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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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uma das principais diferenças entre a ditadura militar e o regime getulista no tocante às<br />

relações entre Esta<strong>do</strong> e cultura no Brasil, a saber: ao promover o capitalismo, os militares vão<br />

estabelecer uma relação mais próxima com os grupos empresariais, fortalecen<strong>do</strong> assim a<br />

presença das indústrias culturais no circuito <strong>cultural</strong> brasileiro, expressan<strong>do</strong> aí mais um meio<br />

de expansão <strong>do</strong> capital priva<strong>do</strong> trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> economia <strong>do</strong> país.<br />

Assim, o processo de consolidação de uma sociedade moder<strong>na</strong> no Brasil será<br />

atravessa<strong>do</strong> por esta peculiaridade: o Esta<strong>do</strong> constitui-se no agente que promove a<br />

modernização, possibilitan<strong>do</strong> uma nova ordem social para o país. E esse contexto tem<br />

sintomas específicos <strong>na</strong> área <strong>cultural</strong>. Mesmo coibin<strong>do</strong> determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s grupos e produções<br />

através da censura, o poder público comparece como um <strong>do</strong>s principais atores no processo de<br />

autonomização da esfera <strong>cultural</strong> <strong>na</strong> medida em que possibilita que a produção, a<br />

dissemi<strong>na</strong>ção e o consumo da cultura brasileira sejam inseri<strong>do</strong>s <strong>na</strong> lógica capitalista <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>, de forma a adequá-las aos padrões transacio<strong>na</strong>is <strong>do</strong> fluxo de bens simbólicos. Forja-<br />

se aí mais uma idiossincrasia da formação <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong> no Brasil, a saber: sua<br />

autonomia é possibilitada pela própria ingerência <strong>do</strong> aparelho estatal bem como <strong>do</strong>s<br />

conglomera<strong>do</strong>s econômicos que compõem a indústria <strong>cultural</strong>, não haven<strong>do</strong>, portanto, uma<br />

distinção muito clara entre as fronteiras da produção restrita e ampliada, como assim se<br />

caracterizou a autonomização da esfera <strong>cultural</strong> nos países centrais <strong>do</strong> continente europeu.<br />

Contu<strong>do</strong>, a relação entre política e cultura dar-se-á alicerçada em um projeto mais amplo<br />

de integração <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, ampara<strong>do</strong> <strong>na</strong> ideologia da segurança <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, que tomará a cultura<br />

como uma espécie de argamassa social que sedimenta e une as diferenças <strong>do</strong> amorfo teci<strong>do</strong><br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Sen<strong>do</strong> por excelência o porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> monopólio da violência física e da produção<br />

simbólica, ou seja, o agente onipotente capaz de organizar a vida social em suas mais diversas<br />

instâncias, o Esta<strong>do</strong> autoritário comparece como uma espécie de fio-guia que urde a<br />

diversidade social e também regio<strong>na</strong>l, instituin<strong>do</strong> práticas repressivas, inibin<strong>do</strong> distorções em<br />

nome de “objetivos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is”, pressupostos comuns a e desejáveis por to<strong>do</strong>s (ORTIZ, 2001,<br />

p.155).<br />

Atribuin<strong>do</strong> uma ênfase considerável às questões culturais, o Esta<strong>do</strong> começa a delinear<br />

um plano de envergadura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para a área <strong>cultural</strong>. Em 1966, é cria<strong>do</strong>, no governo<br />

Castello Branco, o Conselho Federal de Cultura (CFC) que tinha como principal propósito<br />

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