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análise <strong>da</strong> nossa condição atual, tanto<br />
no âmbito político quanto no cultural.<br />
A primeira palavra que merece<br />
destaque é Revolução; este termo teve<br />
várias interpretações ao longo dos anos<br />
deste bicentenário, mas sempre aludiu<br />
a um aspecto de reconstrução alentadora,<br />
um regresso às bases. A Revolução<br />
de Maio tem sido interpreta<strong>da</strong> a<br />
partir de diferentes abor<strong>da</strong>gens: como<br />
uma revolução patrícia sem conteúdo<br />
democrático ou – como afirma Roberto<br />
Marfany – “feitos realizados por um<br />
exército em linha com seus comandos<br />
naturais, cuja missão histórica continuava<br />
sendo no presente guiar os avanços<br />
<strong>da</strong> nação surgi<strong>da</strong> de sua ação nessas<br />
jorna<strong>da</strong>s”. Houve outros historiadores,<br />
sociólogos e militantes na déca<strong>da</strong><br />
de 60 e 70, que viram no antecedente<br />
local, o <strong>da</strong> Grande Revolução Socialista<br />
de Outubro, destino histórico de to<strong>da</strong><br />
a humani<strong>da</strong>de. Também é consensual<br />
o reconhecimento do gradualismo <strong>da</strong>s<br />
ações ou momentos críticos que levaram<br />
à formação de um estado como<br />
o que somos atualmente. Os outros<br />
passos seriam: a Assembleia do ano<br />
13, que legislou sobre questões como a<br />
escravidão ou a tortura; o trabalho nas<br />
regiões, cujo resultado foi a possibili<strong>da</strong>de<br />
concreta de formar uma Confederação<br />
soberana do trono <strong>da</strong> Espanha,<br />
em 1816, em San Miguel de Tucumán.<br />
Tudo isso até chegar ao estado atual de<br />
uma democracia representativa e federal,<br />
que marca o início <strong>da</strong> República<br />
Argentina em 1853.<br />
A segun<strong>da</strong> palavra à qual pretendo<br />
prestar a máxima atenção é Imprensa,<br />
o poder que tem a palavra difundi<strong>da</strong><br />
por meios impressos. Na ver<strong>da</strong>de, pela<br />
imprensa foram difundi<strong>da</strong>s ideias e palavras<br />
de ordem que despertaram no<br />
povo sentimentos libertários e acordos<br />
conjuntos. Para corroborar este fato é<br />
suficiente relatar dois acontecimentos:<br />
em 3 de março de 1810 – meses antes<br />
56<br />
<strong>da</strong> Revolução de Maio –, é fun<strong>da</strong>do o<br />
Correo de Comercio, editado por Manuel<br />
Belgrano, jovem membro proeminente<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de portenha e estimulador de<br />
diversos projetos, junto com Hipólito<br />
Vieytes. Embora os conceitos a serem<br />
difundidos estivessem restritos aos aspectos<br />
comerciais de um porto muito<br />
importante como o de Buenos Aires,<br />
outras ideias estavam presentes. E logo<br />
depois <strong>da</strong> posse <strong>da</strong> Primeira Junta, em<br />
maio de 1810, esta decreta a criação de<br />
um órgão de imprensa oficial, a Gazeta<br />
de Buenos Aires, dirigi<strong>da</strong> por Mariano<br />
Moreno, uma pluma agu<strong>da</strong> e bem<br />
forma<strong>da</strong>, junto com outros integrantes<br />
desse corpo colegiado: Gregorio Funes,<br />
Juan José Agrelo e Bernardo de<br />
Monteagudo.<br />
“Tempos de felici<strong>da</strong>de, aqueles<br />
nos quais se pode sentir o que se deseja<br />
e é lícito dizê-lo”. A frase corresponde<br />
ao historiador romano Cornélio Tácito<br />
e foi repeti<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as edições, junto<br />
com um esclarecimento no qual se explicitava<br />
que as ideias e opiniões contrárias<br />
à causa não seriam publica<strong>da</strong>s.<br />
A terceira palavra que atravessa<br />
nosso Bicentenário e é uma característica<br />
constante <strong>da</strong> nossa história, é Fúria.<br />
Segundo o historiador argentino Miguel<br />
Wizñaki: “O poder, uma forma de administrar<br />
a fúria” ou aquilo que se experimenta<br />
ao transformar o temor em<br />
fúria. Fúria e também sanha para o que<br />
pode ser lido como “decidir em situação<br />
de poder a quem é conveniente odiar”,<br />
fustigar, usar golpes baixos ou man<strong>da</strong>r à<br />
morte. Essa fúria de base tem características<br />
especiais, é patrícia, conservadora<br />
e militarista, sempre segundo Wizñaky.<br />
No trecho do livro Facundo, civilización o<br />
barbarie, de Domingo Faustino Sarmiento,<br />
narra-se a história que levou à criação<br />
do apelido “Tigre <strong>da</strong>s planícies” do<br />
caudilho de La Rioja, morto em 1835.<br />
Temos a quarta palavra-chave:<br />
Crise. Defini<strong>da</strong> como um sistema de