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Edição 39 - Memorial da América Latina

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FOTO: divUlgaÇÃO - FliP<br />

isabel allende<br />

POLêMICA E FRANCA<br />

“...Em meus quarenta anos,<br />

eu, Zarité Sedella, tive mais sorte que<br />

outras escravas. Vou viver muito e<br />

minha velhice será boa porque minha<br />

estrela - minha z´etoile - brilha até em<br />

noites nubla<strong>da</strong>s. Conheço a satisfação<br />

com o homem escolhido por meu coração<br />

quando suas mãos grandes despertam<br />

minha pele...”<br />

Acima, fragmento do livro A Ilha<br />

Sob o Mar de Isabel Allende,<br />

lançado na 8 a Flip.<br />

REVISTA NOSSA AMÉRICA – Você iniciou<br />

sua vi<strong>da</strong> na literatura por meio do jornalismo.<br />

O que fez com que abandonasse as re<strong>da</strong>ções para se<br />

dedicar somente à literatura?<br />

ISABEL ALLENDE – Deixei o jornalismo<br />

porque eu era péssima profissional, inventava<br />

muita coisa para melhorar a matéria.<br />

R.N.A. – Quando você decidiu escrever para valer?<br />

I.A. – Com a ditadura de Augusto Pinochet,<br />

por uma questão de sobrevivência,<br />

eu saí do Chile. Esse período marcou fortemente<br />

minha vi<strong>da</strong> pessoal e profissional.<br />

Interferiu na minha forma de pensar, de ver<br />

o mundo e, é claro, de escrever. Não é por<br />

acaso que o binômio “poder e justiça” é recorrente<br />

em meus livros.<br />

R.N.A. – Você é uma <strong>da</strong>s raras escritoras latinoamericanas<br />

best-sellers, com 18 livros publicados<br />

em mais de 30 idiomas e uma legião de fãs de fazer<br />

inveja a qualquer escritor. Por que ain<strong>da</strong> há preconceitos<br />

no Chile contra sua obra?<br />

I.A. – Os chilenos não gostam de quem vende<br />

livro, preferem os que ficam à margem.<br />

Depois há o fato de eu ser mulher.<br />

R.N.A. – Quer dizer que autores como Fernando<br />

Bolaños não gostam de seus livros?<br />

I.A. – Não só não gostam como odeiam.<br />

Todos os escritores chilenos odeiam meus livros.<br />

Nos Estados Unidos e na Europa não é<br />

pecado vender livros. No Chile, sim. Se você<br />

vende livros, seus colegas vão execrá-lo.<br />

R.N.A. – Você veio ao Brasil para lançar a versão<br />

em português de seu último livro, A Ilha Sob<br />

o Mar. Como você chegou à personagem central,<br />

uma escrava negra?<br />

I.A. – O livro tem a ver com o deslocamento<br />

de minha família para os Estados<br />

Unidos. É uma história ambienta<strong>da</strong> em<br />

Santo Domingo, no século XVIII, e conta<br />

a história de Zarité, escrava mulata em sua<br />

luta para conquistar a liber<strong>da</strong>de.<br />

R.N.A. – Você veio ao festival acompanha<strong>da</strong> de seu<br />

marido, o escritor americano William Gordon. Como<br />

é conviver com um parceiro que também escreve?<br />

I.A. – Ele veio à Flip para lançar The Ugly<br />

Dwarf, um romance de intrigas policiais.<br />

Na hora em que estamos trabalhando,<br />

quando um emperra o outro aju<strong>da</strong>.<br />

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