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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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(1991). No rastro dessas transformações, há que se mencio<strong>na</strong>r o impressio<strong>na</strong>nte avanço das<br />

indústrias culturais que, imbuídas <strong>na</strong> lógica pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte da acumulação flexível <strong>do</strong> capital,<br />

se transformaram numa das principais instituições que organizam a esfera da cultura <strong>na</strong><br />

contemporaneidade e que alimentam o incessante processo de mundialização <strong>do</strong>s bens<br />

culturais e de informação aos quatro cantos <strong>do</strong> planeta.<br />

A emergência de “uma cultura inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l-popular”, para usar uma expressão cara a<br />

Re<strong>na</strong>to Ortiz(2000), fruto da construção de símbolos trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is durante décadas<br />

contribuiu para a reestruturação das identidades frente ao intenso processo de debilitação <strong>do</strong>s<br />

territórios <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. Se antes a noção de identidade <strong>cultural</strong> era referenciada prioritariamente<br />

à idéia de pertencimento a uma determi<strong>na</strong>da <strong>na</strong>ção, classe, gênero ou etnia, diante <strong>do</strong> frenético<br />

processo de mundialização da cultura, essas fidelidades são redimensio<strong>na</strong>das pelo<br />

atravessamento de acirra<strong>do</strong>s fluxos trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de capitais, merca<strong>do</strong>rias e pessoas. Esse<br />

novo contexto põe em xeque a viabilidade de construir projetos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is totaliza<strong>do</strong>res,<br />

basea<strong>do</strong>s ape<strong>na</strong>s em referentes tradicio<strong>na</strong>is de identidade, confi<strong>na</strong><strong>do</strong>s às fronteiras de uma<br />

determi<strong>na</strong>da <strong>na</strong>ção – o que não implica, contu<strong>do</strong>, numa simples elimi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s-<br />

<strong>na</strong>ção, já que ainda cumprem um papel fundamental <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> mundial e sua memória e suas<br />

agências se apresentam como elementos di<strong>na</strong>miza<strong>do</strong>res das constantes “invenções” e<br />

“reinvenções” da cultura popular (FARIAS, 2000, p.41). No entanto, em meio aos processos<br />

de trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> comércio de bens simbólicos e das novas tecnologias de<br />

comunicação e transporte, que possibilitam a interconexão entre diferentes culturas, as <strong>na</strong>ções<br />

acabam por se converter “em cenários multidetermi<strong>na</strong><strong>do</strong>s, onde diversos sistemas culturais se<br />

interpenetram e se cruzam”(CANCLINI, 2001, p.166).<br />

O Brasil será também atravessa<strong>do</strong> por esse feixe de mudanças estruturais que ocorrem<br />

numa dimensão trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Aliás, no plano <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, essas transformações já vinham<br />

sen<strong>do</strong> gestadas no interior mesmo <strong>do</strong> projeto político <strong>do</strong>s militares, quan<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> se<br />

reveste <strong>do</strong> papel de agente da modernização <strong>do</strong> país ao permitir a consolidação <strong>do</strong> capitalismo<br />

através de uma nítida interdependência com os setores priva<strong>do</strong>s da economia. No entanto,<br />

com o fim da ditadura militar e a com a inserção <strong>do</strong> Brasil nessa nova ordem econômica<br />

mundial, regularizada mais intensamente pelo processo de inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> capital,<br />

alguns projetos políticos, antes em vigência <strong>na</strong> experiência de governos autoritários, como a<br />

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