Encarnação, Infância e Nascimento de Jesus
Encarnação, Infância e Nascimento de Jesus Encarnação, Infância e Nascimento de Jesus
Jesus, estreitamente apertado nos paninhos, dirige-se a nós e convida a nos unirmos estreitamente a Ele pelos doces vínculos do amor; e voltando-se a seu Pai eterno, diz-lhe: Meu Pai, os homens abusaram de sua liberdade e, revoltando-se contra vós, tornaram-se escravos do pecado; para expiar a sua desobediência consinto em ser ligado e apertado nestes panos. Nesse estado, faço-vos o sacrifício de minha liberdade, a fim de que o homem seja libertado da escravidão do demônio. Aceito estes panos; são-me caros, e tanto mais caros porque representam as cordas com as quais me ofereço a ser um dia atado e conduzido à morte para a salvação dos homens. Os seus vínculos, os de Jesus, são ligadura salutar para curar as chagas de nossa alma. — Meu Jesus, quisestes pois ser ligado em paninhos por amor de mim. Ó divina caridade, direi com S. Lourenço Justiniano, só tu pudeste fazer meu Deus meu prisioneiro. — E eu, Senhor, recusaria ainda deixarme unir a vós por vosso santo amor? teria ainda a triste coragem de romper vossas doces e amáveis cadeias, e isso, para tornar-me escravo do inferno? Meu Jesus, estais ligado no presépio por meu amor; quero permanecer sempre preso a vós. S. Maria Madalena de Pazzi dizia que esses panos significam para nós a firme resolução de nos unirmos a Deus pelos laços do amor e de nos desapegarmos de tudo que não é Deus. Para esse mesmo fim, como é evidente, e para ver as almas diletas enlaçadas pelos vínculos de seu amor, é que nosso amantíssimo Jesus quis ficar nos altares como ligado e preso sob as espécies do Santíssimo Sacramento. Afetos e Súplicas. Querido Menino, como poderia eu temer os vossos castigos quando vos vejo enfaixado, privado, por assim dizer, do poder de levantar a mão para punir-me? Com isso dais-me a entender que não tendes a intenção de castigar-me, se eu qui- 184
ser sacudir o jugo de minhas paixões e prender-me a vós. Sim, meu Jesus, quero libertar-me dele. Arrependo-me profundamente de me haver separado de vós abusando da liberdade que me destes. Ofereceis-me uma outra liberdade, uma liberdade mais bela, e que me deve livrar das cadeias do demônio e colocar-me no número dos filhos de Deus. Deixastes-vos aprisionar nesses paninhos humildes por seu amor; quero ser prisioneiro do vosso grande amor. Ó felizes cadeias, belos laços de salvação, que prendeis as almas a Deus, vinculai também meu pobre coração; cingi-o tão fortemente que não possa mais separar-me do amor desse bem supremo. Meu Jesus, amovos, uno-me a vós, dou-vos todo o meu coração, toda a minha vontade. Meu amado Senhor, estou resolvido a nunca mais deixar-vos. Ah! meu doce Salvador, vós que, para apagar minhas dívidas, quisestes não só vos deixar enfaixar por vossa santa Mãe, mas também ser maltratado como um criminoso pelos algozes e nesse estado arrastar-vos pelas ruas de Jerusalém para serdes em fim conduzido à morte como um inocente cordeiro que se leva ao matadouro; vós que quisestes ser pregado na cruz e que não deixastes senão com a vossa morte, eu vos conjuro, não permitais tenha eu ainda a infelicidade de separar-me de vós e de me ver privado da vossa graça e do vosso amor. Ó Maria, que outrora enfaixastes em paninhos o vosso Filho inocente, prendei também a mim pecador, prendei-me a Jesus, a fim que não mais me afaste de seus pés, que viva sempre preso a Ele e que morra unido a Ele, para ter a felicidade de entrar um dia na pátria bem-aventurada, onde estarei fora do perigo e do temor de separar-me ainda de seu santo amor. 185
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<strong>Jesus</strong>, estreitamente apertado nos paninhos, dirige-se a<br />
nós e convida a nos unirmos estreitamente a Ele pelos doces<br />
vínculos do amor; e voltando-se a seu Pai eterno, diz-lhe: Meu<br />
Pai, os homens abusaram <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong> e, revoltando-se<br />
contra vós, tornaram-se escravos do pecado; para expiar a sua<br />
<strong>de</strong>sobediência consinto em ser ligado e apertado nestes panos.<br />
Nesse estado, faço-vos o sacrifício <strong>de</strong> minha liberda<strong>de</strong>, a fim<br />
<strong>de</strong> que o homem seja libertado da escravidão do <strong>de</strong>mônio. Aceito<br />
estes panos; são-me caros, e tanto mais caros porque<br />
representam as cordas com as quais me ofereço a ser um dia<br />
atado e conduzido à morte para a salvação dos homens.<br />
Os seus vínculos, os <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>, são ligadura salutar para<br />
curar as chagas <strong>de</strong> nossa alma. — Meu <strong>Jesus</strong>, quisestes pois<br />
ser ligado em paninhos por amor <strong>de</strong> mim. Ó divina carida<strong>de</strong>,<br />
direi com S. Lourenço Justiniano, só tu pu<strong>de</strong>ste fazer meu<br />
Deus meu prisioneiro. — E eu, Senhor, recusaria ainda <strong>de</strong>ixarme<br />
unir a vós por vosso santo amor? teria ainda a triste coragem<br />
<strong>de</strong> romper vossas doces e amáveis ca<strong>de</strong>ias, e isso, para<br />
tornar-me escravo do inferno? Meu <strong>Jesus</strong>, estais ligado no presépio<br />
por meu amor; quero permanecer sempre preso a vós.<br />
S. Maria Madalena <strong>de</strong> Pazzi dizia que esses panos significam<br />
para nós a firme resolução <strong>de</strong> nos unirmos a Deus pelos<br />
laços do amor e <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>sapegarmos <strong>de</strong> tudo que não é<br />
Deus. Para esse mesmo fim, como é evi<strong>de</strong>nte, e para ver as<br />
almas diletas enlaçadas pelos vínculos <strong>de</strong> seu amor, é que<br />
nosso amantíssimo <strong>Jesus</strong> quis ficar nos altares como ligado e<br />
preso sob as espécies do Santíssimo Sacramento.<br />
Afetos e Súplicas.<br />
Querido Menino, como po<strong>de</strong>ria eu temer os vossos castigos<br />
quando vos vejo enfaixado, privado, por assim dizer, do<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> levantar a mão para punir-me? Com isso dais-me a<br />
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