Edição 39 - Memorial da América Latina
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internacionais com respeitabilidade e representatividade suficientes para dar início a um amplo e democrático debate mundial sobre a necessidade e a urgência de uma mudança radical na forma de organização política do planeta – sobre os perigos de o mundo continuar sem um governo institucional. Se o Fórum Social e o Fórum Econômico, ou quaisquer outras instâncias de debate mundial que venham a ser criadas, se limitarem a debater fins e não debaterem pra valer os meios, as propostas, e não se concentrarem em debater a fundo as ferramentas para implementá-las, tenderão a se reduzir a uma feira ou festival de propostas programáticas, e a desempenhar no sistema internacional a função de válvula de escape (o Fórum Social) e decorativa (o Fórum Econômico). É a própria realidade econômica e política do mundo de hoje que está colocando a questão da governança mundial (como exatamente o planeta deve ser governado?) como tema nº1 do debate internacional. Um Estado democrático mundial é a peça que está faltando no tabuleiro de xadrez. O planeta todo respiraria aliviado se saíssemos da atual forma de governo (ou desgoverno) mundial e a ONU assumisse as funções e os poderes de um Estado mundial democraticamente eleito – o que mudaria a natureza da relação entre os países, abrindo espaço para a construção de uma verdadeira comunidade internacional: os países começariam a deixar de ser países para se tornarem estados (subdivisões) de um grande e único país mundial. Os países não perderiam soberania – mas, pelo contrário, ganhariam soberania (sobre todo o planeta): haveria um Estado “acima” dos países – mas um Estado eleito pelos próprios países! O Fórum Social e o Fórum Econômico têm em suas mãos a oportunidade e a responsabilidade histórica de abrirem um amplo debate mundial sobre o perigo de o mundo continuar sem um governo institucional. É possível hoje alguém acompanhar os noticiários das TVs, dos jornais, e não perceber que o mundo está grávido de um governo institucional? Os horrores da 1 a Guerra Mundial (com quase 10 milhões de mortos e 20 milhões de mutilados) traumatizaram o mundo e levaram à criação da Liga das Nações (1919), que tinha poucos poderes e logo foi se enfraquecendo. Os horrores da 2 a Guerra Mundial (com mais de 60 milhões de mortos e 30 milhões de mutilados) traumatizaram o mundo e levaram à criação da ONU (1945), que tem mais força do que tinha a Liga das Nações, mas ainda está longe de ter os poderes efetivos de um Estado para comandar políticas econômicas e sociais de âmbito mundial. Hoje, com quase 200 países numa competição econômica desenfreada entre si e vários desses países já possuindo ou em vias de possuir armamentos de extermínio em massa (armas nucleares, químicas e biológicas), ou vamos para uma ONU-Estado democrático mundial através do caminho civilizado de um amplo e responsável movimento internacional – ou através do caminho de horrores de uma devastadora 3ª Guerra Mundial. Celso de Souza Machado é cientista político. 17 Crianças no Fórum Social Mundial.
18 CULTURA TEATRO COLÓN, corPo e alma A essência de um espaço consagrado mundialmente Paulo Rydlewski Qualquer partitura musical não é nada além de uma representação imprecisa da realidade sonora que o compositor tentou expressar. Imprecisa? Sim, pois nos permite recriá-la à medida que o nosso conhecimento musical avança e, nesse processo, acrescentamos a quantidade de arte e sensibilidade que podemos oferecer. Assim como o objeto partitura, um teatro pode transcender a essa condição, tornar-se um símbolo. Dia 24 de maio passado, foi reinaugurado o Teatro Colón de Buenos Aires, um dos patrimônios culturais de nosso continente, um símbolo internacional da imensa capacidade artística do povo argentino. Cerca de 3.000 pessoas compareceram à sua primeira noite de gala e uma projeção em 3D, na lateral do teatro, transmitiu o concerto para milhares de pessoas que se aglomeravam na charmosa Avenida Nove de Julio. Na programação do
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de uma mu<strong>da</strong>nça radical na forma de organização<br />
política do planeta – sobre os<br />
perigos de o mundo continuar sem um<br />
governo institucional. Se o Fórum Social<br />
e o Fórum Econômico, ou quaisquer<br />
outras instâncias de debate mundial que<br />
venham a ser cria<strong>da</strong>s, se limitarem a debater<br />
fins e não debaterem pra valer os<br />
meios, as propostas, e não se concentrarem<br />
em debater a fundo as ferramentas<br />
para implementá-las, tenderão a se reduzir<br />
a uma feira ou festival de propostas<br />
programáticas, e a desempenhar no sistema<br />
internacional a função de válvula de<br />
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Fórum Econômico).<br />
É a própria reali<strong>da</strong>de econômica e<br />
política do mundo de hoje que está colocando<br />
a questão <strong>da</strong> governança mundial<br />
(como exatamente o planeta deve ser<br />
governado?) como tema nº1 do debate<br />
internacional. Um Estado democrático<br />
mundial é a peça que está faltando no tabuleiro<br />
de xadrez. O planeta todo respiraria<br />
aliviado se saíssemos <strong>da</strong> atual forma<br />
de governo (ou desgoverno) mundial e a<br />
ONU assumisse as funções e os poderes<br />
de um Estado mundial democraticamente<br />
eleito – o que mu<strong>da</strong>ria a natureza <strong>da</strong><br />
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grande e único país mundial. Os países<br />
não perderiam soberania – mas, pelo<br />
contrário, ganhariam soberania (sobre<br />
todo o planeta): haveria um Estado “acima”<br />
dos países – mas um Estado eleito<br />
pelos próprios países!<br />
O Fórum Social e o Fórum Econômico<br />
têm em suas mãos a oportuni<strong>da</strong>de<br />
e a responsabili<strong>da</strong>de histórica de<br />
abrirem um amplo debate mundial sobre<br />
o perigo de o mundo continuar sem um<br />
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alguém acompanhar os noticiários <strong>da</strong>s<br />
TVs, dos jornais, e não perceber que o<br />
mundo está grávido de um governo institucional?<br />
Os horrores <strong>da</strong> 1 a Guerra Mundial<br />
(com quase 10 milhões de mortos e<br />
20 milhões de mutilados) traumatizaram<br />
o mundo e levaram à criação <strong>da</strong> Liga <strong>da</strong>s<br />
Nações (1919), que tinha poucos poderes<br />
e logo foi se enfraquecendo. Os horrores<br />
<strong>da</strong> 2 a Guerra Mundial (com mais<br />
de 60 milhões de mortos e 30 milhões<br />
de mutilados) traumatizaram o mundo e<br />
levaram à criação <strong>da</strong> ONU (1945), que<br />
tem mais força do que tinha a Liga <strong>da</strong>s<br />
Nações, mas ain<strong>da</strong> está longe de ter os<br />
poderes efetivos de um Estado para coman<strong>da</strong>r<br />
políticas econômicas e sociais de<br />
âmbito mundial. Hoje, com quase 200<br />
países numa competição econômica desenfrea<strong>da</strong><br />
entre si e vários desses países<br />
já possuindo ou em vias de possuir armamentos<br />
de extermínio em massa (armas<br />
nucleares, químicas e biológicas),<br />
ou vamos para uma ONU-Estado democrático<br />
mundial através do caminho<br />
civilizado de um amplo e responsável<br />
movimento internacional – ou através<br />
do caminho de horrores de uma devastadora<br />
3ª Guerra Mundial.<br />
Celso de Souza Machado é cientista político.<br />
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