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FOTO: divUlgaÇÃO<br />
ser um tema central para discussões<br />
nas próximas edições do Fórum Social<br />
Mundial”.<br />
A necessi<strong>da</strong>de de a ONU se converter<br />
em um Estado mundial e democrático,<br />
um Estado escolhido pelo eleitorado<br />
mundial (ain<strong>da</strong> que inicialmente de<br />
forma indireta) com partidos de âmbito<br />
mundial e um Estado com poderes efetivos<br />
(Executivo, Legislativo e Judiciário)<br />
para executar políticas econômicas e sociais<br />
de caráter global – não será esse um<br />
ponto para o qual convergem os debates<br />
do Fórum Social Mundial e do Fórum<br />
Econômico Mundial? Não será esse um<br />
ponto potencialmente em comum entre<br />
os dois Fóruns?<br />
Embora a necessi<strong>da</strong>de de um Estado<br />
mundial democrático não tenha<br />
ain<strong>da</strong> sido proposta com to<strong>da</strong>s as letras<br />
nesses fóruns, ela está de certa forma<br />
presente o tempo todo em todos os<br />
debates. Sem um Estado democrático<br />
mundial – com instrumentos efetivos<br />
para executar políticas globais –, as conclusões<br />
correm o risco de não sair do<br />
papel. Elas dependerão – para serem leva<strong>da</strong>s<br />
à prática – <strong>da</strong> “boa vontade” <strong>da</strong><br />
potência hegemônica de ca<strong>da</strong> momento<br />
(hoje os EUA, amanhã talvez a Comuni<strong>da</strong>de<br />
Europeia ou a Comuni<strong>da</strong>de Asiática).<br />
Só um Estado democrático mundial<br />
terá to<strong>da</strong> a estrutura dos instrumentos<br />
públicos, os poderes institucionais e a<br />
representativi<strong>da</strong>de internacional para<br />
executar as políticas globais debati<strong>da</strong>s e<br />
eleitas pela socie<strong>da</strong>de mundial – políticas<br />
globais que abrangem desde as macroeconômicas<br />
até o combate à fome,<br />
a pacificação <strong>da</strong> relação entre países, a<br />
repressão ao narcotráfico, o aumento <strong>da</strong><br />
eficiência econômica, o aprimoramento<br />
do processo democrático etc. Assim,<br />
não se trata obviamente de um Estado<br />
“nosferatu” ou “bicho-papão” – já tão<br />
criticado tanto pela esquer<strong>da</strong> quanto<br />
pela direita – , mas sim <strong>da</strong> construção de<br />
um Estado democrático, comprometido<br />
com o desenvolvimento permanente de<br />
formas de representação e de participação<br />
ca<strong>da</strong> vez mais democráticas. Hoje,<br />
quase to<strong>da</strong>s as correntes políticas concor<strong>da</strong>m<br />
com a importância de os Estados<br />
se pautarem por esses valores.<br />
Está claro que, como o Fórum<br />
Social e o Fórum Econômico representam<br />
interesses e projetos contrários<br />
para o planeta, seus objetivos para uma<br />
ONU-Estado mundial e democrático<br />
serão objetivos igualmente contrários.<br />
Contudo, é exatamente por isso que<br />
um eventual ponto em comum entre os<br />
dois Fóruns só poderá se <strong>da</strong>r em torno<br />
de uma questão organizacional (a forma<br />
de organização política que se pretende<br />
<strong>da</strong>r ao planeta): a necessi<strong>da</strong>de de um<br />
governo institucional mundial – um governo<br />
que seja democrático (isto é, que<br />
possa ser ocupado por correntes mais<br />
conservadoras e por correntes mais<br />
progressistas) e um governo que seja<br />
um Estado (isto é, que tenha poderes<br />
efetivos para executar políticas globais<br />
mais conservadoras e mais progressistas).<br />
Conteúdos concretos, como a luta<br />
contra a fome, a luta pela eficiência<br />
15<br />
Crianças Caiapó<br />
no Fórum Social<br />
Mundial.