Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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Além de <strong>do</strong>arem obras de arte, ambos também estimulavam a prática <strong>do</strong> mece<strong>na</strong>to entre<br />
outros ricos empresários, o que colaborou para a formação <strong>do</strong> acervo <strong>do</strong>s museus. É de se<br />
destacar também, nesse perío<strong>do</strong>, a criação <strong>do</strong> Museu de Arte de São Paulo – MASP, funda<strong>do</strong><br />
por Assis Chateaubriand.<br />
Espelha<strong>do</strong>s nos exemplos de São Paulo, empresários <strong>do</strong> Rio de Janeiro, pertencentes ao<br />
ramo <strong>do</strong>s meios de comunicação de massa, também passaram a implementar ações <strong>do</strong> gênero,<br />
a exemplo de Paulo Bittencourt e Niomar Moniz Sodré, proprietários <strong>do</strong> jor<strong>na</strong>l Correio da<br />
Manhã, que criaram o Museu de Arte Moder<strong>na</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro – MAM, em 1947. Sen<strong>do</strong><br />
assim, foram poucas as grandes ações isoladas que pontuaram a história <strong>do</strong> mece<strong>na</strong>to priva<strong>do</strong><br />
no Brasil e que se restringiram aos principais centros urbanos, de maior pujança econômica<br />
como São Paulo e o Rio de Janeiro. Ademais, como revisamos há pouco, <strong>na</strong> história <strong>do</strong><br />
desenvolvimento <strong>do</strong> setor <strong>cultural</strong> brasileiro, o Esta<strong>do</strong> se revestiu <strong>do</strong> papel de principal<br />
mece<strong>na</strong>s às artes e a cultura por um longo perío<strong>do</strong>, fomentan<strong>do</strong> assim uma tradição que<br />
contribuiu para que o campo <strong>cultural</strong> alimentasse uma forte dependência <strong>do</strong> seu apoio oficial.<br />
Entretanto, como esclarece Durand (1997), no Brasil, o sistema de patrocínio priva<strong>do</strong> já<br />
<strong>na</strong>sce estrutura<strong>do</strong> sob um caráter corporativo, ou seja, o apoio à cultura pauta-se pelo retorno<br />
que pode trazer ao investi<strong>do</strong>r e não por uma prática benemerente. Na lógica desse sistema, as<br />
ações de patrocínio não se regulam por uma lógica de <strong>do</strong>ação, de teor “desinteressa<strong>do</strong>”,<br />
emblematizadas por uma família tradicio<strong>na</strong>l, como eram orientadas as práticas de mece<strong>na</strong>to<br />
priva<strong>do</strong> até o século XIX. A partir de mea<strong>do</strong>s o século XX, há uma mudança <strong>na</strong> motivação <strong>do</strong><br />
mece<strong>na</strong>to priva<strong>do</strong> e ele se institucio<strong>na</strong>liza sob o escu<strong>do</strong> de uma grande marca corporativa e<br />
não de um sobrenome tradicio<strong>na</strong>l, configuran<strong>do</strong> assim o sistema de patrocínio que o autor<br />
cunha de “moderno mece<strong>na</strong>to corporativo” 8 . Geralmente, são práticas arquitetadas dentro de<br />
uma estratégia organizacio<strong>na</strong>l mais abrangente, onde outros objetivos e interesses estão em<br />
jogo. Ao patroci<strong>na</strong>r a cultura, a empresa busca imprimir em sua marca valores imanentes ao<br />
8 Segun<strong>do</strong> ainda Durand (p.39), “o moderno mece<strong>na</strong>to corporativo surgiu nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, nos anos 60, em<br />
uma época de prosperidade econômica e de início de uma mudança muito significativa <strong>na</strong>s estratégias<br />
empresariais. Trata-se da passagem da produção de massa e da comunicação indiscrimi<strong>na</strong>da de broadcasting,<br />
para uma etapa <strong>na</strong> qual os produtos são feitos para fatias cada vez mais peque<strong>na</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e divulga<strong>do</strong>s por<br />
uma comunicação mais seletiva e dirigida”.<br />
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