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Os santos e a mediunidade.pdf - Nosso Lar Campinas

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Hagiografia<br />

<strong>Os</strong> Santos e a Mediunidade<br />

Da Redação<br />

m 1381, no vilarejo de Rocca<br />

Porena, a cinco quilôme-<br />

Etros de Cássia (cidade), região<br />

da Úmbria na Itália, nasceu<br />

uma menina de nome Margherita<br />

(do latim Margarita, que significa<br />

pérola ou pedra preciosa), que foi<br />

logo apelidada por um pedacinho<br />

do seu nome - Rita. Leão XIII,<br />

quando a declarou santa, chamou<br />

Rita de “Pérola preciosa da<br />

Úmbria”.<br />

Desde sua infância ocorreram<br />

fenômenos estranhos. De<br />

presença de abelhas brancas, que<br />

lhe depositavam mel na boca sem<br />

ferroá-la, até a cura da mão de um<br />

camponês. Desde os primeiros<br />

anos da juventude cultivava o desejo<br />

de seguir a vida religiosa, queria<br />

ser freira, mas os pais convenceram-na,<br />

amigavelmente, a se casar.<br />

Consorciou-se, então, aos quatorze<br />

anos. Seu marido, Paulo di<br />

Ferdinando, era criatura feroz, violenta;<br />

amado por poucos e odiado<br />

por muitos. Tiveram dois filhos,<br />

provavelmente gêmeos: João Jácomo<br />

e Paulo Maria. Numa noite chegou<br />

o noticiador com uma sinistra<br />

informação:<br />

- Mataram seu Paulo!<br />

A futura santa perdoa o assassino<br />

do marido, escondendo-o<br />

em sua própria casa, mas os filhos<br />

desejam vingar a morte do pai.<br />

Foi nesse período que Rita, em prece<br />

fervorosa, rogou a Deus:<br />

- Senhor, se eu tiver de ter<br />

filhos assassinos rogo-te que os re-<br />

28<br />

FidelidadESPÍRITA Outubro 2002<br />

Santa Rita de Cássia<br />

a santa das causas impossíveis<br />

tires de mim!<br />

Assim, uma terrível febre<br />

os consumiu levando-os à morte<br />

do corpo físico.<br />

Viúva e sozinha, ela decidiu<br />

realizar o seu grande sonho:<br />

entrar para o convento. Mas a Madre<br />

Superiora do “Mosteiro de Santa<br />

Maria Madalena”, consagrado à<br />

ordem de Santo Agostinho, não a<br />

recebeu alegando que o convento<br />

só admitia moças virgens.<br />

De volta para casa, Rita<br />

orou com fervor vários dias. Numa<br />

noite, quando estava absorta<br />

em profundas rogativas, ouviu<br />

uma voz lhe chamar:<br />

- Rita! Rita!<br />

Receosa, pois a noite ia<br />

avançada, aproximou-se da janela<br />

mas não viu ninguém. Pensando<br />

ter se enganado voltou à oração,<br />

mas, logo depois, repetiu-se o<br />

apelo:<br />

- Rita! Rita!<br />

Ela levantou-se, abriu a<br />

porta e foi à rua. Quem seria? De<br />

repente, um homem venerável<br />

apresentou-se ladeado por dois<br />

outros e todos estavam nimbados<br />

de luz, fazendo com que a viúva<br />

de Paulo di Ferdinando, reconhecesse<br />

neles a figura de mensageiros<br />

espirituais. Eram eles: Santo<br />

Agostinho, São João Batista e São<br />

Nicolau de Tolentino, que a convidaram<br />

para segui-los. Logo estavam<br />

em Cássia, diante do “Mosteiro<br />

de Santa Maria Madalena”;<br />

as religiosas repousavam e a porta<br />

estava trancada. <strong>Os</strong> seus guias, porém,<br />

pegaram-na nos braços e<br />

num lindo vôo colocaram-na dentro<br />

do mosteiro, no local do coro<br />

onde as monjas oravam.<br />

Na manhã seguinte, surpreendidas<br />

pela presença de Rita<br />

no convento, chamaram a Madre<br />

Superiora que, diante do acontecido,<br />

ouviu o relato da visitante<br />

inesperada e vendo que, de fato,<br />

nenhuma porta havia sido arrombada,<br />

admitiu Rita como membro<br />

da comunidade das monjas agostinianas<br />

em 1407.<br />

Um dia, no mosteiro consagrado<br />

a Santo Agostinho, Rita<br />

pediu em oração, que gostaria de<br />

receber no seu corpo os ferimentos<br />

de Jesus, e porque estivesse<br />

diante de uma imagem do Cristo<br />

crucificado e sendo intensa a sua<br />

prece, um espinho da coroa se desprendeu<br />

atingindo sua testa, causando-lhe<br />

uma feia, estranha e dolorosa<br />

ferida. Ao mesmo tempo Rita<br />

sentiu, no coração, uma indizível<br />

alegria que a levou a prolongado<br />

êxtase.<br />

Aos sessenta e dois de idade,<br />

Rita adoeceu. Muitos dos que<br />

iam visitá-la no leito ficavam curados.<br />

No dia 22 de maio de 1447<br />

Rita desencarnou e os sinos do<br />

convento de Santa Maria Madalena<br />

“misteriosamente” tocaram,<br />

sem o concurso de mãos humanas,<br />

anunciando a morte física da<br />

santa e o retorno do seu espírito à


pátria espiritual.<br />

Análise Espírita:<br />

À luz do Espiritismo, não<br />

há nada de sobrenatural na vida<br />

de Santa Rita de Cássia. Na realidade,<br />

Rita era apenas médium.<br />

A <strong>mediunidade</strong>, como faculdade<br />

humana e natural, não é<br />

propriedade do Espiritismo. Acompanha<br />

o Homem desde toda Humanidade,<br />

por isso é natural encontrá-la<br />

nos mais variados povos,<br />

nas mais diversas culturas e nas<br />

mais variadas igrejas. A diferença<br />

básica entre o Espiritismo e as outras<br />

religiões é que a Doutrina<br />

Espírita estuda o fenômeno, comprova-o<br />

com metodologia científica<br />

e demonstra uma aplicação<br />

útil da <strong>mediunidade</strong> para o progresso<br />

do Homem.<br />

Rita apresentou as seguintes<br />

faculdades mediúnicas:<br />

1<br />

Efeitos físicos: 1<br />

- Curas: quando o camponês<br />

tem o corte da mão cicatrizado.<br />

- Translação e Suspensão:<br />

a) quando Santo Agostinho,<br />

São João Batista e São Nicolau<br />

de Tolentino (espíritos já desencarnados)<br />

fizeram-na levitar introduzindo-a<br />

no mosteiro;<br />

b) quando um espinho da<br />

coroa da imagem do crucificado<br />

lhe caiu sobre a testa, produzindo<br />

a dolorosa ferida (certamente sob<br />

atuação espiritual).<br />

- Motores: quando, por<br />

ocasião da sua morte física, os sinos<br />

do convento badalaram sem o<br />

concurso de mãos humanas (provocado<br />

pelos espíritos).<br />

A <strong>mediunidade</strong> de efeitos<br />

físicos é caracterizada, na classificação<br />

de Allan Kardec, por um<br />

fluido animalizado emanado pelo<br />

médium de efeitos físicos, que os<br />

espíritos combinam com os seus<br />

próprios fluidos, permitindo, assim,<br />

a atuação dos espíritos diretamente<br />

na matéria densa. 2<br />

2 Efeitos inteligentes:<br />

Vidência e audição mediúnicas:<br />

Rita viu, ouviu os espíritos<br />

e falou com eles desde a infância.<br />

Conclusão:<br />

A palavra Santo vem do<br />

latim sanctu, que quer dizer bom.<br />

Na realidade, os chamados Santos<br />

são pessoas que, quando encarnadas,<br />

através das atitudes cristãs, se<br />

santificaram, isto é, se purificaram<br />

fazendo o bem, suportando e<br />

jamais revidando o mal.<br />

Todavia, no Ocidente durante<br />

a Idade Média, não era permitida<br />

outra religião que não fosse<br />

a da Igreja Romana com seus<br />

dogmas e crendices que eclipsavam<br />

e deturpavam os ensinos de<br />

Jesus; por isso, os bons espíritos<br />

quando encarnavam, procuravam<br />

fazer o melhor dentro do seguimento<br />

religioso que lhes era imposto,<br />

vivendo o cristianismo com<br />

pureza de propósito, até que os homens<br />

estivessem suficientemente<br />

desenvolvidos no campo da lógica,<br />

da razão e das pesquisas científicas<br />

para poderem absorver a essência<br />

dos ensinamentos espirituais,<br />

revelados por Jesus, adorando<br />

a Deus em Espírito e verdade.<br />

Essa é a proposta do Espiritismo.<br />

“Ele nada ensina contrário ao<br />

ensinamento do Cristo mas, o desenvolve,<br />

completa e explica, em<br />

termos claros para todos, o que foi<br />

dito sob forma alegórica”. 3<br />

Rita de Cássia é considerada<br />

pela Igreja Romana como a<br />

Santa das causas impossíveis, pois<br />

seria impossível uma mulher não<br />

virgem, viúva, adentrar num convento!<br />

Contudo, foram os próprios<br />

Espíritos superiores que vie-<br />

ram buscá-la, ensinando que a verdadeira<br />

pureza é de alma e que a<br />

prática cristã santifica todo aquele<br />

que desejar servir verdadeiramente<br />

ao Senhor. E segundo a lei de<br />

progresso, através das reencarnações,<br />

todos, um dia, seremos espíritos<br />

puros.<br />

A hagiografia é o registro<br />

da história dos <strong>santos</strong>; trouxemos<br />

a biografia resumida de Santa Rita<br />

de Cássia, como subsídio para<br />

uma existência de renúncia, perdão,<br />

trabalho, perseverança e resignação<br />

diante dos acontecimentos<br />

da vida, bem como para testemunhar<br />

que a <strong>mediunidade</strong> está<br />

espalhada por toda a Terra, não é<br />

invenção do Espiritismo e se manifesta,<br />

como em toda parte, também<br />

no seio da própria Igreja. Tenhamos,<br />

portanto, em MargheRita<br />

o exemplo claro do intercâmbio<br />

com os chamados “mortos”, além,<br />

do trabalho e vivência cristãs como<br />

mecanismos necessários para<br />

atingirmos os objetivos nobres e<br />

edificantes que inicialmente nos<br />

parecem impossíveis, conduzindo-nos,<br />

através das reencarnações,<br />

ao progresso intelectomoral.<br />

Próximo número:<br />

Santa Teresa D'Ávila, a mística do êxtase!<br />

1 Ver O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap<br />

XVI.<br />

2<br />

Ver O Livro dos Médiuns - 2ª parte, cap. IV<br />

e VIII.<br />

3 O Evangelho Segundo o Espiritismo -<br />

Allan Kardec - cap. I item 7 - Ed. Feb.<br />

Para saber mais consulte:<br />

1) Rita de Cássia, a santa dos casos impossíveis.<br />

Franco Cuomo. Ed. Paulinas.<br />

2) Santa Rita de Cássia. L. De Marchi 23ª<br />

edição. Ed. Paulus.<br />

3) Santa Rita. Pe. Aloísio Teixeira. Ed. Santuário<br />

Aparecida SP.<br />

4) O Livro dos Médiuns, Allan Kardec,<br />

Caps. IV, VIII e XVI - 2ª parte. Ed. Feb.<br />

5) O Evangelho Segundo o Espiritismo,<br />

Allan Kardec, Cap. I item 7 - Ed. Feb.<br />

Outubro 2002 FidelidadESPÍRITA 29

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