Edição 39 - Memorial da América Latina

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15.04.2013 Views

internacionais com respeitabilidade e representatividade suficientes para dar início a um amplo e democrático debate mundial sobre a necessidade e a urgência de uma mudança radical na forma de organização política do planeta – sobre os perigos de o mundo continuar sem um governo institucional. Se o Fórum Social e o Fórum Econômico, ou quaisquer outras instâncias de debate mundial que venham a ser criadas, se limitarem a debater fins e não debaterem pra valer os meios, as propostas, e não se concentrarem em debater a fundo as ferramentas para implementá-las, tenderão a se reduzir a uma feira ou festival de propostas programáticas, e a desempenhar no sistema internacional a função de válvula de escape (o Fórum Social) e decorativa (o Fórum Econômico). É a própria realidade econômica e política do mundo de hoje que está colocando a questão da governança mundial (como exatamente o planeta deve ser governado?) como tema nº1 do debate internacional. Um Estado democrático mundial é a peça que está faltando no tabuleiro de xadrez. O planeta todo respiraria aliviado se saíssemos da atual forma de governo (ou desgoverno) mundial e a ONU assumisse as funções e os poderes de um Estado mundial democraticamente eleito – o que mudaria a natureza da relação entre os países, abrindo espaço para a construção de uma verdadeira comunidade internacional: os países começariam a deixar de ser países para se tornarem estados (subdivisões) de um grande e único país mundial. Os países não perderiam soberania – mas, pelo contrário, ganhariam soberania (sobre todo o planeta): haveria um Estado “acima” dos países – mas um Estado eleito pelos próprios países! O Fórum Social e o Fórum Econômico têm em suas mãos a oportunidade e a responsabilidade histórica de abrirem um amplo debate mundial sobre o perigo de o mundo continuar sem um governo institucional. É possível hoje alguém acompanhar os noticiários das TVs, dos jornais, e não perceber que o mundo está grávido de um governo institucional? Os horrores da 1 a Guerra Mundial (com quase 10 milhões de mortos e 20 milhões de mutilados) traumatizaram o mundo e levaram à criação da Liga das Nações (1919), que tinha poucos poderes e logo foi se enfraquecendo. Os horrores da 2 a Guerra Mundial (com mais de 60 milhões de mortos e 30 milhões de mutilados) traumatizaram o mundo e levaram à criação da ONU (1945), que tem mais força do que tinha a Liga das Nações, mas ainda está longe de ter os poderes efetivos de um Estado para comandar políticas econômicas e sociais de âmbito mundial. Hoje, com quase 200 países numa competição econômica desenfreada entre si e vários desses países já possuindo ou em vias de possuir armamentos de extermínio em massa (armas nucleares, químicas e biológicas), ou vamos para uma ONU-Estado democrático mundial através do caminho civilizado de um amplo e responsável movimento internacional – ou através do caminho de horrores de uma devastadora 3ª Guerra Mundial. Celso de Souza Machado é cientista político. 17 Crianças no Fórum Social Mundial.

18 CULTURA TEATRO COLÓN, corPo e alma A essência de um espaço consagrado mundialmente Paulo Rydlewski Qualquer partitura musical não é nada além de uma representação imprecisa da realidade sonora que o compositor tentou expressar. Imprecisa? Sim, pois nos permite recriá-la à medida que o nosso conhecimento musical avança e, nesse processo, acrescentamos a quantidade de arte e sensibilidade que podemos oferecer. Assim como o objeto partitura, um teatro pode transcender a essa condição, tornar-se um símbolo. Dia 24 de maio passado, foi reinaugurado o Teatro Colón de Buenos Aires, um dos patrimônios culturais de nosso continente, um símbolo internacional da imensa capacidade artística do povo argentino. Cerca de 3.000 pessoas compareceram à sua primeira noite de gala e uma projeção em 3D, na lateral do teatro, transmitiu o concerto para milhares de pessoas que se aglomeravam na charmosa Avenida Nove de Julio. Na programação do

internacionais com respeitabili<strong>da</strong>de e<br />

representativi<strong>da</strong>de suficientes para <strong>da</strong>r<br />

início a um amplo e democrático debate<br />

mundial sobre a necessi<strong>da</strong>de e a urgência<br />

de uma mu<strong>da</strong>nça radical na forma de organização<br />

política do planeta – sobre os<br />

perigos de o mundo continuar sem um<br />

governo institucional. Se o Fórum Social<br />

e o Fórum Econômico, ou quaisquer<br />

outras instâncias de debate mundial que<br />

venham a ser cria<strong>da</strong>s, se limitarem a debater<br />

fins e não debaterem pra valer os<br />

meios, as propostas, e não se concentrarem<br />

em debater a fundo as ferramentas<br />

para implementá-las, tenderão a se reduzir<br />

a uma feira ou festival de propostas<br />

programáticas, e a desempenhar no sistema<br />

internacional a função de válvula de<br />

escape (o Fórum Social) e decorativa (o<br />

Fórum Econômico).<br />

É a própria reali<strong>da</strong>de econômica e<br />

política do mundo de hoje que está colocando<br />

a questão <strong>da</strong> governança mundial<br />

(como exatamente o planeta deve ser<br />

governado?) como tema nº1 do debate<br />

internacional. Um Estado democrático<br />

mundial é a peça que está faltando no tabuleiro<br />

de xadrez. O planeta todo respiraria<br />

aliviado se saíssemos <strong>da</strong> atual forma<br />

de governo (ou desgoverno) mundial e a<br />

ONU assumisse as funções e os poderes<br />

de um Estado mundial democraticamente<br />

eleito – o que mu<strong>da</strong>ria a natureza <strong>da</strong><br />

relação entre os países, abrindo espaço<br />

para a construção de uma ver<strong>da</strong>deira<br />

comuni<strong>da</strong>de internacional: os países começariam<br />

a deixar de ser países para se<br />

tornarem estados (subdivisões) de um<br />

grande e único país mundial. Os países<br />

não perderiam soberania – mas, pelo<br />

contrário, ganhariam soberania (sobre<br />

todo o planeta): haveria um Estado “acima”<br />

dos países – mas um Estado eleito<br />

pelos próprios países!<br />

O Fórum Social e o Fórum Econômico<br />

têm em suas mãos a oportuni<strong>da</strong>de<br />

e a responsabili<strong>da</strong>de histórica de<br />

abrirem um amplo debate mundial sobre<br />

o perigo de o mundo continuar sem um<br />

governo institucional. É possível hoje<br />

alguém acompanhar os noticiários <strong>da</strong>s<br />

TVs, dos jornais, e não perceber que o<br />

mundo está grávido de um governo institucional?<br />

Os horrores <strong>da</strong> 1 a Guerra Mundial<br />

(com quase 10 milhões de mortos e<br />

20 milhões de mutilados) traumatizaram<br />

o mundo e levaram à criação <strong>da</strong> Liga <strong>da</strong>s<br />

Nações (1919), que tinha poucos poderes<br />

e logo foi se enfraquecendo. Os horrores<br />

<strong>da</strong> 2 a Guerra Mundial (com mais<br />

de 60 milhões de mortos e 30 milhões<br />

de mutilados) traumatizaram o mundo e<br />

levaram à criação <strong>da</strong> ONU (1945), que<br />

tem mais força do que tinha a Liga <strong>da</strong>s<br />

Nações, mas ain<strong>da</strong> está longe de ter os<br />

poderes efetivos de um Estado para coman<strong>da</strong>r<br />

políticas econômicas e sociais de<br />

âmbito mundial. Hoje, com quase 200<br />

países numa competição econômica desenfrea<strong>da</strong><br />

entre si e vários desses países<br />

já possuindo ou em vias de possuir armamentos<br />

de extermínio em massa (armas<br />

nucleares, químicas e biológicas),<br />

ou vamos para uma ONU-Estado democrático<br />

mundial através do caminho<br />

civilizado de um amplo e responsável<br />

movimento internacional – ou através<br />

do caminho de horrores de uma devastadora<br />

3ª Guerra Mundial.<br />

Celso de Souza Machado é cientista político.<br />

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Crianças no<br />

Fórum Social<br />

Mundial.

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