Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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Uma prática germi<strong>na</strong>da desde então e que ganhará contornos mais vivos <strong>na</strong>s décadas<br />
vin<strong>do</strong>uras, quan<strong>do</strong> a atividade turística ganha ascensão e passa a ser um <strong>do</strong>s setores mais<br />
lucrativos e mais revela<strong>do</strong>res da ordem social no atual estágio da modernidade tardia.<br />
É neste panorama então que vai se delinean<strong>do</strong> a configuração <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong> no<br />
perío<strong>do</strong> pós-75, cristalizan<strong>do</strong>, inclusive, um mo<strong>do</strong> de atuação muito específico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />
área <strong>cultural</strong>. Como explicita Miceli (1984b) e Macha<strong>do</strong> (1984), ao Esta<strong>do</strong> mece<strong>na</strong>s caberá<br />
sustentar aquelas atividades e gêneros artísticos que têm dificuldades de autofi<strong>na</strong>ciar-se<br />
segun<strong>do</strong> critérios de merca<strong>do</strong> (público, rentabilidade, entre outros), conforman<strong>do</strong> assim o que<br />
eles cunham de tendência previdenciária da iniciativa pública <strong>na</strong> área <strong>cultural</strong>. Este fato vai<br />
contribuir então, para uma ingerência estatal de teor mais “conservacionista” e<br />
“patrimonialista”, ao se dedicar pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente a atividades de preservação e<br />
conservação <strong>do</strong> patrimônio histórico e artístico e ao fomento de atividades de gêneros<br />
identifica<strong>do</strong>s à arte erudita como por exemplo, o balé clássico, a ópera, a música erudita, etc.<br />
Essa postura defensiva e um tanto assistencialista <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> estimulou uma<br />
segmentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de bens culturais de mo<strong>do</strong> que coube à iniciativa privada a<br />
exploração das melhores oportunidades de investimentos <strong>na</strong>s atividades voltadas para os<br />
meios de comunicação de massa, como a televisão e as estações de rádio. Mas essa<br />
conformação não implicou num confronto entre esfera pública e privada. Como ressalta Ortiz<br />
(2003, p.88), “cabe ao Esta<strong>do</strong> dar as diretrizes e prover as facilidades”. É o que ocorre com a<br />
implantação da televisão, por exemplo. Ao se transformar em concessionário da infra-<br />
estrutura tecnológica necessária para efetivação <strong>do</strong> sistema de telecomunicações, o Esta<strong>do</strong><br />
facilita a exploração da atividade por parte <strong>do</strong>s grandes empreende<strong>do</strong>res, detentores <strong>do</strong> capital<br />
priva<strong>do</strong>, ao tempo em que se constitui no único agente responsável pelo monopólio da<br />
concessão de ca<strong>na</strong>is, imputan<strong>do</strong>, assim, controle total sobre a rede <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de televisão.<br />
Orienta<strong>do</strong> pela ideologia da segurança <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, o governo demarca sua atuação no setor bem<br />
uma política mais agressiva, não circunscrita ape<strong>na</strong>s à esfera oficial <strong>do</strong> governo, os responsáveis pelo PCH<br />
mobilizaram a participação e o investimento de diversos setores sociais envolvi<strong>do</strong>s com as atividades <strong>do</strong><br />
programa. Desse mo<strong>do</strong>, empresários <strong>do</strong> setor turístico, proprietários de bens tomba<strong>do</strong>s, dirigentes públicos<br />
estaduais e municipais, entre outros, foram incita<strong>do</strong>s a se envolver <strong>na</strong> implantação <strong>do</strong> programa, o que contribuiu<br />
para sua maior repercussão. Imputan<strong>do</strong> então um caráter mais “moderno” à política de preservação patrimonial,<br />
o PCH proporcionou, ao longo das décadas de 70 e 80, a criação de órgãos locais de preservação e a formulação<br />
de legislações estaduais de proteção, estimulan<strong>do</strong> assim a política de descentralização da administração <strong>do</strong><br />
patrimônio histórico e artístico <strong>do</strong> país (Miceli, 1984a, p.78-82.; Fonseca, 1997, p.163-174).<br />
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