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BNDES-exim.<br />

Tirar Tirar o seu o seu projeto do do papel.<br />

Esse Esse é o é nosso o nosso projeto.<br />

Esse Esse é o é nosso o nosso papel.<br />

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DPZ<br />

DPZ<br />

DPZ<br />

DPZ


Federação das Câmaras<br />

de Comércio Exterior<br />

Foreign Trade Chambers<br />

Federation<br />

Fédération des Chambres<br />

de Commerce Extérieur<br />

Federación de las Cámaras<br />

de Comercio Exterior<br />

<strong>FCCE</strong><br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

1


Federação das Câmaras de Comércio Exterior<br />

Federación de las Cámaras de Comercio<br />

La <strong>FCCE</strong> es la más antigua Asociación de Clase<br />

dedicada exclusivamente a las actividades de Comercio<br />

Exterior.Fundada en el ano 1950, por el empresario<br />

João Daudt de Oliveira (se debe a él la fundación de la<br />

Confederación Nacional de Comercio – CNC, 5 años<br />

antes), la <strong>FCCE</strong> opera, ininterrumpidamente, desde<br />

hace más de 50 años, incentivando y apoyando el trabajo<br />

de las Cámaras Bilaterales de Comercio, Consulados<br />

Extranjeros, Consejos Empresariales y Comisiones<br />

Mixtas a nivel federal.<br />

La <strong>FCCE</strong>, por fuerza de su Estatuto, tiene<br />

ámbito nacional y posee Vicepresidentes Regionales en<br />

diversos Estados de la Federación, operando también<br />

en el plano internacional, a través de “Convenios<br />

de Cooperación” firmados con diversos organismos<br />

de la más alta credibilidad y tradición, a ejemplo de<br />

la International Chamber of Commerce (Cámara de<br />

Comercio Internacional – CCI), fundada en 1919, con<br />

sede en París, y que posee más de 80 Comités Nacionales,<br />

en los 5 continentes, además de operar la más importante<br />

“Corte Internacional de Arbitraje” del mundo, fundada<br />

en el año 1923. La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS<br />

DE COMERCIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida<br />

General Justo nº 307, Río de Janeiro, (Edifício de la<br />

Confederación Nacional de Comercio - CNC) y mantiene<br />

con esta entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de<br />

Respaldo Administrativo y Protocolo de Cooperación<br />

Mutua”.<br />

2 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

En un pasado reciente, la FEDERACIÓN DE<br />

LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – <strong>FCCE</strong><br />

firmó Convenio con el CONSEJO DE CÁMARAS<br />

DE COMERCIO DE LAS AMÉRICAS, organismo<br />

que representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio<br />

de los siguientes países: ARGENTINA, BOLIVIA,<br />

CANADÁ, CHILE, CUBA, ECUADOR, MÉXICO,<br />

PARAGUAY, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y<br />

TOBAGO y VENEZUELA. Además de varias decenas<br />

de Cámaras Bilaterales de Comercio afiliadas a la <strong>FCCE</strong><br />

en todo Brasil, forman parte de la Directoria actual, los<br />

Presidentes de las Cámaras de Comercio: Brasil-Grecia,<br />

Brasil-Paraguay, Brasil- Rusia, Brasil-Eslovaquia, Brasil-<br />

República Checa, Brasil- México, Brasil-Belarus, Brasil-<br />

Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-India, Brasil-China,<br />

Brasil-Tailandia, Brasil-Italia y Brasil-Indonesia, además<br />

del Presidente del Comité Brasileño de la Cámara de<br />

Comercio Internacional, el Presidente de la Asociación<br />

Brasileña de las Empresas Comerciales Exportadoras<br />

– ABECE, el Presidente de Ia Asociación Brasileña de<br />

la Industria Ferroviaria – ABIFER, el Presidente de la<br />

Asociación Brasileña de los Terminales de Contenedores,<br />

el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecánicas y<br />

Material Eléctrico, entre otros. Súmese aun, la presencia<br />

de diversos Cónsules y diplomáticos extranjeros, entre<br />

los cuales, el Cónsul General de la República de Gabón,<br />

el Cónsul de Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro<br />

Consejero Comercial de la Embajada de Portugal.<br />

La Directoria


<strong>FCCE</strong><br />

Directoria para el trienio 2006/2009<br />

Presidente<br />

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA<br />

1 st Vice-Presidente<br />

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ<br />

Vice-Presidentes<br />

Gilberto Ferreira Ramos<br />

Joaquim Ferreira Mângia<br />

José Augusto de Castro<br />

Ricardo Vieira Ferreira Martins<br />

Antonio Carlos M. Bonetti – São Paulo<br />

Diana Vianna de Souza<br />

Alberto Vieira Ribeiro<br />

Alexander Zhebit<br />

Alexandre Adriani Cardoso<br />

André Baudru<br />

Antonio Augusto de Oliveira Helayel<br />

Arlindo Catoia Varela<br />

Augusto Tasso Fragoso Pires<br />

Bruno Bastos Lima Rocha<br />

Carlos Fernando Maya Ferreira<br />

Cassio José Monteiro França<br />

Cesar Moreira<br />

Charles Andrew T‘ang<br />

Claudio Fulchignoni<br />

Sohaku R. C. Bastos – Bahia<br />

Claudio Chaves – Norte<br />

Directores<br />

Consejo Fiscal (Titulares)<br />

Delio Urpia de Seixas<br />

Elysio de Oliveira Belchior<br />

Walter Xavier Sarmento<br />

Daniel André Sauer<br />

Jeferson Malachini Barroso<br />

José Paulo Garcia de Pinho<br />

Juan Clinton Llerena<br />

Luis Cesario Amaro da Silveira<br />

Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida<br />

Mariano Marcondes Ferraz<br />

Oswaldo Trigueiros Junior<br />

Raffaele Di Luca<br />

Ricardo Stern<br />

Roberto A. Nóbrega<br />

Ronaldo Augusto da Matta<br />

Sergio Salomão<br />

Stefan Janczukowicz<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

3


E d i t o r i a l<br />

Brasil e Uruguai: trabalhando para<br />

incentivar a aproximação<br />

País com uma economia extremamente atrelada a do Brasil e da Argentina,<br />

o Uruguai vem conseguindo, aos poucos, se colocar como um<br />

destino de investimentos para várias economias do mundo. Tal conjuntura<br />

reverte o quadro de anemia econômica passada pelo país platino nos últimos<br />

dez anos, quando viu o seu PIB encolher de forma dramática, muito<br />

em razão das crises financeiras vividas pelos seus vizinhos e principais<br />

parceiros comerciais. Depois das agruras sofridas, sobretudo entre os anos<br />

de 1999 e 2002, quando o seu PIB recuou 20% e passou a conviver com<br />

níveis de pobreza alarmantes, sobretudo para um país que era conhecido<br />

como a Suíça da América Latina, os ventos agora parecem soprar de forma<br />

positiva. De fato, os números recentes da economia comprovam a boa<br />

fase do Uruguai. Em 2007, o PIB uruguaio cresceu 7,3%, alcançando,<br />

segundo o Ministério de Economia e Finanças, a cifra de US$ 23 bilhões.<br />

Com o objetivo de debater e apresentar propostas para que Brasil e Uruguai<br />

possam estreitar ainda mais as relações entre os dois países, a Federação<br />

das Câmaras de Comércio Exterior (<strong>FCCE</strong>) realizou, no dia 08 de setembro<br />

de 2008, o Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-Uruguai.<br />

A série de eventos promovidos pela instituição conta com o apoio e participação<br />

do governo federal, através dos Ministérios das Relações Exteriores e<br />

do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, das principais associações<br />

de classe, tais como a Confederação Nacional de Comércio (CNC), a<br />

Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio Exterior<br />

do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas.<br />

Com uma população de um pouco mais de 3 milhões de habitantes,<br />

representando, dessa forma, um mercado 60 vezes menor do que o<br />

brasileiro, as reclamações acerca das assimetrias encontradas nas relações<br />

comerciais se dão de modo constante por parte do nosso vizinho.<br />

Mesmo tendo aproveitado a vinda de investimentos estrangeiros<br />

diretos ao país, em razão das melhorias estruturais, as reivindicações<br />

uruguaias por um fluxo comercial mais equilibrado com o Brasil.<br />

Atento às reclamações, o governo brasileiro vem buscando soluções que<br />

façam com que as demandas do país vizinho sejam atendidas. Como exemplo<br />

de que o nosso governo está se esforçando nesse sentido, assinatura, em junho<br />

deste ano, do novo acordo automotivo, marca um importante passo em<br />

direção a um comércio com mais simetria. De fato, o setor de automóveis é<br />

tratado como sensível para os uruguaios, uma vez que 30% do déficit total<br />

desse país com o Brasil estão na importação de veículos e autopeças produzidos<br />

aqui. Espera-se que com o acordo, que estabelece isenção de tarifas<br />

na comercialização de automóveis e que tem vigência até 2014, desperte<br />

interesse por parte de montadoras no que tange a investir em linhas de<br />

produção e montagem no Uruguai. Além do acordo automotivo, a abertura<br />

de um escritório do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />

e Social) em Montevidéu é também um aceno aos uruguaios de que<br />

o governo brasileiro está disposto a intermediar parcerias entre empresas<br />

brasileiras com as entidades locais, como é o caso da construtora OAS e da<br />

Petrobras, além de outras companhias, que aportam investimentos no país.<br />

Com esses e outros temas relevantes, a <strong>FCCE</strong> abre, novamente, um canal<br />

de diálogo entre o Brasil e um país amigo, no intuito de solidificar as relações<br />

bilaterais comerciais, convidando especialistas e profissionais do comércio<br />

exterior para que, assim, possamos dar maior substância aos debates dentro<br />

do setor e obter mais conhecimentos a respeito dessa área tão importante<br />

para a economia como um todo. O objetivo de lograr sucesso é, mais uma<br />

vez, alcançado, e o leitor poderá comprovar isso nas páginas a seguir.<br />

Boa Leitura<br />

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

O Editor<br />

APOIO<br />

Expediente<br />

CONSELHO DE<br />

CÂMARAS DE COMÉRCIO<br />

DAS AMÉRICAS<br />

Produção<br />

Federação das Câmaras de Comércio Exterior – <strong>FCCE</strong><br />

Av. General Justo, 307/6 o andar<br />

Tel.: 55 21 3804 9289<br />

e-mail: fcce@cnc.com.br<br />

Editor<br />

Brunno Braga<br />

Assessora da Presidência<br />

Maria Conceição Coelho de Souza<br />

Textos e Reportagens<br />

Brunno Braga<br />

Diagramação e Arte<br />

Sandro Reiller<br />

e-mail: srweb@globo.com<br />

Tel.: 55 21 9496 9846<br />

Secretaria<br />

Sérgio Rodrigo Dias Julio<br />

Fotografia<br />

Christina Bocayuva<br />

Jornalista Responsável<br />

Brunno Braga (MTB 050598/00)<br />

e-mail: carbrag29@yahoo.com.br<br />

Tel.: 55 21 8880 2565<br />

Estagiário<br />

Vinícius Henter<br />

As opiniões emitidas nesta revista são de<br />

responsabilidade de seus autores. É permitida a<br />

reprodução dos textos, desde que citada a fonte.


6 ENTREVISTA<br />

Carlos Amorín<br />

“O comércio está crescendo e verificamos que há mais<br />

espaço para que ele cresça ainda mais”<br />

9 ENTREVISTA<br />

Carlos Amorín<br />

“Fortalecer o Mercosul sempre foi a proposta do Itamaraty”<br />

16 ABERTURA<br />

Corrigindo assimetrias<br />

19 PAINEL I<br />

Em busca por um comércio mais equilibrado<br />

26 PAINEL II<br />

Energia em Pauta<br />

31 PAINEL III<br />

Debatendo serviços e ambiente de negócios no Uruguai<br />

36 ENCERRAMENTO<br />

Uruguai: um país aberto para o comércio e investimentos<br />

brasileiros<br />

39 INRA-ESTRUTURA<br />

Apostando no continente sul-americano<br />

41 ENERGIA<br />

A Petrobras atua como um fator importante para o<br />

processo de integração regional<br />

43 SETOR AUTOMOTIVO<br />

“Para a GM, o Uruguai nao é uma opção, mas sim um<br />

destino”<br />

44 FINANCIAMENTO<br />

Apostando no Uruguai<br />

46 HISTÓRIA<br />

Mauá: uma história de sucesso<br />

no Uruguai<br />

S u m á r i o<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

5


E n t r E v i S t a<br />

“O comércio está crescendo<br />

e verificamos que<br />

há mais espaço para que<br />

ele cresça ainda mais”<br />

Embaixador do Uruguai no Brasil fala sobre as ações<br />

existentes para equilibrar o comércio bilateral<br />

Carlos Amorín é embaixador do Uruguai no Brasil desde junho de 2008.<br />

Estar tão pouco tempo no cargo não o faz, contudo, um estranho nas relações<br />

políticas e comerciais entre os dois países. Isso porque Amorín, antes<br />

de assumir o cargo de embaixador, foi diretor de Integração e Mercosul<br />

da chancelaria uruguaia, e participou de diversas reuniões bilaterais para<br />

tratar de entraves comerciais existentes dentro do bloco. Em entrevista à<br />

Revista da <strong>FCCE</strong>, o embaixador falou, entre outras coisas, sobre as relações<br />

assimétricas de comércio entre Brasil e Uruguai e apontou a recente<br />

assinatura do acordo automotivo entre os dois países como um primeiro<br />

passo rumo a um maior equilíbrio nas trocas comerciais. Acompanhe, a<br />

seguir, os principais trechos da entrevista:<br />

Como o senhor pode definir as relações comerciais entre Brasil e Uruguai?<br />

Amorín - O Brasil e o Uruguai são economias que em muitos aspectos se complementam.<br />

O comércio bilateral reflete essa situação. O Brasil vende ao Uruguai insumos<br />

industriais, maquinaria, automóveis, equipamentos de transporte e produtos tropicais.<br />

Uma parte significativa das compras brasileiras corresponde a produtos agro-industriais<br />

de clima temperado (arroz, carne bovina, laticínios, cevada). Desde 2004, a relação<br />

comercial entre o Brasil e Uruguai vem aumentando. De janeiro a junho deste ano, a<br />

corrente de comércio entre Brasil e Uruguai já chegou a US$ 1,2 bilhão, número 32,3%<br />

maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Além disso, verifica-se um<br />

aumento de investimentos brasileiros no Uruguai, sobretudo em setores específicos,<br />

como o financeiro, de frigoríficos, arrozeiro e de cevada.<br />

O Uruguai sempre reclamou das assimetrias existentes no comércio com<br />

os dois maiores sócios do Mercosul: Brasil e Argentina. Essa reivindicação<br />

ainda persiste?<br />

Amorín - Sim. Nós entendemos que para fortalecer o Mercosul é preciso que se fortaleçam<br />

os mecanismos para a criação de uma União Aduaneira real, levando em conta<br />

as diferenças entre os países. Entendo, assim, que para que haja mais coordenação. Ti-<br />

6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

7


E n t r E v i S t a<br />

vemos alguns problemas no passado, mas<br />

o comércio está crescendo e verificamos<br />

que há mais espaço para que ele cresça<br />

ainda mais. Brasil e Uruguai já realizaram<br />

nove reuniões de Monitoramento do Comércio<br />

Bilateral (a última foi realizada<br />

em julho de 2008), para que os entraves<br />

burocráticos sejam superados da melhor<br />

maneira possível. É uma luta permanente.<br />

“Tivemos alguns problemas no passado,<br />

mas o comércio está crescendo<br />

e verificamos que há mais espaço<br />

para que ele cresça ainda mais.”<br />

Carlos Amorín<br />

E há algumas ações que podem ser<br />

citadas que podem exemplificar<br />

avanços nesse processo?<br />

Amorín – Sim. A abertura de um escritório<br />

do BNDES em Montevidéu é uma<br />

dessas ações. Ele será muito importante<br />

para que nós possamos ter mais facilidades<br />

para a obtenção de recursos para fazermos<br />

obras de infra-estrutura em nosso<br />

país. Isso já é uma luta antiga. Nós já<br />

tínhamos o FOCEM, mas com o BNDES<br />

no Uruguai, projetos de obras de infra-estrutura,<br />

que são prioritárias atualmente,<br />

ganham mais força. Devemos, também,<br />

apostar na complementaridade produtiva.<br />

Outro ponto que temos que levar a<br />

frente é a discussão sobre a extinção da<br />

dupla cobrança da Tarifa Externa Comum<br />

(TEC). Essa cobrança é muito prejudicial<br />

ao Uruguai nas relações comerciais com<br />

o Brasil, mas acredito que esse problema<br />

seja resolvido em breve.<br />

“Devemos, também, apostar na complementaridade<br />

produtiva.”<br />

Carlos Amorín<br />

O senhor falou em complementaridade<br />

produtiva. Como isso pode<br />

ser feito?<br />

Amorín – Em muitas frentes. O melhor<br />

exemplo de que isso pode ser possível<br />

foi a assinatura do acordo automotivo<br />

entre os dois países, que permite com<br />

8 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Embaixador Carlos Amorín acredita que o acordo automotivo trará mais investimentos<br />

para o Uruguai<br />

que fabricantes de carros e auto-peças<br />

instaladas no Uruguai possam vender<br />

os seus produtos sem cobrança de tarifa<br />

por um prazo de seis anos. Isso será de<br />

grande valia para a indústria do Uruguai,<br />

pois, atualmente, 35% do déficit que o<br />

Uruguai tem com o Brasil está na importação<br />

de automóveis e auto-peças. Com<br />

este acordo, será possível diminuir esse<br />

quadro e, por conseguinte, dar certa correção<br />

nas assimetrias. A grande vantagem<br />

desse acordo é o prazo de seis anos, podendo<br />

ser renovado o que permite com<br />

que as empresas do setor atuem de forma<br />

mais previsível, pois estará atendendo o<br />

maior mercado da América do Sul, que<br />

é o Brasil.<br />

DADOS DO URUGUAI<br />

Nome oficial: Republica Oriental del Uruguay<br />

População: 3.477.778 habitantes<br />

Grupos étnicos: brancos 88%, mestiços 8%, negros<br />

4%<br />

Idioma: Espanhol<br />

Tipo de governo: Republicano<br />

Capital: Montevidéu<br />

Divisão Administrativa: 19 departmentos:<br />

Artigas, Canelones, Cerro Largo, Colonia, Durazno,<br />

Flores, Florida, Lavalleja, Maldonado,<br />

Montevideo, Paysandu, Rio Negro, Rivera, Rocha,<br />

Salto, San Jose, Soriano, Tacuarembo, Treinta<br />

y Tres<br />

Presidente: Tabaré Vazquez Rosas<br />

Vice-Presidente: Rodolfo Novoa<br />

PIB em 2007:US$ 22, 95 bilhões<br />

Crescimento do PIB em 2007 : 7,4%<br />

Renda per capita : US$ 10.800<br />

Composição do PIB por setor: Agricultura<br />

(10%), Indústria(32%), Serviços (58%)<br />

Taxa de desemprego: 9.2%<br />

Taxa de inflação (dados de 2007): 8.1%


“Fortalecer o Mercosul sempre foi a<br />

proposta do Itamaraty”<br />

Embaixador do Brasil no Uruguai<br />

desde 2006, José Eduardo<br />

Martins Felício aposta nas políticas<br />

de integração regional desempenhada<br />

pelo Itamaraty. Segundo<br />

ele, as conversações existentes entre<br />

Brasil e Uruguai para resolver<br />

antigas pendências e reclamações<br />

feitas pelo país vizinho sobre as<br />

dificuldades de acesso aos grandes<br />

mercados do bloco estão avançando.<br />

Prova disso foi a conclusão do<br />

acordo automotivo assinado entre<br />

os dois países em junho deste<br />

ano e que valerá até o ano de<br />

2014. O próximo passo, segundo<br />

o embaixador, é buscar eliminar a<br />

dupla cobrança da Tarifa Externa<br />

Comum dentro do bloco e, com<br />

isso, redistribuir melhor as receitas<br />

aduaneiras, sobretudo em favor<br />

do Uruguai. José Felício falou com<br />

a Revista da <strong>FCCE</strong> sobre esses e<br />

outros assuntos. Leia os principais<br />

trechos da entrevista:<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

9


E n t r E v i S t a<br />

Embaixador José Felício em conversa com o presidente da <strong>FCCE</strong>, João Augusto de Souza<br />

Lima<br />

O senhor está como embaixador<br />

do Brasil no Uruguai desde 2006.<br />

Qual é o balanço que o senhor<br />

pode fazer do início da sua gestão<br />

até hoje?<br />

José Felício - É um balanço muito<br />

positivo. Mas acredito que a gente possa<br />

fazer mais. Estamos aumentando o nosso<br />

trabalho de representação. Já tivemos<br />

várias atividades na embaixada, sobretudo<br />

no que diz respeito a resolver algumas<br />

questões existentes na fronteira, pois ela é<br />

muito viva, com pessoas que a atravessam<br />

de forma muito intensa. Essa aproximação<br />

é importante porque permite com que<br />

estudemos os problemas nessa região<br />

fronteiriça, como, por exemplo, a questão<br />

do saneamento básico. Por isso, nós da<br />

embaixada estamos sempre em contato<br />

com as prefeituras locais e o governo do<br />

Rio Grande do Sul, com o objetivo de<br />

melhorar a vida das pessoas que moram<br />

nessas comunidades.<br />

10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Como se pode verificar isso dentro<br />

da relação bilateral de comércio na<br />

fronteira?<br />

José Felício - As comunidades locais<br />

se ressentem de uma legislação mais<br />

apropriada para a realização do comércio.<br />

Uma coisa é comercializar com países<br />

distantes, como Japão e China. Outra coisa<br />

é fazer comércio com um país que tem<br />

uma fronteira tão viva como o Uruguai.<br />

Por isso, a legislação aduaneira tem que<br />

se adaptar a essa realidade de fronteira.<br />

Então, esse é um trabalho que estamos<br />

fazendo junto à Receita Federal, aos órgãos<br />

de vigilância sanitária brasileiros, e, assim,<br />

buscar dar mais dinamismo ao comércio<br />

de fronteira e facilitar a vida das pessoas<br />

que atuam por lá. Isso não significa que se<br />

trabalhe pelo fim da fiscalização, o que, por<br />

si só, facilitaria o tráfico e contrabando.<br />

Mas, estamos atando para que os contatos<br />

comerciais se dêem de forma mais ágil e<br />

menos burocrática.<br />

De que forma o governo brasileiro<br />

está atuando para corrigir as<br />

grandes assimetrias existentes<br />

nas relações comercias com o<br />

Uruguai?<br />

José Felício - No plano bilateral, o<br />

governo brasileiro está fazendo o possível<br />

para diminuir as assimetrias de comércio<br />

entre Brasil e Uruguai. Há no Mercosul,<br />

de fato, o reconhecimento dessas<br />

diferenças, e a missão do nosso governo<br />

é combatê-las. Por isso, foi criado o<br />

Focem (Fundo para a Convergência<br />

Estrutural e Fortalecimento Institucional<br />

do Mercosul), que é um mecanismo<br />

importante e que hoje tem recursos da<br />

ordem de US$ 200 milhões.<br />

“Estamos trabalhando<br />

e negociando com toda<br />

condescendência possível o<br />

atendimento das demandas<br />

uruguaias”<br />

José Felício<br />

A idéia do Focem é justamente a<br />

de criar condições para que o fluxo<br />

comercial reduza as diferenças. Além<br />

disso, existe um grande esforço de<br />

integrar as indústrias uruguaias e<br />

brasileiras. Houve, recentemente,<br />

a assinatura do acordo automotivo<br />

para atrair investimentos para o setor<br />

de automóveis e de autopeças no<br />

Uruguai e, assim, criar mais empregos<br />

e fomentar uma relação mais próxima<br />

entre a indústria automobilística do<br />

Uruguai e do Brasil. Em suma, estamos<br />

trabalhando e negociando com toda<br />

condescendência possível o atendimento<br />

das demandas uruguaias.<br />

“Há no Mercosul, de fato, o<br />

reconhecimento dessas diferenças,<br />

e a missão do nosso governo é<br />

combatê-las”<br />

José Felício<br />

E existem outras propostas para<br />

equilibrar mais o comércio?<br />

José Felício – Sim. Dentro do<br />

Mercosul há outros mecanismos que nós<br />

estamos estudando. A presidência pro<br />

tempore brasileira no Mercosul (que


Embaixador José Felício defende negociações comerciais no esquema 4+1<br />

tem vigência entre junho e dezembro<br />

de 2008) está trabalhando para que se<br />

elimine a dupla cobrança da TEC e,<br />

assim, redistribuir a renda aduaneira.<br />

Mas ainda não conseguimos. Diante dessa<br />

dificuldade, o Brasil se propôs a conceder<br />

esse benefício de forma unilateral para o<br />

Uruguai e o Paraguai. Mas, para se fazer<br />

isso é preciso estabelecer um novo código<br />

aduaneiro, que seja válido para todos<br />

os países envolvidos e, além disso, criar<br />

um mecanismo de distribuição da renda<br />

aduaneira. Isso significará que o Brasil<br />

perca algum tipo de renda em benefício<br />

do Uruguai e do Paraguai.<br />

É possível, então, acreditar que em<br />

breve os dois países consigam ter um<br />

fluxo de comércio mais dinâmico a<br />

partir destas propostas?<br />

José Felício – Acredito que sim. Estou<br />

muito confiante de que essa nova via<br />

bilateral gerará bons resultados. Quando<br />

se olha os números do Uruguai, que é um<br />

exportador importante de commodities,<br />

no caso da pauta de vendas para o<br />

Brasil, isso não acontece. O Uruguai<br />

exporta mais manufatura do que bens<br />

primários. É claro que o país ainda é<br />

um grande exportador de carnes e lãs,<br />

mas o Uruguai tem também certa força<br />

na indústria de química, farmacêutica,<br />

borracha, metalúrgica etc. Em suma, há<br />

um aumento das exportações uruguaias<br />

de bens de maior valor agregado para o<br />

Brasil.<br />

“Houve, recentemente, a assinatura<br />

do acordo automotivo para atrair<br />

investimentos para o setor de<br />

automóveis e de autopeças no<br />

Uruguai e, assim, criar mais<br />

empregos e fomentar uma relação<br />

mais próxima entre a indústria<br />

automobilística do Uruguai e do<br />

Brasil ”<br />

José Felício<br />

O senhor falou em números. Poderia<br />

citá-los?<br />

José Felício - Este ano, as vendas do<br />

Uruguai para o Brasil devem alcançar<br />

a marca de US$ 1 bilhão, enquanto as<br />

compras uruguaias de produtos brasileiros<br />

devem ficar em US$ 1,3 bilhão. Esse<br />

resultado já demonstra uma tendência de<br />

equilíbrio e, com todo esse esforço em<br />

integrar as indústrias dos dois países, a<br />

tendência de aproximação se tornará cada<br />

vez mais forte.<br />

Recentemente, Uruguai e Estados<br />

Unidos iniciaram conversações a<br />

respeito de se fechar um acordo<br />

comercial. Essas negociações<br />

foram entendidas por muitos<br />

como um passo para que o Uruguai<br />

deixasse o Mercosul, idéia esta<br />

negada pelo governo uruguaio.<br />

No seu entendimento, o que essa<br />

aproximação Uruguai-EUA pode<br />

significar para o Mercosul como<br />

um todo?<br />

José Felício - Existe uma decisão do<br />

Mercosul que obriga a todos os países<br />

a negociarem em conjunto. Mas o que<br />

o Uruguai fez foi assinar um acordo<br />

de promoção aos investimentos. E,<br />

em anexo a este acordo, foi criada<br />

uma comissão bilateral para identificar<br />

as áreas onde poderão ser feitos<br />

investimentos, promoções comerciais<br />

entre outras coisas. É importante<br />

assinalar, no entanto, que este acordo se<br />

dá apenas para os produtos tradicionais<br />

do Uruguai.<br />

Mas isso não significa buscar de<br />

forma independente um comércio<br />

bilateral, renunciando os critérios<br />

do Mercosul que obrigam os<br />

meios a negociarem em bloco?<br />

José Felício - O fato de se buscar<br />

melhores preferências comerciais não<br />

necessita, necessariamente, renunciar<br />

um acordo comercial que no caso é o<br />

Mercosul. Mas é importante dizer que<br />

caso um membro do bloco queira fazer<br />

negociações de forma independente,<br />

é preciso que se revise a cláusula que<br />

dispõe que as negociações com países<br />

fora do bloco se faça sempre no modelo<br />

4 + 1. Eu, pessoalmente, acredito que<br />

numa negociação, somos mais fortes<br />

unidos. Mesmo para o Brasil, que tem<br />

um peso maior dentro do Mercosul, é<br />

mais vantajoso negociar com outros<br />

países junto com Argentina, Uruguai e<br />

Paraguai. Isso pode ser visto em termos<br />

de mercado, de aumento da capacidade<br />

negociadora. Hoje, o mundo está divido<br />

em blocos, e não podemos esquecer<br />

disso. Eu digo, ainda, que fortalecer<br />

o Mercosul sempre foi a proposta do<br />

Itamaraty, que também trabalha para a<br />

integração do continente sul-americano<br />

e, numa visão mais abrangente, pela<br />

integração latino-americana.<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

11


Serviço<br />

de busca<br />

avançada<br />

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de Comércio<br />

Exterior<br />

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Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

13


Seminário Bilateral de<br />

Comércio Exterior e Investimentos<br />

BRASIL URUGUAI<br />

Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC<br />

Programa do Seminário - 9 de Setembro de 2008<br />

14:00h- Abertura dos Trabalhos:<br />

João Augusto de Souza Lima - Presidente da <strong>FCCE</strong><br />

Sessão Solene de Abertura<br />

Presidente da Sessão: Ivan Ramalho – Secretário<br />

executivo do MDIC e Coordenador da Comissão<br />

Bilateral BRASIL-URUGUAI<br />

Pronunciamento especial: Carlos Amorín<br />

Embaixador Plenipotenciário da Republica do<br />

URUGUAI<br />

Componentes da mesa:<br />

José Eduardo Martins Felício – Embaixador Plenipotenciário<br />

do BRASIL no URUGUAI<br />

Embaixador Nelson Fernandez – Secretário-Geral<br />

do Ministério das Relações Exteriores do URUGUAI<br />

Gerardo Gadea – Vice-Ministro da Industria e do<br />

Comércio do URUGUAI<br />

Alberto Guani – Cônsul-Geral do URUGUAI<br />

Elio de Almeida Cardoso – Assessor Especial de Política<br />

Externa da Presidência da República<br />

Theóphilo de Azeredo Santos – Presidente da<br />

CCI<br />

Gustavo Affonso Capanema – Vice-Presidente do<br />

Conselho Superior da <strong>FCCE</strong><br />

Marco Pólo Moreira Leite – Presidente do Conselho<br />

Empresarial de Comércio Exterior da ACRJ<br />

14:30h PAINEL I: O relacionamento das empresas<br />

uruguaias e brasileiras no âmbito do MERCOSUL .<br />

Investimentos brasileiros no URUGUAI<br />

Assinatura do “Acordo Automotivo”<br />

Presidente: Gerardo Gadea<br />

Vice-Ministro da Industria e do Comércio do URU-<br />

GUAI<br />

Pronunciamento Especial: Roberto Bennett –<br />

Gerente-Geral do Instituto “URUGUAI- XXI” – Montevidéu<br />

Moderador: Armando Meziat – Secretário de<br />

Desenvolvimento da Produção - MDIC<br />

Expositores:<br />

Leonardo Botelho Ferreira – Chefe do escritório do<br />

BNDES no URUGUAI<br />

Representante do Depto. Econômico da Embaixada do<br />

URUGUAI e da Seção Comercial do Consulado-Geral<br />

no Rio de Janeiro<br />

Pedro Bentencourt – Gerente de Relações Institucionais<br />

da GM<br />

Antonio Sergio M. Mello – Diretor de Relações Institucionais<br />

da FIAT<br />

David Wong – representante do SINDIPEÇAS<br />

(intervalo para café – 10 minutos)<br />

15:30h PAINEL II: As relações Brasil – URUGUAI


nos setores de: construção civil, petróleo, e fontes<br />

alternativas de energia.<br />

Investimentos de empresas uruguaias no Brasil<br />

Presidente do Painel: Embaixador Ernesto Rubarth–<br />

Secretário de Estado de Assuntos Internacionais<br />

Moderador: - José Augusto de Castro – Presidente,<br />

interino, da Associação de Comércio Exterior do<br />

Brasil - AEB<br />

Expositores:<br />

Clóvis Corrêa de Queirós – Gerente-Geral da PE-<br />

TROBRÁS – URUGUAI<br />

German Riet – Presidente da “ANCAP” – URU-<br />

GUAI<br />

Evandro Daltro – Representante da Construtora<br />

OAS<br />

17:00h PAINEL III: O relacionamento Brasil-<br />

URUGUAI nos setores: Serviços, e Turismo. Facilidades<br />

da legislação trabalhista para emprego de mão<br />

de obra brasileira<br />

Presidente: Mauricio do Val – Secretario-adjunto de<br />

Comercio e Serviços do MDIC<br />

Pronunciamento especial: Fernando Lorenzo –<br />

Chefe da Assessoria Macroeconômica do MEF e Álvaro<br />

Ons – Assessoria de Política Comercial do MEF<br />

“Regime e clima dos investimentos no URUGUAI”<br />

18:00h Sessão Solene de Encerramento:<br />

Presidente da Sessão : José Eduardo Martins Felício<br />

– Embaixador Plenipotenciário do Brasil no URU-<br />

GUAI<br />

Pronunciamento Especial: Embaixador Nelson Fernandez<br />

–<br />

Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores<br />

do URUGUAI<br />

Componentes da mesa:<br />

Carlos Amorín - Embaixador Plenipotenciário do<br />

URUGUAI<br />

Gerardo Gadea – Vice-Ministro da Industria e do Comércio<br />

do URUGUAI<br />

Ivan Ramalho – Secretario-executivo do MDIC e Coordenador<br />

da “Comissão mista” BRASIL-URUGUAI<br />

Alberto Guani – Cônsul-Geral do URUGUAI no Rio<br />

de Janeiro<br />

João Augusto de Souza Lima – Presidente da <strong>FCCE</strong><br />

Arnaldo Castro – Presidente da “Camara de Comercio<br />

y Serviços Del URUGUAI”<br />

Embaixador Paulo Pires do Rio – Diretor-Conselheiro<br />

do Conselho Superior da <strong>FCCE</strong><br />

COQUETEL:<br />

Homenagem à Delegação Uruguaia


a b E r t u r a<br />

Corrigindo assimetrias<br />

Embaixador do Uruguai no Brasil fala sobre as ações recentes no comércio<br />

bilateral Brasil-Uruguai<br />

Da esquerda para direita: Elio de Almeida, Theóphilo de Azeredo Santos, Embaixador José Felício, Armando Meziat, Embaixador Carlos<br />

Amorín e Gerardo Gadea<br />

Abertura dos trabalhos do Seminário<br />

Bilateral de Comércio<br />

Exterior e Investimento Brasil–<br />

Uruguai ficou a cargo do Presidente<br />

da FEDERAÇÃO DAS<br />

CÂMARAS DE COMÉRCIO<br />

EXTERIOR, João Augusto Souza<br />

Lima. “Quero lembrar que a série<br />

de seminários bilaterais é um projeto<br />

que é apoiado pelo governo<br />

federal, através do Ministério das<br />

Relações Exteriores e do Ministério<br />

de Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior. Este é<br />

o 38º evento desta natureza. Esta-<br />

16 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

mos levando a efeito esse tipo de<br />

trabalho há quatro anos. A <strong>FCCE</strong><br />

tem o orgulho de registrar o sucesso<br />

mais do que absoluto e prova<br />

a necessidade e a importância<br />

desse tipo de reuniões, desse tipo<br />

de desenvolvimento de atividades<br />

comerciais bilaterais”, disse Souza<br />

Lima. Ele aproveitou para agradecer<br />

o apoio e colaboração do presidente<br />

da Confederação Nacional<br />

do Comércio (CNC), Antônio<br />

Oliveira Santos, do presidente da<br />

Câmara de Comércio Internacional<br />

(CCI), Theóphilo de Azeredo<br />

Santos, do presidente da Associação<br />

de Comércio Exterior do Brasil<br />

(AEB), Benedicto Fonseca Moreira,<br />

e o presidente do Conselho<br />

de Câmaras de Comércio Exterior<br />

das Américas, José Francisco Marcondes<br />

Neto.<br />

Em seguida, ele chamou para<br />

compor a mesa da Sessão Solene<br />

de Abertura: Gustavo Affonso Capanema,<br />

vice-presidente do Conselho<br />

Superior da <strong>FCCE</strong>; Fernando<br />

Lorenzo, chefe da Assessoria<br />

Macroeconômica do Ministério<br />

de Economia e Finanças (MEF)


do Uruguai ; Theóphilo de Azeredo<br />

Santos, presidente das Câmaras<br />

do Comércio Internacional e<br />

Presidente do Conselho Superior;<br />

Elio de Almeida Cardoso, assessor<br />

Especial da Política Externa<br />

da Presidência da República;<br />

embaixador Nelson Fernandez,<br />

secretário-geral do Ministério das<br />

Relações Exteriores do Uruguai,<br />

Gerardo Gadea, vice-ministro<br />

da Indústria e do Comércio do<br />

Uruguai; e José Eduardo Martins<br />

Felício, embaixador do Brasil no<br />

Uruguai. Para presidir essa sessão,<br />

Armando Meziat, secretário do<br />

Desenvolvimento da Produção do<br />

MDIC, e para fazer o pronunciamento<br />

especial da sessão, o presidente<br />

da <strong>FCCE</strong> convidou Carlos<br />

Amorín, embaixador da República<br />

do Uruguai.<br />

Atrair investimentos<br />

O embaixador iniciou o seu pronunciamento<br />

agradecendo o convite feito pela<br />

<strong>FCCE</strong> para a realização do seminário, e<br />

destacou a importância reconhecida pelo<br />

governo uruguaio, que enviou uma grande<br />

delegação para o evento. “Eu queria<br />

dar as boas-vindas a este do seminário<br />

que permitirá melhorar o conhecimento<br />

que se tem do Uruguai, as suas políticas,<br />

situações econômicas e, também, as<br />

possibilidades para permitir novos investimentos<br />

oriundos do Brasil e do estado<br />

do Rio de Janeiro. Quero destacar a importância<br />

que demos a este seminário.<br />

Trouxemos o vice-ministro da Indústria,<br />

Gerardo Gadea, o chefe da Assessoria<br />

Macroeconômica do MEF, Fernando Lorenzo,<br />

e o secretário-geral do Ministério<br />

das Relações Exteriores, Nelson Fernandez.<br />

Isso marca, de alguma maneira, toda<br />

a delegação, e mostra a importância que<br />

o Uruguai atribui a este encontro”, afir-<br />

mou o diplomara.<br />

Após a introdução do discurso, Carlos<br />

Amorín fez um relato das relações bilaterais<br />

Brasil-Uruguai. Ele considerou que,<br />

recentemente, os dois países tiveram alguns<br />

problemas, mas ele ressaltou que<br />

ambos os governos trabalham para resolver<br />

as complicações existentes no campo<br />

do relacionamento comercial. “Estamos<br />

aqui para vermos um dos capítulos da<br />

relação comercial e a possibilidade de investimentos<br />

que oferece o Uruguai para<br />

as empresas brasileiras. Estamos vendo<br />

um comércio em crescimento para todos<br />

os lados, inclusive, neste último ano,<br />

podemos ver que, percentualmente, o<br />

comércio do Uruguai cresceu mais que<br />

o comércio brasileiro”, analisou Amorín.<br />

Ele mencionou que as exportações do<br />

Uruguai ao Brasil cresceram 34%, e, no<br />

sentido inverso, as exportações do Brasil<br />

para o Uruguai tiveram um aumento de<br />

27%. No entanto, ele lembrou que, apesar<br />

do crescimento percentual das vendas<br />

de produtos uruguaios para o Brasil terem<br />

sido constatadas em 2007, o país ainda<br />

se mostra deficitário no comércio com<br />

o Brasil. “Temos um déficit comercial que<br />

o Uruguai não pode superar. Mas, a idéia<br />

de que podemos encontrar uma aproxi-<br />

Embaixador Carlos Amorín em pronunciamento especial<br />

mação de maior equilíbrio é central para<br />

nós porque implicará em mais oportunidades<br />

para as empresas uruguaias”, avaliou<br />

o embaixador.<br />

A questão dos investimentos entre os<br />

países também foi tratada na palestra do<br />

diplomata. Ele lembrou que há em curso<br />

um processo de desenvolvimento dos<br />

investimentos brasileiros e uruguaios.<br />

“Creio que isso é um fenômeno novo e<br />

que foi lançado nos últimos anos”, disse.<br />

Ele informou que os setores onde ocorrem<br />

esses investimentos são o bancário,<br />

frigorífico, construção civil, agricultura,<br />

aço e bebidas.<br />

O embaixador comemorou a decisão do<br />

governo brasileiro em instalar um escritório<br />

do Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social (BNDES) em<br />

Montevidéu. De acordo com informações<br />

passadas pelo próprio banco, o escritório<br />

será aberto até janeiro de 2009. “É importante<br />

a forma de estar presente uma<br />

agência de banco de fomento do Brasil<br />

no Uruguai”, frisou. Ainda no campo dos<br />

investimentos, Carlos Amorín fez, também,<br />

elogios ao acordo automobilístico,<br />

recentemente firmado entre os dois países,<br />

e que já está em vigor. “Este acordo é<br />

auspicioso para a região, e põe o Uruguai<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

17


a b E r t u r a<br />

Embaixador Carlos Amorín acredita que em breve haverá maior equilíbrio nas relações<br />

comerciais Brasil e Uruguai<br />

no mapa da indústria automobilística.<br />

Com acordos de maior prazo, como este,<br />

muda a tendência que era vista nos acordos<br />

anteriores entre Brasil e Uruguai”,<br />

disse o embaixador. Ele conclamou, ainda,<br />

empresas brasileiras a procurar mais<br />

informações sobre o mercado uruguaio<br />

para investimentos, sobretudo com ênfase<br />

na complementação produtiva. “As empresas<br />

brasileiras vão ao Uruguai, lucram<br />

por lá, e vendem, também, para o Brasil.<br />

E, dentro disto, estamos pensando, ainda,<br />

na possibilidade de complementação.<br />

Creio que são instrumentos que devemos<br />

utilizar, tanto para o mercado uruguaio<br />

e brasileiro quanto para outros mercados<br />

do Mercosul”, concluiu o embaixador.<br />

“A <strong>FCCE</strong> tem o orgulho de registrar o<br />

sucesso mais do que absoluto e prova a<br />

necessidade e a importância desse tipo de<br />

reuniões, desse tipo de desenvolvimento de<br />

atividades comerciais bilaterais”<br />

João Augusto de Souza Lima<br />

Presença brasileira no Uruguai<br />

O secretário do Desenvolvimento da<br />

Produção do MDIC, Armando Meziat, foi<br />

o palestrante seguinte. Ele afirmou que<br />

18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

o seminário é relevante para as relações<br />

Brasil – Uruguai, pois serve para abordar<br />

o relacionamento das empresas dos<br />

dois países no contexto do Mercosul e os<br />

investimentos brasileiros no país vizinho.<br />

“O Uruguai apresenta grandes oportunidades<br />

de investimento para os grupos<br />

empresarias do Brasil. O Presidente Lula<br />

tem motivado nossos empresários a investirem<br />

no Uruguai. Prova desse apoio<br />

são as grandes linhas de créditos abertas<br />

pelo BNDES. Nos últimos anos, empresas<br />

brasileiras estão aumentando sua presença<br />

no Uruguai, grupos como: Petrobras,<br />

Gerdau, Ambev, Banco Itaú são exemplos<br />

de empresas que apostaram no potencial<br />

do mercado Uruguaio”. Para Meziat, o<br />

movimento desses investimentos é uma<br />

boa forma de atingir a integração econômica<br />

esperada a partir da formação do<br />

Mercosul. “Nossos governos têm buscado<br />

ampliar a integração dos processos<br />

produtivos. Destaco as ações em curso no<br />

contexto do programa de integração produtiva<br />

do Mercosul tendo como piloto o<br />

Fórum Mercosul de madeira e móveis”<br />

detalhou.<br />

Ele destacou, ainda, o acordo automotivo<br />

recentemente assinado entre os<br />

países. Meziat explicou que o setor de automóveis<br />

, assim como o açucareiro, não<br />

está inserido no Mercosul. Por conseguinte,<br />

a comercialização de automóveis e<br />

auto-peças é regida por acordos bilaterais<br />

de transição ao livre comércio. O novo<br />

acordo, firmado recentemente, estará<br />

em vigência até junho de 2014. Seu prazo<br />

de vigência é de seis anos, período maior<br />

do que os acordos anteriores. De acordo<br />

com o secretário, o objetivo de estender<br />

o prazo foi proporcionar mais segurança<br />

aos investidores como à constância das<br />

regras de atuação. “Corroborando nesse<br />

sentido, os resultados do comércio de<br />

produtos automotivos entre os dois países<br />

serão monitorados trimestralmente<br />

por um comitê automotivo bilateral. No<br />

caso de não se atingir os resultados esperados,<br />

este comitê poderá propor ações<br />

visando à correção de rumo em direção<br />

às metas perseguidas”. O acordo, segundo<br />

o secretário, levou em conta as assimetrias<br />

dos dois mercados bem como o<br />

atual déficit comercial uruguaio.<br />

“A idéia de que podemos encontrar uma<br />

aproximação de maior equilíbrio é central<br />

para nós porque implicará em mais oportunidades<br />

para as empresas uruguaias”<br />

Embaixador Carlos Amorín<br />

Em relação ao tema sobre as assimetrias<br />

de comércio entre os dois países, Meziat<br />

considerou ser importante avançar mais<br />

na remoção das barreiras aos negócios<br />

dentro do Mercosul. Ele comentou que a<br />

proposta de criação do fundo de apoio às<br />

pequenas e médias empresas como forma<br />

de ampliar a competitividade das empresas<br />

de menor porte, aprovada na ultima<br />

reunião do conselho do Mercosul, é uma<br />

boa iniciativa para a correção de assimetrias<br />

intrabloco. “Durante a presidência<br />

pro-tempore brasileira, neste segundo<br />

semestre de 2008, o tratamento das assimetrias<br />

será prioritário em nossa atuação<br />

e presente em todas as nossas iniciativas.<br />

Debateremos com esse espírito em todos<br />

os fóruns do Mercosul, bem como<br />

apoiando proposta de ações surgidas nas<br />

reuniões da comissão de monitoramento<br />

do Comércio Bilateral Brasil-Uruguai”,<br />

concluiu o secretário que, após o término<br />

da sua palestra, deu a sessão por encerrada.


P a i n E l i<br />

Em busca por um comércio mais equilibrado<br />

Palestrantes debatem sobre propostas de investimentos e comércio entre<br />

Brasil e Uruguai com vistas à diminuição das assimetrias<br />

Da esquerda para direita: Antônio Sérgio Melo, Pedro Bentancourt, Roberto Bennet, Gerardo Gadea, Armando Meziat, Leonardo Botelho<br />

e David Wong<br />

O relacionamento das empresas<br />

uruguaias e brasileiras no âmbito<br />

do Mercosul; investimentos brasileiros<br />

no Uruguai; e assinatura do<br />

acordo automotivo foram os temas<br />

tratados pelos palestrantes do Painel<br />

I do Seminário Bilateral de Comércio<br />

Exterior e Investimentos<br />

Brasil-Uruguai. Para fazer as apresentações<br />

do painel foram convidados:<br />

Roberto Benett, gerentegeral<br />

do Instituto “Uruguai XXI”;<br />

Leonardo Botelho Ferreira, chefe<br />

do escritório BNDES no Uruguai;<br />

Pedro Bentancourt, representante<br />

da General Motors do Brasil; Antonio<br />

Sergio Melo, diretor de Relações<br />

Institucionais da FIAT; David<br />

Wong, representante do SINDIPE-<br />

ÇAS. O painel foi moderado pelo<br />

secretário de Desenvolvimento<br />

da Produção do MDIC, Armando<br />

Meziat; e presidido pelo vice-ministro<br />

da Indústria e do Comércio<br />

do Uruguai, Gerardo Gardea.<br />

Gerardo Gardea, vice-ministro da Indústria<br />

e do Comércio do Uruguai, abriu<br />

o painel fazendo referencias à estabilidade<br />

política e institucional do país. Segundo<br />

ele, o Uruguai é um Estado que, quando<br />

observado os números de crescimento da<br />

sua economia, demonstra absoluta solidez.<br />

“Em 2007, o crescimento do PIB<br />

foi de 7% em relação ao ano anterior. As<br />

exportações de bens têm crescido a uma<br />

média de 13% ao ano, e as importações<br />

de bens crescem 25%. Os investimentos<br />

estão crescendo a 12%. O mesmo ocorre<br />

com o crescimento industrial e no setor<br />

de alimentos. Quero dizer que o Uruguai<br />

quer dar um impulso renovado para desenvolver<br />

processos de integração produtiva<br />

do Mercosul”, afirmou Gardea. Ele<br />

afirmou que o Uruguai desenvolve uma<br />

estratégia industrial.<br />

De acordo com o palestrante, essa estratégia<br />

produtiva significa que o Uruguai<br />

pode passar de um país agrícola, como<br />

tradicionalmente tem sido, para ser um<br />

país industrial, e, assim, intercambiar,<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

19


P a i n E l i<br />

Gerardo Gadea afirma que o Uruguai precisa vender produtos de maior valor agregado<br />

com maior valor tecnológico, os produtos<br />

do país. “Queremos, naturalmente,<br />

aumentar o fluxo de comércio com<br />

o Brasil. Estamos vendendo muito bem<br />

para os brasileiros, mas necessitamos<br />

exportar produtos de maior valor agregado”,<br />

comentou. Ele pediu, ainda, que<br />

empresários brasileiros confiem no país,<br />

pois o Uruguai está apto a receber investimentos.<br />

“O Brasil será, em breve, uma<br />

das locomotivas econômicas mundial.<br />

“O Brasil será, em breve, uma das locomotivas<br />

econômicas mundial. Por isso, queremos<br />

que a complementaridade produtiva em<br />

indústrias, para que, assim, o Mercosul se<br />

fortaleça”<br />

Gerardo Gardea<br />

Por isso, queremos que a complementaridade<br />

produtiva em indústrias,<br />

para que, assim, o Mercosul se fortaleça.<br />

Ambos os países podem se desenvolver<br />

economicamente de maneira muito<br />

mais forte”, avaliou o vice-ministro<br />

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

uruguaio. Em seguida, ele passou a palavra<br />

Roberto Bennett., gerente -geral do<br />

Instituto “Uruguai XXI” – Montevidéu<br />

Investimentos bilaterais<br />

Bennett disse que faria a sua exposição<br />

sobre a situação das relações bilaterais<br />

através de cifras. Nesse contexto, ele apresentou,<br />

de início, um estudo em relação às<br />

exportações uruguaias ao Brasil, do período<br />

que vai de 2000 até agosto de 2008.<br />

“Podemos ver que, efetivamente, há um<br />

aumento, uma progressão”, disse. Pela<br />

classificação de conteúdo tecnológico dos<br />

produtos existentes na pauta, verificou-se<br />

que a ênfase majoritária das exportações<br />

uruguaias está em produtos primários,<br />

representando 38%. “Os produtos com<br />

alto conteúdo tecnológico representam<br />

porcentagens insignificantes. O que o<br />

Uruguai importa do Brasil, no mesmo período<br />

(2000-2007) são produtos de médio<br />

e baixo conteúdo tecnológico, que somam<br />

mais de 50% de tudo o que os brasileiros<br />

vendem para nós. Essa tendência continua<br />

aumentando nos últimos anos”, enfatizou.<br />

Presença brasileira<br />

Ele apresentou, em seguida, um gráfico<br />

que mostra os principais setores com<br />

presença de capital brasileiro no Uruguai.<br />

Os investimentos em ativos existentes<br />

no país vizinho estão dentro dos<br />

setores de bebidas, energia, frigoríficos<br />

de carne bovina, siderurgia, financeiro<br />

e moinhos de arroz. Ele informou que<br />

o Brasil entrou no setor de bebidas no<br />

Uruguai por intermédio da aquisição da<br />

cervejaria argentina Quilmes, por parte<br />

da AmBev. Dessa forma, a empresa brasileira<br />

passou a comandar as cervejarias<br />

uruguaias presentes no país, que antes<br />

pertenciam à empresa argentina de cerveja.<br />

Atualmente, de acordo com Bennett,<br />

a AmBev responde por 98% do<br />

mercado de bebidas do Uruguai. Já no<br />

setor de energia, a Petrobras adquiriu<br />

a companhia de gás Gaseba y Conecta,<br />

responsável pela distribuição de gás no<br />

país e comprou, também, 85 postos de<br />

serviços da Shell. Quanto a investimentos<br />

em frigoríficos, ele informou que<br />

o grupo Marfrig comprou frigoríficos<br />

uruguaios Tacuarembó, La Caballada,<br />

Elbio Pérez Rodríguez, Establecimientos<br />

Colônia Noblemark. Com essas<br />

aquisições, o grupo Marfrig passou a<br />

dominar 40% do mercado de processamento<br />

de carne no Uruguai. Ele informou,<br />

ainda, que grupo brasileiro Bertin<br />

entrou no Uruguai através da compra<br />

do frigorífico Canelones.<br />

No setor de moinhos de arroz, a compra<br />

da empresa Saman por parte do<br />

Grupo Camil Alimentos, pelo valor de<br />

US$ 160 milhões, fez com que a empresa<br />

brasileira se tornasse a principal<br />

companhia do setor arrozeiro uruguaio<br />

e o segundo maior exportador do país<br />

em 2007. “Essa aquisição implicou na<br />

compra da empresa Samu S.A., subsidiária<br />

da Saman, e a empresa Arrozur<br />

S.A. (47%).<br />

Em relação ao setor financeiro, a compra<br />

do Banco de Boston pelo Banco Itaú<br />

fez com que a instituição bancária brasileira<br />

assumisse 6,4% de participação de<br />

volume de ativos do sistema bancário do<br />

Uruguai. Gerdau (siderurgia) Neditec<br />

(têxtil) e a Compañía de Aguas Cisplatina<br />

(água mineral) são empresas de capi-


tal brasileiro que também atuam no mercado<br />

uruguaio “O nosso país tem buscado<br />

incentivar a vinda de empresas para investimentos<br />

diretos. Foi criada uma agência<br />

dentro do Ministério de Economia e<br />

Finanças que dá apoio aos investimentos.<br />

Temos trabalhado para criar incentivos<br />

fiscais e tributários”, considerou. Bennett<br />

explicou que para as empresas poderem<br />

usufruir desses benefícios, elas precisam:<br />

gerar emprego com mão de obra local,<br />

aumentar as exportações, fortalecimento<br />

e incremento do valor agregado nacional,<br />

utilização de tecnologias limpas para proteger<br />

o meio ambiente.<br />

“Queremos estimular mais investimentos<br />

brasileiros que resultem em mais criação de<br />

emprego e diversificação industrial, gerando,<br />

assim, mais riqueza”<br />

Roberto Benett<br />

“Eu queria lembrar os desafios que<br />

existem em nosso país e que podemos<br />

enfrentar conjuntamente com o Brasil<br />

para poder melhorar o nível das nossas<br />

exportações e corrigir a tendência estrutural<br />

do déficit comercial com o Brasil e<br />

suas assimetrias”. Para o palestrante, utilizar<br />

a posição de destaque das empresas<br />

brasileiras no Uruguai para benefício do<br />

resto da economia nacional é uma ação<br />

bem-vinda. “Queremos estimular mais<br />

investimentos brasileiros que resultem<br />

em mais criação de emprego e diversificação<br />

industrial, gerando, assim, mais<br />

riqueza”, disse, finalizando a sua apresentação.<br />

BNDES no Uruguai<br />

Leonardo Botelho Ferreira, chefe do<br />

escritório BNDES no Uruguai, tomou<br />

a palavra. De início, ele fez referência à<br />

presença do banco no Uruguai, explicando<br />

como o BNDES apóia investimentos<br />

no país vizinho, o primeiro a ter um<br />

escritório da instituição fora do Brasil.<br />

“Hoje o BNDES tem o apoio direcionado<br />

à infra-estrutura, à estrutura produtiva, à<br />

inovação, à inclusão social e à integração<br />

regional. O banco atua, praticamente,<br />

em todas as áreas da economia, e, mais<br />

recentemente, tem mostrado prioridade<br />

do seu apoio às iniciativas de inovação<br />

das empresas. A gente acredita que isso é<br />

um papel que o banco pode desempenhar<br />

de uma maneira importante e transferir<br />

esse conhecimento para outros países”,<br />

disse Botelho Ferreira. Nesse contexto,<br />

ele comentou que o banco atua em investimentos<br />

de bens de capital para micros,<br />

pequenas e médias empresas, assim como<br />

na capacidade produtiva e inserção internacional<br />

das empresas brasileiras através<br />

do apoio às importações, e do investimento<br />

direto em outros países, desenvolvimento<br />

urbano e social, inclusão social e<br />

meio ambiente. “De acordo com as políticas<br />

operacionais do BNDES, apoiamos<br />

projetos de implementação e expansão<br />

de unidades industriais, incluindo obras<br />

civis, instalações, montagens, aquisição de<br />

máquinas e equipamentos novos e importados,<br />

e capital de giro associado. A gente<br />

apóia, também, a aquisição de máquinas<br />

e equipamentos de fabricação nacional,<br />

credenciados ao BNDES, e a produção e<br />

comercialização de bens para a exportação<br />

na modalidade de pré-embarque e na<br />

modalidade pós-embarque”, explicou.<br />

O gerente do BNDES apresentou dados<br />

que demonstram que 40% dos desembolsos<br />

foram direcionados para a indústria,<br />

e 40 %, para a infra-estrutura. “Essa é a<br />

verdadeira vocação do BNDES: o finan-<br />

ciamento dessas duas áreas – indústria<br />

e serviços de infra-estrutura - ao longo<br />

dos anos”. Ele revelou que o BN-<br />

DES tem para o setor de infra-estrutura<br />

uma carteira de US$ 13 bilhões em financiamento<br />

no exterior, alavancando<br />

projetos de mais de US$ 25 bilhões de<br />

dólares em diversos países. Na divisão<br />

por setor, Botelho Ferreira disse que se<br />

verifica uma forte presença em transporte<br />

e energia elétrica, que, juntos,<br />

representam 25% dos desembolsos do<br />

BNDES. “Para os investimentos no exterior,<br />

a gente apresenta um resumo das<br />

linhas disponíveis no banco. Hoje temos<br />

as linhas do BNDES-EXIM, que são as<br />

linhas de financiamento à exportação<br />

na fase pré-embarque e pós-embarque.<br />

Esse financiamento é concedido, diretamente,<br />

para a empresa brasileira fabricante<br />

ou para o importador situado nos<br />

demais países. O Banco também apóia,<br />

por meio das suas linhas de internacionalização,<br />

a formação de join venture no<br />

exterior, além da construção, aquisição,<br />

ampliação e modernização de unidades<br />

industriais ou de serviços”, analisou o<br />

representante do BNDES.<br />

A forma de atuação do BNDES fora<br />

do Brasil consiste em várias frentes. Ela<br />

vai desde estudos de garantias usual-<br />

Benett, do Instituto “Uruguai XXI”, acredita que as exportações uruguaias crescerão em 2009<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

21


P a i n E l i<br />

mente aceitas pelo Banco, como o seguro<br />

de crédito às exportações, até o convênio<br />

de pagamento da Aladi (Associação Latino<br />

Americana de Integração), que hoje<br />

corresponde a 90% dos financiamentos<br />

fora do Brasil aos governos onde as empresas<br />

brasileiras atuam. “A gente trabalha<br />

com a garantia de bancos credenciados<br />

no BNDES, e, também, em parceria<br />

com organismos multilaterais, como a<br />

CAF (Corporação Andina de Fomento),<br />

o BIRD (Banco Mundial), o Fonplata<br />

(Fundo Financeiro para o Desenvolvimento<br />

da Bacia do Prata) e outros bancos”,<br />

explicou gerente.<br />

Financiamentos<br />

Em relação à presença do BNDES no<br />

Uruguai, Botelho Ferreira contou que,<br />

em 2007, a diretoria do banco tomou a<br />

decisão de montar um escritório nesse<br />

país. Os objetivos desse escritório, segundo<br />

o gerente do BNDES, é ter uma<br />

atuação mais dinâmica no Uruguai, além<br />

de servir também como base para atuação<br />

regional do Banco. “A partir do escritório<br />

em Montevidéu, o BNDES vai trabalhar e<br />

facilitar operações de financiamento para<br />

a infra-estrutura e para a indústria nos<br />

países do Mercosul e América do Sul”,<br />

previu. Ele afirmou, ainda, que a escolha<br />

do banco por Montevidéu se deu, sobretudo,<br />

em razão da cidade ser a sede da<br />

Aladi e do Mercosul, e por ter facilidade<br />

de acesso a todos os outros países do bloco<br />

regional. “O banco vai trabalhar com a<br />

estruturação de negócios e vai contribuir<br />

com as atividades institucionais. Atualmente,<br />

os técnicos do BNDES integram<br />

mais de 30 grupos montados no âmbito<br />

das iniciativas de integração regional,<br />

como a Aladi e o Mercosul. São grupos<br />

de infra-estrutura e de apoio à micro,<br />

pequena e médias empresas”, analisou o<br />

executivo. Ele acrescentou que o BN-<br />

DES firmou um acordo com o Banco da<br />

República Oriental do Uruguai para desenvolver<br />

atividades de cooperação técnica,<br />

principalmente no desenvolvimento<br />

do mercado de capitais e produtos que<br />

o BNDES já desenvolve no Brasil. “Essa<br />

é uma solicitação do BROU. A gente vai<br />

montar essa parceria de forma mais estruturada<br />

a partir da instalação do nosso<br />

escritório”, disse.<br />

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Leonardo Ferreira disse que o BNDES acredita na integração sul-americana<br />

“A partir do escritório em Montevidéu, o<br />

BNDES vai trabalhar e facilitar operações<br />

de financiamento para a infra-estrutura e<br />

para a indústria nos países do Mercosul e<br />

América do Sul”<br />

Leonardo Ferreira<br />

O representante do BNDES afirmou<br />

que o momento atual está propício para<br />

investimentos estrangeiros no Uruguai.<br />

Para ele, essa percepção se dá a partir das<br />

mudanças da legislação que ocorreram a<br />

partir de 2005 e 2006 nesse país. “Hoje,<br />

há uma legislação bastante interessante<br />

do ponto de vista contável e fiscal pra<br />

instalação de empresas no Uruguai. Isso<br />

pode facilitar os negócios de companhias<br />

brasileiras por lá”, analisou Botelho Ferreira,<br />

acrescentando que o setor de turismo<br />

vem se destacando como uma das<br />

melhores oportunidades para os negócios<br />

em solo uruguaio. “De 2007 pra cá, vemos<br />

um aumento de 20% do número de<br />

turistas brasileiros que visitam o Uruguai.<br />

Há uma indústria de turismo a ser<br />

desenvolvida e que tem espaço no país,<br />

ou seja, mais um exemplo de desenvolvimento<br />

de negócio, além dos negócios<br />

tradicionais”, avaliou o palestrante.<br />

Já em relação a investimentos em infraestrutura,<br />

Botelho Ferreira ressaltou<br />

que o Uruguai está desenvolvendo um<br />

estudo de desenvolvimento de fontes<br />

de energia alternativa, que pode ser<br />

bastante interessante para empresas<br />

brasileiras que atuam neste setor. “O<br />

Uruguai é um país que busca fontes<br />

alternativas e viáveis a custos interessantes.<br />

As atividades que o Uruguai está<br />

conduzindo, por exemplo, na expansão<br />

e modernização do Porto de Montevidéu,<br />

vão requerer vários investimentos.<br />

Estamos vendo também a expansão da<br />

Zona América, que é uma grande zona<br />

franca situada a poucos quilômetros de<br />

Montevidéu, e que o governo anunciou,


ecentemente, investimentos da ordem<br />

de US$ 40 milhões com financiamento<br />

local”, anunciou. Ele contou que o BN-<br />

DES tem buscado entender os investimentos<br />

do Uruguai em infra-estrutura<br />

e, assim, está tentado coordenar, juntamente<br />

com o BROU e outras instituições<br />

do Uruguai, a possibilidade de financiar<br />

esses investimentos. “Os financiamentos<br />

em infra-estrutura no Uruguai, que o<br />

BNDES já participa desde 1997, podem<br />

ser desenvolvidas no país com esforços<br />

conjuntos e que vão impulsionar essas<br />

iniciativas de inovação. Eu acredito que<br />

esses investimentos vão trazer resultados<br />

muito interessantes para o Uruguai, e<br />

contribuir com seu crescimento sustentado<br />

acima de 7% por mais de cinco ou<br />

seis anos”, calculou. De acordo com o<br />

palestrante, o BNDES não busca somente<br />

levar exportações de empresas brasileiras<br />

ao Uruguai, mas, também, quer contribuir<br />

com a coordenação e contribuição<br />

do governo uruguaio e as instituições do<br />

país para desenvolvimento regional.<br />

Tecnologia da Informação<br />

Fomentar investimentos na área da tecnologia<br />

da informação também pode estar<br />

no rol de prioridades do banco, segundo<br />

o representante do BNDES. Ele disse que<br />

o Uruguai tem uma formação de pessoal<br />

qualificado que se destaca entre os países<br />

da América do Sul, tornando o país num<br />

interessante centro de desenvolvimento<br />

de software de telecomunicações e biotecnologia.<br />

“Acreditamos que com a entrada<br />

das novas indústrias de celuloses no<br />

Uruguai, serão desenvolvidos setores de<br />

genoma florestal. Há um nicho de oportunidades<br />

no Uruguai que não pode ser<br />

desprezado pelas empresas brasileiras.<br />

As indústrias intensivas em conhecimento<br />

também são tratadas com prioridades<br />

nas ações do BNDES no Brasil, e a gente<br />

acredita que pode levar o nosso conhecimento<br />

de financiamento para colaborar<br />

com o desenvolvimento dessas indústrias<br />

no Uruguai”.<br />

GM nas relações bilaterais<br />

Ao terminar a sua participação, o representante<br />

do BNDES passou a palavra<br />

para Pedro Bentancourt, representante<br />

da GM no Brasil. “Muito me honra o convite<br />

para colocar a situação da GM, principalmente<br />

no que tange o relacionamento<br />

Brasil – Uruguai. Para nós o Mercosul é<br />

um destino. A GM no Brasil é a cabeça<br />

das nossas operações no Mercosul. Então,<br />

para nós da GM, a integração não é um anseio,<br />

mas sim um fato concreto que se realiza<br />

cotidianamente”, disse Bentancourt.<br />

Ele revelou que a GM tem escritórios em<br />

operações em todos os países do bloco e<br />

que o conceito de Mercosul para empresa<br />

inclui ainda Chile, Bolívia e Peru. No<br />

caso específico do Uruguai, ele disse que a<br />

GM está presente com operação própria,<br />

e, atualmente, trabalham em torno de 500<br />

empregados nas filiais da empresa no país,<br />

numa rede de nove concessionárias e 25<br />

pontos de assistência técnica dessas concessionárias.<br />

“Para a GM do Mercosul, o<br />

Uruguai é uma peça fundamental. Nós<br />

não imaginamos o Mercosul sem as nossas<br />

operações naquele país e nós não imaginamos<br />

o Mercosul sem uma participação um<br />

pouco mais ativa do Uruguai. E, do ponto<br />

de vista da GM, continuaremos a fazer o<br />

que nos cabe, no sentido de estimular e<br />

8%<br />

40%<br />

2007<br />

US$ 34 bilhões<br />

12%<br />

13%<br />

tentar promover novos fornecedores<br />

oriundos do Uruguai. A GM coloca<br />

produtos oriundos basicamente do Brasil<br />

e da Argentina à exposição dos consumidores<br />

uruguaios. Entretanto, esta<br />

operação prevê, também, o intercâmbio<br />

comercial, principalmente no que tange<br />

à parte de peças”, explicou.<br />

“Para a GM do Mercosul, o Uruguai é<br />

uma peça fundamental. Nós não imaginamos<br />

o Mercosul sem as nossas operações<br />

naquele país e nós não imaginamos o<br />

Mercosul sem uma participação um pouco<br />

mais ativa do Uruguai”<br />

Pedro Bentancourt<br />

Quanto ao processo de integração<br />

mais sólida entre Brasil e Uruguai, o<br />

executivo destacou que isso não é uma<br />

tarefa difícil, uma vez que a concretização<br />

de negócios passa pelas condições<br />

objetivas de mercado. “Temos participado<br />

ativamente nas negociações de diversos<br />

acordos automotivos. Ficamos muito<br />

felizes quando esse último acordo foi<br />

planejado com longo termo de execu-<br />

QUADRO DE DESEMBOLSOS DO BNDES<br />

Indústria<br />

Infra-estrutura<br />

Agropecuária<br />

Comércio de Serviços<br />

40%<br />

Infra-estrutura 2007<br />

US$ 13,5 bilhões<br />

14%<br />

25%<br />

Transporte<br />

Energia Elétrica<br />

Telecomunicações<br />

Outros<br />

48%<br />

fonte: BNDES<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

23


P a i n E l i<br />

ção: seis anos. Talvez, dessa maneira, seja<br />

possível alavancar novos participantes na<br />

cadeia de fornecedores para a GM no<br />

Uruguai”, considerou Bentancourt. Segundo<br />

ele, o setor automotivo exige que<br />

as decisões se façam com perspectivas<br />

de longo prazo. “Temos a convicção que<br />

uma base institucional sólida permitirá a<br />

entrada de novos participantes. Tivemos,<br />

inclusive, em 2007, algum esforço significativo<br />

para alavancar negócios adicionais,<br />

como empresas uruguaias que desenvolvem<br />

trabalhos na área de blindagem. Fizemos<br />

alguns seminários, algumas visitas<br />

técnicas concretas e é um negócio que<br />

está em andamento”, concluiu.<br />

FIAT apostando no Mercosul<br />

Antônio Sergio Mello, diretor de Relações<br />

Institucionais da FIAT, foi o palestrante<br />

seguinte. Ele começou a sua participação<br />

dizendo que Brasil e Uruguai<br />

têm um histórico de relações amistosas,<br />

mas que precisa trabalhar mais para uma<br />

aproximação mais harmônica na economia.<br />

“É um desejo de todos nós que<br />

possamos construir uma história próspera<br />

entre os dois países. Esse debate está<br />

centrado na promoção do crescimento<br />

do Mercosul, mas um crescimento harmônico.<br />

Acho que esse é o centro do<br />

debate para as economias menores do<br />

bloco”, disse Mello. Ele relatou que os<br />

setores de serviços e da agroindústria do<br />

Uruguai vão bem dentro do processo de<br />

integração bilateral. No entanto, ele ressalvou<br />

que essa situação não se repete no<br />

setor industrial. “Verificamos problemas<br />

Entenda o novo acordo automotivo Brasil-Uruguai<br />

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Pedro Bentancourt disse que o Mercosul é estratégico para a GM<br />

e quais são as barreiras na área da indústria<br />

e, especialmente, dos bens de consumo<br />

duráveis. Aí se destaca a cadeia produtiva<br />

do automóvel, mas também a cadeia<br />

do complexo eletrônico (informática, os<br />

bens eletrônicos, linha branca). Essa é<br />

uma questão que nós precisamos tratar”.<br />

Mello elogiou os pontos do último<br />

acordo automotivo firmado entre Brasil e<br />

Uruguai. “Foi um bom acordo, tanto para<br />

o governo brasileiro quanto para o governo<br />

uruguaio, pois ele define regras de<br />

equilíbrio e promoção do intercâmbio”,<br />

afirmou, acrescentando que o acordo deveria<br />

ser estendido para todo o bloco. “Eu<br />

acho que nós temos que caminhar para um<br />

acordo geral dentro do Mercosul, e não<br />

Os governos brasileiro e uruguaio anunciaram no dia 26 de junho de 2008 o novo Acordo Automotivo<br />

Brasil-Uruguai, que passou a valer a partir de 1º de julho deste ano e terá validade de seis<br />

anos. O acordo prevê uma cota anual de exportação de 6,5 mil veículos do Brasil para o Uruguai e<br />

de 20 mil unidades do Uruguai para o Brasil, sem o pagamento do Imposto de Importação. Mas essas<br />

cotas poderão ser ampliadas gradualmente, se as compras brasileiras do país vizinho aumentarem.<br />

De acordo com os termos do acordo atual, a cada doze meses o Brasil pode exportar 6,5 mil automóveis<br />

e veículos comerciais leves e 2,5 mil unidades de veículos utilitários para o Uruguai. Já ao<br />

país vizinho, no mesmo período, é permitido vender ao Brasil até 2,5 caminhões e 20 mil automóveis<br />

e comerciais leves, excluindo veículos blindados.<br />

Nesse caso, a cota definida na última renovação do acordo foi de 1.200 unidades, ou seja, até<br />

30 de junho deste ano, este é o número máximo de automóveis desta categoria que poderão ser<br />

vendidos ao Brasil com alíquota zero do imposto de importação. Para as outras categorias de veículos,<br />

como ônibus e máquinas agrícolas, vale o livre comércio bilateral, não havendo limitação de<br />

quantidades.<br />

um acordo Brasil – Uruguai, Brasil –<br />

Argentina como nós temos feito. Isto<br />

me parece uma coisa que também não<br />

sustenta e não estimula uma lógica de<br />

investimento de bloco”, criticou o executivo.<br />

Especialização<br />

Mello abordou a importância de se<br />

priorizar investimentos nas áreas de segurança<br />

ambiental dentro da cadeia de<br />

produção de automóveis. “Essa é a trilha<br />

que nós devemos percorrer”, afirmou o<br />

representante da FIAT. Ele disse, ainda,<br />

que cresce nas indústrias montadoras a<br />

especialização. Por isso, é muito importante<br />

dispor de engenheiros do setor<br />

automotivo. Dessa forma, investir em<br />

centros tecnológicos do país é fator<br />

relevante para atração de investimentos<br />

para o Uruguai. “A FIAT está olhando<br />

para o Uruguai. Já mandamos vários<br />

engenheiros para lá estudar a base industrial.<br />

Nós estamos observando e<br />

estamos desejosos de investir no país”,<br />

frisou. Outra questão levantada pelo<br />

executivo é a previsibilidade de regra.<br />

Ele explicou que os investimentos são<br />

muito sensíveis a mudanças nas cláusulas<br />

dos acordos. “Quando se muda a<br />

questão dos tributos, ou regra bruscas<br />

sobre algum item do veículo, isso afasta<br />

o investimento”, considerou Mello.


Quanto à presença da FIAT no<br />

Uruguai e no resto do Mercosul, Mello<br />

disse que torce para que o bloco consiga<br />

construir parcerias ricas que visem ao<br />

desenvolvimento da região. Ele afirmou,<br />

ainda, que está confiante na economia do<br />

Mercosul. “O Mercosul teve resultados e<br />

tem ajudado todos os países. Se olharmos<br />

as trajetórias das economias da Argentina,<br />

do Paraguai, Uruguai e do Brasil, de 2005<br />

para cá, todos os países tiveram taxas de<br />

crescimento relevantes, mostrando que<br />

o Mercosul pode oferecer muito mais”,<br />

defendeu.<br />

“A FIAT está olhando para o Uruguai. Já<br />

mandamos vários engenheiros para lá estudar<br />

a base industrial. Nós estamos observando<br />

e estamos desejosos de investir no<br />

país”<br />

Antonio Sergio Mello<br />

Em relação à presença da FIAT no Uruguai,<br />

Mello revelou que a empresa está no<br />

país há mais de 20 anos, e conta com 15<br />

distribuidores por todo território, sendo<br />

que sete em Montevidéu, além de ter 40<br />

pontos para a assistência técnica. “Conhecemos<br />

bem o Uruguai e estamos acompanhando<br />

atentamente todos os movimentos<br />

e desejamos ter mais investimentos<br />

na área produtiva. Neste momento, não<br />

temos nenhuma definição nessa área, mas<br />

todas as montadoras observam o Uruguai<br />

para ver o momento certo de tomada de<br />

decisão”, disse, finalizando, assim, a sua<br />

apresentação.<br />

SINDIPEÇAS<br />

David Wong, representante do SINDI-<br />

PEÇAS, foi o último palestrante do Painel<br />

I e, durante a sua apresentação, buscou dar<br />

foco ao intercâmbio Brasil – Uruguai dentro<br />

do setor de autopeças. Segundo ele, as<br />

trocas comerciais de autopeças entre os<br />

dois países se dão numa proporção de 12<br />

para 1. “Em 2007, o Brasil exportou US$<br />

235 milhões de autopeças para o Uruguai,<br />

e o Uruguai exportou para o Brasil US$<br />

19 milhões o mesmo produto. O que o<br />

novo acordo permite e busca fomentar é<br />

reduzir esse desequilíbrio comercial, dar<br />

um horizonte de previsibilidade para o setor<br />

de montadora e autopeças, incentivar<br />

David Wong disse que a Sindipeças busca aumentar sua participação no Mercosul<br />

Antonio Sergio Mello comemorou a assinatura do novo acordo automotivo<br />

investimentos e prover instabilidades de<br />

regras que são questões fundamentais<br />

para o setor”, analisou Wong.<br />

Para o palestrante, a questão de desenvolvimento<br />

do setor de autopeças<br />

depende de acordos de longo prazo,<br />

tendo em vista que, somente agora,<br />

uma montadora – a GM-está, de fato,<br />

operando dentro do Uruguai. Os blindados,<br />

uma das áreas apontadas por<br />

Wong como potenciais nas relações<br />

Brasil-Uruguai, permitem uma redução<br />

de mais curto prazo desse desequilibro<br />

comercial entre os dois países. Ele mencionou<br />

que o acordo estabelece cotas<br />

anuais para veículos blindados que podem<br />

ser vendidos para o Brasil, e que<br />

elas – as cotas - estão distribuídas numa<br />

média de 1.200 veículos anuais ao longo<br />

dos seis anos, sendo que são 600<br />

veículos para o primeiro ano, chegando<br />

a 1.600 veículos no sexto ano. “Isso<br />

representaria, em termos de potencial<br />

de importação do Uruguai, US$ 12 milhões,<br />

podendo chegar a um potencial<br />

de US$ 32 milhões no total, assumindo<br />

um preço médio de blindagem de US$<br />

20 mil”, calculou Wong. As cotas podem<br />

ser renegociadas a partir do 3º ano, caso<br />

o Brasil importe mais veículos do que é<br />

especificado pelo regime de cotas. Após<br />

a conclusão da exposição do representante<br />

do Sindipeças, o presidente do<br />

Painel I, Gerardo Gardea encerrou os<br />

trabalhos da sessão.<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

25


P a i n E l ii<br />

Energia em pauta<br />

Expositores debatem o papel do setor energético nas relações Brasil-Uruguai<br />

Da esquerda para direita: German Riet, José Augusto de Castro, embaixador Ernesto Rubarth, Evandro Daltro e Clóvis Corrêa de Queirós<br />

O Painel II do Seminário teve como<br />

tema: As relações Brasil – Uruguai<br />

nos setores de: construção civil,<br />

petróleo, e fontes alternativas de<br />

energia.Investimentos de empresas<br />

uruguaias no Brasil. O presidente<br />

do painel foi o embaixador Ernesto<br />

Rubarth, secretário de Estado<br />

de Assuntos Internacionais do Rio<br />

de Janeiro, e teve como moderado,<br />

José Augusto de Castro, vicepresidente<br />

da Associação de Comércio<br />

Exterior do Brasil (AEB).<br />

Para fazer as exposições, estiveram<br />

presentes: Clóvis Corrêa de Quei-<br />

rós, gerente-Geral da Petrobras–<br />

Uruguai; German Riet, vice-presidente<br />

da ANCAP (Administración<br />

Nacional de Combustibles, Alcohol<br />

y Portland); e Evandro Daltro,<br />

gerente-geral da Construtora OAS<br />

no Uruguai.<br />

O presidente do painel, embaixador<br />

Ernesto Rubarth, iniciou os trabalhos do<br />

painel fazendo comentários gerais sobre<br />

o tema proposto para a sessão. Para ele,<br />

há uma tendência, dentro do relacionamento<br />

econômico-social para o intercâmbio<br />

Brasil-Uruguai, ao desequilíbrio<br />

em favor do lado brasileiro. Contudo,<br />

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

ele afirmou que há um compromisso e<br />

entendimento no sentido de se tentar<br />

reverter essa tendência. “Com o objetivo<br />

de promover esse equilíbrio comercial,<br />

há mecanismos novos de incentivos, tanto<br />

na parte comercial quanto na parte de<br />

investimentos. Segundo dados do MRE<br />

(Ministério das Relações Exteriores),<br />

cresce a presença de investimentos brasileiros<br />

no Uruguai, sobretudo nas áreas de<br />

energia (derivados de petróleo, distribuição<br />

de gás), bebidas, tecidos, frigoríficos<br />

e metalurgia. E, com este objetivo de estimular<br />

este equilíbrio comercial maior,<br />

foram assinados entre Brasil e Uruguai,<br />

no ano passado, cinco acordos voltados<br />

para investimentos brasileiros nas áreas<br />

de indústrias têxtil, auto-peças, biocombustíveis,<br />

mineração e energia”, detalhou<br />

Rubarth.


Ele lembrou que um dos principais<br />

setores de investimentos brasileiros no<br />

Uruguai está na área de gás natural. “A<br />

BR Distribuidora (empresa de distribuição<br />

de combustíveis subsidiária da Petrobras)<br />

adquiriu duas outras empresas<br />

uruguaias ao longo dos últimos anos. Há,<br />

também, grandes perspectivas de novas<br />

jazidas e reservas na área de gás natural<br />

no Uruguai. Na área de biocombustíveis,<br />

há algumas informações que indicam que<br />

a possibilidade de se plantar uma variedade<br />

de cana-de-açúcar para climas temperados,<br />

e na área de energia elétrica, há<br />

estudos e conversações de se estabelecer<br />

uma nova linha de transmissão de energia<br />

elétrica entre Brasil e Uruguai”, disse o<br />

diplomata, acrescentando que existe um<br />

bom clima de entendimento e um conjunto<br />

de medidas práticas que favorecem<br />

o relacionamento mais harmônico, sobretudo<br />

nos setores de energia. Após a<br />

sua breve exposição, Rubarth passou a<br />

palavra para o gerente Geral da Petrobras<br />

no Uruguai, Clóvis Corrêa de Queirós.<br />

Petrobras<br />

De início, Queirós fez uma apresentação<br />

do perfil da Petrobras, informando que a<br />

estatal é, hoje, uma empresa integrada de<br />

energia e com uma atuação definida no<br />

setor de petróleo, tanto na área produção<br />

e exploração em terra como em offshore.<br />

“A Petrobras tem 14 refinarias, com a capacidade<br />

instalada de produção de refino<br />

de 2 milhões de barris de petróleo por<br />

dia. Transportamos petróleo e derivados<br />

numa frota de 150 navios. Temos cerca de<br />

sete mil postos de gasolina e também atuamos<br />

na área de petroquímica. No gás natural,<br />

nós atuamos em toda a cadeia (exploração,<br />

produção e transporte), e mais<br />

recentemente, entramos no setor de gás<br />

liquefeito, com a instalação e inauguração<br />

de um terminal de regaseificação no porto<br />

de Pecém, no Ceará, nordeste do Brasil.<br />

E, na área de renováveis, a empresa<br />

exerce com eficácia a política de energia<br />

alternativa capitaneada pelo governo brasileiro”,<br />

disse o gerente da Petrobras.<br />

Para o setor de infra-estrutura,<br />

principalmente na área de dutos, Queirós<br />

afirmou que a companhia tem instalados<br />

nove mil quilômetros de dutos,<br />

transportando, principalmente, etanol.<br />

“A Petrobras é uma empresa de energia<br />

que busca atuar não só no Brasil, mas em<br />

âmbito mundial e, como é uma empresa<br />

da América do Sul, busca a integração regional<br />

através da energia que eu creio que<br />

é fundamental para o desenvolvimento do<br />

continente”. A Petrobras tem atuação em<br />

27 países, onde atua nas áreas comercial,<br />

de exploração e pesquisa.<br />

“A Petrobras é uma empresa de energia que<br />

busca atuar não só no Brasil, mas em âmbito<br />

mundial e, como é uma empresa da América<br />

do Sul, busca a integração regional através<br />

da energia que eu creio que é fundamental<br />

para o desenvolvimento do continente”<br />

Clóvis Corrêa de Queirós<br />

Petrobras no Uruguai<br />

A presença da Petrobras no Uruguai<br />

se dá, conforme informou Queirós, pelas<br />

vantagens apresentadas pelo país vizinho<br />

no campo da estabilidade política e social,<br />

pela seguridade jurídica, pelo potencial<br />

de crescimento com inflação controlada.<br />

“São dados que favorecem a entrada de<br />

investimentos”, classificou. Outro fator<br />

de destaque no Uruguai, apontado pelo<br />

palestrante, é a parte de infra-estrutura<br />

de telecomunicações e transportes. Além<br />

José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, presidiu o Painel II<br />

disso, o gerente da Petrobras disse que<br />

o país vizinho tem uma malha rodoviária<br />

bastante eficiente. “A qualidade das<br />

rodovias uruguaias é realmente muito<br />

boa, principalmente se comparadas às<br />

nossas”. A Petrobras tem três empresas<br />

no Uruguai: uma empresa de distribuição<br />

de combustíveis, que foi comprado<br />

da Ancap, empresa estatal de energia<br />

uruguaia, e que trata da distribuição de<br />

combustíveis de avião e de navios, e,<br />

também, lubrificantes. A estatal brasileira<br />

também marca presença, por intermédio<br />

de duas empresas, no setor de<br />

distribuição de gás natural, que é proveniente<br />

da Argentina.<br />

Queirós revelou que a Petrobras investe<br />

na modernização das estações de<br />

serviços e infra-estrutura de logística,<br />

com o objetivo de garantir o suprimento<br />

de fertilizantes. Ainda no setor<br />

de infra-estrutura, ele informou que a<br />

empresa está fazendo a modernização<br />

da rede de tubulação de gás são 260 km<br />

dentro da cidade de Montevidéu. “Estamos<br />

investindo, também, na ampliação<br />

e na modernização da rede de gás natural<br />

em Montevidéu. Essa rede é bastante<br />

antiga, com mais de 60 anos”, avaliou o<br />

gerente da Petrobras. Dentro desse projeto,<br />

a Petrobras buscou contatos com<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

27


P a i n E l ii<br />

a prefeitura de Montevidéu para que as<br />

obras não transtornem o ambiente urbano<br />

da cidade. “As obras têm o financiamento<br />

do BNDES e está sendo executada<br />

pela OAS, com inovação tecnológica e<br />

com compromisso de trabalhar com pessoal<br />

não só do Brasil, mas também com<br />

mão-de-obra da região”, afirmou Queirós.<br />

De acordo com ele, o projeto está<br />

gerando 500 empregos diretos.<br />

“A Petrobras está investindo, também, na<br />

ampliação e na modernização da rede de<br />

gás natural em Montevidéu”<br />

Clóvis Corrêa de Queirós<br />

ANCAP<br />

Representando a estatal de energia<br />

uruguaia, Ancap, o vice-presidente da<br />

empresa, German Riet, iniciou o seu discurso<br />

dizendo que, em termos de matéria<br />

energética, as relações Brasil e Uruguai<br />

têm antecedentes históricos. “Quando<br />

falo da relação Brasil-Uruguai no campo<br />

da energia, estou falando de Petrobras e<br />

Ancap. Temos comércio de combustíveis<br />

líquidos e gasosos. Compramos e vendemos<br />

mutuamente. Temos acordos de<br />

cooperação técnica e tecnológica. Temos<br />

também uma parceria com a Petrobras e<br />

Repsol-YPF (empresa de petróleo da Argentina)<br />

para prospecção de petróleo na<br />

plataforma marítima argentina”, afirmou<br />

o representante da Ancap. Ele revelou<br />

que a estatal uruguaia está desenvolvendo<br />

uma lei que estabelece a produção de<br />

biocombustíveis. A lei determina que, a<br />

partir de 2009, a Ancap inice a mistura<br />

de etanol, gasolina e biodiesel. “A Ancap<br />

está desenvolvendo este projeto, sobretudo<br />

no que diz respeito ao etanol, que<br />

está sendo feito com base na tecnologia<br />

brasileira, assim como, no assessoramento<br />

técnico”, avaliou Riet.<br />

Ele ressaltou que o Uruguai vive um<br />

paradoxo no qual, mesmo sendo um país<br />

de pequenas dimensões e de pouca população,<br />

produz menos energia do que consome,<br />

tanto em relação à energia fóssil<br />

quanto à alternativa. Ele destacou, contudo,<br />

que o governo uruguaio está trabalhando,<br />

atualmente, em quatro grandes<br />

projetos energéticos, mas que, por razões<br />

de natureza financeira e tecnológica,<br />

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Clóvis Corrêa de Queirós disse que a Petrobras aposta no Uruguai<br />

o país não pode desenvolvê-los sozinho.<br />

“Por isso, queremos que as grandes oportunidades<br />

de parcerias, de investimentos<br />

e de participação da Petrobras e de outras<br />

empresas do Brasil”. O primeiro projeto<br />

destacado pelo palestrante foi o que prevê<br />

a construção de uma linha de transmissão<br />

elétrica entre Uruguai e Brasil. O objetivo<br />

é construir uma linha de 500 megawatts e<br />

os dois países já assinaram um acordo marco<br />

para esse projeto. “Falta agora acertar<br />

alguns pontos”, disse. O segundo projeto<br />

envolve a construção de uma indústria de<br />

regaseificação de gás natural liquefeito<br />

(GNL). Isso vai significar, segundo Riet,<br />

a diversificação da matriz energética uruguaia.<br />

O terceiro projeto anunciado pelo<br />

representante da Ancap é o que estabelece<br />

a prospecção e produção de petróleo na<br />

plataforma marítima uruguaia. “O Uruguai<br />

vem tratando este tema há dois anos<br />

e o governo uruguaio conseguiu fazer um<br />

estudo sísmico em todo mar territorial do<br />

país. O resultado geral dos estudos ainda<br />

não está pronto, por isso não podemos<br />

afirmar se há reservas de gás natural”,<br />

considerou. No entanto, o representante<br />

da Ancap disse que esses estudos fizeram<br />

com que a estatal conclamasse empresas<br />

de todo o mundo para a rodada de licitação<br />

para exploração e produção de petró-<br />

leo em alto-mar no Uruguai. “A rodada<br />

será realizada no dia 08 de julho de 2009<br />

Esperamos poder contar com a presença<br />

da Petrobras, pela experiência que<br />

tem e por ser uma das empresas mais<br />

avançadas no mundo no setor de exploração<br />

de petróleo em alto-mar”, disse.<br />

Por último, o palestrante contou que há<br />

um projeto em estudo para transformar<br />

a única refinaria de petróleo que a Ancap<br />

dispõe no Uruguai num centro de<br />

processamento de óleo pesado e semipesado.<br />

“É também um projeto no qual<br />

não temos condições de conduzir sozinhos<br />

e estamos conversando com a Petrobras<br />

e outros interessados”.<br />

“Quando falo da relação Brasil-Uruguai<br />

no campo da energia, estou falando de<br />

Petrobras e Ancap. Temos comércio de<br />

combustíveis líquidos e gasosos. Compramos<br />

e vendemos mutuamente. Temos<br />

acordos de cooperação técnica e tecnológica”<br />

German Riet<br />

OAS<br />

Evandro Daltro, gerente-geral da OAS<br />

no Uruguai, iniciou a sua apresentação<br />

explicando que a empresa tem um segmento<br />

que trabalha com a diversidade


dos tipos de contrato entre estruturas industriais,<br />

e cada um deles tem uma qualidade<br />

e uma experiência específica. Na<br />

parte de energia, o gerente da OAS informou<br />

que a empresa dispõe de importantes<br />

hidrelétricas. “Dentro da história<br />

de 30 anos da empresa, estamos deixando<br />

a nossa marca em grandes empreendimentos<br />

no Brasil. Há dois anos, entramos<br />

na área internacional, e elegemos alguns<br />

países, entre eles o Uruguai. O que nos<br />

atraiu no Uruguai foram as oportunidades<br />

e as demandas ligadas à área de<br />

energia”, afirmou. No marco dessa busca<br />

de oportunidades, Daltro disse que, em<br />

2006, foi firmado um acordo entre Brasil<br />

e Uruguai para implantação da planta de<br />

regaseificação no país vizinho. Nessa época,<br />

a OAS estava estudando uma proposta<br />

que a Petrobras vinha apresentando para<br />

a renovação dos 260 km de rede de gás, e,<br />

paralelo a esse projeto, a empresa começou<br />

a estudar a possibilidade de também<br />

poder fazer parte da planta de produção<br />

de GNL. “A OAS acredita que a Petrobras<br />

possa vir a fazer parte do projeto de construção<br />

de uma planta de regaseificação.<br />

Para esse projeto, deverá haver também a<br />

participação da Argentina, grande fornecedora<br />

de gás ao Uruguai. Estamos falando<br />

de 8 milhões de m3 de gás”. O consumo<br />

do país é pequeno, mas, seguramente<br />

, com a questão do gás resolvida no país,<br />

se poderia gerar uma condição de fornecimento<br />

de outras gerações de matrizes<br />

energéticas do gás no Uruguai, acrescentou<br />

o executivo. Além disso, a planta vai<br />

resolver o problema de distribuição de gás<br />

da empresa Montevideogas, distribuidora<br />

que, hoje, está limitada a uma determinada<br />

parcela da cidade de Montevidéu. “Hoje a<br />

cidade tem 40 mil consumidores de gás,<br />

mas que poderia se expandir párea acima<br />

de 200 mil”, calculou Daltro.<br />

O executivo revelou, ainda, que o outro<br />

atrativo que levou a empresa a apostar<br />

no mercado uruguaio foi a possibilidade<br />

de tentar suprir o déficit energético que<br />

German Riet disse que as relações Brasil-Uruguai se dão através da Petrobras e Ancap<br />

Evandro Daltro afirmou que a OAS pretende intensificar os investimentos no Uruguai<br />

existe no país. Com investimentos privados,<br />

a OAS está desenvolvendo estudos<br />

para um projeto de fornecimento<br />

de caldeiras e equipamentos para construção<br />

de uma planta de termelétrica,<br />

com geração de 340 megawatts, na<br />

região de Ceival, Rio Grande do Sul,<br />

para exportar energia ao Uruguai. “Estamos<br />

com muitas expectativas de que<br />

isso possa vir a se concretizar em bons<br />

termos, e que tenha uma configuração<br />

legal para que a interconexão possa ser<br />

realizada no âmbito de se permitir essa<br />

exportação de energia do Brasil para o<br />

Uruguai. É claro que são necessários,<br />

além dos marcos legais, investimentos<br />

em infra-estrutura”, ressaltou.<br />

“Há dois anos, a OAS entrou na área<br />

internacional, e elegemos alguns países,<br />

entre eles o Uruguai. O que nos atraiu<br />

no Uruguai foram as oportunidades e as<br />

demandas ligadas à área de energia”<br />

Evandro Daltro<br />

Parceria com o governo uruguaio<br />

A OAS hoje está participando no<br />

mercado do Uruguai fazendo a obra de<br />

renovação da rede de gás para a Montevideogas.<br />

A companhia brasileira faz,<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

29


P a i n E l ii<br />

também, a renovação da rede de água em<br />

alguns bairros da capital uruguaia. “Estamos<br />

modernizando 39 km de rede de<br />

água, juntamente com as obras da rede<br />

de gás. Além dessas obras, em razão do<br />

crescimento e da implantação das redes<br />

de telefonia, a OAS propôs, junto com o<br />

incentivo da própria prefeitura de Montevidéu,<br />

que se instalasse também a renovação<br />

de fibra ótica da Antel e da Telefônica.<br />

Temos, então, 60 km de rede de fibra ótica<br />

a ser instalada na cidade de Montevidéu”,<br />

comentou. Daltro acrescentou que<br />

as obras da OAS são realizadas pela metodologia<br />

não destrutiva, através de furo<br />

dirigido. “Além desses contratos, a OAS<br />

assumiu o compromisso com a cidade de<br />

Montevidéu de criar o menor impacto<br />

possível junto à comunidade, por conta<br />

dessa metodologia que estamos adotando,<br />

de furo dirigido.<br />

“A OAS assumiu o compromisso com a cidade<br />

de Montevidéu de criar o menor impacto<br />

possível junto à comunidade, por conta<br />

dessa metodologia que estamos adotando,<br />

de furo dirigido. Por ela, conseguimos abrir<br />

buracos em cada esquina sem ter que romper<br />

as calçadas”<br />

Evandro Daltro<br />

Por ela, conseguimos abrir buracos em<br />

cada esquina sem ter que romper as calçadas.<br />

Por força desse compromisso firmado<br />

com a Petrobras, estamos também<br />

formando mão-de-obra dentro dessa<br />

metodologia. A OAS comprou equipamentos<br />

e os arrendou a empresas locais e<br />

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Foto de um dos empreendimentos da OAS: Hidrelétrica Alto Fêmeas / BA<br />

estamos treinando essa mão-de-obra para<br />

que elas possam ser habilitadas a trabalhar<br />

com essa metodologia”, afirmou. De<br />

acordo com o executivo, a OAS atua com<br />

doze equipes distribuídas pela cidade, e<br />

tem tido uma boa aceitação da comunidade<br />

local. “As obras são feitas com muito<br />

menos incômodo do que seria se estivéssemos<br />

fazendo esses serviços com o método<br />

convencional. A questão de segurança<br />

e sinalização são pontos que nós nos preocupamos<br />

bastante também”, disse.<br />

Além dos contratos citados, a OAS<br />

Da esquerda para direita: Clóvis Corrêa de Queirós, José Augusto de Castro, German Riet ,<br />

embaixador Ernesto Rubarth e Evandro Daltro<br />

está participando de licitações públicas<br />

no Uruguai. O executivo revelou que<br />

a empresa está interessada em realizar<br />

obras de saneamento em Maldonado,<br />

localizado na região de Punta del Leste.<br />

Daltro contou que a OAS também participa<br />

da licitação para obras do Porto<br />

de Montevidéu e a empresa busca, também,<br />

participar do projeto anunciado<br />

pela Administração Nacional de Portos<br />

do Uruguai para construção de um<br />

novo terminal de contêineres. “A OAS<br />

tem mantido contatos com as empresas<br />

locais que estão interessadas em participar<br />

desse investimento em sociedade”.<br />

Já para o Porto de Montevidéu, a OAS<br />

desenvolveu uma solução de engenharia<br />

que economiza em 30% as obras de<br />

estrutura do cais. “Assim, a gente buscou<br />

oferecer uma solução mais barata e<br />

que nos possibilite uma economia para<br />

os cofres públicos do Uruguai. Em resumo,<br />

o objetivo da OAS é se implantar<br />

como uma empresa local, tentando<br />

transferir essa tecnologia e formar mão<br />

de obra local e trabalhando sempre com<br />

que o Brasil pode oferecer de melhor”,<br />

concluiu o executivo.


P a i n E l iii<br />

Debatendo serviços e ambiente de negócios<br />

no Uruguai<br />

Representante do Ministério da Economia e Finanças do Uruguai comenta<br />

sobre o clima de negócios para investimentos no país vizinho<br />

Fernando Lorenzo e Maurício do Val<br />

O Painel III do seminário teve<br />

como tema: O relacionamento Brasil-<br />

Uruguai no setor de serviços. A sessão<br />

foi presidida pelo secretário-adjunto<br />

de Comércio e Serviços do<br />

MDIC, Maurício do Val. Pra fazer o<br />

pronunciamento especial do painel<br />

foi convidado Fernando Lorenzo,<br />

chefe da Assessoria Macroeconômica<br />

do MEF, que expôs informações<br />

sobre o regime e clima dos<br />

investimentos no Uruguai.<br />

Ao iniciar os trabalhos do painel, Maurício<br />

do Val destacou a importância do<br />

setor de serviços para a economia bra-<br />

sileira. De acordo com ele, esse setor<br />

respone por 60% do PIB brasileiro e é<br />

também responsável por mais de 60% do<br />

emprego formal do Brasil. Ao comparar<br />

o quadro de importância do setor de serviços<br />

brasileiro com o uruguaio, do Val<br />

mencionou que o país vizinho tem 58%<br />

do PIB em serviços e o setor emprega<br />

76% da mão-de-obra formal no Uruguai.<br />

“Por isso, é importante tratar de forma<br />

prioritária o setor de serviços nas relações<br />

comerciais entre os dois países. Desde<br />

2002, o Uruguai é superavitário no<br />

comércio de serviços com o Brasil. Em<br />

2001, o fluxo de comércio de serviços<br />

dos dois países era de apenas US$ 20 milhões.<br />

Em 2007, o fluxo de comércio de<br />

serviços entre os dois países alcançou US$<br />

200 milhões, ou seja, um crescimento de<br />

1000% em cinco anos”. Segundo dados<br />

apresentados pelo secretário do MDIC, o<br />

Uruguai exporta três vezes mais serviços<br />

para o Brasil do que vice-versa. “As exportações<br />

brasileiras para o Uruguai de<br />

serviços, no ano passado, somaram US$<br />

56 milhões, e as exportações uruguaias<br />

para o Brasil, US$ 148 milhões”, disse.<br />

Dentre as áreas que mais se destacam no<br />

setor, do Val informou que o turismo é<br />

a que apresenta mais força. “Em 2007, o<br />

Uruguai obteve um superávit no comércio<br />

internacional de serviços de cerca de<br />

US$ 500 milhões, que foi contribuição<br />

direta do turismo receptivo que contribuiu<br />

com US$ 800 milhões em entradas<br />

de divisas para aquele país”, avaliou.<br />

Em relação aos trabalhos desenvolvidos<br />

pelo MDIC para estimular o comércio de<br />

serviços do Brasil com o Uruguai, Maurício<br />

do Val disse que o ministério tem bus-<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

31


P a i n E l iii<br />

cado nas comissões de monitoramento de<br />

comércio bilateral relações com os parceiros<br />

comerciais é agendar um trabalho<br />

em serviços.<br />

“As exportações brasileiras para o Uruguai<br />

de serviços, no ano passado, somaram US$<br />

56 milhões, e as exportações uruguaias<br />

para o Brasil, US$ 148 milhões”<br />

Mauricio do Val<br />

Ele relatou que o primeiro foco que<br />

desse trabalho é estabelecer uma equalização<br />

de informações a partir do conhecimento<br />

e compreensão de resultados e<br />

de estatísticas do comércio exterior de<br />

serviços. O outro ponto a ser desenvolvido,<br />

segundo o secretário, se daria a partir<br />

do desenvolvimento de uma unidade de<br />

inteligência comercial num esforço conjunto<br />

dos dois países para indicar os setores<br />

que merecem maior atenção e medida<br />

mais efetiva de direcionamento dos<br />

governos para propiciar a intensificação<br />

do fluxo de comércio e dos investimentos,<br />

sobretudo no setor de distribuição.<br />

“Nós achamos que a melhor forma de alavancarmos<br />

as relações comerciais com os<br />

nossos parceiros é exatamente no setor<br />

de distribuição de comércio de atacado,<br />

supermercado e de franquias. Se buscarmos<br />

uma intensificação e um relacionamento<br />

maior entre as nossas empresas<br />

desse setor, nós estaremos ganhando em<br />

evolução de fluxo de comércio de bens e<br />

de serviços”. Ele acrescentou, ainda, que<br />

esse trabalho pode também ser feito para<br />

a área de engenharia e construção civil,<br />

que, de acordo com ele, possui característica<br />

natural de carregar novas oportunidades,<br />

não só para área de serviços,<br />

mas, também, associadas a essas obras.<br />

Aos o término da sua apresentação, ele<br />

passou a palavra para Fernando Lorenzo<br />

Fernando Lorenzo, chefe da Assessoria<br />

Macroeconômica do MEF, que discorreu<br />

sobre o tema: Ambiente de negócios no<br />

Uruguai para as empresas brasileiras.<br />

Ambiente macroeconômico uruguaio<br />

Ao iniciar a sua participação, Loren-<br />

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Maurício do Val disse que o Turismo é um setor importante para o Uruguai<br />

zo disse que o atual governo uruguaio<br />

está trabalhando no sentido de conceber<br />

uma estratégia com o objetivo de gerar<br />

um clima de negócios e de investimentos<br />

adequado. Para ele, o governo está levando<br />

em conta estratégias de promoção de<br />

investimentos no Uruguai e também está<br />

levantando os principais componentes da<br />

política que estamos levando adiante para<br />

fortalecer o clima de negócios no nosso<br />

país.<br />

Ao conseguir criar um clima mais propício<br />

para atração de investimentos ao Uruguai,<br />

Lorenzo avaliou que tal feito mudaria<br />

o atual cenário do país, uma vez que, por<br />

décadas, apresentou índices muitos ruins<br />

em termos de captação de investimentos<br />

estrangeiros. “É preciso deixar claro que<br />

falar do clima de investimentos no Uruguai<br />

implica referir-se a um país da América<br />

Latina que conseguiu, historicamente,<br />

os piores registros em matéria de investimentos<br />

em todo continente. Em seis décadas<br />

o Uruguai conseguiu investir menos<br />

do que o Haiti. Como resultado, o país<br />

assistiu um pobre desempenho em matéria<br />

de crescimento”, criticou. No entanto,<br />

depois da crise econômica enfrentada<br />

pelo país em 2002, o Uruguai consegue<br />

encontrar, atualmente, um período de<br />

crescimento mais importante da sua história.<br />

“O Uruguai cresceu, por seis anos<br />

consecutivos, acima da média dos países<br />

da América Latina”, frisou. Essa situação<br />

está refletindo num maior volume<br />

de investimentos ao Uruguai. Lorenzo,<br />

contudo, ressalvou que o fluxo de investimentos<br />

não pode ser encarado como<br />

um bem em si mesmo, mas sim como<br />

um veículo que possibilita e consolida a<br />

capacidade de crescimento do país.<br />

Para que os investimentos ocorram<br />

é preciso que haja um ambiente vinculado<br />

a novos empreendimentos, com<br />

mais competência, com o compromisso<br />

de aumento da produtividade e com<br />

estímulos à inovação, analisou o palestrante.<br />

Para ele, esse é o contexto da<br />

interação de todos esses elementos que<br />

se podem descrever qual é a estratégia<br />

de estímulo e apoio aos investimentos.<br />

“Os níveis de crescimento se apóiam<br />

não somente em ambientes estáveis e<br />

previsíveis, mas também com a articu-


lação de novos empreendimentos, mais<br />

competência, compromisso de aumento<br />

da produtividade e estímulos à inovação.<br />

Essa é a lógica que temos que ativar”.<br />

Atraindo investimentos estrangeiros<br />

O representante do governo uruguaio<br />

lembrou que todos os investimentos implicam<br />

em riscos. “Há uma máxima na<br />

economia que diz que quantos maiores<br />

são os riscos, mais se esperam da rentabilidade<br />

dos investimentos. Portanto, os<br />

níveis de riscos estão associados aos desafios<br />

que devem ser compensados com<br />

o lucro que pode advir”, afirmou. Em sua<br />

análise, para que se concretizem projetos<br />

de investimentos, as políticas devem levar<br />

em conta dois elementos: reduzir os<br />

riscos e melhorar as taxas de lucratividade<br />

dos empreendimentos. “Isso implicará<br />

estímulos específicos e focalizados nos<br />

investimentos. E é dessa forma, reduzindo<br />

riscos e dando estímulos que cria um<br />

clima de investimentos mais propício”.<br />

Lorenzo explicou que o governo uruguaio<br />

atua em diversas frentes para que<br />

haja um grande fluxo de investimentos<br />

Ele disse que o primeiro objetivo traçado<br />

pela administração uruguaia foi atacar as<br />

vicissitudes financeiras do país, já que o<br />

Uruguai havia saído da crise financeira,<br />

em 2002, e emergia com alguns pontos<br />

de vulnerabilidade. “Para se pensar no<br />

futuro, era preciso mitigas essas vulnerabilidades.<br />

Além disso, o país requeria<br />

reformar estruturais importantes, em<br />

particular vinculadas ao ambiente de negócios.<br />

Devemos, então, trabalhar com<br />

reformas estruturais coordenando e reordenando<br />

todo o sistema de incentivos e<br />

todo o sistema institucional vinculados a<br />

investimentos”. Em 2002, o Uruguai vivia<br />

uma das piores crises fiscais da sua história,<br />

o que fez com que o país chegasse<br />

em 2005 com altíssimos níveis de endividamento<br />

público e com grandes dificuldades<br />

de conseguir crédito no mercado<br />

externo. “Até mesmo dentro do aspecto<br />

social vivemos uma crise. O Uruguai, que<br />

sempre fora visto como um país que se<br />

destacava na região pelos bons indicadores<br />

sociais, teve a sua situação deteriorada<br />

nos anos de 2002 a 2005, verificando um<br />

aumento na pobreza que na sua história<br />

era inédita. Esse era o mapa da situação<br />

de crise que tivemos que trabalhar para<br />

construir um ambiente de estabilidade”.<br />

Em sua avaliação, o governo constatou que<br />

o ambiente de instabilidade apresentava<br />

várias facetas. Ela não era só monetária e<br />

nem somente fiscal. Ela abarcava elementos<br />

institucionais, elementos vinculados<br />

aos níveis de emprego e, de forma mais<br />

relevante, situação social. “É impensável<br />

um clima de estabilidade macroeconômico<br />

sem um clima de estabilidade social. E<br />

para vencer essas instabilidades, o governo<br />

uruguaio resolveu implementar tipos de<br />

ações: medidas emergenciais nos setores<br />

fiscal, financeiro e social”, disse.<br />

Reformas<br />

Uma das primeiras ações capitaneada<br />

pelo atual governo uruguaio foi a que<br />

buscou realizar reformas dentro do setor<br />

tributário. De acordo com Lorenzo, o sistema<br />

de tributação anterior apresentava<br />

severas falhas no processo de arrecadação.<br />

“Fortalecer a arrecadação foi, então, a lógica<br />

inicial da reforma. Buscamos, então<br />

elaborar um novo sistema tributário”.<br />

Lorenzo revelou que o governo reduziu<br />

as alíquotas do imposto de renda para os<br />

empresários, que passaram de 30% a 25%<br />

e melhoraram os incentivos aos investimentos,<br />

com isenções que alcançam 40%<br />

da renda fiscal. Ele disse que foram introduzidas,<br />

ainda, exonerações sobre<br />

a renda vinculada a investimentos em<br />

desenvolvimento em biotecnologia e<br />

informática. “A reforma tributária permitiu<br />

a redução de todos os gastos vinculados<br />

ao desenvolvimento tecnológico<br />

e ao aumento do emprego”.<br />

“Acreditamos que seja indispensável que<br />

a macroeconomia tenha um importante<br />

papel para o estímulo e apoio para o setor<br />

privado”<br />

Fernando Lorenzo<br />

Outra modificação importante,<br />

na visão do expositor, foi a adição de<br />

um novo regime de aportes patronais.<br />

Antes, o governo uruguaio utilizava os<br />

recursos advindos do setor de serviços<br />

para o caixa da seguridade social das<br />

empresas com o objetivo de fazer política<br />

industrial. Lorenzo disse que essa<br />

prática foi extinta pela administração<br />

atual. “O nosso governo decidiu horizontalizar<br />

este tipo de contribuição e<br />

não discriminar o setor que gera mais<br />

empregos no nosso país.<br />

O Uruguai é o país da América Latina<br />

que mais exporta serviços em relação ao<br />

PIB. O Uruguai tem internacionalizado<br />

Casa Pueblo em Punta del Este: o turismo é a força do setor de serviços no Uruguai<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

33


P a i n E l iii<br />

mais de dez setores vinculados ao setor<br />

de serviços. Discriminar este setor com<br />

impostos mais pesados do que em outros<br />

setores sempre pareceu algo muito pouco<br />

consistente em termos de estratégia<br />

de geração de empregos e riqueza para o<br />

país”, analisou.<br />

Introduzir mudanças importantes na<br />

organização do sistema financeiro também<br />

entrou no rol do processo de reformas.<br />

O palestrante comentou que o setor<br />

financeiro uruguaio passou por uma crise<br />

aguda que contaminou tanto o Banco<br />

Central do país como o resto do sistema<br />

bancário público e hipotecário do Uruguai.<br />

“Para sanar a crise, introduzimos<br />

normativas sobre graus de eficiência do<br />

sistema financeiro. Acreditamos que seja<br />

indispensável que a macroeconomia tenha<br />

um importante papel para o estímulo<br />

e apoio para o setor privado”.<br />

Em matéria de renovação e fortalecimento<br />

institucionais, Lorenzo mencionou<br />

que o governo do Uruguai está<br />

promovendo mudanças normativas importantes<br />

e criou instituições especializadas<br />

para tratamento de temas específicos.<br />

“Em temas que envolvem negócios, criamos,<br />

por exemplo, a Agência Nacional<br />

de Inovação, que concentra e rege toda<br />

a execução das políticas definidas pelo<br />

poder executivo em matéria de inovação.<br />

“Podemos dizer que construir instituições<br />

especializadas na execução de políticas<br />

são elementos essenciais”, disse.<br />

“Hoje os benefícios e incentivos do governo<br />

uruguaio chegam a qualquer setor da<br />

economia, não importando o tamanho da<br />

empresa”<br />

Fernando Lorenzo<br />

O representante do governo uruguaio<br />

explicou que a agência implementou mudanças<br />

nas instituições em vários âmbitos<br />

do mercado financeiro. De acordo com<br />

ele, foram renovados os critérios de regulação<br />

para pôr em marchas de execução.<br />

Além disso, ele contou que foram<br />

tomadas medidas substantivas em matéria<br />

de transparência de informação. “Fizemos<br />

ações muito concretas em matéria<br />

de facilitação e comércio e investimen-<br />

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Fernando Lorenzo disse que o governo do Uruguai está promovendo mudanças na economia<br />

do pais<br />

tos. “As reformas institucionais interagem<br />

com as reformas estruturais”, considerou<br />

Lorenzo.<br />

Em relação aos incentivos para os investimentos,<br />

o Uruguai dispunha, anteriormente,<br />

de uma política de incentivos,<br />

mas de forma bastante restritiva. A nova<br />

regulamentação da lei de incentivos permitiu<br />

maior acesso a projetos das pequenas<br />

empresas não chegavam a receber os<br />

benefícios. “Hoje os benefícios e incentivos<br />

do governo uruguaio chegam a qualquer<br />

setor da economia, não importando<br />

o tamanho da empresa”.<br />

Lorenzo ressalvou que o estímulo aos<br />

investimentos depende de muitos outros<br />

fatores, além da promoção de políticas pú-<br />

blicas. Segundo ele, para que os investimentos<br />

ocorram de forma consistente<br />

é preciso haver oportunidades de negócios.<br />

“Pode-se ter a melhor legislação,<br />

em matéria de promoção de investimentos.<br />

Pode-se fazer as melhores mudanças<br />

no regime tributário. Mas se não<br />

há mercado onde se expressa as condições<br />

de boa rentabilidade, é impossível<br />

ter êxito. Hoje, o Uruguai se destaca<br />

como país receptor de investimentos<br />

estrangeiro direto, pois consegue atuar<br />

de forma sistemática realizando esforços<br />

em conjunto, tratando, assim, de<br />

orientar os incentivos e as instituições<br />

em favor do fluxo de investimentos, ele<br />

vem com força”, concluiu.


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

35


E n c E r r a m E n t o<br />

Uruguai: um país aberto para o comércio e<br />

investimentos brasileiros<br />

Palestrante da Sessão de Encerramento discursam sobre as relações de comércio<br />

brasileiro-uruguaias<br />

A Sessão Solene de Encerramento<br />

teve como presidente o<br />

embaixador do Brasil no Uruguai,<br />

José Eduardo Martins Felício<br />

e contou com os pronunciamentos<br />

especiais do embaixador<br />

Nelson Fernandez, secretáriogeral<br />

do Ministério das Relações<br />

Exteriores do Uruguai; e<br />

de Ivan Ramalho, secretárioexecutivo<br />

do MDIC e Coor-<br />

denador da “Comissão mista”<br />

Brasil-Uruguai. Para compor a<br />

mesa, foram convidados: Cássio<br />

Monteiro França, diretor da<br />

<strong>FCCE</strong>; Mauro Aviola, direto da<br />

AEB; Pinheiro Machado – MRE;<br />

Fernando Lorenzo, MEF; Hélio<br />

de Almeida Cardoso- Assessor<br />

especial da Presidência da República<br />

do Brasil; Alberto Guani,<br />

Cônsul-Geral do Uruguai<br />

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

no Rio de Janeiro, embaixador<br />

Nelson Fernandez Secretário-<br />

Geral do Ministério das Relações<br />

Exteriores do Uruguai;<br />

Gerardo Gadea – Vice-Ministro<br />

da Industria e do Comércio do<br />

Uruguai, Carlos Amorín, Embaixador<br />

do Uruguai; Arnaldo<br />

Castro – Presidente da “Camara<br />

de Comercio y Serviços Del<br />

Uruguai”, Embaixador Paulo Pi-


es do Rio – Diretor-Conselheiro<br />

do Conselho Superior da <strong>FCCE</strong>.<br />

Após fazer, de início, os agradecimentos<br />

à <strong>FCCE</strong> pela organização do<br />

Seminário, o embaixador Nelson Fernandez<br />

disse que ficou satisfeito com as<br />

palestras proferidas durante o evento,<br />

proporcionando, assim, a possibilidade<br />

para os presentes se informarem como<br />

o Uruguai busca melhorar sua inserção<br />

internacional e seu comércio e conseguir<br />

investimentos, classificando-o<br />

como um país de grande credibilidade.<br />

“Quando implementamos uma regra,<br />

essa regra não muda. O Uruguai<br />

respeita os acordos” frisou. De acordo<br />

com ele, o Uruguai tem um governo<br />

com funcionários que estão plenamente<br />

comprometidos com o destino do<br />

país e trabalham em prol da integração<br />

regional. “Para o Uruguai, a integração<br />

e o Mercosul representam o seu destino.<br />

E, na América do Sul, não é possível<br />

pensar em integração sem pensar<br />

no Brasil”, afirmou Fernandez.<br />

“Quando implementamos uma regra,<br />

essa regra não muda. O Uruguai respeita<br />

os acordos”<br />

Nelson Fernandez<br />

Ele contou, ainda, que quando o<br />

Uruguai se integrou ao Mercosul, em<br />

1991, o país estava disposto a abrir as<br />

suas fronteiras, seu mercado, a integrar-se<br />

à região, para que os produtos<br />

brasileiros, argentinos e paraguaios<br />

fossem tratados da mesma forma como<br />

são tratados produtos uruguaios. “Se<br />

os senhores tiverem a sorte de ir ao<br />

Uruguai, não percam a oportunidade<br />

de irem a um supermercado uruguaio.<br />

Vocês verão que nas prateleiras há biscoitos<br />

brasileiros e azeites argentinos.<br />

Isso porque para o Uruguai o Mercosul<br />

é uma realidade. Da mesma forma, eu<br />

gostaria, como uruguaio, de ir a um supermercado<br />

brasileiro e encontrar água<br />

mineral e laticínios uruguaios. O Uru-<br />

guai vende laticínios a 50 países do<br />

mundo. E em nenhum desses países<br />

temos problemas, como o de etiquetagem<br />

e nem pela embalagem”, disse<br />

o embaixador, fazendo referência<br />

a problemas ocorridos no comércio<br />

destes produtos com o Brasil recentemente.<br />

Um bom ambiente para negócios<br />

O embaixador disse acreditar que<br />

o seminário fez com que fossem esclarecidas<br />

as propostas de que o<br />

Uruguai está aberto para os empresários<br />

brasileiros que apostam na integração<br />

regional e que estes vejam<br />

o país vizinho como uma plataforma<br />

de desenvolvimento. “O Uruguai é<br />

um país que tem excelentes rodovias,<br />

que movimentam cerca de três<br />

mil caminhões por ano e que não<br />

tem problemas para que caminhões<br />

brasileiros, argentinos e paraguaios<br />

Nelson Fernandez disse que o Uruguai está aberto para negócios<br />

transitem por elas. O Uruguai está<br />

aberto para quem quer fazer bons<br />

negócios. Contamos também com<br />

serviços de tecnologia para o comércio,<br />

com centros tecnológicos<br />

que empregam milhares de pessoas<br />

e que são usados por países de todo<br />

o mundo, e que desenvolve softwares<br />

vendidos a 60 países”, revelou.<br />

Nesse contexto, Fernandez<br />

afirmou que no Mercosul Brasil e<br />

Uruguai têm destinos de comércio<br />

e negócios em comum assegurado.<br />

“O Uruguai, que é um país pequeno,<br />

que quer se abrir mais para o<br />

mundo e quer fazer isso junto com<br />

o Brasil”, disse, concluindo, assim,<br />

o seu pronunciamento. Após<br />

a conclusão da palestra do embaixador<br />

uruguaio, o presidente da<br />

sessão passou a palavra para o secretário-<br />

executivo do MDIC, Ivan<br />

Ramalho.<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

37


E n c E r r a m E n t o<br />

“O Uruguai é um país que tem excelentes<br />

rodovias, que movimentam cerca de<br />

três mil caminhões por ano e que não<br />

tem problemas para que caminhões brasileiros,<br />

argentinos e paraguaios transitem<br />

por elas. O Uruguai está aberto<br />

para quem quer fazer bons negócios”<br />

Nelson Fernandez<br />

Crescimento do comércio exterior<br />

Ramalho afirmou que o encontro<br />

entre Brasil e Uruguai, promovido<br />

pela <strong>FCCE</strong>, tem para o governo brasileiro<br />

“uma importância extraordinária”.<br />

Tal relevância se dá dentro de um<br />

contexto no qual o comércio exterior<br />

tem ganhado força muito grande para<br />

o Brasil. “O comércio exterior do País<br />

cresceu muito nos últimos anos. Saímos<br />

de uma corrente de comércio da<br />

ordem de US$ 100 bilhões, há cinco<br />

anos, e vamos ter em 2008 um fluxo<br />

próximo a US$ 350 bilhões. As exportações<br />

brasileiras já estão na casa dos<br />

US$ 200 bilhões e o Brasil não é hoje<br />

um país que tem o seu comércio exterior<br />

vinculado a uma única área e a<br />

uma única região”, avaliou. Ramalho<br />

revelou que o Brasil, apesar de ainda<br />

ter os Estados Unidos como o seu<br />

principal parceiro comercial, destina<br />

para aquele país apenas 18% das suas<br />

exportações. “Ou seja, mais de 80%<br />

das vendas brasileiras estão destinadas<br />

a mais de uma centena de países”, declarou.<br />

Nesses últimos anos de grande<br />

crescimento, Ramalho enfatizou que<br />

o governo brasileiro trabalha para o<br />

crescimento do seu comércio com os<br />

países da América do Sul e, sobretudo,<br />

com os países do Mercosul. “Tivemos<br />

um crescimento muito grande<br />

com a Argentina, com o Paraguai<br />

e com o Uruguai. Temos procurado<br />

evitar dificuldades que surgem no comércio<br />

bilateral com esses países, e<br />

queremos, também, alcançar algumas<br />

metas”, disse.<br />

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Ivan Ramalho disse que o MDIC trabalha para diminuir as assimetrias entre Brasil e Uruguai<br />

“O MDIC tem um programa de substituição<br />

competitiva das importações para<br />

estimular o crescimento das importações<br />

brasileiras de todos os países da América<br />

do Sul. Temos como meta que a corrente<br />

de comércio com os países vizinhos continue<br />

crescendo”<br />

Ivan Ramalho<br />

Em relação ao comércio bilateral<br />

Brasil-Uruguai, Ramalho comentou<br />

que 2008 é um ano a ser comemorado.<br />

De acordo com ele, a corrente de<br />

comércio entre os dois países vai atingir<br />

a faixa de US$ 2,5 bilhões. “Este<br />

resultado representa um crescimento<br />

bastante grande. É um crescimento<br />

de 30% tanto nas exportações como<br />

também nas importações. Neste ano,<br />

as importações brasileiras do Uruguai<br />

vão alcançar a faixa de US$ 1 bilhão.<br />

Além do comércio, os investimentos<br />

também estão crescendo bastante.<br />

Temos várias áreas nas quais consideramos<br />

possível uma integração maior<br />

nas cadeias produtivas dos dois países”.<br />

Ramalho argumentou que o aumento<br />

das importações brasileiras de<br />

produtos uruguaios representa um<br />

avanço para as relações brasileirouruguaias,<br />

pois o Brasil tem hoje um<br />

grande superávit comercial com o<br />

Uruguai. “O MDIC tem um programa<br />

de substituição competitiva das<br />

importações para estimular o crescimento<br />

das importações brasileiras<br />

de todos os países da América do Sul.<br />

Temos como meta que a corrente de<br />

comércio com os países vizinhos continue<br />

crescendo, que as exportações<br />

cresçam junto com as importações<br />

e que não aumente o desequilíbrio<br />

que temos hoje”, defendeu. Ao concluir<br />

a sua participação, o secretário<br />

tornou a elogiar a série de seminário<br />

bilateral de comércio exterior e investimentos,<br />

organizada pela <strong>FCCE</strong>,<br />

acrescentando que os encontros são<br />

referência para o setor. “Nós o MDIC<br />

estamos sempre dispostos a apoiar<br />

estes encontros”, concluiu.


i n f r a -ES t r u t u r a<br />

Apostando no continente sul-americano<br />

Representante da Construtora OAS no Uruguai fala sobre as ações da empresa<br />

no Brasil e na América do Sul<br />

Evandro Daltro, representante da OAS no Uruguai<br />

Há mais de 30 anos no mercado,<br />

a construtora OAS é uma das<br />

maiores e mais respeitadas empresas<br />

de engenharia e construção<br />

civil do Brasil. Ela possui, em seu<br />

portfolio, importantes obras realizadas<br />

no país e, há dois anos, a<br />

empresa buscou atuar no mercado<br />

internacional, com grande foco na<br />

América Latina, em especial no<br />

continente sul-americano. Evandro<br />

Daltro é o diretor da OAS no Uruguai.<br />

Ele representou a empresa<br />

no Seminário Bilateral de Comércio<br />

Exterior e Investimentos Bra-<br />

sil-Uruguai, onde palestrou sobre<br />

as ações da empresa naquele país.<br />

Daltro conversou com a Revista da<br />

<strong>FCCE</strong> sobre os projetos e atuação<br />

da OAS no Brasil e nos demais países<br />

no exterior. Confira, a seguir,<br />

os principais trechos da entrevista:<br />

Há quanto tempo a OAS atua no<br />

mercado brasileiro e internacional?<br />

Daltro - A Construtora OAS completou,<br />

em 2007, 30 anos de serviços prestados<br />

a engenharia brasileira. A empresa está<br />

entre as cinco maiores construtoras do<br />

Brasil e, a partir do ano de 2006, tomou<br />

a decisão estratégica de participar do<br />

mercado internacional. A OAS tem participado<br />

das mais importantes obras de<br />

construção civil e pesada do Brasil, tendo<br />

como clientes as principais empresas privadas<br />

e os governos de todos os estados<br />

da federação e o governo Federal.<br />

Quais são as principais obras que<br />

estão sendo realizadas pela empresa<br />

no Brasil?<br />

Daltro - Entre as principais obras executadas<br />

pela empresa estão a Linha 4 do Metrô<br />

de São Paulo, a Ponte Estaiada Otávio<br />

Frias sobre o rio Pinheiros em São Paulo,<br />

a fábrica da Ford na cidade de Camaçari<br />

(Ba), o complexo Linha Amarela no<br />

Rio de Janeiro, o Estádio Olímpico João<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

39


i n f r a - ES t r u t u r a<br />

Havelange no Rio de Janeiro, refinarias,<br />

gasodutos, obras de saneamento, portos,<br />

aeroportos, estradas entre outras<br />

Como foi concebida a idéia para<br />

empresa em atuar no mercado internacional?<br />

Daltro - Contamos com uma estrutura<br />

organizacional descentralizada e um gerenciamento<br />

personalizado para os clientes.<br />

Por isso, a OAS, no marco de sua<br />

expansão para o mercado internacional,<br />

estabeleceu como objetivo alcançar uma<br />

participação representativa no mercado<br />

de construção civil e pesada dos paises da<br />

América do Sul e Caribe e posteriormente<br />

expandir suas operações para a África.<br />

“A OAS vem implementando ações<br />

para a adaptação de sua estrutura<br />

organizacional”<br />

Evandro Daltro<br />

De que modo a OAS está atuando<br />

internacionalmente?<br />

Daltro - Mesmo contando com equipes<br />

experientes e comprometidas com a superação<br />

de metas, e preparadas para os<br />

desafios que impõe a constituição de uma<br />

empresa internacional, a OAS vem implementando<br />

ações para a adaptação de<br />

sua estrutura organizacional e a melhoria<br />

da capacitação de seus gerentes, com o<br />

objetivo de customizar sua gestão para o<br />

mercado dos paises em que está presente.<br />

“A OAS tem utilizado a estratégia de buscar<br />

parceiros e mão de obra local, para<br />

criar uma relação sinérgica com o país e<br />

acelerar a sua curva de aprendizagem”<br />

Evandro Daltro<br />

Em que consiste este trabalho de<br />

adaptação e melhoria da capacitação<br />

dos funcionários da OAS no<br />

exterior?<br />

Daltro - Como principais medidas que<br />

estamos adotando podemos citar: a criação<br />

de uma Diretoria Internacional com<br />

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Estádio João Havelange, no Rio de Janeiro: uma das obras realizadas pela OAS<br />

estrutura administrativa independente<br />

para apoiar as unidades de negócio; a<br />

adaptação do seu sistema gerencial para<br />

uma plataforma web; e capacitação de<br />

seus gestores aos aspectos legais, tributários<br />

e contábeis de cada país.<br />

E o processo de inserção nos países<br />

se dá de forma tranqüila?<br />

Daltro - Sim, pois para se inserir nos paises<br />

que se instala, a OAS tem utilizado a<br />

estratégia de buscar parceiros e mão de<br />

obra local, para criar uma relação sinérgica<br />

com o país e acelerar a sua curva de<br />

aprendizagem. A OAS, como as demais<br />

empresas brasileiras que exportam serviços,<br />

conta também com as condições de<br />

financiamento para exportação do BN-<br />

DES, que tem se demonstrado bastante<br />

competitivas.<br />

Em que países a OAS está operando?<br />

Daltro - A OAS hoje possui empresas<br />

constituídas no Uruguai, Argentina,<br />

Peru, Bolívia, Chile, Equador e Colômbia,<br />

além de representação comercial na<br />

Venezuela, Paraguai, Haiti, Costa Rica e<br />

República Dominicana. Recentemente<br />

a OAS abriu sua sucursal em Angola,<br />

antecipando a sua entrada no mercado<br />

africano.<br />

“A OAS além de participar de licitações,<br />

está desenvolvendo parcerias com empresas<br />

do ramo de energia”<br />

Evandro Daltro<br />

E em relação à América do Sul,<br />

como a OAS vem desenvolvendo<br />

os seus projetos no continente?<br />

Daltro - Na América do Sul, além de<br />

participar de licitações, a OAS está desenvolvendo<br />

parcerias com empresas<br />

do ramo de energia, com o objetivo<br />

de oferecer soluções para projetos de<br />

geração de energia, visando atender a<br />

crescente demanda dos paises da região.<br />

Atualmente a OAS esta desenvolvendo<br />

junto com a Tractebel e uma empresa<br />

especializada em plantas termoelétricas<br />

a carvão, um projeto para gerar 340<br />

MW de energia firme para o Uruguai e<br />

em parceria com Furnas a hidroelétrica<br />

Inanbari no Peru, com capacidade de<br />

geração de 1.400 MW.


“A Petrobras atua como um fator importante<br />

para o processo de integração<br />

regional”<br />

Clóvis Corrêa de Queirós é diretor<br />

da Petrobras no Uruguai. No<br />

cargo desde 2006, ele observa com<br />

otimismo a presença da empresa<br />

no país vizinho. Em sua análise,<br />

o Uruguai, apesar de apresentar<br />

pequenas dimensões territoriais<br />

e possuir um mercado de 3,5 mi-<br />

lhões de habitantes, tem posição<br />

estratégica para a integração. Isso<br />

se dá em razão de o país estar localizado<br />

entre Brasil e Argentina<br />

e, além disso, apresentar grandes<br />

oportunidades de negócios para a<br />

empresa, que está país desde 2001,<br />

mas que começou a investir, de<br />

E n E r g i a<br />

fato, em 2004, com a aquisição de<br />

uma companhia de distribuidora<br />

de gás local.<br />

Como o senhor analisa a realização<br />

do seminário?<br />

Corrêa de Queiró s - Eu vejo o<br />

encontro como uma oportunidade de<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

41


E n E r g i a<br />

discutir com mais profundidade o grau<br />

de integração. Em primeiro lugar, a divulgação<br />

das necessidades e dos potenciais<br />

tanto do Uruguai como do Brasil.<br />

Como somos vizinhos, é mais uma razão<br />

para estarmos integrados. Nós podemos<br />

fazer uma complementaridade de recursos,<br />

fazendo que a região se desenvolva e<br />

permitindo que possamos competir com<br />

mais força com os demais blocos comerciais<br />

do mundo.<br />

De que forma a Petrobras pode influenciar<br />

o caminho da integração<br />

regional ?<br />

Corrêa de Queirós -A Petrobras atua<br />

como um fator importante para o processo<br />

de integração regional porque é<br />

uma empresa de energia e energia é vital<br />

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

para o desenvolvimento. E, nesse sentido,<br />

a demanda por energia é determinante. E<br />

a Petrobras, que tem grandes recursos tecnológicos,<br />

contribui muito para o desenvolvimento<br />

de projetos na região, tanto na<br />

área de petróleo e gás como no campo de<br />

biocombustíveis e energia renovável.<br />

Quando a Petrobras começou a operar<br />

no Uruguai?<br />

Corrêa de Queirós -A Petrobras chegou<br />

ao Uruguai em 2001 com a compra<br />

da rede de distribuição da Shell, e em<br />

2004 começou a atuar na distribuição<br />

de gás natural no interior do país, com a<br />

compra da empresa Conecta por US$ 3,2<br />

milhões, em sociedade com a estatal de<br />

energia uruguaia Ancap. Na época, a petroleira<br />

brasileira comprou 55% do capital<br />

da distribuidora. Hoje a Petrobras tem<br />

exclusividade no abastecimento de gás<br />

natural e GLP para pequenos e médios<br />

consumidores fora de Montevidéu.<br />

E quais são os resultados da atuação<br />

da empresa no Uruguai?<br />

Corrêa de Queirós – Os resultados<br />

são satisfatórios. Logicamente que nós<br />

temos que pensar no Uruguai como um<br />

mercado de 3,5 milhões de habitantes.<br />

No entanto, é um país muito importante<br />

e estratégico para a integração regional.<br />

Num raio de 800 km, o Uruguai está<br />

próximo a um mercado de 25 milhões<br />

de pessoas, que seria Buenos Aires e o<br />

Rio Grande do Sul.<br />

Quando se fala em integração, fala-se,<br />

também, de integração técnica.<br />

Existe algo neste sentido no<br />

relacionamento da empresa com<br />

os técnicos uruguaios no setor de<br />

energia?<br />

Corrêa de Queirós - É preciso entender<br />

que integração ela é uma via de mão<br />

dupla. Então, levar técnicos brasileiros<br />

para trabalharem no Uruguai e viceversa<br />

é, assim, mais do que natural para<br />

a Petrobras. E há tempos que a Petrobras<br />

tem, em seu quadro de funcionários,<br />

uruguaios, argentinos, bolivianos etc. É<br />

importante dizer, ainda, que buscamos<br />

não somente a integração técnica, mas<br />

também a integração cultural.<br />

Além dos projetos já existentes da<br />

Petrobras no Uruguai, há outros<br />

que a empresa pretende empreender<br />

naquele país?<br />

Corrêa de Queirós - No momento<br />

estamos estudando projetos no Uruguai<br />

as fontes de bioenergia e de gás natural.<br />

É claro que nós não podemos, de forma<br />

autônoma, chegar ao país e tocar esses<br />

estudos sozinhos. Precisamos estar,<br />

constantemente, em sintonia com o governo.<br />

O governo uruguaio já demonstrou<br />

interesse. Logicamente que se leva<br />

um temo para estudar e encontrar as<br />

viabilidades de aplicação dos projetos,<br />

mas há um bom entendimento entre a<br />

Petrobras e o governo uruguaio.


S E t o r -a u t o m o t i v o<br />

“Para a GM, o Uruguai não é uma opção,<br />

mas sim um destino”<br />

Pedro Bentancourt é gerente institucional<br />

da GM do Brasil. Em entrevista<br />

à Revista da <strong>FCCE</strong>, o executivo<br />

falou sobre a atuação da empresa no<br />

Uruguai, acrescentando que o acordo<br />

automotivo assinado recentemente<br />

pode significar o primeiro passo para<br />

a ampliação de um acordo automobilístico<br />

em âmbito do Mercosul<br />

De que forma o senhor avalia o seminário?<br />

Pedro Bentancourt - O seminário<br />

foi excelente. Os participantes apontaram<br />

elementos muito significativos para<br />

aprimorar a relação bilateral. Além disso,<br />

estamos trazendo informação e conhecimento<br />

para um segmento que potencialmente<br />

propocionará novos negócios<br />

Como está a relação Brasil-Uruguai<br />

para GM ?<br />

Pedro Bentancourt - A GM do Brasil<br />

é a cabeça da operação GM Mercosul,<br />

que engloba as operações no Uruguai.<br />

A GM é a única das montadoras que m<br />

um braço próprio no Uruguai. Todas as<br />

outras operam através de representantes.<br />

Existe uma GM-Uruguai que também é<br />

subsidiária da GM do Brasil. Na GM do<br />

Uruguai nós temos nove concessionárias<br />

e geramos cerca de 400 empregos diretos<br />

e indiretos.<br />

Quais são os produtos da GM mais<br />

negociados no Uruguai?<br />

Pedro Bentancourt - O Uruguai tem<br />

sido tradicionalmente provido de produtos<br />

brasileiros. Nós exportamos os modelos<br />

Celta, Classic, Corsa, S-10, Blazer<br />

e Vectra, ou seja, a linha completa da GM.<br />

Os modelos que mais vendemos ao Uruguai<br />

são o Classic e o Celta.<br />

Como a GM avalia a assinatura do<br />

novo acordo automotivo?<br />

Pedro Bentancourt - Para a GM, o<br />

Uruguai não é uma opção, mas sim um<br />

destino. Entendemos que esse país é parte<br />

integrante da nossa estrutura, por isso<br />

não trabalhamos o mercado uruguaio<br />

de maneira diferenciada. Além disso, eu<br />

gostaria de ressaltar que há esforços que<br />

visam ampliar a base fornecedora no<br />

Uruguai. Nós já temos fornecedores que<br />

já vendem para a GM em todo o Mercosul.<br />

A GM tem visão ‘mercosulina’ e não<br />

bilateral. Por isso, vemos que seria interessante<br />

convergir para uma política automotiva<br />

do Mercosul, no qual os fluxo<br />

de comércio não seja contabilizado por<br />

país, mas sim intrabloco. Isso porque essa<br />

é a verdadeira dimensão do setor automotivo.<br />

O senhor acredita que esse acordo<br />

possa ser efetivado em breve?<br />

Pedro Bentancourt - É um desafio.<br />

Mas acho que o novo acordo automotivo,<br />

assinado recentemente entre Brasil e<br />

Uruguai, assim como o que foi assinado<br />

entre Brasil e Argentina, contém cláusulas<br />

que prevê a convergência da política<br />

automotiva no Mercosul. Por isso, estamos<br />

esperançosos de que essa convergência<br />

vai acontecer em breve.<br />

Como fazer para que os investimentos<br />

cresçam no Uruguai após<br />

a assinatura deste acordo automotivo?<br />

Pedro Bentancourt - Há duas questões<br />

que são essenciais: competitividade<br />

por parte do fornecedor e mercado de<br />

escala. O que determina a opção de um<br />

mercado por outro é o mercado de escala<br />

e o nível dos mercados.<br />

A competitividade no Brasil, apesar de satisfatória,<br />

ainda pode melhorar. No caso<br />

do Uruguai, ela ainda é muito incipiente<br />

e, por isso, tem muito espaço para avançar.<br />

Da mesma forma, é compreensível<br />

que o mercado uruguiaio, embora seja<br />

muito atrativo, é proporcional ao tamanho<br />

do país e que acaba agregando uma<br />

entropia na consolidação de uma industria<br />

nacional.<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

43


f i n a n c i a m E n t o<br />

Apostando no Uruguai<br />

BNDES abre escritório no Uruguai e representante do banco fala sobre a importância<br />

do país para as empresas brasileiras<br />

Chefe de Departamento do futuro<br />

escritório do Banco Nacional de<br />

Desenvolvimento Econômico e Social<br />

(BNDES) no Uruguai, Leonardo<br />

Botelho Ferreira afirma que o Uruguai<br />

é um dos principais destinos<br />

de financiamentos do banco para as<br />

empresas brasileiras. Ao todo, foram<br />

destinados, na última década, US$ 85<br />

bilhões, mas, tudo indica que esse volume<br />

subirá para os próximos anos,<br />

sobretudo em razão da demanda por<br />

investimentos em infra-estrutura no<br />

país. Botelho Ferreira conversou com<br />

a Revista da <strong>FCCE</strong> sobre as atividades<br />

do banco no país.<br />

O escrito do BNDES em Montevidéu<br />

será o primeiro do banco fora<br />

do Brasil. Por que a escolha do<br />

Uruguai?<br />

Botelho Ferreira - Isso se dá em razão<br />

de ser a sede do Mercosul e da Aladi,<br />

além de vários outros organismos com<br />

sede por lá. Tudo isso facilitará o desenvolvimento<br />

das relações institucionais do<br />

banco com organismos públicos e privados.<br />

O escritório será aberto no início de<br />

2009.<br />

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Então essa iniciativa é estratégica?<br />

Botelho Ferreira - Sim, com certeza.<br />

A partir deste escritório, a gente vai desenvolver<br />

com todos os países da região.<br />

Em que consistirá o plano de ações<br />

desse escritório do BNDES no<br />

país?<br />

Botelho Ferreira - Na realidade, a<br />

gente vai alavancar, a exemplo de outros<br />

bancos de desenvolvimento do mundo, a<br />

presença das empresas brasileiras no país<br />

e na região do entorno. Lá estaremos


acompanhando e proporcionando facilidades<br />

para os contatos das empresas com<br />

os clientes do Uruguai, seja por intermédio<br />

de serviços, seja por intermédio do<br />

comércio, dentro das linhas de exportação<br />

de bens e serviços brasileiros e também<br />

de financiamento ao investimento<br />

direto no exterior. Estes são os dois produtos<br />

do BNDES mais adequados para a<br />

atuação das nossas empresas no exterior.<br />

Quantas empresas já receberam financiamentos<br />

do BNDES para atuarem<br />

no Uruguai?<br />

Botelho Ferreira - Muitas. O BNDES<br />

já apoiou, no Uruguai, as exportações de<br />

produtos de empresas brasileiras de grande<br />

porte, como a Marco Pólo, operações<br />

de infra-estrutura de construtoras brasileiras,<br />

como a OAS e a Odebrecht. O<br />

setor de engenharia civil é muito competitivo<br />

no Uruguai e as nossas construtoras<br />

têm aproveitado as oportunidades de expansão<br />

dos investimentos em infra-estrutura<br />

que estão ocorrendo no Uruguai.<br />

Como vão os investimentos brasileiros<br />

no setor de construção no<br />

Uruguai?<br />

Botelho Ferreira - Como eu falei, o<br />

Uruguai demanda investimentos em infraestrutura,<br />

em setores como o elétrico, de<br />

saneamento, de transporte e construção<br />

de rodovias, além do abastecimento de<br />

água e o banco está pronto para atender<br />

as necessidades exportadoras brasileiras.<br />

O BNDES já apoiou a construção de uma<br />

nova linha termelétrica do Uruguai, e,<br />

neste ano, o banco está apoiando a OAS<br />

na renovação da infra-estrutura de distribuição<br />

de gás residencial em Montevidéu,<br />

onde toda a tubulação existente na<br />

cidade está sendo trocada.<br />

Em cifras, quanto o BNDES já desembolsou<br />

para investimentos de<br />

empresas brasileiras no Uruguai?<br />

Botelho Ferreira - Nos últimos dez<br />

anos, o BNDES disponibilizou, em financiamentos,<br />

cerca de US$ 85 milhões em investimentos<br />

no Uruguai. É um volume expressivo.<br />

O Uruguai se tornou, nos últimos<br />

anos, um dos principais destinos das exportações<br />

do BNDES. Em termos absolutos,<br />

esse valor é pequeno em comparação a<br />

outros países, mas os financiamentos se dão<br />

Integração latino-americana<br />

em proporção ao tamanho do país. Dentro<br />

da sua proporcionalidade, o Uruguai recebe<br />

mais investimentos do que o Chile e a<br />

Venezuela, por exemplo, o que demonstra<br />

a importância que este país tem tido nos<br />

últimos anos para as empresas brasileiras<br />

de exportação de bens e serviços.<br />

O presidente Luciano Coutinho defendeu que os países da América Latina intensifiquem<br />

seus esforços de integração como forma de ajudar a mitigar os efeitos da<br />

crise financeira internacional sobre suas economias. “A preservação do crescimento<br />

na América Latina é importante para o equilíbrio da economia mundial”, afirmou<br />

durante apresentação na reunião anual do Idea, entidade que reúne os principais representantes<br />

do empresariado e do sistema financeiro argentino. “É preciso mais solidariedade<br />

e mais integração na América Latina”, disse Coutinho durante o encontro<br />

realizado no mês de outubro na cidade de Mar del Plata, na Argentina.<br />

Ao longo de sua exposição, o presidente do BNDES apresentou dados sobre a situação<br />

da economia brasileira e o Banco. Ele afirmou que, apesar da crise, os bancos<br />

públicos brasileiros vem conseguindo atuar de maneira anticíclica para assegurar a<br />

disponibilidade de crédito e garantir a realização de investimentos.<br />

Para Coutinho, o êxito do leilão de rodovias realizado em outubro é exemplo do<br />

resultado dos trabalhos pela integração. Segundo ele, o sucesso da iniciativa é uma<br />

“demonstração inequívoca de que o suporte das instituições públicas viabiliza a realização<br />

de investimentos”.<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

45


H i S t ó r i a<br />

Jorge Caldeira, autor da biografia do Barão de Mauá,<br />

disse que ele foi o maior empresário brasileiro de todos os tempos.<br />

46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Irineu Evangelista de Souza,<br />

o Barão de Mauá<br />

Dique Mauá: construído pelo<br />

brasileiro em 1872, está em operação<br />

até hoje


Mauá: o pioneirismo do capitalismo<br />

brasileiro no Uruguai<br />

Maior empresário do século XIX, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de<br />

Mauá, marcou presença com grandes empreendimentos no Uruguai<br />

Ele tem seu nome em ruas, bairros, cidades, praças por todo o Brasil e<br />

até na ponte que liga o Brasil ao Uruguai. Empreendedor muito a frente<br />

do seu tempo e, para alguns estudiosos, um dos precursores do Mercosul,<br />

Irineu Evangelista de Souza ou, como melhor ficou conhecido, o<br />

Barão de Mauá, é, sem dúvida, um dos personagens mais contundentes<br />

da história brasileira. De fato, quando se pensa em nomes importantes<br />

para se pensar no processo de desenvolvimento da economia brasileira,<br />

a sua importância não pode ser relegada.<br />

Nascido no Rio Grande do Sul em 1813, Evangelista de Souza saiu da<br />

fronteira do Brasil com o Uruguai e foi para o Rio de Janeiro, então capital<br />

do Império. Com nove anos começou a trabalhar como balconista<br />

de loja, onde começou a desenvolver o seu faro para negócios. Dono de<br />

enorme senso de pragmatismo, Mauá apostava na livre iniciativa como<br />

catalisador de riqueza e desenvolvimento. Desse modo, Mauá controlou<br />

oito das dez maiores empresas do país: as restantes eram o Banco do Bra-<br />

sil e a Estrada de Ferro Dom Pedro<br />

II, ambas empreendimentos<br />

estatais, tornando-se, ao 30 anos,<br />

no homem mais rico do Brasil e<br />

dono de uma das maiores fortunas<br />

do mundo na época. Chegou<br />

a controlar dezessete empresas,<br />

com filiais operando em seis países.<br />

Sua fortuna em, 1867, atingiu<br />

o valor de 115 mil contos de réis,<br />

enquanto o orçamento do Império do Brasil para aquele ano contava<br />

apenas com 97 mil contos de réis. “Mauá Foi o maior empresário brasileiro<br />

de todos os tempos, com uma das maiores fortunas do mundo no<br />

séc. XIX”, disse o biógrafo do Barão de Mauá, Jorge Caldeira, autor do<br />

consagrado livro Mauá, Empresário do Império (Companhia das Letras),<br />

em entrevista, por telefone, à Revista da <strong>FCCE</strong>. Para Caldeira, o<br />

seu principal talento de Mauá era estar pronto para olhar o que havia de<br />

novo e fazer de forma diferente.<br />

Mauá no Uruguai<br />

Em meados de 2007, Caldeira viu a relevância da figura de Mauá se<br />

reforçar quando foi informado de que a biografia de sua autoria sobre<br />

o empresário brasileiro seria traduzida para o espanhol e publicada no<br />

Uruguai. Ter o livro publicado no país vizinho representa um movimento<br />

mais do que pertinente. Afinal, foi no Uruguai onde a expansão dos<br />

seus negócios teve grande vulto, fazendo com que Mauá se tornasse o<br />

principal credor do país durante grande parte da segunda metade do<br />

século XIX.<br />

Nesse período, convinha ao governo do então Império do Brasil<br />

“Apesar das condições políticas favoráveis que permitiram<br />

a entrada de Mauá no Uruguai, Mauá<br />

buscou investir no Uruguai por puro pragmatismo.<br />

Isso porque ele via as condições do país vizinho propícias<br />

para investimentos capitalistas”<br />

Jorge Caldeira, biógrafo do Barão de Mauá<br />

manter um comércio regular com o Uruguai em que preponderava, sem dúvida,<br />

a necessidade brasileira de importação do charque, uma vez que a produção<br />

oriunda do Rio Grande do Sul era insuficiente para alimentar a massa escrava<br />

que o movia o sistema produtivo brasileiro. Nesse sentido, se estende a vontade<br />

de manter contatos mais profundos com o Uruguai, principal fonte de abastecimento<br />

de charque para o Brasil.<br />

Os interesses brasileiros se estabeleceram igualmente no domínio das finanças,<br />

mediante empréstimos feitos ao governo do Uruguai. E é dentro dessa política<br />

de maior aproximação com o país platino que entra Mauá, concedendo empréstimos<br />

e promovendo investimentos em diversos setores da economia uruguaia,<br />

da agropecuária (ele possuía 100 mil cabeças de gado no Uruguai) ao controle<br />

das finanças públicas. Na década de 1860, ele obteve do governo uruguaio a concessão<br />

da companhia de distribuição de gás Montevideogas e, em 1872, Mauá<br />

construiu o que seria o primeiro dique seco do Rio da Prata, o Dique Mauá.<br />

Atualmente, a Montevideogas é controlada pela Petrobras e o dique ainda está<br />

em operação. “Apesar das condições políticas<br />

favoráveis que permitiram a entrada<br />

de Mauá no Uruguai, Mauá buscou investir<br />

no Uruguai por puro pragmatismo. Isso<br />

porque ele via as condições do país vizinho<br />

propícias para investimentos capitalistas”,<br />

explicou Caldeira. De acordo com ele,<br />

entre as condições existentes estavam a<br />

necessidade de o Uruguai se reestruturar<br />

financeiramente, após quase duas décadas<br />

de guerra civil (1834-1852) e a existência de mão-de-obra livre no país, fator crucial<br />

para o desenvolvimento do liberalismo econômico, lembrando que Mauá era<br />

um crítico ferrenho da economia de base escravagista do império. Para o escritor, as<br />

relações de comércio entre Brasil e Uruguai e, ainda, com a Argentina (onde Mauá<br />

também tinha negócios) pautada no liberalismo era a chave para o desenvolvimento<br />

da região do Cone Sul. “Não podemos dizer que Mauá idealizou a formação do<br />

Mercosul, mas ele foi, com certeza, um grande defensor da criação de uma zona de<br />

livre comércio. Mauá era um internacionalista e acreditava na globalização muito<br />

antes desse termo ter sido inventado”, disse Caldeira.<br />

Já em relação ao lançamento do seu livro no Uruguai, Caldeira disse estar bastante<br />

satisfeito com a repercussão da biografia de Mauá naquele país. “Já participei<br />

de seminários, concedi entrevistas a jornais e TVs locais. Isso demonstra que a memória<br />

de Mauá ainda permanece viva no Uruguai”, disse. Mauá, Empresário do<br />

Império foi publicado no Brasil pela primeira vez e obra de 557 páginas já vendeu<br />

mais de 156 mil cópias, consagrando-se como uma das mais bem-sucedidas biografias<br />

de personagens históricos brasileiros até hoje. No momento atual, em que<br />

várias empresas brasileiras aportam vultosos investimentos no país platino, lembrar<br />

o pioneirismo de Mauá faz-se, sem dúvida, bastante salutar.<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

47


E l a ç õ E S bi l a t E r a i S<br />

A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias alcançou a relevante<br />

cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este per-<br />

centual se ampliou e registrou 17,6% em 2007.<br />

Intercâmbio Comercial<br />

Brasil – Uruguai<br />

ELABORAÇÃO: DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E<br />

D E S E N VO LV I M E N TO D O C O M É R C I O E X T E R I O R – D E P L A DA<br />

S E C R E TA R I A D E C O M É R C I O E X T E R I O R – S E C E X D O M I N I S T É R I O D O<br />

DESENVOLVIMENTO, INDúSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC.<br />

Comércio Exterior do Uruguai<br />

A economia uruguaia é bastante atrelada aos seus dois<br />

grandes vizinhos e parceiros comerciais, Brasil e Argentina.<br />

No começo dos anos 2000, o crescimento do produto interno<br />

foi bastante afetado pela crise que atingiu estes países, especialmente<br />

o último. Em 2002, o PIB do Uruguai chegou a se<br />

retrair em 11,0%. Nos anos subseqüentes, o país se recuperou<br />

e apresentou crescimento substantivo. Em 2007, o aumento<br />

do PIB uruguaio foi da ordem de 7,4%, ao somar US$ 23,3<br />

bilhões a preços correntes.<br />

O desempenho do comércio externo uruguaio acompanhou<br />

a recuperação de sua economia. Com isso, a corrente<br />

10.000<br />

9.000<br />

8.000<br />

7.000<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

Fonte: OMC<br />

Evolução da Corrente de Comércio do Uruguai<br />

1998 a 2007 – US$ Milhões<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />

48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

de comércio do país chegou à cifra inédita de US$ 10 bilhões<br />

em 2007. As exportações foram de US$ 4,5 bilhões e as importações<br />

de US$ 5,5 bilhões.<br />

O crescimento das exportações e importações do país fez<br />

6.000<br />

5.000<br />

4.000<br />

3.000<br />

2.000<br />

1.000<br />

0<br />

-1.000<br />

-2.000<br />

Fonte: OMC<br />

Evolução da Balança Comercial do Uruguai<br />

1998 a 2007 – US$ Milhões<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />

Exportação Importação Saldo<br />

Importações do Uruguai<br />

Principais Produtos –2007 –US$ Milhões<br />

Importação Total<br />

Bens Intermediários<br />

Bens de Consumo<br />

Bens de Capital<br />

Fonte: Banco Central do Uruguai<br />

Valor<br />

Value<br />

5.589<br />

3.661<br />

1.202<br />

726<br />

%<br />

2007/06<br />

17,0<br />

11,7<br />

24,5<br />

36,5<br />

Part. %<br />

% Share<br />

100,0<br />

65,5<br />

21,5<br />

13,0


com que o resultado da balança comercial, tradicionalmente<br />

deficitária, apresentasse um saldo negativo de US$ 1,0 bilhão<br />

em 2007.<br />

Neste mesmo ano (dados acumulados até novembro), o<br />

principal parceiro comercial nas importações do Uruguai foi<br />

o Brasil, origem de 23,2% das compras do país e soma de<br />

US$ 1,2 bilhão. Em seguida está a Argentina, com participação<br />

de 21,9% e total de US$ 1,1 bilhão. Os Estados Unidos<br />

foram responsáveis por 7,0% das aquisições uruguaias, com<br />

um montante de US$ 359 milhões. Por bloco econômico, a<br />

principal origem das importações foram os países da ALADI,<br />

com participação de 61,2% e total de US$ 3,1 bilhões, seguido<br />

por: Ásia (participação de 15,1% e soma de US$ 771 milhões),<br />

União Européia (10,2% e US$ 520 milhões) e África (0,8%<br />

e US$ 40 milhões).<br />

As compras uruguaias são compostas, principalmente, por<br />

Importações do Uruguai<br />

Principais Mercados Fornecedores –2007/2006(*) –US$ Milhões<br />

Blocos econômicos e<br />

países selecionados<br />

Total<br />

Aladi<br />

Ásia<br />

África<br />

-Mercosul<br />

-Brasil<br />

-Argentina<br />

-Paraguai<br />

-Demais da Aladi<br />

União Européia<br />

Estados Unidos<br />

Demais Países<br />

2007<br />

5.101<br />

3.123<br />

2.327<br />

1.183<br />

1.115<br />

29<br />

796<br />

771<br />

520<br />

359<br />

40<br />

290<br />

Part.%<br />

100,0<br />

61,2<br />

45,6<br />

23,2<br />

21,9<br />

0,6<br />

15,6<br />

15,1<br />

10,2<br />

7,0<br />

0,8<br />

5,7<br />

(*) até novembro<br />

Fonte: Dados do Brasil – MDIC/SECEX; Dados do Uruguai – Banco Central do Uruguai<br />

Exportações do Uruguai<br />

2006<br />

4.424<br />

2.716<br />

1.915<br />

912<br />

979<br />

23<br />

801<br />

539<br />

444<br />

304<br />

170<br />

252<br />

Part.%<br />

100,0<br />

61,4<br />

43,3<br />

20,6<br />

22,1<br />

0,5<br />

18,1<br />

12,2<br />

10,0<br />

Principais Mercados Compradores – 2007/2006 –US$ Milhões<br />

Blocos econômicos e<br />

países selecionados<br />

Total<br />

Aladi<br />

África<br />

-Paraguai<br />

-Demais da Aladi<br />

União Européia<br />

Estados Unidos<br />

Ásia<br />

-Mercosul<br />

-Brasil<br />

-Argentina<br />

Demais Países<br />

2007<br />

4.496<br />

1.740<br />

1.304<br />

786<br />

441<br />

Fonte: Dados do Brasil – MDIC/SECEX; Dados do Uruguai – Banco Central do Uruguai<br />

77<br />

435<br />

832<br />

493<br />

385<br />

149<br />

898<br />

Part.%<br />

100,0<br />

38,7<br />

29,0<br />

17,5<br />

9,8<br />

1,7<br />

9,7<br />

18,5<br />

11,0<br />

8,6<br />

3,3<br />

20,0<br />

2006<br />

3.986<br />

1.377<br />

978<br />

618<br />

302<br />

58<br />

398<br />

675<br />

523<br />

360<br />

182<br />

869<br />

6,9<br />

3,8<br />

5,7<br />

Part.%<br />

100,0<br />

34,5<br />

24,5<br />

15,5<br />

7,6<br />

1,5<br />

10,0<br />

16,9<br />

13,1<br />

9,0<br />

4,6<br />

21,8<br />

Var. %<br />

15,3<br />

15,0<br />

21,5<br />

29,7<br />

13,9<br />

22,7<br />

-0,7<br />

43,0<br />

17,2<br />

18,1<br />

-76,5<br />

15,1<br />

Var. %<br />

12,8<br />

26,4<br />

33,3<br />

27,2<br />

46,1<br />

31,9<br />

9,3<br />

23,3<br />

-5,7<br />

6,9<br />

-18,3<br />

3,3<br />

Exportações do Uruguai<br />

Principais Produtos –2007 –US$ Milhões<br />

Carnes<br />

Outros Produtos Vegetais<br />

Cereais<br />

Têxteis e Confecções<br />

Couros e Peles<br />

Plásticos e Borracha<br />

Madeira e Obras<br />

Produtos Químicos<br />

Minérios<br />

Pescado<br />

Produtos Alimentícios, Bebidas e Tabaco<br />

Material de Transporte<br />

26,2% 24,4% 26,1%<br />

19,3% 21,0% 21,0%<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

124<br />

156<br />

155<br />

24,4% 17,8%<br />

18,5%<br />

197<br />

247<br />

247<br />

237<br />

308<br />

306<br />

343<br />

404<br />

Fonte: Banco Central do Uruguai<br />

14,5% 15,6%<br />

17,6%<br />

21,5% 22,0% 21,3% 23,5%<br />

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />

Fonte: MDIC/SECEX, OMC<br />

1.923<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Participação do Brasil no Comércio Exterior do Uruguai<br />

2000 a 2007<br />

Importação do Uruguai Exportação do Uruguai<br />

Evolução da Corrente de Comércio Brasil / Uruguai<br />

1.316 1.271<br />

1998 / 2007 - US$ Milhões FOB<br />

1.146<br />

897<br />

944<br />

1.193<br />

1.347<br />

1.631<br />

2.075<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />

885<br />

49


E l a ç õ E S bi l a t E r a i S<br />

bens intermediários, 65,5% do total de 2007 e soma de US$<br />

3,7 bilhões. A categoria de bens de consumo é a segunda com<br />

maior participação na pauta, com 21,5% e US$ 1,2 bilhão, seguida<br />

por bens de capital, com 13,0% e US$ 726 milhões.<br />

Quanto às exportações, o Brasil também é o maior destino<br />

das vendas uruguaias, com participação de 17,5% e soma<br />

de US$ 786 milhões em 2007. Já, os Estados Unidos foram<br />

destino de US$ 493 milhões, 11,0% do total. À frente da<br />

Argentina, com US$ 441 milhões e participação de 9,8%. O<br />

maior bloco comprador de produtos uruguaios é a ALADI,<br />

com aquisições de US$ 1,7 bilhão e participação de 38,7%<br />

no total, seguida por: União Européia (part. 18,5% e total de<br />

US$ 832 milhões), Ásia (8,6% e US$ 385 milhões) e África<br />

(3,3% e US$ 149 milhões).<br />

As exportações uruguaias, no mesmo ano, foram compostas<br />

principalmente por: carnes, total de US$ 885 milhões, 19,7%<br />

do total; outros produtos vegetais, US$ 404 milhões, 9,0% da<br />

pauta; cereais, US$ 343 milhões, 7,6%; têxteis e confecções,<br />

US$ 308 milhões, 6,9%; couros e peles, US$ 306 milhões,<br />

6,8%; plásticos e borracha, US$ 247 milhões, 5,5%; madeira<br />

o obras, US$ 247 milhões, 5,5%; produtos químicos US$ 237<br />

milhões, 5,3%; minérios, US$ 197 milhões, 4,4%; pescado,<br />

US$ 156 milhões, 3,5%; produtos alimentícios, bebidas e<br />

tabaco, US$ 155 milhões, 3,4%; e material de transporte,<br />

US$ 124 milhões, 2,8%.<br />

A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias<br />

alcançou a relevante cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor<br />

nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este percentual se ampliou<br />

e registrou 17,6% em 2007. Do lado da importação, o<br />

valor de 23,5% na participação das compras do país é o maior<br />

registrado no comércio bilateral em anos recentes.<br />

Intercâmbio comercial entre Brasil e Uruguai – 2007<br />

O intercâmbio bilateral entre Brasil e Uruguai acompanhou<br />

a escalada do comércio exterior uruguaio nos últimos anos. A<br />

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

1.400<br />

1.200<br />

1.000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

-200<br />

-400<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

1.288<br />

Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Uruguai<br />

1998 / 2007 - US$ Milhões FOB<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007<br />

1.013<br />

Exportação Importação Saldo<br />

Intercâmbio Comercial Brasil / Uruguai<br />

2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />

786<br />

618<br />

502<br />

395<br />

2.074<br />

1.631<br />

Exportação Importação Saldo Corrente de<br />

Comércio<br />

2007 2006<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Ordem<br />

2006 2007<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

31<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Variação % 2007/06:<br />

Exportação: +27,2%<br />

Importação: +27,2%<br />

Corrente de comércio: +27,2%<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

29<br />

Ranking do Uruguai nas Exportações Brasileiras<br />

2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />

Argentina<br />

China<br />

Países Baixos<br />

Alemanha<br />

Venezuela<br />

Itália<br />

Japão<br />

Chile<br />

Uruguai<br />

País<br />

Estados Unidos<br />

Valor<br />

25.065<br />

14.417<br />

10.749<br />

8.841<br />

7.211<br />

4.724<br />

4.464<br />

4.321<br />

4.264<br />

1.288<br />

%<br />

2007/06<br />

2,2<br />

22,8<br />

27,9<br />

53,8<br />

26,7<br />

32,5<br />

16,4<br />

11,0<br />

9,0<br />

27,2<br />

Part %<br />

15,6<br />

9,0<br />

6,7<br />

5,5<br />

4,5<br />

2,9<br />

2,8<br />

2,7<br />

2,7<br />

0,8


partir de 2002, a corrente de comércio cresceu sussecivamente<br />

e atingiu o maior valor histórico em 2007, quando totalizou<br />

US$ 2,1 bilhões, total 27,2% superior ao de 2006.<br />

As exportações brasileiras para o mercado uruguaio se<br />

destacaram ao atingir o valor de US$ 1,3 bilhão no último<br />

ano, crescimento de 27,2% em relação a 2006. As compras<br />

brasileiras de produtos peruanos também apresentaram bom<br />

desempenho ao atingir a soma de US$ 786 milhões, com o<br />

mesmo percentual de aumento das exportações.<br />

O superávit no comércio bilateral foi favorável ao brasil em<br />

US$ 502 milhões em 2007, montante superior ao alcançado<br />

em 2006, de US$ 395 milhões.<br />

O Uruguai foi o vigésimo nono maior destino das exportações<br />

brasileiras, com participação de 0,8% na pauta total<br />

de 2007. Esta colocação é duas posições superior à ocupada<br />

em 2006. Relativamente ao ranking de países de origem das<br />

compras externas nacionais, o país perdeu 12 posições. Atualmente,<br />

o Uruguai ocupa a 34 posição entre os principais<br />

provedores de mercadorias ao Brasil, com uma participação<br />

de 0,7% no total da pauta.<br />

A pauta brasileira de exportação para o Uruguai é majoritáriamente<br />

composta por produtos manufaturados, 88,2%<br />

do total de 2007. A categoria de básicos respondeu por 6,4%<br />

do montante e a de semimanufaturados, por 5,4%. O grupo<br />

dos manufaturados apresentou crescimento de 30,4% no<br />

comparativo 2007/2006, de US$ 871 milhões em 2006, para<br />

US$ 1,1 bilhão em 2007. Os básicos apresentaram aumento<br />

de 21,9% e totalizaram US$ 82 milhões em 2007, enquanto<br />

que os semimanufaturados se retraíram em 3,5%, para US$<br />

69 milhões.<br />

Os principais produtos exportados para o mercado uruguaio,<br />

em 2007, foram: óleos combustíveis (total de US$ 176<br />

milhões e participação na pauta de 13,7%), autopeças (US$ 51<br />

milhões, 4,0%), automóveis (US$ 50 milhões, 3,9%), polímeros<br />

plásticos (US$ 47 milhões, 3,7%), aparelhos transmissores<br />

Exportações Brasileiras para o Uruguai por Fator Agregado<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Ranking do Uruguai nas Importações Brasileiras<br />

2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />

Ordem<br />

2006 2007<br />

1<br />

3<br />

2<br />

4<br />

5<br />

6<br />

9<br />

8<br />

7<br />

22<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

34<br />

China<br />

Argentina<br />

Alemanha<br />

Nigéria<br />

Japão<br />

França<br />

Chile<br />

2007 - PARTICIPAÇÃO %<br />

Op. Especial<br />

Básicos<br />

Manufaturados 2,1%<br />

6,4%<br />

60,3% Básicos<br />

29,6%<br />

Manufaturados<br />

Manufaturados<br />

54,9%<br />

88,2%<br />

Básicos<br />

26,2%<br />

82 68 69 72<br />

Semimanufaturados<br />

5,4%<br />

Exportação Brasileira para o Uruguai por Fator Agregado<br />

Variação % 2007/06:<br />

Básicos: +21,9%<br />

Coréia do Sul<br />

Uruguai<br />

País<br />

Estados Unidos<br />

Semimanufaturados: -3,5%<br />

Manufaturados: +30,4%<br />

Valor<br />

18.722<br />

12.618<br />

10.410<br />

8.675<br />

5.273<br />

4.610<br />

3.525<br />

3.483<br />

3.391<br />

786<br />

2007/2006 -US$ Milhões FOB<br />

1.136<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

871<br />

BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS<br />

2007 2006<br />

%<br />

2007/06<br />

27,7<br />

57,9<br />

29,3<br />

33,4<br />

34,6<br />

20,1<br />

24,2<br />

21,5<br />

9,2<br />

27,2<br />

Part %<br />

15,5<br />

10,5<br />

8,6<br />

7,2<br />

4,4<br />

3,8<br />

2,9<br />

2,9<br />

2,8<br />

0,7<br />

51


E l a ç õ E S bi l a t E r a i S<br />

ou receptores (US$ 39 milhões, 3,0%), veículos de carga (US$<br />

3,4 milhões, 2,6%), mate (US$ 31 milhões, 2,4%), tratores<br />

(US$ 29 milhões, 2,3%), pneumáticos (US$ 22 milhões,<br />

1,7%), produtos laminados planos de ferro ou aço (US$ 20<br />

milhões, 1,6%), máquinas e aparelhos para uso agrícola (US$<br />

20 milhões, 1,6%) e móveis (US$ 19 milhões, 1,5%).<br />

Referente às importações brasileiras de produtos<br />

uruguaios, 64,4% foram compostas por produtos manufaturados.<br />

Esta classe de produtos apresentou aumento de 18,1%<br />

no comparativo 2007/2006 e totalizou US$ 507 milhões no<br />

último ano. Os produtos básicos responderam com 34,3% do<br />

total e somaram US$ 269 milhões ao crescerem em 47,0%<br />

de 2006 para 2007. Os produtos semimanufaturados se expandiram<br />

em 68,5% no mesmo comparativo, para um total<br />

de US$ 10 milhões, o que representou 1,3% da pauta total.<br />

Os principais produtos comprados pelo Brasil do<br />

Uruguai, em 2007, foram: arroz em grãos (total de US$<br />

123 milhões e participação de 15,6% na pauta), embalagens<br />

plásticas (US$ 86 milhões, 10,9%), malte (US$ 73 milhões e<br />

9,3%), borracha em chapas e folhas (US$ 43 milhões, 5,5%),<br />

carne bovina (US$ 34 milhões, 4,3%), misturas de substâncias<br />

odoríficas para alimentos (US$ 31 milhões, 3,9%), trigo<br />

em grãos (US$ 29 milhões, 3,7%), sabões e produtos para<br />

limpeza (US$ 28 milhões, 3,5%), tubos de ferro/aço (US$<br />

17 milhões, 2,2%), carne de ovino (US$ 17 milhões, 2,2%),<br />

cevada em grãos (US$ 16 milhões, 2,1%) e pescado (US$ 15<br />

milhões, 1,9%).<br />

Ao se considerarem as unidades da federação que exportaram<br />

para o Uruguai em 2007, destaca-se a participação do<br />

Estado de São Paulo, que foi responsável por US$ 443 milhões<br />

em exportações para este mercado, representando 34,4%<br />

da pauta total. Os demais principais estados brasileiros que<br />

exportaram para o Uruguai foram: Rio Grande do Sul (US$<br />

353 milhões, participação de 27,4% no total), Paraná (US$<br />

114 milhões, 11,2%), Santa Catarina (US$ 103 milhões,<br />

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Principais Produtos Exportados pelo Brasil para o Uruguai<br />

Óleos Combustíveis<br />

Importações Brasileiras do Uruguai por Fator Agregado<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

269<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Autopeças<br />

Automóveis<br />

Polímeros Plásticos<br />

Apars. Trans./Receptores<br />

Veículos de carga<br />

Mate<br />

Tratores<br />

Pneumáticos<br />

Laminados Planos<br />

Máqs. p/ Uso Agrícola<br />

Móveis<br />

2007 - Participação %<br />

Manufaturados<br />

64,4%<br />

183<br />

10<br />

Básicos<br />

34,3%<br />

Semimanufaturados<br />

1,3%<br />

Importação Brasileira do Uruguai por Fator Agregado<br />

Variação % 2007/06:<br />

Básicos: +47,0%<br />

Semimanufaturados: +68,5%<br />

Manufaturados: +18,1%<br />

2007 - US$ Milhões FOB<br />

22<br />

20<br />

20<br />

19<br />

34<br />

31<br />

29<br />

39<br />

51<br />

50<br />

47<br />

2007/2006 - US$ Milhões FOB<br />

6<br />

507<br />

429<br />

BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS<br />

2007 2006<br />

176<br />

Fonte: MDIC/SECEX


8,0%), Rio de Janeiro (US$ 84 milhões, 6,5%), Minas Gerais<br />

(US$ 50 milhões, 3,9%) e Bahia (US$ 40 milhões, 3,1%). As<br />

demais unidades da federação que realizaram vendas ao país<br />

respoderam por 5,5% do total e somaram US$ 71 milhões.<br />

Já, do lado das importações, o Rio Grande do Sul foi<br />

o estado que realizou o maior volume de compras de produtos<br />

uruguaios, soma de US$ 194 milhões e participação de 24,7%<br />

na pauta total. Em seguida, encontran-se entre os principais<br />

estados: São Paulo (US$ 171 milhões, 21,7%), Santa Catarina<br />

(US$ 150 milhões, 19,1%), Rio de Janeiro (US$ 41 milhões,<br />

5,2%), Amazonas (US$ 40 milhões, 5,1%), Mato Grosso do<br />

Sul (US$ 40 milhões, 5,1%), Minas Gerais (US$ 31 milhões,<br />

3,9%), Espírito Santo (US$ 30 milhões, 3,8%) e Paraná (US$<br />

28 milhões, 3,6%).<br />

No ano de 2007, 4.326 empresas brasileiras exportaram<br />

para o Uruguai. Este número significou um decréscimo de<br />

0,3%, 11 empresas em termos absolutos, em relação ao<br />

ano anterior, quando 4.337 empresas exportaram para este<br />

mercado. O número de compradores nacionais de produtos<br />

uruguaios aumentou, no comparativo 2007/2006, ao passar<br />

de 1.230 para 1.321 empresas, aumento de 91 empresas ou<br />

7,4% a mais.<br />

Principais Estados Brasileiros Exportadores para o Uruguai<br />

Bahia; 3,1<br />

Minas Gerais;<br />

3,9<br />

Demais; 5,5<br />

Rio de<br />

Janeiro; 6,5<br />

Santa<br />

Catarina; 8,0<br />

Paraná; 11,2<br />

2007 - Participação %<br />

São<br />

Paulo;<br />

34,4<br />

Rio Grande<br />

do Sul;<br />

27,4<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Principais Produtos Importados pelo Brasil do Uruguai<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

Principais Estados Brasileiros Importadores do Uruguai<br />

Paraná; 3,6<br />

Espírito Santo;<br />

3,8<br />

Minas Gerais;<br />

3,9<br />

Mato Grosso do<br />

Sul; 5,1<br />

Amazonas; 5,1<br />

Rio de Janeiro;<br />

5,2<br />

Demais; 7,9<br />

2007 - US$ Milhões FOB<br />

Arroz<br />

Embalagens Plásticas<br />

Malte<br />

Borracha em Chapas e Folhas<br />

Carne Bovina<br />

Misturas Odoríficas p/ Alimentos<br />

Trigo<br />

Sabões e Prods. de Limpeza<br />

Tubos de Ferro/Aço<br />

Carne de Ovino<br />

Cevada<br />

Pescado<br />

2007 - Participação %<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

'<br />

Santa<br />

Catarina;<br />

19,1<br />

17<br />

17<br />

16<br />

15<br />

34<br />

31<br />

29<br />

28<br />

Rio Grande<br />

do Sul; 24,7<br />

43<br />

São Paulo;<br />

21,7<br />

73<br />

86<br />

Fonte: MDIC/SECEX<br />

123<br />

53


c u r t a S c u r t a S<br />

Brasil e Uruguai derrubam<br />

limite de vôos entre<br />

si<br />

As ligações aéreas entre<br />

Brasil e Uruguai, antes limitadas<br />

a 43 vôos semanais<br />

de ida e volta, agora são<br />

irrestritas, informou hoje a<br />

Agência Nacional de Aviação<br />

Civil (Anac). Segundo o órgão,<br />

esse foi o resultado da<br />

renegociação do acordo bilateral<br />

firmado com a autoridade<br />

aeronáutica uruguaia.<br />

Os vôos não regulares, como<br />

os charter, também serão<br />

ilimitados, bastando que haja<br />

capacidade aeroportuária e<br />

de tráfego aéreo. Atualmente,<br />

são realizados 21 vôos<br />

semanais por empresas brasileiras,<br />

Gol e TAM, e outros<br />

21 vôos pela uruguaia Pluna.<br />

O aumento da capacidade<br />

prevê a elevação da demanda<br />

no futuro. Segundo a Anac,<br />

o Uruguai é o terceiro país<br />

da América do Sul que mais<br />

recebe passageiros vindos<br />

do Brasil: foram 147 mil<br />

em 2007.<br />

Economia uruguaia<br />

cresce 13,1% no 1º semestre<br />

54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

A economia do Uruguai<br />

expandiu-se em 13,1% no<br />

primeiro semestre de 2008<br />

sobre igual período do ano<br />

passado, impulsionada pela<br />

produção de uma fábrica<br />

de celulose, informou o<br />

governo nesta sexta-feira. O<br />

Produto Interno Bruto (PIB)<br />

subiu 4,6% no segundo<br />

trimestre sobre o primeiro,<br />

acrescentou o banco central<br />

do país. Para este ano, o governo<br />

prevê um crescimento<br />

superior a 6,5%, apesar do<br />

ministro da Economia ter<br />

dito dias atrás que o país<br />

pode chegar a um crescimento<br />

maior que 8%.<br />

Uruguai anuncia novo<br />

ministro da Economia<br />

O presidente do Uruguai,<br />

Tabaré Vázquez, anunciou<br />

em agosto que o novo<br />

ministro da Economia do<br />

país será Alvaro Garcia, atual<br />

presidente da Corporação<br />

Nacional de Desenvolvimento.<br />

“Não haverá mudanças na<br />

gestão da política econômica<br />

do país”, disse Vázquez<br />

durante entrevista coletiva.<br />

Garcia vai substituir Danilo<br />

Astori, que está no cargo<br />

desde março de 2005.<br />

Uruguai isenta turistas<br />

de taxas<br />

O Governo do Uruguai<br />

quer isentar de taxas quem<br />

chegue ao país de barco ou<br />

avião no próximo Verão.<br />

A decisão anunciada pela<br />

vice-ministra de Turismo<br />

e Desporto, Liliam Kechi-<br />

chian, deve-se ao peso do<br />

turista estrangeiro no PIB<br />

nacional e à necessidade de<br />

driblar a crise económica<br />

mundial, que retirou muitos<br />

visitantes este ano, sobretudo<br />

brasileiros.<br />

Segundo o jornal La Nación,<br />

a decisão deve vingar<br />

nos portos de Montevideu<br />

e Colónia e nos aeroportos<br />

de Punta del Este e Carrasco<br />

(Montevideu), onde por<br />

exemplo se paga 31 dólares<br />

de taxas. As entradas terrestres<br />

estão excluídas do<br />

plano. “A medida ajudará ao<br />

desenvolvimento e competitividade<br />

da região. Peço aos<br />

operadores turísticos muita<br />

responsabilidade na fixação<br />

de preços”, frisou Kechichian<br />

ao jornal uruguaio.<br />

Petrobras está entre<br />

as dez empresas mais<br />

admiradas do país<br />

A revista Carta Capital<br />

promoveu na noite do dia 20<br />

de outubro, em São Paulo,<br />

a cerimônia de entrega do<br />

prêmio “As Empresas Mais<br />

Admiradas no Brasil”, que<br />

está em sua 11ª edição. O<br />

executivo Alexandre Quintão,<br />

da área de Relacionamento<br />

com Investidores<br />

da Petrobras, recebeu os<br />

prêmios conquistados pela<br />

Companhia em duas categorias:<br />

terceiro lugar no<br />

ranking das “Dez Mais” e<br />

empresa reconhecida como<br />

a mais admirada em relação<br />

ao compromisso com o país<br />

e com a solidez financeira.<br />

A Petrobras Distribuidora<br />

também saiu vitoriosa na


c u r t a S<br />

categoria “Distribuidora de<br />

Combustíveis” e foi representada<br />

por seu presidente,<br />

José Eduardo Dutra.<br />

O evento contou com as<br />

participações do presidente<br />

da República, Luiz Inácio<br />

Lula da Silva, dos ministros<br />

Fernando Haddad (Educação),<br />

Miguel João Jorge<br />

Filho (Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior),<br />

Patrus Ananias (Desenvolvimento<br />

Social), Tarso<br />

Genro (Justiça), Paulo Vanucchi<br />

(Secretaria Especial<br />

de Direitos Humanos da<br />

Presidência da República),<br />

dos governadores Ana Júlia<br />

Carepa (PA), Aécio Neves<br />

(MG) e Jaques Wagner (BA),<br />

além de representantes do<br />

empresariado brasileiro.<br />

Cai superávit comercial<br />

nos nove primeiros<br />

meses de 2008<br />

De janeiro a setembro<br />

de 2008 (189 dias úteis), o<br />

saldo comercial brasileiro<br />

somou US$ 19,656 bilhões<br />

(média diária de US$ 104<br />

milhões). Pela média diária,<br />

o superávit comercial ficou<br />

36,8% menor que o registrado<br />

no mesmo período<br />

do ano passado (US$ 164,6<br />

milhões).<br />

Nos nove primeiros<br />

meses de 2008, foram<br />

registradas exportações de<br />

US$ 150,868 bilhões, com<br />

média diária de US$ 798,2<br />

milhões, um incremento de<br />

28,7% sobre o desempenho<br />

médio diário dos embarques<br />

internacionais, no mesmo<br />

José Gabrielli, presidente da Petrobras: a empresa está entre as 10 mais admiradas do Brasil<br />

período de 2007 (US$ 620,2<br />

milhões).<br />

De janeiro a setembro,<br />

foram observadas<br />

exportações recordes, para<br />

período de nove meses, de<br />

produtos das três categorias:<br />

manufaturados (US$<br />

70,233 bilhões), básicos<br />

(US$ 55,940 bilhões) e<br />

semimanufaturados (US$<br />

20,699 bilhões). Em relação<br />

aos primeiros nove meses de<br />

2007, as vendas internacionais<br />

de básicos cresceram<br />

51,1%, as de semimanufaturados<br />

29,2%, e as de<br />

manufaturados 13,6%.<br />

Na mesma comparação<br />

de períodos, observou-se<br />

um crescimento de<br />

52,4% nas importações brasileiras<br />

que saíram de uma<br />

média diária de US$ 455,6<br />

milhões nos primeiros nove<br />

meses de 2007 para US$<br />

694,2 milhões no mesmo<br />

período de 2008. As impor-<br />

tações no ano somaram US$<br />

131,2 bilhões.<br />

Nos nove primeiros<br />

meses de 2008, houve crescimento<br />

das importações<br />

de produtos em todas as<br />

categorias em relação ao<br />

mesmo período de 2007:<br />

combustíveis e lubrificantes<br />

(+78,2%), bens de capital<br />

(+50,0%), bens de consumo<br />

(+47,0%) e matériasprimas<br />

e intermediários<br />

(+46,5%).<br />

Drawback Verde-Amarelo<br />

é regulamentado<br />

Foi publicada, no<br />

dia 19 de setembro, a Portaria<br />

Conjunta nº 1.460, de 18<br />

de setembro de 2008, que<br />

regulamenta o Drawback<br />

Verde-Amarelo. A publicação<br />

saiu no Diário Oficial da<br />

União (DOU). O documento<br />

é assinado pelo Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior<br />

(MDIC) e a Receita Federal,<br />

que divulgaram o novo<br />

sistema ontem, durante<br />

entrevista coletiva realizada<br />

no MDIC.<br />

O instrumento entra<br />

em vigor a partir de 1º<br />

de outubro, quando exportadores<br />

brasileiros poderão<br />

pedir a suspensão de tributos<br />

federais – Imposto sobre<br />

Produtos Industrializados<br />

(IPI), Programa de Integração<br />

Social (PIS) e Contribuição<br />

para o Financiamento da<br />

Seguridade Social (Cofins)<br />

– para a compra de insumos<br />

nacionais destinados a produção<br />

de bens exportáveis.<br />

Para usufruir do<br />

benefício, os exportadores<br />

deverão fazer o pedido diretamente<br />

à Secretaria de<br />

Comércio Exterior (Secex)<br />

do MDIC, conforme especificações<br />

que estarão contidas<br />

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

55


Federação das Câmaras de Comércio Exterior<br />

Foreign Trade Chambers Federation<br />

Fédération des Chambres de Commerce Extérieur<br />

Federación de las Cámaras de Comercio Exterior<br />

Conselho Superior<br />

MembrosVitalícios<br />

56 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r U g U a i<br />

Antônio Delfim Netto<br />

Benedicto Fonseca Moreira<br />

Bernardo Cabral<br />

Carlos Geraldo Langoni<br />

Ernane Galvêas<br />

Giulite Coutinho<br />

Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)<br />

José Carlos Fragoso Pires<br />

Laerte Setúbal Filho<br />

Milton Cabral<br />

Paulo D’Arrigo Vellinho<br />

Paulo Pires do Rio<br />

Paulo Tarso Flecha de Lima<br />

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança<br />

Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)

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