Encarnação, Infância e Nascimento de Jesus
Encarnação, Infância e Nascimento de Jesus Encarnação, Infância e Nascimento de Jesus
II PARTE Meditações para o tempo do Advento e Natal. MEDITAÇÃO I. MEDITAÇÕES PARA OS DIAS DO ADVENTO ATÉ A NOVENA DO NATAL Et incarnatus est de Spiritu Sancto... Et homo factus est. Ele se encarnou pela virtude do Espírito Santo, e se fez homem (Simb.) Considera que Deus criou o primeiro homem para ser por ele servido e amado sobre a terra e para esse fim o enriqueceu de luzes e graças. Mas o homem ingrato revoltou-se contra Deus, recusou-lhe a obediência que lhe devia por justiça e reconhecimento; e em castigo da sua rebelião, esse infeliz se viu com toda a sua posteridade privado da graça de Deus e excluído para sempre do paraíso. Em conseqüência desse pecado perderam-se todos os homens. Envoltos nas mais espessas trevas, viviam todos na sombra da morte. O demônio os dominava, e o inferno devorava continuamente multidão inumerável da vítimas. À vista do estado miserável a que estavam reduzidos, Deus se compadeceu e resolveu salvá-los. Mas como? Não enviará um anjo, um serafim; mas para manifestar ao mundo o amor imenso que tem a esses ingratos vermes, enviará seu 118
próprio Filho para se fazer homem e revestir-se da carne dos pecadores. Com seus sofrimentos em com sua morte, o Verbo encarnado satisfará à divina justiça pelos pecados dos homens e libertá-los-á assim da morte eterna; e reconciliando-os com seu Pai, lhes obterá a graça divina e os tornará dignos de entrar no reino celeste. Considera aqui, dum lado, os males extremos em que o pecado precipita a alma privando-a da amizade de Deus e do paraíso, e condenando-a a uma eternidade de penas. Doutro lado considera o amor infinito que Deus nos mostrou na grande obra da encarnação do Verbo: o unigênito Filho de Deus virá pois sacrificar sua vida pela mão dos carrascos; morrerá numa cruz, num abismo de dores e ignomínias, para nos obter o perdão dos nossos pecados e a salvação eterna. Ao contemplar esse grande mistério e esse excesso de amor de Deus, cada um deveria exclamar: Ó bondade infinita! ó misericórdia infinita! ó amor infinito! um Deus fez-se homem para morrer por mim! Afetos e Súplicas. Mas como é possível, ó meu Jesus, que eu tenha tantas vezes renovado voluntariamente com os ultrajes que cometi contra vós, essa horrível ruína causada pelo pecado e reparada com a vossa morte? Custou-vos tanto o salvar-me; e eu tantas vezes quis perder-me, perdendo a vós, o Bem infinito! Uma coisa reanima a minha confiança: vós dissestes que, quando o pecador, que vos voltou as costas, se converte, não deixais de abraçá-lo: Convertei-vos a mim... e eu me voltarei a vós. Dissestes ainda: Se alguém me abrir a porta, entrarei nele. Eisme, Senhor, sou um desses rebeldes, um ingrato e traidor, que vos voltou muitas vezes as costas e vos expulsou de sua alma; mas hoje arrependo-me do fundo do coração de vos haver assim ultrajado e desprezado a vossa graça. Arrependo-me, e amo-vos sobre todas as coisas. Está aberta a porta do meu 119
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II PARTE<br />
Meditações<br />
para o tempo do Advento e Natal.<br />
MEDITAÇÃO I.<br />
MEDITAÇÕES<br />
PARA OS DIAS DO ADVENTO<br />
ATÉ A NOVENA DO NATAL<br />
Et incarnatus est <strong>de</strong> Spiritu Sancto...<br />
Et homo factus est.<br />
Ele se encarnou pela virtu<strong>de</strong> do Espírito<br />
Santo, e se fez homem (Simb.)<br />
Consi<strong>de</strong>ra que Deus criou o primeiro homem para ser por<br />
ele servido e amado sobre a terra e para esse fim o enriqueceu<br />
<strong>de</strong> luzes e graças. Mas o homem ingrato revoltou-se contra<br />
Deus, recusou-lhe a obediência que lhe <strong>de</strong>via por justiça e reconhecimento;<br />
e em castigo da sua rebelião, esse infeliz se viu<br />
com toda a sua posterida<strong>de</strong> privado da graça <strong>de</strong> Deus e excluído<br />
para sempre do paraíso. Em conseqüência <strong>de</strong>sse pecado<br />
per<strong>de</strong>ram-se todos os homens. Envoltos nas mais espessas<br />
trevas, viviam todos na sombra da morte. O <strong>de</strong>mônio os dominava,<br />
e o inferno <strong>de</strong>vorava continuamente multidão inumerável<br />
da vítimas.<br />
À vista do estado miserável a que estavam reduzidos,<br />
Deus se compa<strong>de</strong>ceu e resolveu salvá-los. Mas como? Não<br />
enviará um anjo, um serafim; mas para manifestar ao mundo o<br />
amor imenso que tem a esses ingratos vermes, enviará seu<br />
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