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Ensino Tamanduateí Utopia de um Rio Urbano tfg Danilo Zamboni ...

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parque dom pedro ii<br />

Para finalizar esta estensa parte <strong>de</strong>scritiva<br />

a que submeti vocês, gostaria <strong>de</strong><br />

falar <strong>um</strong> pouco <strong>de</strong>ste lugar que é talvez<br />

<strong>um</strong> dos principais neste trabalho e <strong>de</strong><br />

mais complexa compreensão; o Parque<br />

Dom Pedro II. Não quero me aprofundar<br />

<strong>de</strong>mais na história <strong>de</strong> sua formação<br />

para não repetir muito do que fui falando<br />

em digressões nos capítulos anteriores<br />

do trabalho, mas falar daquilo<br />

que ele se tornou e que <strong>de</strong>veria ser.<br />

Este parque é a extensão natural<br />

das planícies do Brás, Pari e Mooca,<br />

atravessando a Várzea do Carmo até<br />

encontrar a colina histórica e a baixada<br />

do Glicério, parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> mesmo complexo.<br />

A rua 25 <strong>de</strong> Março era o porto<br />

da cida<strong>de</strong>, seu limite acessado pelas la<strong>de</strong>iras,<br />

como a sugestiva ‘Porto Geral’<br />

já apontava. Era natural, portanto, que<br />

o parque pertencesse mais ao Brás que<br />

ao centro, fosse <strong>um</strong>a continuida<strong>de</strong> no<br />

tecido, <strong>um</strong>a ação integradora que ao<br />

drenar a várzea alagadiça do <strong>Tamanduateí</strong>,<br />

aproximasse os bairros, não o<br />

contrário. O interesse que prevaleceu,<br />

porém, foi a utilização <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong><br />

vazio urbano que se viu disponível<br />

para isolar duas partes antagônicas da<br />

cida<strong>de</strong>; o palco das elites e os bairros<br />

operários. Os diversos planos urbanísticos<br />

para o parque terminavam<br />

sempre em meias implantações, justificadas<br />

pela falta <strong>de</strong> recursos, troca<br />

<strong>de</strong> gestão, etc, sempre simulando alg<strong>um</strong>a<br />

dificulda<strong>de</strong> maior quando na<br />

verda<strong>de</strong> o interesse era não terminar.<br />

O resultado hoje foi aquele que<br />

constatei nas visitas; <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> vazio<br />

urbano sem aparente solução. E<br />

<strong>de</strong> fato, o Parque Dom Pedro é <strong>um</strong><br />

problema muito maior do que eu po<strong>de</strong>ria<br />

resolver sozinho. Quanto mais<br />

tentava me aproximar <strong>de</strong> respostas,<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r seu funcionamento<br />

para po<strong>de</strong>r propor alg<strong>um</strong>a coisa, mais<br />

me <strong>de</strong>parava com a noção <strong>de</strong> que era<br />

impossível fazê-lo rapidamente, a falta<br />

<strong>de</strong> dados, pesquisas, estudos que ainda<br />

precisaria fazer para entendê-lo. Seria<br />

necessário estudá-lo muito mais a fundo<br />

do que tinha me proposto para tentar<br />

não falar bobagens. Justamente por<br />

isso, por reunir ao seu redor usos incrivelmente<br />

distintos e diversifcados,<br />

mutantes, conflitantes e tantas realida<strong>de</strong>s.<br />

Qualquer interesse que prevaleça,<br />

qualquer abordagem será sempre<br />

implantada em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras<br />

tantas. Tenho noção <strong>de</strong> que minha<br />

resposta ao problema foi muito simplista,<br />

é resultado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a observação<br />

curta e <strong>de</strong>spretensiosa das visitas em<br />

que estava preocupado em <strong>de</strong>senhar,<br />

mas que tenta mostrar <strong>um</strong>a preocupação<br />

sensível com o espaço urbano.<br />

Parece contraditório colocar nestes<br />

termos mas quero ressaltar que tudo<br />

isso foi feito sobre <strong>um</strong>a impressão, retomando<br />

aqueles conceitos do começo<br />

do trabalho, <strong>de</strong> alguém que gostaria <strong>de</strong><br />

ver <strong>um</strong> cenário i<strong>de</strong>al, não focado nas<br />

reais e profundas <strong>de</strong>mandas sociais e<br />

estruturais da cida<strong>de</strong>. Creio que o trabalho<br />

até aqui dá <strong>um</strong>a noção clara do<br />

que estou querendo dizer, que esta é<br />

<strong>um</strong>a compilação mais solta <strong>de</strong> idéias<br />

a respeito do que eu gostaria que fossem<br />

os espaços urbanos <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O Parque Dom Pedro é <strong>um</strong>a ilha,<br />

isolada em diversos pontos que merecem<br />

atenção. Se entre o Pari, a foz do<br />

Anhangabaú e o Mercado Municipal<br />

alg<strong>um</strong>as quadras hoje <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

baixa fossem removidas, <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong><br />

área se abriria integrando <strong>de</strong> forma<br />

surpreen<strong>de</strong>nte estes sistemas <strong>de</strong> espaço<br />

público n<strong>um</strong> complexo muito<br />

maior. Estariam conectados como<br />

continuida<strong>de</strong> do parque linear pelos<br />

dois lados, seriam no todo, <strong>um</strong> só, com<br />

seus alargamentos e peculiarida<strong>de</strong>s.<br />

E como <strong>um</strong>a só coisa, respon<strong>de</strong>riam<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a mesma forma às questões urbanas<br />

e à proximida<strong>de</strong> do rio. Lagos,<br />

gran<strong>de</strong>s áreas ver<strong>de</strong>s e travessias bem<br />

estruturadas são alg<strong>um</strong>as das principais<br />

características das intervenções.<br />

165<br />

N<strong>um</strong> impulso, gostaria <strong>de</strong> ter<br />

alagado todo o pátio do Pari ou mesmo<br />

o Parque Dom Pedro, fazendo <strong>um</strong><br />

gran<strong>de</strong> complexo fluvial que exagerasse<br />

as características <strong>de</strong> <strong>um</strong>a cida<strong>de</strong><br />

portuária, seria mais <strong>um</strong>a crítica (válida)<br />

que <strong>um</strong>a solução realmente funcional.<br />

De qualquer forma creio que<br />

esta intervenção não caberia n<strong>um</strong>a<br />

cida<strong>de</strong> tão carente <strong>de</strong> espaços públicos<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> quanto é São Paulo.<br />

Preferi tentar abordar estes dois aspectos<br />

simultaneamente, já que o rio<br />

não po<strong>de</strong> existir sem seus espaços <strong>de</strong><br />

alagamento, estes gran<strong>de</strong>s lagos <strong>de</strong><br />

controle do vol<strong>um</strong>e tanto nas cheias<br />

quanto nas secas. E no parque proponho<br />

extamente isso, que o rio seja<br />

<strong>de</strong>slocado para o lado mais próximo<br />

da colina e se alargue até formar <strong>um</strong><br />

enorme espelho d’água alinhado com<br />

o pátio do Colégio, e <strong>de</strong>pois outro na<br />

altura da Rangel Pestana, na la<strong>de</strong>ira do<br />

Carmo e baixada do Glicério, servindo<br />

como portos, áreas <strong>de</strong> manobra e lazer.<br />

O espelho d’água é <strong>de</strong>limitado<br />

pelas travessias mais marcantes <strong>de</strong>ste<br />

trecho do parque, a rua do Gasômetro<br />

e a rua Maria Domitila, que seriam a<br />

continuação visual do Pátio do Colégio<br />

caso a rua Floriano Peixoto tivesse<br />

continuação até o parque, saindo ambas<br />

da confluência da casa das Retortas.<br />

Este binômio Retortas-Pátio do<br />

Colégio representa bem esta separação<br />

que a cida<strong>de</strong> até hoje vive, <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

centro bem cuidado sobre a colina e<br />

<strong>um</strong>a instalação industrial que esteve<br />

por muito tempo abandonada. Quem<br />

vem do Brás, portanto, encontraria<br />

gran<strong>de</strong>s porções <strong>de</strong> parque estruturadas<br />

entre as diversas travessias e<br />

acessos entre os diversos equipamentos<br />

dispostos no espaço. Próximo à<br />

meta<strong>de</strong> do caminho, seria possível<br />

ver o gran<strong>de</strong> lago, e com ele o reflexo<br />

do skyline da cida<strong>de</strong>, tendo ao fundo<br />

a colina histórica e a gran<strong>de</strong> praça do<br />

porto da 25 <strong>de</strong> Março que agora teria<br />

novamente o rio encostado ao seu lado.

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