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Edição 39 - Memorial da América Latina

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análise <strong>da</strong> nossa condição atual, tanto<br />

no âmbito político quanto no cultural.<br />

A primeira palavra que merece<br />

destaque é Revolução; este termo teve<br />

várias interpretações ao longo dos anos<br />

deste bicentenário, mas sempre aludiu<br />

a um aspecto de reconstrução alentadora,<br />

um regresso às bases. A Revolução<br />

de Maio tem sido interpreta<strong>da</strong> a<br />

partir de diferentes abor<strong>da</strong>gens: como<br />

uma revolução patrícia sem conteúdo<br />

democrático ou – como afirma Roberto<br />

Marfany – “feitos realizados por um<br />

exército em linha com seus comandos<br />

naturais, cuja missão histórica continuava<br />

sendo no presente guiar os avanços<br />

<strong>da</strong> nação surgi<strong>da</strong> de sua ação nessas<br />

jorna<strong>da</strong>s”. Houve outros historiadores,<br />

sociólogos e militantes na déca<strong>da</strong><br />

de 60 e 70, que viram no antecedente<br />

local, o <strong>da</strong> Grande Revolução Socialista<br />

de Outubro, destino histórico de to<strong>da</strong><br />

a humani<strong>da</strong>de. Também é consensual<br />

o reconhecimento do gradualismo <strong>da</strong>s<br />

ações ou momentos críticos que levaram<br />

à formação de um estado como<br />

o que somos atualmente. Os outros<br />

passos seriam: a Assembleia do ano<br />

13, que legislou sobre questões como a<br />

escravidão ou a tortura; o trabalho nas<br />

regiões, cujo resultado foi a possibili<strong>da</strong>de<br />

concreta de formar uma Confederação<br />

soberana do trono <strong>da</strong> Espanha,<br />

em 1816, em San Miguel de Tucumán.<br />

Tudo isso até chegar ao estado atual de<br />

uma democracia representativa e federal,<br />

que marca o início <strong>da</strong> República<br />

Argentina em 1853.<br />

A segun<strong>da</strong> palavra à qual pretendo<br />

prestar a máxima atenção é Imprensa,<br />

o poder que tem a palavra difundi<strong>da</strong><br />

por meios impressos. Na ver<strong>da</strong>de, pela<br />

imprensa foram difundi<strong>da</strong>s ideias e palavras<br />

de ordem que despertaram no<br />

povo sentimentos libertários e acordos<br />

conjuntos. Para corroborar este fato é<br />

suficiente relatar dois acontecimentos:<br />

em 3 de março de 1810 – meses antes<br />

56<br />

<strong>da</strong> Revolução de Maio –, é fun<strong>da</strong>do o<br />

Correo de Comercio, editado por Manuel<br />

Belgrano, jovem membro proeminente<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de portenha e estimulador de<br />

diversos projetos, junto com Hipólito<br />

Vieytes. Embora os conceitos a serem<br />

difundidos estivessem restritos aos aspectos<br />

comerciais de um porto muito<br />

importante como o de Buenos Aires,<br />

outras ideias estavam presentes. E logo<br />

depois <strong>da</strong> posse <strong>da</strong> Primeira Junta, em<br />

maio de 1810, esta decreta a criação de<br />

um órgão de imprensa oficial, a Gazeta<br />

de Buenos Aires, dirigi<strong>da</strong> por Mariano<br />

Moreno, uma pluma agu<strong>da</strong> e bem<br />

forma<strong>da</strong>, junto com outros integrantes<br />

desse corpo colegiado: Gregorio Funes,<br />

Juan José Agrelo e Bernardo de<br />

Monteagudo.<br />

“Tempos de felici<strong>da</strong>de, aqueles<br />

nos quais se pode sentir o que se deseja<br />

e é lícito dizê-lo”. A frase corresponde<br />

ao historiador romano Cornélio Tácito<br />

e foi repeti<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as edições, junto<br />

com um esclarecimento no qual se explicitava<br />

que as ideias e opiniões contrárias<br />

à causa não seriam publica<strong>da</strong>s.<br />

A terceira palavra que atravessa<br />

nosso Bicentenário e é uma característica<br />

constante <strong>da</strong> nossa história, é Fúria.<br />

Segundo o historiador argentino Miguel<br />

Wizñaki: “O poder, uma forma de administrar<br />

a fúria” ou aquilo que se experimenta<br />

ao transformar o temor em<br />

fúria. Fúria e também sanha para o que<br />

pode ser lido como “decidir em situação<br />

de poder a quem é conveniente odiar”,<br />

fustigar, usar golpes baixos ou man<strong>da</strong>r à<br />

morte. Essa fúria de base tem características<br />

especiais, é patrícia, conservadora<br />

e militarista, sempre segundo Wizñaky.<br />

No trecho do livro Facundo, civilización o<br />

barbarie, de Domingo Faustino Sarmiento,<br />

narra-se a história que levou à criação<br />

do apelido “Tigre <strong>da</strong>s planícies” do<br />

caudilho de La Rioja, morto em 1835.<br />

Temos a quarta palavra-chave:<br />

Crise. Defini<strong>da</strong> como um sistema de

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