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Edição 39 - Memorial da América Latina

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seus trabalhos mais conhecidos chamase<br />

justamente Apolítico, uma instalação<br />

feita com sessenta bandeiras de diversos<br />

países, cujo desenho é mantido, mas<br />

cujas cores são retira<strong>da</strong>s, substituí<strong>da</strong>s<br />

por tons de cinza, criando uma estranha<br />

uniformi<strong>da</strong>de. Nesta obra, a política<br />

tradicional e suas cores fortes são<br />

esvazia<strong>da</strong>s para se criar em seu lugar um<br />

espaço tanto crítico quanto reflexivo<br />

em relação à função <strong>da</strong>s cores (<strong>da</strong> arte,<br />

portanto), ao sentido <strong>da</strong> nacionali<strong>da</strong>de,<br />

à uniformi<strong>da</strong>de de um mundo sem utopias<br />

identificáveis.<br />

Mas certamente a grande “estrela”<br />

latino-americana dessa Bienal deverá<br />

ser a veterana argentina Marta Minujín<br />

que, desde os anos 60, elabora divertidos<br />

e provocantes projetos performáticos<br />

e efêmeros. Ações, mais do que<br />

26<br />

“obras” que podiam questionar a mídia<br />

(Leyendo las Noticias en el Río de la Plata, de<br />

1961, no qual jornais eram “afogados”<br />

no rio) ou a ditadura militar argentina,<br />

nos anos 70, como o inusitado Partenón<br />

de Libros, que reconstruía uma estrutura<br />

nas dimensões do Partenon grego, só<br />

que recoberta de livros proibidos pela<br />

ditadura (a documentação dessa obra foi<br />

apresenta<strong>da</strong> na 7ª Bienal do Mercosul).<br />

Nos anos 80, a artista inclusive “pagou”<br />

a dívi<strong>da</strong> externa <strong>da</strong> argentina oferecendo<br />

espigas de milho a Andy Warhol, típica<br />

performance pop à qual é afeita, ato<br />

revelador de sua concepção de política,<br />

ironia, arte e espetáculo.<br />

Francisco Alambert é professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

de São Paulo, historiador e pesquisador<br />

de arte.

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