Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
mais diferente esferas: seja <strong>na</strong> política, <strong>na</strong> economia ou <strong>na</strong> cultura. Integran<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong><br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, implantan<strong>do</strong> redes de estradas e telecomunicações ou fomentan<strong>do</strong> as indústrias<br />
culturais, o objetivo <strong>do</strong>s militares transcendia ao objetivo maior que norteou projeto político<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo, qual seja, o de construir a Nação, e volta-se prioritariamente para a tarefa de<br />
integrá-la e protegê-la.<br />
Se a missão de costurar os mais diversos fragmentos que formavam o território<br />
brasileiro em busca da integração da <strong>na</strong>ção já habitava no projeto de Getúlio Vargas, com os<br />
militares, essa tarefa ganha novo ímpeto porque se acomodava agora em uma outra<br />
temporalidade histórica, <strong>na</strong> qual o Brasil passava por profundas transformações <strong>na</strong> dinâmica<br />
da sua política e da sua economia. Na esteira <strong>do</strong> intenso processo de desenvolvimento<br />
industrial vivencia<strong>do</strong> <strong>na</strong> década de 50, durante o governo Kubitschek, a organização da<br />
economia, <strong>do</strong>ravante, estará cada vez mais orientada pela racio<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> capital<br />
inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l que começava a se espraiar em terras brasileiras. A especificidade daquele<br />
momento reside no fato de que além de organizar os mo<strong>do</strong>s de produção <strong>do</strong> campo<br />
econômico, a lógica racio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> capitalismo extrapola seus limites e começa a vazar para as<br />
mais diversas instâncias da vida social.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, esta racio<strong>na</strong>lidade específica irá penetrar também o campo <strong>cultural</strong>,<br />
modifican<strong>do</strong> significativamente os elos entre Esta<strong>do</strong> e cultura no país em relação ao passa<strong>do</strong>.<br />
Quem nos esclarece a referida especificidade é Re<strong>na</strong>to Ortiz <strong>na</strong> forma que segue:<br />
O processo de racio<strong>na</strong>lização, que se manifesta sobretu<strong>do</strong> no planejamento<br />
das políticas gover<strong>na</strong>mentais (em particular a <strong>cultural</strong>), não é simplesmente<br />
uma técnica mais eficaz de organização, ele corresponde a um momento de<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> próprio capitalismo brasileiro (ORTIZ, 2003, p.81).<br />
Orienta<strong>do</strong>, então por este ethos racio<strong>na</strong>lista e planifica<strong>do</strong>r é que o governo militar, pela<br />
primeira vez, vai sistematizar em nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, um conjunto de ações, programas e<br />
instituições que irão conformar os contornos de uma política <strong>cultural</strong> para o país.<br />
Paralelamente à expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de bens materiais, possibilita<strong>do</strong> pelo crescimento<br />
econômico que o país vivenciava, começa também a emergir, com mais força, um merca<strong>do</strong> de<br />
bens simbólicos – aspecto fundamental pois se revela como um <strong>do</strong>s índices <strong>do</strong> processo de<br />
autonomização pelo qual a esfera da cultura passa a experimentar com maior intensidade<br />
70