Laços Sociais e Formação de Arranjos Organizacionais ... - Anpad
Laços Sociais e Formação de Arranjos Organizacionais ... - Anpad
Laços Sociais e Formação de Arranjos Organizacionais ... - Anpad
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Fernando Dias Lopes e Mariana Baldi<br />
INTRODUÇÃO<br />
NTRODUÇÃO<br />
Os benefícios estratégicos e econômicos entram como primeira consi<strong>de</strong>ração<br />
na formação e gerenciamento <strong>de</strong> arranjos cooperativos (LANE; BEAMISH,<br />
1990); no entanto pesquisas têm mostrado que fatores socioculturais exercem<br />
papel significativo no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sses arranjos organizacionais (EBERS, 1997;<br />
GULATI, 1998; RING; VAN DE VEN, 1994); e que os fatores econômicos e<br />
tecnológicos, por sua vez, estão imersos em relações sociais, sendo moldados<br />
por elas (GRANOVETTER, 1985; POLANYI, 1944; UZZI, 1997).<br />
Clegg (1998) questionou a universalida<strong>de</strong> das teorias organizacionais mo<strong>de</strong>rnas<br />
e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordagens mais contextualizadas, que levem em<br />
consi<strong>de</strong>ração as especificida<strong>de</strong>s locais, no que concerne às suas características<br />
sociais, culturais, políticas e econômicas. Sua argumentação consi<strong>de</strong>ra que a<br />
teoria organizacional mo<strong>de</strong>rna ten<strong>de</strong> a reconhecer apenas um modo <strong>de</strong><br />
racionalida<strong>de</strong>; no entanto, baseado em pesquisas realizadas em países asiáticos,<br />
na França e na Itália, este autor mostrou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferentes modos <strong>de</strong><br />
racionalida<strong>de</strong> capazes <strong>de</strong> explicar a sobrevivência organizacional. A presença<br />
<strong>de</strong> formas organizacionais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> contextos institucionais distintos,<br />
também foi analisada por Whitley (1992) e Orrù, Biggart e Hamilton (1991).<br />
Esses autores evi<strong>de</strong>nciaram racionalida<strong>de</strong>s distintas permeando os modos <strong>de</strong><br />
ação e os tipos <strong>de</strong> estruturas em organizações asiáticas, tanto entre si como em<br />
relação a outros países. Os autores evi<strong>de</strong>nciaram como instituições construídas<br />
ao longo da história <strong>de</strong> países como Coréia, Japão, Taiwan e China informam<br />
mecanismos <strong>de</strong> competição próprios para agir no mundo contemporâneo.<br />
O questionamento da existência <strong>de</strong> um modo único <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong><br />
organizacional po<strong>de</strong> ser explicado pela existência <strong>de</strong> diferentes fontes <strong>de</strong><br />
legimitida<strong>de</strong> organizacional, as quais são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> estruturas políticas e<br />
sociais enraizadas na cultura <strong>de</strong> países e regiões. O papel da legitimida<strong>de</strong> já tinha<br />
sido evi<strong>de</strong>nciado por Weber, mas foram os neo institucionalistas que resgataram<br />
este conceito para explicar a adoção <strong>de</strong> práticas e estruturas organizacionais.<br />
Ainda que Weber tenha feito referência à burocracia como padrão dominante na<br />
socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, e com isso sua racionalida<strong>de</strong>, o autor <strong>de</strong>ixou evi<strong>de</strong>nte que<br />
outros modos <strong>de</strong> ação social estariam sempre presentes e que a dimensão<br />
valorativa das estruturas organizacionais estaria subordinada às dimensões<br />
culturais e políticas <strong>de</strong> referência.<br />
82<br />
É nessa perspectiva que se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma abordagem mais contextualizada e<br />
RAC, v. 9, n. 2, Abr./Jun. 2005