A Física em um Canhão de Batatas

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Revista Brasileira de Ensino de F sica, vol. 21, no. 1, Marco, 1999 85 AFsica em um Canh~ao de Batatas (Physics of a potato gun) Marcelo M. Fares Saba Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Clube deCi^encias Quark Cx. P. 515, 12201-970, S. Jose dos Campos (SP) e-mail: saba@dge.inpe.br Francisco J. Fraga da Silva Instituto Tecnologico daAeronautica, Eng. Eletr^onica Pca. Mal. Eduardo Gomes, 50, 12228L-900, S. Jose dos Campos (SP) Ricardo Caputo de Souza E.P.S.G. Olavo Bilac/Ayres de Moura R. Francisco Paes, 84, 12210-100, S. Jose dos Campos (SP) Recebido em 5 de Marco, 1998 Um canh~ao de batatas que dispara uma batata a uma velocidade de aproximadamente 200 km/h e certamente algo atrativo. Porem, n~ao somente quanto ao aspecto ludico, mas tambem do ponto de vista didatico. Neste artigo descrevemos a sua construc~ao e os diferentes metodos, alguns originais, utilizados na determinac~ao da velocidade do projetil. Mais da metade dos topicos do estudo de mec^anica visto no segundo grau s~ao abordados nos metodos e experi^encias propostas. A potato gun that res a potato at an approximate speed of 200 km/h is certainly something attractive. Not only as a funny project, but also as a didactic one. In this article we describe the construction plans and also di erent methods, some of them original, to determine the velocity of the projectile. More than half of the topics seen in the study of mechanics in the secondary level are discussed in the methods and experiments proposed. I Introduc~ao Laboratorios de f sica s~ao infelizmente um privilegio de algumas escolas de segundo grau. A aparelhagem cara afasta as vezes algumas escolas deste importante ambiente de aprendizagem de f sica que e o laboratorio. Outras vezes, os recursos utilizados em laboratorio, ainda que so sticados, n~ao atraem atenc~ao dos jovens estudantes. Com o intuito de criar uma atividade de laboratorio de f sica que fosse ao mesmo tempo atrativa e de baixo custo, constru mos um canh~ao de batatas. Os planos para a sua construc~ao encontram-se no ap^endice deste artigo e o custo de montagem e pequeno. E claro que ao primeiro tiro conquistamos a atenc~ao n~ao apenas dos alunos envolvidos mas de toda escola. Propusemos ent~ao aos alunos de f sica o desa o de calcularmos a ve- locidade aproximada com que a batata sai do canh~ao. O desa o foi aceito com entusiasmo, e com muita seriedade. II Metodo de trabalho Aceito o desa o, discutimos em sala quais seriam os poss veis metodos para a determinac~ao da velocidade da batata. Tivemos ent~ao uma interessante e frutuosa discuss~ao a respeito dos conceitos de velocidade e os metodos de medic~ao de tempo e de dist^ancia. Sendo avelocidade da batata visivelmente alta, percebemos todos que um cron^ometro seria incapaz de adquirir o tempo com precis~ao. Surgiu ent~ao o primeiro metodo para a determinac~ao da velocidade media da batata: a utilizac~ao de uma c^amara amadora de v deo. Ao longo das semanas, a discuss~ao deste e de outros 3 metodos

Revista Brasileira <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> F sica, vol. 21, no. 1, Marco, 1999 85<br />

AFsica <strong>em</strong> <strong>um</strong> Canh~ao <strong>de</strong> <strong>Batatas</strong><br />

(Physics of a potato gun)<br />

Marcelo M. Fares Saba<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais/Clube <strong>de</strong>Ci^encias Quark<br />

Cx. P. 515, 12201-970, S. Jose dos Campos (SP)<br />

e-mail: saba@dge.inpe.br<br />

Francisco J. Fraga da Silva<br />

Instituto Tecnologico daAeronautica, Eng. Eletr^onica<br />

Pca. Mal. Eduardo Gomes, 50, 12228L-900, S. Jose dos Campos (SP)<br />

Ricardo Caputo <strong>de</strong> Souza<br />

E.P.S.G. Olavo Bilac/Ayres <strong>de</strong> Moura<br />

R. Francisco Paes, 84, 12210-100, S. Jose dos Campos (SP)<br />

Recebido <strong>em</strong> 5 <strong>de</strong> Marco, 1998<br />

Um canh~ao <strong>de</strong> batatas que dispara <strong>um</strong>a batata a <strong>um</strong>a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 200 km/h e<br />

certamente algo atrativo. Por<strong>em</strong>, n~ao somente quanto ao aspecto ludico, mas tamb<strong>em</strong> do ponto <strong>de</strong><br />

vista didatico. Neste artigo <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>os a sua construc~ao e os diferentes metodos, alguns originais,<br />

utilizados na <strong>de</strong>terminac~ao da velocida<strong>de</strong> do projetil. Mais da meta<strong>de</strong> dos topicos do estudo <strong>de</strong><br />

mec^anica visto no segundo grau s~ao abordados nos metodos e experi^encias propostas.<br />

A potato gun that res a potato at an approximate speed of 200 km/h is certainly something<br />

attractive. Not only as a funny project, but also as a didactic one. In this article we <strong>de</strong>scribe the<br />

construction plans and also di erent methods, some of th<strong>em</strong> original, to <strong>de</strong>termine the velocity of<br />

the projectile. More than half of the topics seen in the study of mechanics in the secondary level<br />

are discussed in the methods and experiments proposed.<br />

I Introduc~ao<br />

Laboratorios <strong>de</strong> f sica s~ao infelizmente <strong>um</strong> privilegio <strong>de</strong><br />

alg<strong>um</strong>as escolas <strong>de</strong> segundo grau. A aparelhag<strong>em</strong> cara<br />

afasta as vezes alg<strong>um</strong>as escolas <strong>de</strong>ste importante ambiente<br />

<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> f sica que e o laboratorio. Outras<br />

vezes, os recursos utilizados <strong>em</strong> laboratorio, ainda<br />

que so sticados, n~ao atra<strong>em</strong> atenc~ao dos jovens estudantes.<br />

Com o intuito <strong>de</strong> criar <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> laboratorio<br />

<strong>de</strong> f sica que fosse ao mesmo t<strong>em</strong>po atrativa e <strong>de</strong> baixo<br />

custo, constru mos <strong>um</strong> canh~ao <strong>de</strong> batatas. Os planos<br />

para a sua construc~ao encontram-se no ap^endice <strong>de</strong>ste<br />

artigo e o custo <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> e pequeno. E claro que<br />

ao primeiro tiro conquistamos a atenc~ao n~ao apenas<br />

dos alunos envolvidos mas <strong>de</strong> toda escola. Propus<strong>em</strong>os<br />

ent~ao aos alunos <strong>de</strong> f sica o <strong>de</strong>sa o <strong>de</strong> calcularmos a ve-<br />

locida<strong>de</strong> aproximada com que a batata sai do canh~ao.<br />

O <strong>de</strong>sa o foi aceito com entusiasmo, e com muita serieda<strong>de</strong>.<br />

II Metodo <strong>de</strong> trabalho<br />

Aceito o <strong>de</strong>sa o, discutimos <strong>em</strong> sala quais seriam os<br />

poss veis metodos para a <strong>de</strong>terminac~ao da velocida<strong>de</strong><br />

da batata. Tiv<strong>em</strong>os ent~ao <strong>um</strong>a interessante e frutuosa<br />

discuss~ao a respeito dos conceitos <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> e os<br />

metodos <strong>de</strong> medic~ao <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> dist^ancia. Sendo<br />

avelocida<strong>de</strong> da batata visivelmente alta, perceb<strong>em</strong>os<br />

todos que <strong>um</strong> cron^ometro seria incapaz <strong>de</strong> adquirir o<br />

t<strong>em</strong>po com precis~ao. Surgiu ent~ao o primeiro metodo<br />

para a <strong>de</strong>terminac~ao da velocida<strong>de</strong> media da batata: a<br />

utilizac~ao <strong>de</strong> <strong>um</strong>a c^amara amadora <strong>de</strong> v <strong>de</strong>o. Ao longo<br />

das s<strong>em</strong>anas, a discuss~ao <strong>de</strong>ste e <strong>de</strong> outros 3 metodos


86 Marcelo M. Fares Saba et al.<br />

<strong>de</strong>ram marg<strong>em</strong> a in<strong>um</strong>eras i<strong>de</strong>ias, alg<strong>um</strong>as ja utilizadas<br />

<strong>em</strong> laboratorios <strong>de</strong> f sica e outras totalmente originais.<br />

Os quatro metodos s~ao <strong>de</strong>scritos a seguir:<br />

1. Metodo da Imag<strong>em</strong><br />

Material necessario:<br />

Canh~ao <strong>de</strong> batatas;<br />

Fita metrica;<br />

Alvo;<br />

Filmadora ;<br />

Vi<strong>de</strong>ocassete .<br />

Po<strong>de</strong> ser conseguido junto aos pais caso a escola n~ao<br />

possua.<br />

Neste metodo, lmamos por tras do canh~ao a trajetoria<br />

da batata <strong>em</strong> direc~ao a <strong>um</strong> alvo colocado <strong>em</strong><br />

<strong>um</strong>a dist^ancia conhecida. Passando a ta <strong>de</strong> v <strong>de</strong>o no<br />

modo quadro a quadro, e sabendo que o intervalo <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>po entre dois quadros consecutivos e <strong>de</strong> 1/30 s pud<strong>em</strong>os<br />

calcular o intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po entre o momento<br />

<strong>em</strong> que a batata sai do cano e o momento do impacto<br />

no alvo. Com o t<strong>em</strong>po e a dist^ancia, calculamos a velocida<strong>de</strong><br />

media.<br />

Calculamos as velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> varios tiros e discutimos<br />

quais seriam os motivos para a variac~ao <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

encontrada (raz~ao combust vel/comburente; imprecis~ao<br />

nas medidas...).<br />

2. Metodo do Som<br />

Figura 1. Canh~ao, alvo e gravador no metodo do som.<br />

Material necessario:<br />

Canh~ao <strong>de</strong> batatas;<br />

Fita metrica;<br />

Alvo;<br />

Gravador;<br />

Microcomputador com placa <strong>de</strong> som.<br />

Com o canh~ao, disparamos <strong>um</strong>a batata contra <strong>um</strong><br />

alvo. A dist^ancia do canh~ao ao alvo <strong>de</strong>ve ser conhecida.<br />

Gravamos o som do disparo e do impacto da batata com<br />

<strong>um</strong> gravador colocado exatamente entre o canh~aoeo<br />

alvo (Fig.1), a m <strong>de</strong> que seja compensada a diferenca<br />

<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po causada pela velocida<strong>de</strong> do som.<br />

Figura 2. Gra co <strong>de</strong> onda apresentado pelo aplicativo \Sound Blaster".


Revista Brasileira <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> F sica, vol. 21, no. 1, Marco, 1999 87<br />

Reproduzimos o som gravado no microfone <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

microcomputador dotado do programa \Wave Studio"<br />

do aplicativo \Ceative+ Sound Blaster" (Windows 95).<br />

Atraves <strong>de</strong> gra cos como o ilustrado na Figura 2 pud<strong>em</strong>os<br />

<strong>de</strong>terminar com otima precis~ao o t<strong>em</strong>po entre o<br />

momento da explos~ao e do impacto e portanto a velocida<strong>de</strong><br />

media. Conv<strong>em</strong> aqui tamb<strong>em</strong> discutir as incertezas<br />

nas medidas <strong>de</strong> dist^ancia e t<strong>em</strong>po e a in u^encia<br />

da velocida<strong>de</strong> do som nas medidas <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

III Metodo da Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Movimento<br />

Material necessario:<br />

Canh~ao <strong>de</strong> batatas;<br />

Fita metrica;<br />

Cron^ometro;<br />

Balanca;<br />

Tabua;<br />

Carrinho (explicado no texto).<br />

Constru mos com rolim~as pequenos e alg<strong>um</strong>as ripas<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>um</strong> carrinho sobre o qual apoiar o canh~ao.<br />

Esse conjunto foi ent~ao posto sobre <strong>um</strong>a tabua lisa e inclinada<br />

<strong>de</strong> modo a compensar o atrito. Buscamos <strong>um</strong>a<br />

inclinac~ao tal <strong>de</strong> modo que ao menor toque o canh~ao<br />

corresse sobre a tabua com velocida<strong>de</strong> constante (Fig.<br />

3). Conhecida a massa do canh~ao e da batata, e <strong>de</strong>terminando<br />

a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuo do canh~ao com <strong>um</strong><br />

cron^ometro e <strong>um</strong>a ta metrica, foi poss vel encontrar a<br />

velocida<strong>de</strong> da batata ao sair do canh~ao. Conv<strong>em</strong> discutir<br />

com os alunos a compensac~ao do atrito com <strong>um</strong><br />

plano inclinado.<br />

Figura 3. Canh~ao <strong>de</strong> batatas <strong>em</strong> <strong>um</strong> plano inclinado apoiado<br />

sobre <strong>um</strong> carrinho.<br />

IV Metodo do P^endulo<br />

Bal stico<br />

Material necessario:<br />

Canh~ao <strong>de</strong> batatas;<br />

Cron^ometro;<br />

Tabua;<br />

Filmadora;<br />

Tubo <strong>de</strong> PVC para esgoto (1m 75mm diam.) com<br />

tampa <strong>de</strong> encaixe (cap);<br />

Copos <strong>de</strong>scartaveis <strong>de</strong> papel ou plastico (capacida<strong>de</strong><br />

180 ml);<br />

Garrafa plastica <strong>de</strong> refrigerante <strong>de</strong> 2 litros;<br />

Carrinho.<br />

Constru mos o p^endulo bal stico pendurando com<br />

barbante no teto o tubo <strong>de</strong> PVC com os copos <strong>de</strong>scartaveis<br />

<strong>de</strong>ntro. Fechamos <strong>um</strong>a das extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s do<br />

tubo com a tampa. Para a<strong>um</strong>entar a massa do p^endulo,<br />

xamos com ta a<strong>de</strong>siva nocentro do tubo <strong>um</strong>a garrafa<br />

<strong>de</strong> refrigerante com 2 litros <strong>de</strong> agua. Disparamos<br />

a batata contra o p^endulo bal stico. Os copos<br />

<strong>de</strong>scartaveis plastico tornam o choque praticamente<br />

inelastico (Fig.4).<br />

Figura 4. O p^endulo bal stico.<br />

Filmamos o <strong>de</strong>slocamento do p^endulo. Este tinha<br />

atras <strong>de</strong> si <strong>um</strong>a escala <strong>de</strong> altura para facilitar a<br />

<strong>de</strong>terminac~ao do seu o <strong>de</strong>slocamento vertical h. Sabendo<br />

a massa da batata e do p^endulo bal stico, pela<br />

conservac~ao da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento e pela conservac~ao<br />

<strong>de</strong> energia ou pela equac~ao <strong>de</strong> Torricelli, e<br />

poss vel calcularmos a velocida<strong>de</strong> da batata.<br />

Sab<strong>em</strong>os que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento (Q) da<br />

batata antes <strong>de</strong>sta se chocar com o p^endulo e:<br />

Q = m 0<br />

on<strong>de</strong> 0: velocida<strong>de</strong> batata;<br />

m: massa da batata.<br />

Apos o impacto, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento sera:<br />

Q =(m + M)V1<br />

(1)<br />

(2)<br />

sendo V1: velocida<strong>de</strong> do conjunto p^endulo-batata,<br />

M: massa do p^endulo.<br />

De acordo com a equac~ao <strong>de</strong> Torricelli (ou pela conservac~ao<br />

<strong>de</strong> energia):


88 Marcelo M. Fares Saba et al.<br />

V 2<br />

2 = V 2<br />

1 +2gh<br />

on<strong>de</strong> V2: velocida<strong>de</strong> nal do conjunto p^endulo-batata;<br />

g: acelerac~ao da gravida<strong>de</strong>;<br />

h: <strong>de</strong>slocamento vertical.<br />

Como V2 =0ent~ao:<br />

V1 =(2gh) 1=2<br />

Substituindo a relac~ao anterior <strong>em</strong> (2) t<strong>em</strong>os:<br />

Q =(m + M)(2gh) 1=2<br />

Como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento se conserva,<br />

substitui-se a relac~ao anterior <strong>em</strong> (1) para termos a velocida<strong>de</strong><br />

da batata:<br />

(m + M)(2gh)1=2<br />

0 =<br />

m<br />

Para cada tiro efetuado a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuo do<br />

canh~ao tamb<strong>em</strong> era medida para que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>os comparar<br />

este metodo com o anterior. As velocida<strong>de</strong>s das<br />

batatas <strong>em</strong> cada tiro obtidas pelos dois metodos s~ao<br />

muito similares (Fig. 5).<br />

Figura 5. Gra co dos resultados obtidos pelos metodos da Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> MovimentoedoP^endulo Bal stico.<br />

Divis~ao da turma <strong>em</strong> grupos <strong>de</strong> trabalho<br />

Dividimos a sala <strong>em</strong> grupos <strong>de</strong> 2 a 4 alunos <strong>de</strong> modo que houvesse maior participac~ao poss vel. Atribu mos a<br />

cada grupo <strong>um</strong>a func~ao b<strong>em</strong> espec ca:<br />

V Metodologia<br />

1. Prop^os-se a cada grupo topicos <strong>de</strong> estudo correlatos<br />

as func~oes recebidas para apresentac~ao <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula<br />

<strong>em</strong> data estabelecida. Note que, das experi^encias que<br />

s~ao <strong>de</strong>scritas neste artigo, e poss vel extrair conteudo<br />

Grupo I: construc~ao do canh~ao<br />

Grupo II: construc~ao do p^endulo bal stico<br />

Grupo III: aquisic~ao <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> v <strong>de</strong>o<br />

Grupo IV: aquisic~ao do som dos impactos<br />

Grupo V: utilizac~ao do software WaveStudio<br />

Grupo VI: construc~ao do alvo, organizac~ao e<br />

medidas <strong>de</strong> seguranca<br />

Grupo VII: construc~ao do carro <strong>de</strong> recuo do canh~ao e<br />

da rampa para a compensac~ao do atrito<br />

para a discuss~ao <strong>de</strong> varios topicos <strong>de</strong> mec^anica. En-<br />

tre eles citamos: velocida<strong>de</strong> e acelerac~ao, equac~ao <strong>de</strong><br />

Torricelli, in<strong>de</strong>pend^encia dos movimentos horizontal e<br />

vertical, 1a., 2a. e 3a. lei <strong>de</strong> Newton, atrito, resist^encia<br />

do ar, trabalho, conservac~ao <strong>de</strong> energia, impulso, quan-


Revista Brasileira <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> F sica, vol. 21, no. 1, Marco, 1999 89<br />

tida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, movimento no plano inclinado,<br />

tipos <strong>de</strong> choques. Outros topicos que pod<strong>em</strong> tamb<strong>em</strong><br />

ser estudados s~ao: el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a combust~ao, ex-<br />

pans~ao dos gases, transformac~ao <strong>de</strong> energia, velocida<strong>de</strong><br />

do som, proprieda<strong>de</strong>s piezeletricas do quartzo.<br />

2. Marcou-se <strong>um</strong> dia para a aquisic~ao dos dados<br />

(usar quadra esportiva oupatio).<br />

3. Feita a aquisic~ao dos dados, marcou-se outra data<br />

para analise dos dados obtidos.<br />

4. Por m <strong>de</strong> niu-se a data para a apresentac~ao -<br />

nal das tarefas realizadas e a discuss~ao dos resultados<br />

adquiridos.<br />

VI Avaliac~ao<br />

Os seguintes topicos foram consi<strong>de</strong>rados na avaliac~ao<br />

dos alunos:<br />

1. Participac~ao no grupo.<br />

2. Apresentac~ao dos topicos correlatos.<br />

3. Apresentac~ao das tarefas realizadas e resultados<br />

obtidos.<br />

4. Entrega <strong>de</strong> relatorios.<br />

VII Conclus~oes<br />

A motivac~ao dos alunos atraves <strong>de</strong> <strong>um</strong> experimento que<br />

os envolve e diverte po<strong>de</strong> ter surpreen<strong>de</strong>ntes benef cios<br />

do ponto <strong>de</strong> vista didatico. Eis alg<strong>um</strong>as raz~oes que con-<br />

tribu ram para o envolvimento obtido:<br />

O aluno passou a ver o laboratorio n~ao como <strong>um</strong><br />

meio para con rmar formulas aprendidas <strong>em</strong> sala <strong>de</strong><br />

aula, mas como local prop cio a realizac~ao <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

interessantes como a soluc~ao <strong>de</strong> <strong>de</strong>sa os e <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

proximos a sua realida<strong>de</strong>.<br />

A curiosida<strong>de</strong> e o interesse <strong>de</strong>spertados inseriram<br />

o aluno no probl<strong>em</strong>a.<br />

O uso <strong>de</strong> instr<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> seu interesse e uso na<br />

obtenc~ao dos dados (v <strong>de</strong>o e computador).<br />

Houve nas discuss~oes <strong>um</strong> saudavel espaco para a<br />

participac~ao e a criativida<strong>de</strong> dos alunos.<br />

Incentivou-se o trabalho <strong>em</strong> equipe e a interdisci-<br />

plinarida<strong>de</strong>.<br />

Por m, foi poss vel mostrar aos alunos que o apren-<br />

dizado <strong>de</strong> f sica al<strong>em</strong> <strong>de</strong> util po<strong>de</strong> ser interessante e di-<br />

vertido.<br />

VIII Ap^endice<br />

Descrev<strong>em</strong>os agora como proce<strong>de</strong>r para a cons-<br />

truc~ao <strong>de</strong> <strong>um</strong> canh~ao <strong>de</strong> batatas. Para aque-<br />

les que <strong>de</strong>sejar<strong>em</strong> conhecer o projeto origi-<br />

nal, po<strong>de</strong>r~ao encontra-lo na pagina da internet<br />

http://www2.csn.net/ bsimon/backyard.html.<br />

Material (observe a Figura 6):<br />

- <strong>de</strong>sodorante spray;<br />

- batatas (quanto maior, melhor);<br />

- cola para tubos PVC e lixas 220;<br />

- 1. <strong>um</strong> cap com rosca para 3",<br />

- 2. <strong>um</strong>a luva com rosca para 3" (85x3");<br />

-3. 40cm<strong>de</strong>tubo<strong>de</strong>3"(tr^es polegadas) para a<br />

c^amara <strong>de</strong> combust~ao;<br />

tata);<br />

- 4. Luva para tubo <strong>de</strong> 3";<br />

- 5. Uma reduc~ao <strong>de</strong> 85x60mm;<br />

- 6. Uma reduc~ao <strong>de</strong> 60x32mm;<br />

- 7. 1 metro tubo <strong>de</strong> 32mm (cano <strong>de</strong> sa da da ba-<br />

- 8. <strong>um</strong> centelhador piezeletrico, p. ex. "magiclick";<br />

- 9. Um bast~ao para <strong>em</strong>purrar a batata (p.ex. cabo<br />

<strong>de</strong> vassoura).<br />

Obs.: todo o material <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> PVC para agua (pa-<br />

re<strong>de</strong> grossa resistente), o PVC mais no normalmente<br />

usado para esgoto N~AO SERVE.<br />

Procedimento:<br />

Lixe todas as partes a ser<strong>em</strong> coladas e seja gene-<br />

roso na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cola. A peca 1 (cap com rosca)<br />

n~ao <strong>de</strong>ve ser colada. Para xar a peca 8 faca <strong>um</strong> furo<br />

na peca 4 e cole o cano do "magiclick" com "araldite".<br />

Lixe a ponta da peca 7 <strong>de</strong> modo a facilitar o corte da<br />

batata quando esta for pressionada contra a boca do<br />

canh~ao. Espere a cola secar e pronto!<br />

Para atirar, insira a batata com <strong>um</strong> cabo <strong>de</strong> vas-<br />

soura ate o nal do tubo <strong>de</strong> sa da, abra o canh~ao (peca<br />

1) e coloque <strong>um</strong> pouco do <strong>de</strong>sodorante apertando-o durante<br />

1 ou 2 segundos. Aponte para <strong>um</strong> lugar seguro<br />

e aperte o disparador ("magiclick"). Se voc^e fez tudo<br />

certo a batata saira a <strong>em</strong> alta velocida<strong>de</strong>, alcancando<br />

dist^ancias da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 100 m. Certi que-se <strong>de</strong> que<br />

n~ao ha ningu<strong>em</strong> <strong>em</strong> frente do canh~ao ou imediatamente<br />

atras da tampa rosqueada na c^amara <strong>de</strong> combust~ao (se


90 Marcelo M. Fares Saba et al.<br />

mal rosqueada ela po<strong>de</strong>ra ser projetada para tras). En-<br />

tre <strong>um</strong> tiro e outro <strong>de</strong>ve-se renovaroarnointerior da<br />

c^amara <strong>de</strong> combust~ao. Para isso basta abrir a c^amara<br />

e assoprar no cano <strong>de</strong> sa da. Se isto n~ao for feito, o tiro<br />

cost<strong>um</strong>a falhar. Tamb<strong>em</strong> po<strong>de</strong>ra falhar se houver ex-<br />

cesso ou falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sodorante na c^amara <strong>de</strong> combust~ao.<br />

Conv<strong>em</strong> l<strong>em</strong>brar que a velocida<strong>de</strong> da batata e alta<br />

e portanto esta experi^encia <strong>de</strong>ve s<strong>em</strong>pre ser realizada<br />

com a supervis~ao do professor. Conv<strong>em</strong> tamb<strong>em</strong> ve-<br />

ri car periodicamente as condices dos tubos. Ha dois<br />

anos, utilizamos esta experi^encia com sucesso.<br />

Figura 6. Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> do canh~ao <strong>de</strong> batatas.

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