Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O indiano Salman<br />
Rushdie, o alemão<br />
Berthold Zilly; os<br />
americanos Gilbert<br />
Shelton e Robert<br />
Crumb; os irlandeses<br />
William Kennedy, à<br />
esquer<strong>da</strong>, e Colum<br />
McCann.<br />
aposta na diversi<strong>da</strong>de de culturas e de<br />
interesses para manter a chama do mais<br />
ba<strong>da</strong>lado encontro literário do País.<br />
Foram colocados no mesmo caldeirão<br />
a combativa iraniana Azar Nafisi<br />
e a frágil irlandesa Pauline Melville, o<br />
sério teórico marxista Terry Eagleton e<br />
a patricinha cubana Wendy Guerra. O<br />
irriquieto iraniano Salman Rushdie, que<br />
voltou à Paraty para lançar seu último<br />
Luka e o Fogo <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>, teve de conviver<br />
com Terry Eagleton, crítico inglês, que<br />
o chamou de direitista. “Ele é um covarde”,<br />
resmungou Rushdie.<br />
Mas, entre todos os contrários,<br />
quem roubou a cena foram mesmo a<br />
chilena Isabel Allende, que arrastou uma<br />
legião de fãs, além do desbocado e irreverente<br />
Robert Crumb. O norte-americano<br />
autor do famoso gato Fritz se destaca<br />
dos demais. Ele debochou de tudo<br />
e de todos, xingou as ruas de Paraty pavimenta<strong>da</strong>s<br />
com pedras enormes, irregulares,<br />
<strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s do período colonial. Aos<br />
67 anos, mas com aparência de quase 80,<br />
o mito <strong>da</strong> geração beatnik, símbolo <strong>da</strong><br />
contracultura nos anos 1960, continua<br />
autêntico. Segue um ferrenho agnóstico<br />
que verteu, com um viés cortante, o<br />
Gênesis 2009, a<strong>da</strong>ptação para quadrinhos<br />
60<br />
do mais antigo livro <strong>da</strong> Bíblia. Ele foi<br />
a azeitona no pastel <strong>da</strong> Flip, animou a<br />
festa com suas tira<strong>da</strong>s diverti<strong>da</strong>s sobre<br />
governos, bares, porres e trabalho. Ele<br />
reinventou Kafka, Charles Bukowski em<br />
situações perturbadoras e lançou na Flip<br />
Meus Problemas com as Mulheres.<br />
O destino de Sakineh Moahammadie<br />
Ashtiani, iraniana condena<strong>da</strong> a<br />
morrer apedreja<strong>da</strong> por suposto adultério,<br />
também foi tema de discussão em algumas<br />
mesas. Salman Rusdie acha que é importante<br />
outras nações aju<strong>da</strong>rem o Irã a<br />
colocar em prática os direitos humanos,<br />
e não condenou diretamente a participação<br />
de Lula nesse aspecto. No entanto,<br />
Azar Safisi levantou o tom, foi mais áci<strong>da</strong>,<br />
e sugeriu que o presidente brasileiro<br />
desse asilo ao presidente iraniano Mahmoud<br />
Ahmadimejad.<br />
O advento do livro eletrônico também<br />
foi discutido. O historiador Peter<br />
Burke disse não acreditar que no futuro<br />
as pessoas leiam Guerra e Paz impresso<br />
em papel, ao que John Makinson, executivo<br />
<strong>da</strong> editora Penguin, rebateu e afirmou<br />
que é absurdo dizer que os livros<br />
estão morrendo. “Nos próximos anos<br />
serão publicados mais de milhão de novos<br />
títulos impressos em todo o mundo.”<br />
FOTOs: divUlgaÇÃO - FliP