Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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como delimita o raio de ação das empresas privadas, subordi<strong>na</strong>das pelos critérios impostos<br />
pelo Esta<strong>do</strong> autoritário. Uma relação que se estabelece não sem conflitos.<br />
Após um breve passeio pelos anos da ditadura militar no país foi possível perceber que,<br />
mais uma vez <strong>na</strong> história política <strong>do</strong> Brasil, a esfera da cultura se vê sob forte guarda <strong>do</strong><br />
aparelho estatal. Ainda que <strong>na</strong>quele perío<strong>do</strong> tenha se intensifica<strong>do</strong> a entrada <strong>do</strong> capital<br />
priva<strong>do</strong> <strong>na</strong> di<strong>na</strong>mização <strong>do</strong> circuito <strong>cultural</strong>, possibilitan<strong>do</strong> a consolidação <strong>do</strong> processo de<br />
industrialização da cultura, isto não se deu, como vimos, sem a ingerência direta <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Esse agente mais uma vez, assim como no regime esta<strong>do</strong>novista, operou como elemento<br />
fundamental <strong>na</strong> organização e gestão <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong>. Lançan<strong>do</strong> mão de recursos<br />
“clássicos” como a cooptação de intelectuais, fortalecen<strong>do</strong> institucio<strong>na</strong>lmente a área através<br />
da criação de um grande número de instituições culturais, o regime militar tomou a cultura<br />
então como seara essencial para por em prática seu projeto de integração <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l bem como<br />
transformou-a – através de alianças com o capital priva<strong>do</strong> – em uma das vias que possibilitou<br />
a consolidação de uma sociedade moder<strong>na</strong> no Brasil. É o que elucida Re<strong>na</strong>to Ortiz:<br />
O movimento de modernização da sociedade brasileira faz com que o<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e o capitalismo sejam pólos que se integram e se interpenetram. A<br />
‘autêntica’ cultura brasileira, capitalista e moder<strong>na</strong>, que se configura<br />
claramente com a emergência da indústria <strong>cultural</strong>, é fruto da fase mais<br />
avançada <strong>do</strong> capitalismo brasileiro (conclusão que certamente seria<br />
contrária a seus princípios) (ORTIZ, 2003, p.210).<br />
Assim, a expansão da sociedade de consumo no Brasil contribuiu para que as categorias<br />
<strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e <strong>do</strong> popular fossem reinterpretadas. Sob a lógica mercantilista dissemi<strong>na</strong>da pelo<br />
próprio aparelho estatal ao incentivar uma política de distribuição e consumo de bens<br />
culturais, o popular passa a ser identifica<strong>do</strong> com aquilo que é mais consumi<strong>do</strong>. Já a categoria<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l passa a ser compreendida sob a óptica integra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is<br />
possibilitada pelas indústrias culturais. Dessa forma, a idéia de <strong>na</strong>ção passa a ser representada<br />
pela imagem da interligação de milhares de consumi<strong>do</strong>res espalha<strong>do</strong>s no extenso território<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Recorren<strong>do</strong> mais uma vez às notas esclarece<strong>do</strong>ras de Re<strong>na</strong>to Ortiz (2001, p.165), o<br />
autor conclui que: “à correspondência que se fazia anteriormente, cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l-popular,<br />
substitui-se uma outra, cultura merca<strong>do</strong>-consumo”.<br />
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