PA), Aécio Neves<br />
(MG) e Jaques Wagner (BA),<br />
além de representantes do<br />
empresariado brasileiro.<br />
Cai superávit comercial<br />
nos nove primeiros<br />
meses de 2008<br />
De janeiro a setembro<br />
de 2008 (189 dias úteis), o<br />
saldo comercial brasileiro<br />
somou US$ 19,656 bilhões<br />
(média diária de US$ 104<br />
milhões). Pela média diária,<br />
o superávit comercial ficou<br />
36,8% menor que o registrado<br />
no mesmo período<br />
do ano passado (US$ 164,6<br />
milhões).<br />
Nos nove primeiros<br />
meses de 2008, foram<br />
registradas exportações de<br />
US$ 150,868 bilhões, com<br />
média diária de US$ 798,2<br />
milhões, um incremento de<br />
28,7% sobre o desempenho<br />
médio diário dos embarques<br />
internacionais, no mesmo<br />
José Gabrielli, presidente da Petrobras: a empresa está entre as 10 mais admiradas do Brasil<br />
período de 2007 (US$ 620,2<br />
milhões).<br />
De janeiro a setembro,<br />
foram observadas<br />
exportações recordes, para<br />
período de nove meses, de<br />
produtos das três categorias:<br />
manufaturados (US$<br />
70,233 bilhões), básicos<br />
(US$ 55,940 bilhões) e<br />
semimanufaturados (US$<br />
20,699 bilhões). Em relação<br />
aos primeiros nove meses de<br />
2007, as vendas internacionais<br />
de básicos cresceram<br />
51,1%, as de semimanufaturados<br />
29,2%, e as de<br />
manufaturados 13,6%.<br />
Na mesma comparação<br />
de períodos, observou-se<br />
um crescimento de<br />
52,4% nas importações brasileiras<br />
que saíram de uma<br />
média diária de US$ 455,6<br />
milhões nos primeiros nove<br />
meses de 2007 para US$<br />
694,2 milhões no mesmo<br />
período de 2008. As impor-<br />
tações no ano somaram US$<br />
131,2 bilhões.<br />
Nos nove primeiros<br />
meses de 2008, houve crescimento<br />
das importações<br />
de produtos em todas as<br />
categorias em relação ao<br />
mesmo período de 2007:<br />
combustíveis e lubrificantes<br />
(+78,2%), bens de capital<br />
(+50,0%), bens de consumo<br />
(+47,0%) e matériasprimas<br />
e intermediários<br />
(+46,5%).<br />
Drawback Verde-Amarelo<br />
é regulamentado<br />
Foi publicada, no<br />
dia 19 de setembro, a Portaria<br />
Conjunta nº 1.460, de 18<br />
de setembro de 2008, que<br />
regulamenta o Drawback<br />
Verde-Amarelo. A publicação<br />
saiu no Diário Oficial da<br />
União (DOU). O documento<br />
é assinado pelo Ministério<br />
do Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio Exterior<br />
(MDIC) e a Receita Federal,<br />
que divulgaram o novo<br />
sistema ontem, durante<br />
entrevista coletiva realizada<br />
no MDIC.<br />
O instrumento entra<br />
em vigor a partir de 1º<br />
de outubro, quando exportadores<br />
brasileiros poderão<br />
pedir a suspensão de tributos<br />
federais – Imposto sobre<br />
Produtos Industrializados<br />
(IPI), Programa de Integração<br />
Social (PIS) e Contribuição<br />
para o Financiamento da<br />
Seguridade Social (Cofins)<br />
– para a compra de insumos<br />
nacionais destinados a produção<br />
de bens exportáveis.<br />
Para usufruir do<br />
benefício, os exportadores<br />
deverão fazer o pedido diretamente<br />
à Secretaria de<br />
Comércio Exterior (Secex)<br />
do MDIC, conforme especificações<br />
que estarão contidas<br />
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
55
Federação das Câmaras de Comércio Exterior<br />
Foreign Trade Chambers Federation<br />
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur<br />
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior<br />
Conselho Superior<br />
MembrosVitalícios<br />
56 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />
Antônio Delfim Netto<br />
Benedicto Fonseca Moreira<br />
Bernardo Cabral<br />
Carlos Geraldo Langoni<br />
Ernane Galvêas<br />
Giulite Coutinho<br />
Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)<br />
José Carlos Fragoso Pires<br />
Laerte Setúbal Filho<br />
Milton Cabral<br />
Paulo D’Arrigo Vellinho<br />
Paulo Pires do Rio<br />
Paulo Tarso Flecha de Lima<br />
Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança<br />
Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)