15.04.2013 Views

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“abertura política” enseja<strong>do</strong> no governo <strong>do</strong> general Geisel, o Esta<strong>do</strong> vai buscar redefinir suas<br />

prioridades <strong>na</strong> área <strong>cultural</strong> bem como estimulará uma reforma institucio<strong>na</strong>l mais ampla, fato<br />

que imputará um caráter mais operacio<strong>na</strong>l em suas ações.<br />

Segun<strong>do</strong> Gabriel Cohn (1984, p.87), o divisor essencial entre esses <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s é o<br />

<strong>do</strong>cumento intitula<strong>do</strong> “<strong>Política</strong> Nacio<strong>na</strong>l de Cultura” (PNC), lança<strong>do</strong> em 1975, <strong>na</strong> gestão de<br />

Ney Braga à frente <strong>do</strong> Ministério da Educação e Cultura. Esse <strong>do</strong>cumento se constitui no<br />

primeiro <strong>do</strong>cumento ideológico elabora<strong>do</strong> por um governo brasileiro desti<strong>na</strong><strong>do</strong> a estabelecer<br />

princípios que norteariam uma política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de cultura. Esse é um perío<strong>do</strong>, então, em que<br />

o marketing <strong>do</strong> regime muda de foco, buscan<strong>do</strong> dirimir sua imagem vinculada ao<br />

autoritarismo. Há quem considere ter si<strong>do</strong> essa uma estratégia <strong>do</strong> governo para se aproximar<br />

mais das classes médias e das elites intelectuais como forma de consolidar sua legitimidade.<br />

Sintomático desse contexto, é o polêmico apoio de parte de alguns cineastas ao projeto <strong>do</strong><br />

presidente Geisel. O manifesto explícito de Glauber Rocha ao presidente Geisel e mais<br />

especificamente ao General Golbery de Couto e Silva – artífices da ideologia da abertura – foi<br />

o que gerou a maior celeuma entre a classe artística <strong>na</strong> época 2 . Mas há também autores que<br />

imputam a abrangência da ingerência estatal <strong>na</strong> área da cultura ao fenômeno <strong>do</strong> “milagre<br />

brasileiro”, concebi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> II Plano Nacio<strong>na</strong>l de Desenvolvimento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 1974-<br />

1976 (MICELI,1984a; ORTIZ,2003). Se antes os planos de governo davam maior relevo aos<br />

aspectos econômicos imanentes ao desenvolvimento, a partir <strong>do</strong>s anos iniciais da “distensão”<br />

a cultura passa a ser incluída <strong>na</strong> agenda de desenvolvimento social <strong>do</strong> país, entendida como<br />

mais uma via de distribuição de renda.<br />

Doravante, amparada numa óptica mais operacio<strong>na</strong>l, a ação gover<strong>na</strong>mental <strong>na</strong> área da<br />

cultura é intensificada. É nesse perío<strong>do</strong> que o fenômeno cunha<strong>do</strong> por Sérgio Miceli de<br />

“construção institucio<strong>na</strong>l da cultura” ganha maior vigor. Nascem nessa época importantes<br />

instituições culturais como a Fu<strong>na</strong>rte (1975), o Centro Nacio<strong>na</strong>l de Referência Cultural –<br />

2 “Geisel tem tu<strong>do</strong> <strong>na</strong> mão para fazer <strong>do</strong> Brasil um país forte, justo e livre. Estou certo, inclusive, de que os<br />

militares são os legítimos representantes <strong>do</strong> povo. O General Golbery é um gênio – o mais alto da raça ao la<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> professor Darcy”(Rocha apud Barbalho, 1998, p.86). Pelo teor desta declaração de Glauber Rocha pode-se<br />

constatar o barulho que fez entre seus pares. No entanto, mais <strong>do</strong> que uma adesão ao projeto político geiselista, o<br />

apoio manifesto por parte de alguns cineastas se justifica sobretu<strong>do</strong> pelo interesse que tinham em relação à<br />

Embrafilme –uma instituição criada para garantir a viabilização da produção cinematográfica brasileira. Não é<br />

por a<strong>caso</strong> que realiza<strong>do</strong>res, principalmente representantes <strong>do</strong> Cinema Novo, ocupavam cargos de poder nesta<br />

instituição e controlavam efetivamente a política <strong>cultural</strong> <strong>do</strong> setor – um indica<strong>do</strong>r da forte ligação que esses<br />

intelectuais tinham com o Esta<strong>do</strong>.<br />

77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!