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Ensino Tamanduateí Utopia de um Rio Urbano tfg Danilo Zamboni ...

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Claro que não tive tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar<br />

tudo que eu gostaria, mostrar cada <strong>um</strong><br />

<strong>de</strong>stes <strong>de</strong>talhes, <strong>de</strong>screver várias opções<br />

<strong>de</strong> como seriam interessantes os<br />

ambientes. Existe <strong>um</strong>a qualida<strong>de</strong> bastante<br />

subjetiva aos espaços que é esta<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornarem-se familiares,<br />

queridos, com os quais nos i<strong>de</strong>ntifiquemos.<br />

É difícil exigir <strong>um</strong>a coisa <strong>de</strong>stas<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> cimentado sem sombra,<br />

<strong>um</strong>a sarjeta imunda ou bueiros no meio<br />

do caminho. Espaços públicos têm que<br />

ser tão ou mais cuidados que os privados,<br />

afinal, são <strong>de</strong> todos e para todos.<br />

Eu sei que este é <strong>um</strong> conceito básico e<br />

que bater nesta tecla é repetitivo, mas<br />

às vezes nos soa tão absurdo imaginar<br />

<strong>um</strong>a coisa <strong>de</strong>stas que fico assustado.<br />

Acredito, porém, que possa haver<br />

<strong>um</strong> cuidado que permita dar vida aos<br />

espaços públicos paulistanos. Este lago<br />

no meio das árvores, por exemplo, com<br />

seus cafés e restaurantes, bares, banheiros<br />

ou simplesmente bancos, <strong>um</strong>a<br />

mesa para fazer <strong>um</strong> lanche, conversar.<br />

N<strong>um</strong> ponto com tamanha intensida<strong>de</strong><br />

e riqueza <strong>de</strong> usos, certamente seria<br />

muito bem recebido pelos usuários. O<br />

a<strong>um</strong>ento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> habitacional no<br />

entorno, fruto <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política <strong>de</strong>cente<br />

<strong>de</strong> moradia popular que valorize a proximida<strong>de</strong><br />

do local <strong>de</strong> trabalho e a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida dos cidadão à simples e<br />

promíscua especulação imobiliária e<br />

interesses <strong>de</strong> incorporadoras e construtoras<br />

já proveria <strong>de</strong> vida toda <strong>um</strong>a região<br />

que tem horários fixos <strong>de</strong> funcionamento<br />

condicionados ao expediente.<br />

Sair <strong>de</strong> casa no Brás, Pari, Bom<br />

Retiro, Glicério para ir ao centro é muito<br />

rápido, mas gran<strong>de</strong> parte das pessoas<br />

que hoje faz isso enfrenta problemas<br />

como o receio <strong>de</strong> cruzar o ‘parque’ D.<br />

Pedro, passar sob o pontilhão da rua<br />

Mauá ou atravessar a passarela sobre<br />

os trilhos, cruzar o famoso ‘corredor<br />

polonês’ ou a faixa <strong>de</strong> gaza ao lado do<br />

Palácio das Indústrias. Estas situações<br />

fazem o que é perto virar longe, como<br />

as políticas elitistas fizeram por sepa-<br />

rar <strong>de</strong> vez os bairros operários da colina<br />

histórica. Estas intervenções têm<br />

como objetivo iniciar o tardio processo<br />

<strong>de</strong> costura do tecido da extensão lógica<br />

da cida<strong>de</strong> que era a gran<strong>de</strong> planície do<br />

Brás, Mooca, Pari mas que foi aos poucos<br />

isolada do centro da cida<strong>de</strong> que lhe<br />

dava as costas investindo em bairros<br />

mais complicados como Higienópolis.<br />

O funcionamento do lago da praça<br />

do Pari está associado ao funcionamento<br />

do rio, não é <strong>um</strong>a solução meramente<br />

paisagística. Estaria na cota<br />

do pátio, ou seja, 3 ou 4 metros acima<br />

do nível do rio. Seu abastecimento seria<br />

feito por meio <strong>de</strong> outro lago ao seu<br />

lado, ligado ao canal principal do rio,<br />

seria quase como <strong>um</strong> alargamento<br />

<strong>de</strong>le. Este segundo lago, retangular, é<br />

<strong>de</strong>limitado pela via marginal em frente<br />

à Vila Economizadora e sua simétrica<br />

do lado do Pari, além das travessias<br />

da rua São Caetano e João Teodoro.<br />

Estas duas pontes abrigariam também<br />

comportas para controlar a vazão<br />

das águas: na seca, segurar <strong>um</strong>a para<br />

manter o nível do canal constante, e<br />

nas cheias o oposto, reter a água para<br />

diminuir a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuição<br />

das águas ao sistema. Uma vez cheio,<br />

este lago po<strong>de</strong> abastecer também o<br />

outro, o da praça, servindo também<br />

como reservatório <strong>de</strong> emergência.<br />

No alargamento do rio, forma-se<br />

<strong>um</strong> local mais abrigado tanto para a<br />

manobra das barcas e barcaças como<br />

permite <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong> parada para <strong>um</strong><br />

barco <strong>de</strong> passageiros, imagino que <strong>de</strong><br />

caráter mais turístico mas não exclusivamente,<br />

como falei há pouco. Este<br />

porto fecha o triângulo aberto pelas<br />

visuais à esquerda levando ao mercado<br />

Municipal e à direita ao clube<br />

da Curva, consolidando esta praça<br />

mais fechada. Uma das coisas que a<br />

região mais carece hoje é <strong>de</strong> espaços<br />

<strong>de</strong> sombra e <strong>de</strong>scanso, <strong>de</strong> temperatura<br />

mais amena para que as pessoas<br />

possam sentar e <strong>de</strong>scansar <strong>de</strong>pois do<br />

trabalho, seja ele qual for. Ao longo<br />

164<br />

do rio, haverá esta cobertura vegetal<br />

que simula <strong>um</strong>a mata ciliar ou <strong>um</strong>a<br />

alameda com intuito tanto técnico, <strong>de</strong><br />

reduzir a evaporação do canal através<br />

<strong>de</strong>ste microclima <strong>de</strong> sombra ao redor<br />

do rio, como paisagístico, na medida<br />

em que se sabe que, ao se aproximar<br />

da sombra, chega-se também à<br />

água e à temperaturas mais amenas.<br />

No lago do Pari, na represa e<br />

porto do Pari, seria interessante colocar<br />

<strong>um</strong>a obra ao estilo <strong>de</strong> Andy Goldsworthy,<br />

por exemplo. Estas obras<br />

têm <strong>de</strong> estar on<strong>de</strong> se possa notar a<br />

variação do nível da represa, pois é<br />

na variação do nível do espelho dágua<br />

que resi<strong>de</strong> sua força. Uma possibilida<strong>de</strong><br />

é a gran<strong>de</strong> serpente <strong>de</strong> seção<br />

triangular que aparece <strong>de</strong> diferentes<br />

maneiras conforme o nível da água<br />

sobe ou <strong>de</strong>sce, reforçando esta função<br />

hidráulica útil dos equipamentos geralmente<br />

compreendidos apenas como<br />

paisagísticos. A água po<strong>de</strong> cobrí-la por<br />

completo, mas quando for baixando<br />

mostra <strong>um</strong>a linha que faceia a lâmina<br />

dágua, quase rompendo a tensão superficial,<br />

e <strong>de</strong>pois vai crescendo, aparecendo,<br />

criando alterações no padrão<br />

das ondas conforme os ventos passam,<br />

enfim, interagindo com este evento<br />

que é a água em território urbano.

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