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Os dois polos <strong>da</strong> carreira de Piñeyro: seu<br />
último filme As Viúvas <strong>da</strong>s Quintas-feiras e o<br />
inaugural Tango Feroz, de 1973.<br />
R.N.A. – Você hoje, praticamente, só participa<br />
de coproduções. Isso não limita sua criativi<strong>da</strong>de?<br />
Até que ponto os parceiros estrangeiros interferem em<br />
seu cinema, que tem fortes características de seus país?<br />
M.P. – Hoje, recorremos muito às parcerias<br />
internacionais, assim os filmes não são<br />
mais decididos só na Argentina. Temos que<br />
nos conciliar com os coprodutores, Não tem<br />
jeito, mas posso dizer que tenho liber<strong>da</strong>de.<br />
Até o ano 2000 ain<strong>da</strong> se podia fazer filmes<br />
como Patagônia Rebelde, hoje não mais. Nem<br />
mesmo A História Oficial ou O Beijo <strong>da</strong> Mulher<br />
Aranha, por exemplo. De certa forma, sempre<br />
há interferência <strong>da</strong> coprodução.<br />
R.N.A. – Até que ponto você acha importante<br />
festivais de cinema ? Quanto ao do <strong>Memorial</strong>,<br />
o que você tem a comentar?<br />
M.P. – Primeiro eu acho importante<br />
que existam festivais para conhecermos<br />
outras produções, diretores mais jovens,<br />
depois, o importante também são as trocas<br />
de ideias, que muitas vezes podem surgir de<br />
um encontro como este. O <strong>Memorial</strong> está<br />
organizando um bom festival, bem diversificado<br />
e organizado.<br />
R.N.A. – Em uma <strong>da</strong>s mesas deste festival<br />
alguns diretores desconstruíram a forma de se fazer<br />
cinema. Primeiro questionaram as tradicionais duas<br />
horas de duração e depois a presença de um diretor, de<br />
um fotógrafo e de roteristas. Qual sua opinião sobre o<br />
modelo de como se fazer cinema depois de mais de cem<br />
anos que ele foi inventado?<br />
M.P. – Faço cinema <strong>da</strong> forma tradicional,<br />
mantenho todos esses profissionais des-<br />
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cartados acima e às vezes tenho uma equipe<br />
mais numerosa do que gostaria de ter. Filmo<br />
o suficiente para ter uma projeção de duas<br />
horas, em sala particular. Não posso imaginar<br />
meus filmes projetados fora de uma sala<br />
tradicional.<br />
R.N.A. – Como você escolhe o roteiro? Você<br />
planeja e desenvolve uma ideia antes ou acontece ao<br />
acaso?<br />
M.P. – Na reali<strong>da</strong>de, não tenho um plano<br />
específico, meus filmes são resultados de<br />
histórias que me dão vontade de contar. Só<br />
isso.<br />
R.N.A. – Qual a sua opinião sobre a cinematografia<br />
brasileira?<br />
M.P. – O cinema brasileiro é muito<br />
potente. Vocês têm uma reali<strong>da</strong>de diferente<br />
<strong>da</strong> nossa, o que inspira também<br />
um cinema diferente. Considero Ci<strong>da</strong>de de<br />
Deus e Lavoura Arcaica dois grandes filmes.<br />
Leonor Amarante é editora <strong>da</strong> Revista<br />
Nossa <strong>América</strong>.